Fanfic: Thousand Years | Tema: Dulce Maria
- Dul! Poncho falou que você tava por aqui. – Disse Anahí correndo para abraçar a amiga que ainda chorava sentada no sofá. – Eu juro que não sei se te bato ou te encho de beijos – sorriu – ta, eu sei que você não ta no clima, mas poxa! Eu senti sua falta. – Dulce continuava estática em seu canto. Anahí suspirou. – Ele foi muito duro? – Ela assentiu com a cabeça. – Ô amiga!
Anahí a abraçou mais uma vez, encostando a cabeça da morena em seu ombro. Dulce e Anny eram como irmãs, se conheciam desde pequenas. Sempre se entenderam muito bem, cursaram faculdade juntas e hoje a loira é gerente de marketing da empresa, além de comadre e confidente.
- Não adianta você ficar assim, Dulce Maria. Vamos falar sério agora. Aconteceu. Os erros já foram cometidos e você teve mais de um ano pra pensar, repensar e remoer suas mágoas. Se você decidiu voltar, já sabia que isso ia acontecer. Ou você esperava que o Chris fosse te receber com um buquê de flores? – Dulce negou com a cabeça. – Então pronto, Dul! Você tem uma filha pra criar, uma empresa pra dirigir e uma vida inteira pela frente. Foi duro, foi difícil demais, eu sei. Mas agora é a hora de você se levantar e voltar a ser quem você sempre foi. – A morena deu um sorriso tímido e abraçou a amiga.
- Obrigada, Anny, de verdade. – Suspirou limpando as lagrimas.
- Agora, faça um esforço também para entender o Chris. – Dulce ameaçou reclamar, mas Anahí não a deixou nem respirar. – Você levou a filha dele pra longe por mais de um ano, Dulce! Nós vimos o quanto o coitado sofreu.
- Coitado, claro! – Disse ela sarcástica.
- Ele errou, todos nós sabemos disso, mas ainda sim, a Sophia é filha dele. Ele entrou em depressão por muitos meses e foi Deus que o segurou de não colocar a polícia atrás de vocês. Vou ser sincera, eu no lugar dele, aliás, qualquer pessoa no lugar dele, teria ido até no inferno atrás do filho. Entenda que você também errou.
- Eu sei Anahí, eu sei. Me arrependi muito.
- E por que não voltou então?
- Porque eu precisava! Precisava ficar longe, eu não conseguia mais ficar um segundo perto dele.
- E por que sumir assim com a Sophia? Não dar nenhuma notícia, nem pra mim!
- Me fale, se fosse com o Poncho, você ia embora e deixaria o Victor com ele? – A loira negou com a cabeça. – Então pronto. E eu não mantive contato com ninguém, só com a Alexandra pra me certificar de que ele não viria atrás de mim. Eu precisava me isolar do mundo.
- Pra onde você foi, afinal de contas?
- Pra casa. – O semblante de Anahí era um ponto de interrogação. – Pra fazenda dos meus pais.
- Ah ta! E fez o que esse tempo todo?
- Tentei entender tudo.
- E conseguiu?
- Não. – Ela fungou ainda os resquícios de choro. – Ainda não entendi. Na verdade eu não sei se não entendi ou se não consigo acreditar.
- Bem vinda a vida, amiga. – Anahí deu um pequeno sorriso e Dulce tentou, sem muito sucesso.
As duas conversaram por algumas horas. Anahí contou como as coisas ficaram depois que Dulce foi embora da empresa, falou sobre Victor, afilhado da morena e sobre seus outros amigos que ainda não tinha visto. Dul contou um pouco do que fez para passar o tempo e o quanto curtiu a filha.
- Dulce... Será que a Sophi lembra do pai? – Dulce assentiu com a cabeça. – Como?
- Não passou um dia sem que pegássemos a foto dele. – Anahí sentiu a melancolia na voz da amiga e abaixou a cabeça. – Bom – disse levantando – eu vou pegar o caminho pra casa. Já ta tarde e eu duvido muito que ainda tenha uma alma viva nessa empresa.
- Vai lá, amiga. Eu ainda vou dar uma passadinha na minha sala pra ver uns e-mails e vou pra casa também. Se cuida, ta? Por favor.
- Sim senhora.
Se despediram e Anahí saiu da sala. Dulce catou sua bolsa e celular. Olhou mais uma vez pro escritório. Sua mesa nem estava mais por lá. Dul e Chris dividiam a sala, dividiam a vida inteira pra ser mais preciso. Hoje, no lugar de suas coisas, estava um sofá de couro, uma mesa de centro e um quadro escroto, como diria ela. Lamentou-se em pensamentos e fechou a porta:
- Vai pra casa, Otávio! – Disse ela ao seu antigo secretário. Seu e de Christopher.
- Ô Dulce! Você fez falta por aqui. – Ela deu um pequeno sorriso.
- Posso abusar um pouco de você?
- Claro! Você que manda! – Otávio era simpático, agradável, aquele cara boa praça que todo mundo queria por perto. E claro, muito bonito também. Ouvia-se pelos corredores da empresa que seu sorriso fatal.
- Aproveitando que você está aqui, marque uma reunião pra mim amanhã, por favor. As onze da manhã, pode ser? – Ele assentiu, mas ficou meio sem graça, duvidoso:
- Devo chamar o Christopher, também?
- Sim – suspirou – e Alfonso, Anahí, Chavez, e Maite, por favor.
- A Maite não trabalha mais aqui. – Dulce arregalou os olhos surpresa.
- Bom, chame quem estiver no lugar dela. – O secretário assentiu. – Estou de volta, Otávio!
Ela sorriu com um pouco mais de vigor. Dulce sempre foi apaixonada por seu trabalho, amava o que fazia e era muito boa. Fez seu nome no mercado publicitário e consegui contratos com as maiores empresas nacionais e internacionais. Tudo com a ajuda de Chris. Doía quando pensava assim. Praticamente tudo que tinha construído em sua vida, era ao lado dele ou até mesmo graças a ele.
Pegou seu carro e dirigiu até sua casa, onde um dia foram muito felizes. No caminho, decidiu que era hora de se reerguer. Voltaria a sua vida normal, ao seu trabalho e tudo que sempre fez. Só não sabia se voltaria a ser a Dulce de antes. Também não sabia ainda como se portar com Christopher. Estariam juntos na empresa, querendo ou não. Ela podia tentar manter distância, falar somente o necessário, mas não fazia idéia de como ele se portaria. Uma coisa tinha certeza. Ia ser difícil.
Chegou em casa e correu para o quarto da filha, afim de curtir um pouquinho o resto da noite ao lado da pequena:
- Filha! – Chamava ela sorrindo. – Sophia? – Dulce estranhou ao não vê-la no quarto. – Alexandra? – Gritou ela.
Correu por todos os cômodos da casa com um nó na garganta. Seu peito apertava a cada canto que ela procurava. Mil coisas passavam por sua cabeça. E se Christopher... Ela ouviu o barulho de chave na porta e correu pra sala.
- Daí tem o... o... o Perry. É um ornicotorinco. – Christopher deu uma gargalhada interrompida assim que viu Dulce de braços cruzados olhando pra eles. – Mamãããããe!!! – Dulce se abaixou e pegou a pequena no colo, abraçando-a com força. – Tomei sovete.
- Me dê as chaves. – Foi a primeira coisa que ela disse à ele desde que chegou.
- Essa casa também é minha, eu tenho o direito de ir e vir a hora que eu quiser.
- Anda logo, Christopher, eu não quero brigar.
- Não, Dulc...
- Levei horas pra estacionar o carro! – Disse Alexandra entrando cheia de sacolas no apartamento. – Dul! Você chegou. – Um pouco sem graça. – Vem, Sophia, vem com a vovó! Vamos lá guardar suas bonecas novas?
A menina sorriu e pulou pro chão, correndo pro quarto. Alexandra sabia que a coisa podia ficar feia na sala e não queria que sua neta presenciasse mais uma briga de seus pais.
- Por favor, Christopher.
- A chave vai ficar comigo pra quando eu quiser ver minha filha enquanto o juiz não decide quem vai ficar com ela. – Dulce se revoltou ao ouvir a frase, sentindo seu sangue ferver.
- Eu sou mãe, Christopher! Nenhum juiz te daria a guarda dela. – Gritou.
- Você é maluca! Você sumiu com a minha filha por aí e meus advogados sabem disso, vão saber usar muito bem.
- Não se faça de vitima. – Disse farta.
- Acorda, Dulce. E aproveita. Aproveita bem que eu ainda estou pensando se vou deixar você visitá-la.
- Você não pode fazer isso Christopher, sabe que ela é a única coisa que eu tenho nessa vida
- Ah não! Não vem com esse seu drama pessoal, Dulce Maria.
- Você me chama de monstro, mas o monstro aqui é você. Quer tanto ficar com sua filha que não pensou nela nem por um segundo! Foi você que provocou isso tudo!
- Eu não vou entrar nesse assunto com você. Te falta estabilidade emocional pra isso. – Dulce respirou fundo, se segurando pra não avançar nele. – Avise a minha mãe que eu estou esperando na portaria.
Christopher saiu e bateu a porta, deixando uma Dulce que não sabia se explodia de raiva ou se chorava. Ela deixou seu corpo cair pelo sofá e abaixou a cabeça, a discussão com seu ex-marido passava mais uma vez em sua mente.
- Sophia dormiu.
- Por que não me avisou, Alexandra? Eu fiquei desesperada quando não vi vocês.
- Se eu tivesse avisado você teria deixado? Ele é meu filho, Dulce. Por mais que eu te ame como se fosse minha também, eu vi o quanto ele sofreu esse tempo todo. – Ela abaixou a cabeça e Alexandra se aproximou, puxando-a pro seu colo. – Não sei o que te dizer minha menina. Fico feliz por estar de volta.
Dulce Maria perdeu os pais cedo. Exatamente um mês depois de conhecer Christopher e foi Alexandra que esteve do lado dela. Seus pais eram filhos únicos, ela também. Se existe algum parente por esse mundo, ela não faz a menor idéia de encontrar. Sua sogra acabou virando sua segunda mãe. Sempre se deram muito bem e quando tudo aconteceu, Alexandra ficou do seu lado. Até mesmo quando fugiu, ela era a única que sabia do seu paradeiro e até visitava algumas vezes, escondida do filho. Sabia que seria pior se ele fosse lá e sofreu todos os dias ao vê-lo chorar. Mas ela escolheu ficar ao lado de Dulce.
- Pode vir amanhã ficar com ela? Quero voltar a empresa. – Alexandra concordou com a cabeça. – Tenta falar com a Joana. Diga que estou de volta e que o cargo de babá é dela outra vez.
- Pode deixar, minha filha. Agora descanse – levantou-se – durma bem, viu?
- Até amanhã, Alê.
- Até.
Dulce fechou a porta e foi para seu quarto. Olhou para o cômodo e suspirou sentindo-se vazia. Era a primeira vez que deitaria naquela cama sem ele. Dirigiu-se ao banheiro e ligou o chuveiro, fechou os olhos enquanto a água escorria pelo seu corpo e pensava o quão difícil seriam seus dias daqui pra frente.
Autor(a): thousandyears
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