Fanfics Brasil - Capítulo 50 A Paciente-AyA Adp. Finalizada

Fanfic: A Paciente-AyA Adp. Finalizada | Tema: Anahí e Alfonso


Capítulo: Capítulo 50

32 visualizações Denunciar


Sua racionalização a irritou e ela o fitou furiosa por ele tentá-la.
Ele apenas sorriu, tentando persuadi-la.

— Fique. Lerei todas as noites.

— Baroja? — perguntou com meiguice.

— O autor que preferir.

Ela imaginou aquela voz aveludada lendo poesia espanhola num quarto iluminado por um abajur e corou.

— Nada sensual — provocou. — Queremos seu coração batendo calmo, não galopando. Pelo menos por enquanto.

Ela já estava perdida.

— Se realmente não estiver atrapalhando... — A gatinha subiu-lhe ao ombro, esticando-se e bocejando, e enroscou-se em seu pescoço. Seu cabelo, preso num coque, começou a soltar-se graças aos movimentos desassossegados de Mosquito.

— Se você quiser, posso pedir a Srta. Plimm para lavar seus cabelos. Você nunca os deixa soltos?

— Quase nunca — confessou. — Atrapalha no trabalho e quando tento dormir. Os fios entram nos meus olhos e na minha boca. Pensei em cortá-los, mas adoro cabelo comprido.

— Eu também. — Ele a fitou, imaginando aqueles cabelos fartos em suas mãos, em seu peito nu... Voltou-se abruptamente, recuperando o fôlego. — Direi a Srta. Plimm que não precisa mais fazer as malas.

Ela tinha tantas coisas a perguntar, mas nada lhe veio à mente. Fechou os olhos. Viver com Alfonso tornara-se um estilo de vida. Nunca quisera ir embora. Fossem quais fossem os motivos, Alfonso parecia sentir o mesmo. Só o tempo diria se havia tomado a decisão certa.

— Tem mais uma coisa — disse da porta.

— Sim?

— Seus tios gostariam muito de visitá-la. — O rosto ficou tenso. — Imagino como se sente em relação a eles, mas, do jeito deles, lamentam e querem tentar reparar os erros cometidos.

Ela o olhou, indefesa, a mente tomada pelos longos anos sem amor, sem carinho, a ferida aberta estampada nos grandes olhos acinzentados.

Alfonso voltou e sentou-se na cama, segurando-lhe uma das mãos.

— Não é fácil perdoar, Anahí. Porém, sem perdão as guerras não terminam. Precisamos parar de viver no passado e recomeçar. — Ele procurou os olhos tristes. — Vamos começar aqui, agora. Pode me perdoar?

Ela sentiu a mão contrair-se em torno de seus dedos.

— Claro — respondeu incapaz de fitá-lo nos olhos. — Nunca o culpei pelo modo como se sentiu.

— Você nunca soube como me senti.

Ela ergueu os olhos buscando a doçura nos dele.

— Todos sabiam. Você me odiava. — Ele sacudiu a cabeça.

— Tentei, mas nunca funcionou. — Ele contraiu os olhos como se experimentasse dor. — Nunca ouviu dizer que a infelicidade cava um lugar bem fundo dentro de nós para ali acomodar a felicidade que está por vir? Talvez isso aconteça com você. Adoraria ver você feliz. E seus tios também. Não nos rejeite.

Ele era um hábil advogado. Ela cerrou os olhos, incomodada com o desconforto nos pontos.

— Está bem — disse após um breve instante. — Tentarei. — Ele levou-lhe a palma da mão aos lábios e beijou-a com infinita ternura. Ela corou.

Ele sorriu, soltando-lhe a mão.

— Preciso ler um pouco e depois fazer umas visitas. Amanhã à noite, se quiser, posso ler.

O coração dela pulou só de pensar. Retribuiu o sorriso, fascinada por aquele homem complexo.

— Adoraria. — Ele levantou-se e observou-a com complacência.

— Eu também. Vejo você mais tarde.

Ela o viu deixar o quarto e se sentiu como se a vida tivesse dado um giro de 180 graus. Sua real preocupação era o motivo que o levava a se comportar assim. Ele sentia atração, pena, mas ultimamente havia algo mais naqueles olhos quando a fitava. E ele demonstrava um cuidado especial em relação a ela. Nunca o vira tão cioso do conforto de Isadora, nem mesmo nos primeiros anos de casado. Todas essas coisas formavam um quebra-cabeça impossível de resolver. Mas era tão bom sentir-se protegida que não conseguia abrir mão daquilo. Ainda não.

Naquela noite, antes de dormir, ele parou na porta de seu quarto e a observou durante um bom tempo.

— Você vai querer voltar a trabalhar quando ficar boa? — perguntou de repente.

— Claro — respondeu, curiosa com a pergunta e com a fisionomia sombria. — Gosto do meu trabalho, Alfonso.

— Eu sei, mas e se tivesse outros deveres para ocupá-la?

— Não compreendo.

Ele suspirou profundamente.

— Não, imagino que não. Deixe para lá. De qualquer modo, ainda é cedo. — Sorriu para ela. — Durma bem.

— Você também. Você não descansa o suficiente — acrescentou sem querer.

Sua preocupação soou feito um afago na pele fria. Ele sorriu.

— Nunca me importei com isso. O trabalho tem sido minha salvação durante esses longos e solitários anos.

— Você enfrentou dificuldades ao chegar a este país, não foi?

Ele concordou.

— Muitas. Você também entende de privações e pobreza, certo?

— Certo. Meus pais eram muito pobres. Nunca tinham dinheiro suficiente.

— Para algumas pessoas, nunca há — disse em tom amargo. — Perla tinha dez vezes mais do que a maioria das mulheres de sua classe social, e nada era o bastante. Ela achava os pobres irritantes. — Alfonso a fitou afetuosamente. — Lembro-me do dia em que observei seu rosto enquanto distribuía sopa. Toda aquela gente faminta, assustada, e tão poucas pessoas se importam com elas.

— Eu sei. — Ela buscou-lhe o rosto cansado. — Eu sei. Conheço você. Atendeu várias pessoas que não tinham dinheiro nem seguro.

— Minha habilidade é um dom divino. A gente acaba aprendendo que todos os dons têm seu preço, dentre eles dividir com os menos afortunados. — Ele buscou os olhos de Anahí. — Agradeço ainda mais a Deus por essa habilidade agora. Você podia ter morrido.

— Aparentemente, ainda não havia chegado há minha hora.

— Jamais saberá como me senti ao ver seu rosto sem a máscara de oxigênio na sala de recuperação. Toda a crueldade voltou a me assombrar. — Ele recostou-se na porta. — Magoamos você terrivelmente no funeral de Perla. Nunca esquecerei as coisas que disse. Um dia espero que possa me perdoar. Estava consumido por minha própria culpa. Ela disse que se vingaria se não a levasse. Não estava tão mal quando saí.

Ela respirou fundo.

— Não, não estava. Mas ficou na chuva, de camisola, durante várias horas seguidas. De propósito. Por isso, ficou doente. A empregada precisou ir embora e eu já estava me sentindo mal. Deveria ter ligado para alguém.

Ele prendeu o fôlego.

— Meu Deus, por que não me contou?

— Você não teria acreditado. Talvez ela não soubesse da gravidade de uma infecção pulmonar. A luz apagou e tentei encontrar a escada, desesperada por buscar ajuda para ela. Minha última lembrança é de tentar recuperar o equilíbrio.

Ele fechou os olhos.

— Pagar o mal com o bem. Meu Deus! — Ele deixou-a, sentindo-se tão mal que não conseguia encará-la.

— Sinto muito — disse ela, mas não havia ninguém para ouvir. De todo modo, pensou ao deitar-se, talvez fosse melhor ele finalmente conhecer a verdade.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a):

Este autor(a) escreve mais 14 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Capítulo Nove Na tarde seguinte, a enfermeira ajudou-a a tomar banho, tarefa ainda difícil. Não podia usar a banheira. Tinha várias incisões: uma na virilha, por onde o cateter fora inserido, duas no peito, para os tubos de dreno, e uma no centro do peito, para a cirurgia. Precisava limpar as incisões de leve com sabão bactericida. Ainda não podia molhá-las. Alfonso tinh ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1631



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • queren_fortunato Postado em 16/12/2015 - 01:13:06

    Que lindo esse fim

  • maryangel Postado em 13/03/2015 - 12:23:23

    Lindo final!! Any ama tanto o Poncho que perdoou o erros cometidos no passado e que a machucaram pronfundamente,um ato de amor lindo *_*. Poncho e sua declaração de amor, sempre a amou, sempre a quis , a falecida Perla percebeu isso. Lindooo!!Comecei ontem d enoite e já terminei de tanto encantada e viciada fiquei pela a história, obrigada por compartilhar-la .

  • Angel_rebelde Postado em 04/06/2014 - 01:14:37

    Ameeei sua história !! Comecei com mta raiva principalmente dos tios dela e de Perla mas depois viciei na história. O que ele fez por ela foi incrível e dar um amor q ele sempre teve e nunca pode dizer para provar o qnto estava arrependido é emocionante demais. Linda história *--* Parabéns !

  • marcelaportivez Postado em 26/11/2013 - 19:49:40

    Muito linda sua fic

  • annrbd Postado em 23/05/2013 - 21:24:27

    Que história linda! Perfeita! Amei *-*

  • nathycolucci Postado em 12/02/2013 - 16:54:12

    amei tanto essa web queria que tivesse uma segunda temporada

  • dorothy Postado em 02/02/2013 - 01:29:48

    Carol me desculpaa por ter sumido. Mas tive uns problemas pessoais e nao consegui dar continuidade nem na minha web, que está parada no mesmo capitulo. =/ Eu AMEI o fim dessa web, achei tão delicado e ardente! HAHAHAH juro, melhor web que li até agora. Me avise quando voce postar outra, virei sua fiel seguidora!! Beijaaao

  • any_kelly Postado em 31/01/2013 - 00:17:11

    Oie Foi mals nao ter comentado antes, é q qnd comecei a ler essa web, ela ja tava bem adiantada :|. Mas amei ela, simplesmente linda. Eu prefiro q vc faça a Segunda Chance :)

  • elizacwb Postado em 30/01/2013 - 16:08:50

    adorei o final dessa web, eles juntinhos assim são mais do que perfeitoss, foi fofo demais, obrigada carol por essa web tão fantástica

  • elizacwb Postado em 30/01/2013 - 16:08:49

    adorei o final dessa web, eles juntinhos assim são mais do que perfeitoss, foi fofo demais, obrigada carol por essa web tão fantástica


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais