Fanfic: Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada} | Tema: AyA

 Anahí suspirou, imaginando se valeria a pena defender seu pai.

— Completamente protegida. Não sei o que isso significa para o seu egoísmo.

Uma nuvem de raiva obscureceu os olhos de Alfonso diante da atitude errônea do pai da moça e cada vez precisava se controlar mais para não explodir de indignação.

— Então eu sou o primeiro homem que você beijou?

— O primeiro que eu beijei! Dr. Herrera, você é o primeiro homem com quem converso a sós!

— E nunca sentiu raiva disso?

— Não, não senti raiva. Senti falta, é claro. E, se com isso quer dizer que eu odiava meu pai, está muito enganado. Eu o amava!

Alfonso percebeu que o sangue subia-lhe à cabeça diante da ira que sentia.

— Não conheço uma única pessoa que não se tenha revoltado por viver isolada do mundo.

— Bem, agora já conhece.

— Que desperdício!

Anahí ergueu as sobrancelhas ao percebê-lo tão abalado. Jamais esperaria que o frio Alfonso pudesse se comover com o problema de alguém... muito menos com o seu.

Dessa forma, não se sentiu frustrada com a mudança de assunto que o médico impôs.

A solidariedade que demonstrara não passara de um mero descuido do seu ego prepotente.

— Quer mais café? — ele perguntou.

— Não, obrigada. Mas gostaria de dar uma volta. É permitido?

— É claro. Caminhar é bom e os arredores são completamente seguros.

Alfonso levantou-se para puxar a cadeira da moça, mas precisou lhe dar uma pequena cotovelada para que Any parasse de hesitar, aceitando o braço que oferecia como apoio. Ela não perdeu a oportunidade para ironizar a situação.

— Pensei que era proibido guiar os cegos por aqui.

— Srta. Portilla, isso não quer dizer que não tenho a mínima educação. Haverá muitas oportunidades para você sair por aí dando caneladas em tudo à sua volta. Acontece que esta noite está acompanhada e eu ofereceria meu braço a qualquer dama, cega ou não.

— Obrigada, dr. Herrera — Any agradeceu com graça, esquecendo-se dos problemas que estava tendo com aquele homem. Mas logo notou que não sentia o mesmo tipo de proteção quando pegava o braço do pai como apoio. Agora, havia algo dentro dela que pedia uma reedição do que acontecera na beira do riacho.

Enquanto caminhavam, o médico deu várias informações sobre a localização dos diversos edifícios. Num certo momento, ele parou e se voltou para o lado.

— Este é o pavilhão onde você ficará alojada mais tarde. Está à sua direita.

— Não me esquecerei, pois o caminho é de tijolos. O de antes não era. É assim que identificamos os locais?

— Exatamente. Este é de tijolo, o do salão de refeições é de asfalto e o caminho que leva às salas de aula é de pedra.

— E no inverno, quando há neve?

— Todas as passagens são aquecidas e têm escoamento. Estas são as únicas pistas que o nosso pessoal cego tem e não seria justo obstruí-la.

— Muito inteligente. Foi idéia sua?

— É claro.