Fanfics Brasil - Capítulo 005 Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada}

Fanfic: Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada} | Tema: AyA


Capítulo: Capítulo 005

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Dulce acompanhou-a até o quarto no andar superior, auxiliando-a no reconhecimento do ambiente e na localização dos móveis.

— É tudo tão estranho! — Any exclamou, ao se jogar na cama larga e macia. — Existem tantas escadas! Sempre pensei que uma escola para cegos deveria ser térrea, especialmente uma tão famosa quanto esta. Só o preço cobrado da gente daria para fazer várias reformas.

Dulce sorriu com cordialidade.

— O mundo que nos cerca está repleto de escadarias, srta. Portilla. O objetivo mais importante aqui em Windrow é ensi¬ná-los a se adaptar às coisas que os assustam no dia-a-dia além dessas paredes. Não seria justo eliminar os obstáculos existentes, não acha?

— Não, acho que não.

— Bem, agora trate de pendurar as suas roupas de modo a poder encontrá-las no instante em que precisar, senão tudo vira¬rá uma bagunça.

Any, um tanto constrangida, cerrou os lábios, demonstran¬do hesitação.

— O que foi?

— Nada sei sobre minhas roupas... cores ou coisas assim. A governanta lá de casa sempre as arrumou para mim e... me ajudava na hora de vesti-las.

Dulce assobiou baixinho.

— Deus! Garota, o que aprendeu a fazer sozinha?

— Nada. Absolutamente nada. Por isso estou aqui.

A assistente pegou um bloco de papel do móvel e retirou uma caneta que trazia atrás da orelha.


— Tudo bem, Any. Não se preocupe. Aprenderá tudo na hora devida. Anotarei o que for preciso para que os professores tenham informações suficientes para orientá-la no futuro. Mas para isso vou precisar fazer algumas perguntas a você, para que possamos estabelecer as bases do seu tratamento. Quando ficou cega?

— Aos sete anos, num acidente de carro. E não me recordo de nada. Só consigo me lembrar de fatos posteriores, porém não do acontecimento propriamente dito. Perdi minha mãe nesse dia.

Dulce murmurou algumas palavras de conforto e, logo após, Anahí ouviu o som da caneta rabiscando na superfície do papel.

— Seus registros médicos estão sendo transferidos para cá?

— Sim... mas não há muita coisa. Há dez anos que não visito um médico. Minha saúde é de ferro.

Dulce franziu a testa e o tom cinza de seus olhos tornou-se mais escuro.

— É muito tempo entre um exame e outro. O que os espe¬cialistas disseram a respeito de sua visão?

— Que não havia motivos fisiológicos para a minha defi¬ciência... chamaram-na de cegueira histérica. Disseram que meus olhos estavam sãos, mas que minha mente se recusa a registrar as imagens.

Anahí falava num tom de voz embargado, arregalando os olhos para evitar as lágrimas.

— O que mais?

— Que eu deveria consultar um psiquiatra.

— E procurou um?

— Lógico! Acha que eu quero continuar cega?! Oh, Dulce, sinto muito. Não pretendia ser rude. É que me sinto tão frustrada... Nesses últimos anos tenho tentado convencer a mim mesma de que posso ver e fico a imaginar por que o mundo continua às escuras.

— Tudo bem, Any. Conte-me o resto. Não precisa se apressar, pois temos muito tempo.

— Fui ver um psiquiatra. Consultei-o duas vezes por semana durante um ano. Foi muito... penoso. Papai interferiu a cada estágio do tratamento, pois não queria me ver aborrecida, mas insisti em continuar. Finalmente, o doutor afirmou que eu não estava emocionalmente preparada para enfrentar o trauma que causara minha cegueira.

Achou que eu deveria amadurecer mais e me tornar mais confiante. Então, recomendou-me esta escola.

— Há dez anos? E veio para cá somente hoje?

— Meu pai era um tanto... protetor. Não conseguia concor¬dar com o fato de eu vir para uma instituição que me ensinaria a agir como uma cega, quando talvez, pudesse recuperar a visão de uma hora para outra. E, além disso...

— Sim?

— Além disso, ele sofreu muito por causa do meu problema. Não conseguia aceitá-lo. Sentia-se culpado pelo acidente, pois mamãe falecera e eu ficara cega... Levou muito tempo para conseguir dizer a palavra "cega" em voz alta. Era como se, negando a realidade, pudesse afastar-se dela. Mandar-me para Windrow teria sido, para ele, a constatação de que eu, realmente, não mais poderia ver.



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— Soube que seu pai dirigia o carro quando ocorreu o acidente.— Sim, e, portanto, sempre se considerou responsável por tudo o que nos aconteceu. A culpa consumiu-o internamente. Tínhamos uma propriedade à margem do rio Hudson, não muito distante daqui. Minha mãe a adorava. Bem, papai fechou a casa e comprou um apartamento de cob ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1153



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  • Angel_rebelde Postado em 24/03/2014 - 23:55:37

    Adoorei sua história ! Concordei com o Poncho no começo dizendo pra ela o quanto era protegida demais e que deveria lutar pelo objetivo dela de voltar a enxergar. Parabéns pela bela história. Acho que ele poderia ter dito a mesma coisa de outro jeito mas a experteza e sensibilidade dela o fizeram mudar de ideia. Adorei !

  • giovanaponny Postado em 23/11/2013 - 21:48:24

    Muito booooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooa

  • jeessyayasiempre Postado em 17/03/2013 - 22:05:10

    Nossa, nunca chorei tanto na minha vida, li os últimos capítulos com a música Moonlight Sonata (Sonata ao luar) a que ela toca no piano do Beethoven... Me debulhei em lágrimas! NUNCA CHOREI TANTO LENDO UMA WEB! Podia fazer uma continuação né? Nossa, Parabéns!

  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:56:00

    ai carol suas webs são incríveis, amei tudo, e principalmente qdo ela voltar a ver, foi lindoooo, valeu

  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:56:00

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  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:56:00

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  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:56:00

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  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:55:59

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  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:55:59

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  • elizacwb Postado em 13/02/2013 - 15:55:59

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