Fanfic: A Paciente-AyA Adp. Finalizada | Tema: Anahí e Alfonso
— Estou bem — informou.
— Eu sei. — Ele enfiou as mãos nos bolsos. — Como está seu apetite?
— Como tudo que põem na minha frente.
— Não é verdade. Você toma a sopa, come a gelatina e deixa todo o resto. Assim não dá. Precisa comer proteínas.
— Estou com gases — respondeu com certa beligerância. — Não sobra espaço para a comida.
— Vou prescrever um remédio para resolver isso. — Ele fez uma anotação na ficha. — Coma ou serei obrigado a lhe dar alimentação intravenosa.
— Está bem — disse, irritada. — Fitou-o e desviou novamente o olhar. — Como vai minha gatinha?
Ele sorriu os olhos brilhando.
— Ela come por dois.
Ela olhou para o paletó dele.
— Obrigada por cuidar dela.
— Ela não dá trabalho.
— Não posso acreditar. Sei que não gosta de animais. Nem de mim — concluiu num sussurro.
Ele olhou-a zangado. Talvez não tivesse se restabelecido por completo da contusão causada pela anestesia. Ele adorava animais. Morava sozinho por não ter tempo para se dedicar a um bichinho e um apartamento não era o local mais indicado para gatos e cachorros.
— Como está a dor?
— Estou bem — repetiu.
Ele hesitou. Ela não o fitava e não parecia inclinada a conversar. Pegou-lhe a mão a fim de examinar a agulha inserida em sua veia para que pudesse tomar soro e outras medicações, fechou a cara.
— Quando foi à última vez que limparam esses conectores? Meredith sempre coloca a data para que não permaneçam por mais de três dias.
— Não foi Meredith quem colocou esses. Acho que foi Ana. Sei que não estão há mais de um dia. Ela fez uma anotação na ficha para trocá-los. Um deles parecia obstruído. — Eles eram implantados para que, se houvesse uma emergência, a enfermeira não precisasse procurar uma veia para enfiar a agulha. Mantê-los livres de obstruções era essencial para o pós-operatório de pacientes com problemas cardíacos. Ele pegou a outra mão, notando a maciez, as unhas curtas e limpas, a pele sedosa.
— Aposto que sempre usa hidratante — comentou, alisando-lhe as costas da mão com o polegar. — Sua pele é muito sedosa.
Ela puxou a mão. Ainda não conseguia olhá-lo.
— São mãos de trabalhadora, não de modelo.
— Eu sei disso, Anahí. — Ele quase nunca pronunciava seu nome, se pudesse evitar. Não sabia que a estava torturando? Ela fechou os olhos, rezando para que ele fosse embora e a deixasse em paz
Anahí suspirou aliviada. Mais alguns dias e poderia ir embora. Quando restabelecida, procuraria emprego num hospital onde Alfonso não trabalhasse. Ela lhe devia a vida, não a alma. Não ficaria sujeita a mais tormentos por causa dele. Lembrou-se de ter tirado o passaporte alguns meses antes, pensando em aplicar seus talentos como enfermeira num país do terceiro mundo para escapar de Alfonso. Parecia ridículo diante do que lhe acontecera, mas na época parecera muito profissional.
Olhou desinteressada pela janela, pensando se os tios realmente tinham viajado. Alfonso, com certeza, suavizara o golpe, eles jamais gostaram dela. Só cuidaram de Anahí por obrigação, não por amor. Era uma pessoa a mais na vida deles, sempre a sobra do círculo familiar, sempre dispensável. Sofrerá quando criança, mas acostumara-se a ser excluída dos passatempos em família, mas encarregada de infindáveis tarefas domésticas. Desde a morte da prima, apenas a convidaram uma vez para visitá-los e fora extremamente constrangedor para todos. Não precisava que lhe dissessem ter sido convidada apenas por obrigação, para evitar os comentários dos conhecidos.
Suspirou e fechou os olhos. Recomeçaria a vida, decidiu. Deixaria de consumir-se por causa de Alfonso e lamentar a indiferença os tios e o fato de todos a culparem pela morte da prima. Conseguiria um novo emprego, compraria roupas, alugaria outro apartamento; começaria vida nova. Agora que teria saúde, poderia planejar o futuro. Aproveitaria a vida ao máximo.
Alfonso, desconhecendo-lhe os planos, adentrou o apartamento com a fisionomia transtornada, furioso por Anahí dispensar suas visitas e não querer que supervisionasse seu estado de saúde. Ele lhe salvara a vida. Isso não contava? Serviu-se de um drinque e desabou na poltrona. A gatinha logo lhe fez companhia, enroscando-se e ronronando.
— Pelo menos você está feliz em me ver — disse, acariciando-a.
Ele gostava da companhia do animal. Pensava em tudo que faltava à sua vida. Voltava para um apartamento vazio, para a solidão, a dor, o isolamento. Quando Perla era viva, voltava para uma casa barulhenta, cheia de gente, porque ela gostava de festas e as organizava com freqüência. Ele nunca pôde se dar ao luxo do silêncio para ler os jornais médicos que Isadora desprezava.
Quem sabe ela precisasse de companhia para preencher o vazio de sua vida com ele? Perla não gostava de animais e crianças. Ainda podia ouvir sua gargalhada quando ele sugerira aumentar a família. "Arruinar meu corpo e virar escrava de uma criança? Nem pensar! Qual mulher em sã consciência abriria mão da independência para ser dona de casa?" Quanto a animais, não queria pelo de gato em sua elegante mobília e cachorros davam muito trabalho. Como as crianças.
Ele amava Perla, então desistira de seus sonhos de vida doméstica após essa única conversa. Mas ao ver os colegas com as mulheres e filhos, ouvir seus planos de férias em resorts destinados a famílias sentia inveja, pois ele e Perla tinham festas em vez de uma família. Afastaram-se após os primeiros meses de casados e seguiram caminhos separados. E, nos últimos meses, Perla andara bebendo demais. Ela o traía, ameaçava, fazia exigências impossíveis e acusações. Ela não era feliz. Prometera vingar-se caso ele viajasse sem ela para a França, privando-a de ver o amante que também lá estaria.
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Ele negara por causa de sua saúde, não por ciúmes. Mas o motivo não lhe interessava. Ela o acusara chamando-o de desmancha-prazeres, alegando, não pela primeira vez, que ele desejava Perla e que esta nunca o aceitaria, pois tinha medo dos homens e principalmente dele. Ela nunca explicara e ele não pensara na afirmação. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1631
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queren_fortunato Postado em 16/12/2015 - 01:13:06
Que lindo esse fim
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maryangel Postado em 13/03/2015 - 12:23:23
Lindo final!! Any ama tanto o Poncho que perdoou o erros cometidos no passado e que a machucaram pronfundamente,um ato de amor lindo *_*. Poncho e sua declaração de amor, sempre a amou, sempre a quis , a falecida Perla percebeu isso. Lindooo!!Comecei ontem d enoite e já terminei de tanto encantada e viciada fiquei pela a história, obrigada por compartilhar-la .
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Angel_rebelde Postado em 04/06/2014 - 01:14:37
Ameeei sua história !! Comecei com mta raiva principalmente dos tios dela e de Perla mas depois viciei na história. O que ele fez por ela foi incrível e dar um amor q ele sempre teve e nunca pode dizer para provar o qnto estava arrependido é emocionante demais. Linda história *--* Parabéns !
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marcelaportivez Postado em 26/11/2013 - 19:49:40
Muito linda sua fic
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annrbd Postado em 23/05/2013 - 21:24:27
Que história linda! Perfeita! Amei *-*
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nathycolucci Postado em 12/02/2013 - 16:54:12
amei tanto essa web queria que tivesse uma segunda temporada
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dorothy Postado em 02/02/2013 - 01:29:48
Carol me desculpaa por ter sumido. Mas tive uns problemas pessoais e nao consegui dar continuidade nem na minha web, que está parada no mesmo capitulo. =/ Eu AMEI o fim dessa web, achei tão delicado e ardente! HAHAHAH juro, melhor web que li até agora. Me avise quando voce postar outra, virei sua fiel seguidora!! Beijaaao
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any_kelly Postado em 31/01/2013 - 00:17:11
Oie Foi mals nao ter comentado antes, é q qnd comecei a ler essa web, ela ja tava bem adiantada :|. Mas amei ela, simplesmente linda. Eu prefiro q vc faça a Segunda Chance :)
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elizacwb Postado em 30/01/2013 - 16:08:50
adorei o final dessa web, eles juntinhos assim são mais do que perfeitoss, foi fofo demais, obrigada carol por essa web tão fantástica
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elizacwb Postado em 30/01/2013 - 16:08:49
adorei o final dessa web, eles juntinhos assim são mais do que perfeitoss, foi fofo demais, obrigada carol por essa web tão fantástica