Fanfic: Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada} | Tema: AyA

Capítulo Onze
Any acordou na manhã seguinte sentindo um contentamento profundo e sólido... uma emoção nova que jamais sentira antes. Katy havia confirmado o amor de Alfonso por ela e tudo o que já experimentara até então pareceu-lhe sem importância.

Ela sorriu, lembrando-se do que acontecera na noite anterior. Quando voltavam para casa, podia ainda sentir a atmosfera de carinho e amizade da casa dos Franklin. Ficou contente com a companhia de Herrera, temporariamente libertada da pressão que ele exercia como psiquiatra. Pela primeira vez, embora desejando um contato físico, deu-se por satisfeita em se despedir dele com um simples boa-noite, pois dali em diante muitas outras noites tão agradáveis como essa aconteceriam.

A partir de agora, também não haveria fingimento, pois, graças a Katy, ela tomara conhecimento daquilo que precisava saber.

Alfonso a esperava ao pé da escadaria quando desceu.

— Esta manhã, nós vamos tomar o café na varanda. Parece que uma tempestade está vindo do oeste e pode ser a nossa última chance de respirar ar fresco.

Ela seguiu na frente e, quando se sentaram à mesa, um garçom trouxe-lhes uma cesta com pães quentinhos e um bule de café.

— Só teremos isso hoje?


— Só isso. Eles costumam servir um almoço reforçado nos fins de semana, portanto só tomamos um café ligeiro. Mas, se quiser algo mais, pode pedir.

— Não, estou satisfeita desde ontem à noite.

Any respirou fundo e sorriu; depois, falou com palavras rápidas e suaves:

— Sei que você me ama, Alfonso.

Houve uma longa pausa e ela o ouviu pousar a xícara no pires. Herrera fitou o horizonte e constatou que uma tempestade se aproximava.

Recusou-se a olhar para ela ao falar:

— Achei que já tínhamos deixado tudo muito claro, Any. De uma vez por todas.

— Até mesmo Katy percebeu isso. Quase acreditei que nada sentia por mim e que eu estava errada. Porém, Katy percebeu e me contou tudo. Por que insiste em continuar negando? Por que finge que não sente amor? É porque sou sua paciente? É isso?

As nuvens negras moviam-se rapidamente na direção leste e Alfonso já podia sentir a tempestade iminente; remexeu-se na cadeira e baixou a cabeça com resignação.

— Minha mãe era cega — ele disse distraído, contemplando o infinito.

Any estranhou o motivo pelo qual o médico estava fazendo confidencias. Ele prosseguiu:

— Foi uma queda do cavalo. Um modo bastante chique para ficar cega, sendo um membro da alta sociedade. Eles a trouxeram do campo e o grupo continuou, sem interromper o passeio. Não é inacreditável? Como se fosse uma pessoa ferida em combate e a tropa prosseguisse sem ela.

Herrera fez uma pausa, tomando um gole de café, os olhos ainda fixos no horizonte.

— Minha mãe era uma mulher ativa, fisicamente falando. Ela não aceitava as fraquezas de ninguém, muito menos as dela. Depois do acidente, ela se entregou ou, melhor dizendo, foi definhando, até que um dia se suicidou.

Anahí permaneceu completamente imóvel, com medo de se mexer ou até mesmo de respirar, com receio de interromper aquele monólogo.

Ele continuou, sem nenhuma emoção.

— Certa vez você me perguntou o que havia me transformado numa pessoa intolerante em relação aos cegos. Acho que foi por causa disso tudo. Ver minha mãe se fechar dentro de si, ignorando as coisas da vida que poderiam ser muito mais importantes do que a visão. Quando ela morreu, eu a odiava porque tinha me abandonado por um simples problema físico.

Herrera riu com frieza.

— Era uma vingança de criança. Mais tarde, eu comecei a odiar a fraqueza que a levou ao suicídio. Esse é o motivo pelo qual eu desafio meus pacientes... pelo que sempre lutei.

O médico passou a mão pela testa molhada de suor. Não havia mais brisa e o ar estava pesado.

Ele se voltou para Any lentamente e, quando falou, seu tom de voz era vazio e sem nenhuma emoção.

— Any, eu gosto de você como gosto de qualquer paciente. E, porque sou humano, sinto atração física por você. Mas, amor? Você mesma pode agora entender por que jamais posso amá-la. É o exemplo vivo do tipo de fraqueza que provocou a morte de minha mãe, e eu odeio pessoas fracas.

Abaixou o tom de voz, falando num sussurro:

— Mas eu acho que você é ainda pior do que minha mãe. Ela, pelo menos, não tinha escolha: era cega de verdade! Você é cega porque quer ser. Agora me diga, como posso amar esse tipo de gente?

poncho é estremamente grosso com a Annie né ?

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