Fanfic: Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada} | Tema: AyA

Então, sem nem mesmo perceber o que estava fazendo, pôs uma mão na nuca de Any, puxando-a abruptamente contra o peito e, no instante seguinte, seus lábios cobriam os dela, pressionando-os cada vez mais, tentando em vão aliviar o pulsar violento do coração. Os lábios dela moviam-se sob os seus, hesitantes, como se testando uma sensação desconhecida. Alfonso perdeu o fôlego ao sentir-lhes a umidade sensual e afastou-se dela com um gesto violento. Ele ouviu o som áspero e urgente de sua própria respiração entrecortada e fechou os olhos com força ao notar o que acontecera.
— Droga! — Ele conseguiu respirar e, depois, gritou mais alto. — Diabos!

Any afastou-se, hesitante, esperando ser puxada de volta, porém ele a soltou. Ela se levantou e deu alguns passos, passando a mão na testa. "O que acontece depois?", indagou a si mesma, pensativa. Nos livros que tanto gostava, esse era o momento em que o homem diz para a mulher que a ama, eles se casam e têm filhos. Mas alguém podia apaixonar-se à primeira vista sendo cega? E aquele calor que percorreu seu corpo quando ele a beijou? Era amor? Como era o amor?

"Está bem, Any", ela ordenou mentalmente. "O que fará agora? Finja que tem experiência, que é uma jovem de vinte e cinco anos normal, que já namorou bastante e que já beijou dezenas de homens."

Anahí ouviu o som do tecido das calças dele roçando no assento áspero, todavia não podia adivinhar que Alfonso encarava-a como a um inimigo no campo de batalha.
Quando, finalmente, o médico falou, seu tom de voz era cáustico e cortante e, certamente, não combinava com o cenário.

— Sente-se, srta. Portilla.

Hesitante, ela chegou até o banco e se acomodou ao lado dele com cuidado, tateando e mantendo o rosto voltado na direção contrária ao médico.

Herrera notou que ela estava confusa e lutou contra a fúria que crescia dentro de si.

Em toda a sua vida profissional, jamais perdera o controle e percebeu com amargura que poderia ter prejudicado o tênue relacionamento médico-paciente.

— O que está pensando? — perguntou a ela, tentando parecer profissional e indiferente.

— O que você pode imaginar.

— É uma resposta ardilosa.

— Não foi uma pergunta ardilosa?

Alfonso sorriu diante da astúcia dela, porém ficou frustrado pela barreira que sentiu crescer entre ambos.

— Está bem. Então, serei mais específico. O que pensa de mim, srta. Portilla?

Any soltou um suspiro profundo e, de repente, explodiu:

— Não sei o que acho de você! Como quer que eu responda? Primeiro, você é arrogante, me insulta, age como um sádico e, então... — o tom de voz transformou-se num sussurro — você me beija desse modo... — Ela estremeceu, sem esperança, e mordeu o lábio inferior.

Herrera respondeu com ternura:

— Sinto ter confundido você. Não queria fazer isso. Minha função aqui é torná-la confiante e não destruir tudo.

Anahí corou violentamente. Então, era isso. Fazia parte do tratamento beijar garotas cegas, pois assim elas se sentiriam normais em menos tempo...