Fanfics Brasil - Capítulo 47 Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada}

Fanfic: Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada} | Tema: AyA


Capítulo: Capítulo 47

670 visualizações Denunciar


Anahí franziu a testa diante dessa indiferença e Herrera sorriu ao observá-la, constatando a freqüência com que, nos últimos dias, a fisionomia dela apresentava mudanças constantes, seguindo a linha do pensamento, revelando muito mais do que ela sabia.

Alfonso estendeu a mão, tocando-a com carinho... o primeiro gesto de ternura que fazia desde o encontro no topo da colina. A sensação foi tão alarmante que ela puxou os dedos, sem pensar.

— Desculpe-me. Está um tanto irritada esta manhã, não é verdade?

— Passo cada hora do dia com um sádico. Você também deveria estar irritado. Graças a Deus, só falta uma semana.

— Deveria também agradecer a Deus por permanecer cega, se está se referindo às duas semanas que tem de passar comigo.

— Não vi nenhum progresso nesses dias com você. Ou será que não percebeu isto? Ainda continuo cega, dr. Herrera.

— Percebi, sim. Jamais afirmei que seria fácil, ou rápido. Mas, você vai se recordar, Any. E você vai ver.

— Sou seu desafio definitivo, não é? A chave para a fama e fortuna. O caso sem precedentes que levará seu nome para todos os livros científicos.

— Pode dizer que sim.

— Bem, então, vamos adiante — ela disse com amargura, levantando-se da mesa. — Longe de querer ficar no seu caminho. Aonde vamos?

Alfonso fitou aqueles olhos zangados que se recusavam a ver e sua expressão escureceu de tristeza.

— Vamos até o ginásio de esportes.

Any fez um gesto indiferente e começou a caminhar. Ao chegarem do lado de fora, ela prosseguiu, quase sem titubear, pois Poncho exigia que, a cada dia, a moça localizasse um dos edifícios do campus.

Quando Anahí seguiu um dos caminhos e, finalmente, sentiu que havia um imenso prédio baixo à sua frente, perguntou timidamente:

— Quer entrar?

— Quero.

Cruzaram a imensa porta de metal e ela inclinou a cabeça, tentando assimilar os sons e fragrâncias novas daquele ambiente desconhecido.

Ao identificar os ruídos à sua volta, Any perguntou admirada:

— Pessoas cegas jogam basquete?!

— Jogam, sim. Há um bip instalado no aro da cesta. Alguns de nossos alunos conseguiram recordes de precisão de lançamento da linha de lance livre. A porta do ginásio, propriamente dita, está bem à sua frente.

Anahí avançou, obediente.

— Não. Não entraremos lá hoje. Só queria que soubesse onde era.

De repente, ela parou, suspeitando o que ele havia planejado. Seu tom de voz demonstrava nervosismo ao dizer:

— A piscina?

— Acertou.

Any não se preocupou em esperar as ordens do médico.

Virou para a esquerda, orientada pelo forte cheiro do cloro. Tateou as paredes do corredor até atingirem as portas pesadas em vaivém.

— É aqui — informou com suavidade.

— Então, vamos entrar.

Entraram num salão cavernoso e frio e ela sentiu imediatamente a massa de água assustadora à frente e à esquerda.

— Há uma porta bem à sua direita. Ao passar por ela, vai encontrar uma fileira de armários de aço. Vai achar uma plaquinha com o seu nome escrito em braile em um deles. Está à altura dos olhos. Dentro está um maiô que deve servir em você, pois Dulce o providenciou. Em todo o caso, existem outros que poderá experimentar. Ficarei esperando aqui, procure não demorar. Teremos a piscina para nós somente por duas horas.

— Vai nadar também?

— Sim. Vou mudar de roupa e estarei de volta num minuto. Por favor, não me faça esperar. Você sabe que não gosto.

Any passou pela porta e começou a tremer ao começar a cruzar o aposento estreito, os braços estendidos diante do corpo à altura da cabeça. Não se importou em mantê-los mais baixos, conforme as regras. Afinal, ninguém estava ali para inspecionar. Bateu com a canela em alguma coisa de madeira e abaixou-se para esfregar a perna, praguejando. Tateou o objeto e o identificou como sendo igual aos bancos de jardim, com o encosto de madeira. Poderia ter evitado o obstáculo se os braços não estivessem tão altos. Até longe dos outros, as aulas assombravam como fantasmas, punindo quem ignorasse o que havia aprendido.

Cerrou os dentes de raiva e circundou o banco em busca dos armários. O seu era o terceiro e, embora o encontrasse depressa, continuou a passar os dedos pelas outras plaquetas, lendo o nome das colegas cegas. Sentiu-se aliviada, pois, agora, parecia não mais estar sozinha. Ficou imaginando como seriam seus rostos e o que poderiam compartilhar.

— Como é, você vem ou não?

— Daqui a alguns minutos!

Vasculhou o armário para pegar o traje de banho e, então, tirou as roupas com rapidez.

Sem possibilidade de analisar a sua aparência naquele maiô inteiro, ela não estava nada constrangida em aparecer diante do dr. Herrera numa roupa que, de tão simples, acentuava cada contorno seu. Era um corpo que jamais tinha visto e pensava nele com uma falta de modéstia tão inocente quanto a de uma criança.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a):

Este autor(a) escreve mais 14 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Ainda acalentada pela descoberta de que não era a única pessoa cega no mundo, saiu do vestiário com um sorriso nos lábios, apoiada pela presença das várias pessoas, que nunca encontrara, mas que tinham seus nomes gravados nos armários.Nesse instante, achou que Alfonso não a intimidaria mais.Herrera ficou embasbacado ao ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1153



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Angel_rebelde Postado em 24/03/2014 - 23:55:37

    Adoorei sua história ! Concordei com o Poncho no começo dizendo pra ela o quanto era protegida demais e que deveria lutar pelo objetivo dela de voltar a enxergar. Parabéns pela bela história. Acho que ele poderia ter dito a mesma coisa de outro jeito mas a experteza e sensibilidade dela o fizeram mudar de ideia. Adorei !

  • giovanaponny Postado em 23/11/2013 - 21:48:24

    Muito booooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooa

  • jeessyayasiempre Postado em 17/03/2013 - 22:05:10

    Nossa, nunca chorei tanto na minha vida, li os últimos capítulos com a música Moonlight Sonata (Sonata ao luar) a que ela toca no piano do Beethoven... Me debulhei em lágrimas! NUNCA CHOREI TANTO LENDO UMA WEB! Podia fazer uma continuação né? Nossa, Parabéns!

  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:56:00

    ai carol suas webs são incríveis, amei tudo, e principalmente qdo ela voltar a ver, foi lindoooo, valeu

  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:56:00

    ai carol suas webs são incríveis, amei tudo, e principalmente qdo ela voltar a ver, foi lindoooo, valeu

  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:56:00

    ai carol suas webs são incríveis, amei tudo, e principalmente qdo ela voltar a ver, foi lindoooo, valeu

  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:56:00

    ai carol suas webs são incríveis, amei tudo, e principalmente qdo ela voltar a ver, foi lindoooo, valeu

  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:55:59

    ai carol suas webs são incríveis, amei tudo, e principalmente qdo ela voltar a ver, foi lindoooo, valeu

  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:55:59

    ai carol suas webs são incríveis, amei tudo, e principalmente qdo ela voltar a ver, foi lindoooo, valeu

  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:55:59

    ai carol suas webs são incríveis, amei tudo, e principalmente qdo ela voltar a ver, foi lindoooo, valeu


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais