Fanfic: Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada} | Tema: AyA

— Moro numa casinha a um quilômetro daqui, embora só passe os fins de semana lá.

Nos outros dias, fico aqui, como parte do meu trabalho. É um tipo de casa vistosa, mas não muito cara, como aquelas que se vêem nas ilustrações de livros de histó¬ria infantil... já viu alguma desse tipo?

— Sim, sim! Com telhados de ardósia e venezianas nas janelas... um chalé!

— Exato. Tem até cerca de paus e floreiras nas janelas.

— O que você faz lá durante a sua folga?

Dulce faz um relato divertido de como passava metade do sábado espanando a poeira acumulada, retirando teias de aranha e esfregando o chão.

Quando Dulce o viu, a sua felicidade desapareceu do rosto imediatamente e foi substituída por uma expressão preocupada. O médico estava impecável, usando calça jeans e um suéter preto com gola role, porém não fizera a barba e as pálpebras eram dois círculos escuros. Ele semicerrou os olhos à claridade do salão de refeições e permaneceu à entrada, ereto e tenso, com uma expressão carrancuda.

Any franziu a testa, imaginando por que Dulce havia interrompido a frase no meio.

— Bom dia, Alfonso — a assistente disse suavemente, lançando um olhar inquiridor na direção dele.

O rosto de Anahí iluminou-se ao ouvir o nome do médico e ela se voltou na cadeira como se pudesse vê-lo.

— Bom dia! — Any falou alegremente e o semblante de Alfonso pareceu obscurecer-se ainda mais.

Ele se aproximou da mesa com relutância e se dirigiu a Dulce num tom de voz áspero, ignorando a presença de Any:

— Você a vestiu hoje de novo ou ela fez tudo sozinha?

Antes que qualquer uma das duas pudesse protestar diante daquela pergunta, ele continuou de forma bastante rude:

— Já lhe disse que ela não deve ser conduzida por aí e parece evidente que você a trouxe até a mesa, caso contrário haveria uma trilha de cadeiras caídas pelo chão.
Dulce ficou boquiaberta diante da reprimenda injusta e estava tão atônita por Alfonso ter chamado sua atenção em frente da paciente que não conseguiu responder. Deu uma olhada na direção de Anahí e sua raiva cresceu ainda mais, pois o que viu foi uma pessoa ferida e confusa. Ela se levantou, furiosa, jogando a cadeira para trás, a face vermelha de cólera. Quando falou, encarava Alfonso diretamente:

— Any, sei muito bem quando é que eu devo morder a língua para não dizer o que penso. Se falasse alguma coisa neste instante, me arrependeria mais tarde. Portanto, vou deixar as explicações por sua conta. Não confio em mim no momento.

Dulce girou o corpo e saiu da sala com passos firmes e decididos, ereta, os cachos vermelhos balançando.

Alfonso, com os dentes cerrados, observou-a afastar-se; então, sentou-se na cadeira que ela deixara vaga e, após servir-se de uma xícara de café, olhou para Any.

Ela vestia um suéter claro que lhe intensificava a cor dos olhos e ele sentiu um ressentimento crescer internamente, pois tudo o que a moça usava parecia ter o propósito único de provocá-lo.

— Bom dia, srta. Portilla — cumprimentou-a com frieza, desviando o olhar a seguir.

— Acho que deve desculpas a Dulce.

— Meu relacionamento profissional com ela não lhe diz respeito — ele retrucou, num tom de voz cortante e frio, voltando a encará-la.

— Porém, você está enganado. Vesti-me sozinha e consegui chegar até esta mesa sem nenhuma ajuda. Dulce estava me esperando sentada exatamente onde você está agora. Ela não me conduziu nem me ajudou.

— Isso quer dizer que ambas merecem um prêmio — o médico disse secamente, e Anahí encolheu-se ao notar o tom de acusação em sua voz. Ele continuou: — Vamos pedir o nosso desjejum e começar logo com o seu tratamento. Como lhe disse anteriormente, não está aqui para se divertir socialmente e sim para aprender.

Por Hoje é Só Meninas :D