Fanfic: Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada} | Tema: AyA

Mesmo que Matt não tivesse visto Anahí entrar na sala, saberia disso pela súbita tensão do corpo de Alfonso. A moça caminhou até eles com um sorriso nos lábios e estendeu-lhe a mão:

— Olá, dr. Franklin.

— Ei, Any. Está mais adorável do que nunca. Meio ensopada, mas bonita do mesmo jeito.

— Viemos diretamente da piscina. Não tive nem tempo de me enxugar.

— Você gostou de nadar? — Matt perguntou com cautela, sabendo o quanto os cegos temiam a água.

— Oh, adorei! Só que saímos antes do tempo.

Alfonso estremeceu ao ouvi-la e se recostou na cadeira.

Dr. Franklin franziu a testa, olhando diretamente para o jovem.

— Bem, parece que você está se acostumando bem com o ambiente. A propósito, Any, como sabia que eu estava aqui?

— Gostaria de dizer que foi o meu sexto sentido. Porém, isso só funciona com determinadas pessoas. Na realidade, eu o ouvi quando estava no saguão.

Matt sorriu com ternura e se voltou para Alfonso, preocupado com a palidez e com a expressão cansada do jovem.

— Katy está esperando vocês dois às seis, Alfonso, mas lhe recomendo uma tarde de descanso antes de vir para o jantar. Se puser os pés lá em casa com essa cara horrível, Katy vai amarrá-lo na cama durante todo o fim de semana.

Alfonso fez um gesto irritado, balançando a cabeça, porém Any ficou tensa e perguntou depressa:

— Que cara, dr. Franklin? O que há com ele?

O velho ficou surpreso ao notar a expressão preocupada da moça; tocou a mão dela, acalmando-a:

— Ele só parece cansado, Any. Parece que você tem dado muito trabalho.

— Meus olhos estão vermelhos por causa do cloro, nada mais. — Herrera dardejou um olhar atravessado na direção de Matt, que simplesmente sorriu. — O dr. Franklin acredita que olhos ver¬melhos são sinal de doença contagiosa e Katy costuma me paparicar sem dó nem piedade.

— Bem, vou deixar vocês almoçarem sossegados. Até às seis, então.

Any sorriu ao dizer:

— Pode estar certo de que não vejo a hora de chegar lá. Será muito agradável ter um jantar em família..

Seguiu-se um silêncio constrangedor que só foi interrompido com a chegada de Helen, que os tratou da forma glacial de costume e, pela primeira vez, Any não ligou para a hostilidade da moça. Quando ela se afastou, perguntou:

— E então, você está?

— Estou o quê?

— Exausto. Deve estar num estado lastimável para o dr. Franklin fazer tanto estardalhaço.

— Ele sempre foi assim. Fica imaginando coisas.

— Sou eu, não é? Você está preocupado com meu tratamento.

Ele esfregou o queixo repetidas vezes e decidiu ser honesto.

— Any, o nosso tempo está se esgotando. Só temos uma semana e é claro que estou preocupado. Passo todas as noites acordado só pensando nisso.

O médico fez uma pausa, suspirou profundamente e continuou:

— Acho que você está pronta, tanto fisicamente como emocionalmente, para enfrentar qualquer fato que possa ter causado a sua cegueira. Todavia, o modo como está agindo em relação a mim impede que isto aconteça. Vai ver, errei um bocado na condução do tratamento, mas esse relacionamento que você imagina entre nós é o maior problema para a sua recuperação.

Ela baixou a cabeça e disse suavemente:

— Eu não estou imaginando nada. É real e você sabe disso tão bem quanto eu. Não vai desaparecer assim tão simplesmente, Alfonso.

Ele estava tão exasperado que não percebeu que, pela primeira vez, Any tratava-o pelo nome de batismo.

— Você está errada, vai desaparecer com o tempo.