Fanfic: Pela Lente do Amor-AyA {Finalizada} | Tema: AyA

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Quando não é distorcido pelo pânico, o sentido de direção dos cegos é acentuadamente preciso. Seguindo a intuição, as pessoas cegas conseguem sair de um labirinto antes daquelas que podem ver. Foi o que aconteceu quando Any percebeu que o vento e as sombras aumentavam, e, tentando recompor o caminho de volta, chegou bem próximo da beirada do bosque, perto do edifício principal de Windrow.

Mas, quando as árvores se tornaram mais finas e espalhadas, acabando com a proteção natural contra o vento, o escudo que protegia a sua mente se rompeu junto com a rajada de vento que a atingiu.

De repente, a menos de uns quinhentos metros da casa, o pânico tomou conta dela, penetrando por todo o corpo. Anahí tremia convulsivamente, os joelhos moles devido ao cansaço que agora sentia.

O barulho do vento era ensurdecedor e ela movia a cabeça em todas as direções, desesperadamente, procurando orientar os sentidos abalados pelo medo. Podia sentir que a tempestade estava quase chegando, crescendo cada vez mais, e recuou, evitando o vento, numa tentativa impensada de escapar à sua fúria. Ao fazer isso, ela se afastou mais e mais do terreno seguro de Windrow.

Até aquele instante, Any tinha permanecido calada, porém, sentiu que queria gritar, livrando-se daquele nó que lhe apertava a garganta.

— É somente uma tempestade, Any — berrou bem alto e se sentiu mais calma. — É só uma chuva de nada, alguns trovões e raios, nada mais.

Aprofundou-se cada vez mais no bosque, em busca de abrigo e, quando chegou junto às árvores altas e espessas, sentiu que uma parede a protegia.

— O vento não é tão ruim aqui. Fique aí até que o pior passe. Sente-se, descanse e, mais tarde, conseguirá encontrar o caminho de volta.

Mesmo antes de sentir o conforto de suas próprias palavras, o vento feroz arrancou-as de sua boca e ela se agarrou a um tronco de árvore antiga e se sentou. A força dos primeiros pingos de água atingiu-a por entre os galhos e Any, tremendo de frio e toda encharcada, sobressaltava-se a cada trovejada violenta.

— Alfonso, Alfonso, Alfonso... — sussurrava, enquanto abraçava os joelhos e se apoiava contra a árvore. A violência do temporal se abatia à sua volta num crescendo contínuo.

Alfonso arrastou-se, passando pela porta principal, completamente ensopado e pingando, curvado pelo cansaço e pela derrota. Dulce aproximou-se dele depressa, livrando-o do poncho pesado e molhado de chuva. Ela ergueu as sobrancelhas e o médico balançou a cabeça, ainda tentando recuperar o fôlego para poder falar.

— Todos estão no porão — a assistente informou, tomando-o pelo braço. — Estávamos com medo de que você não conseguisse voltar. Os ventos já atingiram cem quilômetros por hora.

— Então, ela não está aqui? Não conseguiram encontrá-la?

Dulce contemplou o semblante selvagem e desviou os olhos cheios de lágrimas, rapidamente. Respondeu num fio de voz trêmula:

— Não.

Ele girou o corpo e voou para a porta.

— Alfonso! Não pode sair de novo!

As palavras ecoaram no vazio e a porta foi batida atrás dele com furor.

Gracias pelos Parabéns Camilla *-----*