Fanfic: Os McDonwel | Tema: Harry Potter

EU NUNCA PENSEI QUE RICKY SERIA CAPAZ DE SER CAMPEÃO EM DUELOS POR SUA CASA ― NÃO QUE ELE NÃO FOSSE PASSAR. EU SABIA QUE se ele competisse, ele iria passar. E passou. É que eu sabia que Ricky não precisava mostrar que era melhor do que alguém para ser um bom duelista, mas só não entendi o porquê dele fazer uma coisa dessas ― uma vez que eu sei que ele não precisava provar nada.

     ― Irmão? O que faz aqui? ― perguntei apertando a mão dele.

     ― Ué, sou o mais novo Campeão em Duelos da Grifinória! ― disse ele animado para mim, apertando minha mão com mais força. ― Acredite. Eu derrotei o Emmett. O Emmett! ― disse ele numa alegria inacreditável.

     ― Sério? ― perguntei arqueando uma sobrancelha. Queria que fosse Emmett o Campeão ao invés de Ricky ― não que eu não quisesse uma luta com ele, mas seria divertido e desafiador duelar com Emmett, uma vez que ele estava com raiva de mim.

     ― Claro. Não é a toa que eu estou aqui, não é mesmo? ― ele riu.

     Ri também.

     ― Mamãe vai gostar de saber disso!

     ― Imagino que sim. ― eu disse e lhe dei um sorriso mais sincero que pude. Acho que consegui, pois ele sorriu de volta para mim.

     A porta rangeu de novo.

     Todos nós viramos para a porta metálica que estava diante de nós e vimos a silhueta tomar a forma da diretora.

     Vi meu irmão ficar ao meu lado direito ― nunca havia reparado em nossa altura antes. Eu era uns sete dedos maiores do que ele. Tinha 1,75 de altura. Ele deveria ter no máximo 1,60 ou ― estourando ― 1,65 de altura. As meninas ficaram em meu lado esquerdo. Ficando numa fila. Elas tinham quase o mesmo tamanho que Ricky.

     Eu era o maior dos quatro?, pensei. Mas que...

     ― Senhores? ― a voz de pigarro da diretora no chamou e ela apareceu, por fim, em nossa frente, saindo de trás da porta metálica. ― Queria falar uma coisa à vocês... ― ela se aproximou de nós mais um pouco, de modo que ficou a menos de meio metro de nós. ― Vocês farão um desempenho para toda a escola. ― ela disse com um sorriso para meu irmão, e as meninas. Para mim, quando me viu, o sorriso morreu.

     Não me importei com isso.

     ― A ESCOLA TODA? ― nós quatro perguntamos ao mesmo tempo.

     ― Não é maravilhoso? ― a diretora parecia tranquila e feliz por dar a notícia.

     Até eu fiquei surpreso.

     Para a escola toda? No que a diretora estava pensando? Desde quando ela deixa es-se tipo de coisa acontecer na escola? Já não era o suficiente permitir duelos nas próprias Casas? Para a escola inteira já não era um absurdo?

     ― Mas diretora... ― começou Ricky. ― É mesmo necessário? ― perguntou ele.

     ― Sim, sr. McDonwel. ― disse ela rispidamente. ― Uma vez nomeado, porque não demonstrar para a escola o seu desempenho?

     ― Não acho que é necessário...

     ― Concordo. ― disse Jennifer, interrompendo Ricky.

     ― Apoiado. ― disse Grace.

     ― Hey... Será divertido. ― eu disse.

     Todos eles me olharam, até a diretora.

     ― Como é? ― perguntou meu irmão olhando fixamente para cima, não tão alto, para me olhar.

     ― Pare para pensar... não deve ser pior do que enfrentar Emmett com raiva, não é? ― sorri ao perguntar a ele o contra-atacando. ― Afinal... não tenho nada a perder. ― eu disse sério depois e encarei a diretora.

     ― Todos estão de acordo? ― perguntou ela me olhando fixamente, depois voltou a olhar os outros.

     ― Eu estou. ― eu disse com firmeza.

     ― Se ele for, eu também vou! ― disse Jennifer com um sorriso.

     Sorri gentilmente para ela.

     ― Estou nessa também. ― disse Grace.

     ― Pode contar comigo! ― disse meu irmão me dando um pequeno empurrão de brincadeira no braço.

     Sorri.

     ― Ótimo! ― disse a diretora triunfante. ― O duelo acontecerá amanhã na arena de Quadribol. Vejo vocês lá às 17h! Estão dispensados, e não se atrasem. ― ela nos despediu sorrindo.

     As meninas foram às primeiras que partiram, seguidos da diretora. Assim que Ricky e eu saímos da Sala de Troféus, consegui avistar Emmett de pé tentando ver a Ricky ― acho que eu também estava em seus planos. Provavelmente ele tentaria ver se eu tinha feito alguma coisa com Ricky, ou que tivesse ocorrido alguma coisa com Ricky para ele ter sido o ultimo a sair da sala; Elena estava esperando sua amiga Lufana ir se sentar. E contar todos os detalhes também, pensei. Não havia nada de mal Grace contar, não tínhamos feito nada de mais mesmo. Assim que pus os olhos na mesa da Sonserina, avistei Scorpius olhar para mim e sorrir. Lino e Jared começaram a fazer barulho em forma de comemoração por terem me visto.

     Peguei o caminho de volta para a mesa de minha Casa para, finalmente, poder almoçar.

     A diretora, após o jantar, disse que iríamos para Hogsmeade fazer um passeio por lá.

     Eu não queria ir a Hogsmeade hoje. Tampouco outro dia, mas Scorpius me fez ir ao dormitório da Sonserina e me trocar.

     Vesti uma blusa de frio ― havia começado a esfriar ―, vesti uma calça jeans, meu tênis, peguei a varinha e peguei um casaco.

     Com toda a certeza isso não estava em meus planos. Ir para Hogsmeade não estava em meus planos. Com certeza não estava. Scorpius foi tão chato com esse pedido para ir à Hogsmeade, que eu acabei indo.

     A neve caia em Hogsmeade ― e me perguntei como eu não tinha reparado no clima nesses dias para cá. Ainda bem que eu trouxe casacos para me confortar na neve em Hogsmeade, pensei.

     Hogsmeade não era um lugar assim tão ruim. Até que o passeio que fizemos foi divertido.

     Lino, Jared, Scorpius, eu e um grupo de meninos e meninas de nossa Casa fomos um pouco para longe do povoado que ficava logo na entrada; fomos para um lugar onde tinha menos gente. Onde dava para ver a Casa dos Gritos, mas ainda sim era perto do povoado.

     Scorpius e eu nos sentamos em umas pedras que tinham perto de um cercado que marcava até aonde os alunos de Hogwarts poderiam ir. Mas é claro que quase nenhum deles respeitavam essa regra. Assim que nos sentamos, Lino, Jared e uns pirralhos do terceiro ano ficaram me olhando fixamente. Não gostei disso.

     ― Algum problema? ― perguntei a qualquer um deles encarando-os.

     ― Eles estão assim por terem visto você duelar, Fred. ― sussurrou Scorpius para mim.

     ― Ahn... ― foi só o que eu consegui dizer.

     ― Hey, são que horas? ― perguntou-me ele.

     Consultei meu relógio de pulso.

     ― Exatamente 15h30. Por quê?

     ― Ih, tenho que ir... Tenho que... ― ele se levantou. ― Depois falo contigo... ― e foi para o povoado, antes de eu tentar impedi-lo, me deixando com o retardado do Jared, o panaca do Lino e os pirralhos.

     Fechei os olhos e chacoalhei a cabeça em forma de não. Aquilo não poderia estar acontecendo. Ele me chama para ir a Hogsmeade e me deixa sozinho com esses rapazes e esse grupo de pirralhos? Dá para acreditar?, pensei revoltoso.

     Aquilo não foi muito legal da parte dele, mas eu não o mandaria ficar. Scorpius era livre para fazer o que ele quisesse.

     Fiquei sentado nas pedras sem fazer nada por um bom tempo.

     Os pirralhos queriam, porque queriam, que eu fizesse um duelo com Jared ou Lino, mas eu me recusei. Não estava com muita paciência para duelos agora. Se fosse duelar, acabaria fazendo uma besteira com um dos dois.

     Fiquei pensando no duelo que teria de fazer amanhã com meus irmãos e aquelas duas meninas...

     Levantei-me e fui para o povoado comprar alguma das guloseimas que tinham nas muitas lojas de Hogsmeade para me distrair.

     Assim que cheguei ao povoado, entrei a Dedos de Mel.

     O interior dela não havia mudado desde que estivera aqui a três anos atrás; tinha uma bacia de chocolate derretido bem no meio da loja ― umas meninas estavam banhando seus pirolitos nesta bacia com chocolate derretido; havia uma máquina de algodão-doce perto do balcão e tinha uma fila para pegar um; uns meninos estavam pegando umas caixinhas de feijõezinhos de todos os sabores; um grupo de garotas pegavam uns pirolitos em forma de coração e banhavam na bacia também ― juntamente com as outras meninas que já estavam banhando os pirolitos na bacia.

     Caminhei dentro da loja e peguei um pacote de feijõezinhos e todos os sabores...

     ― ... é ele sim... ― disse uma voz de menina. Não uma menina, mas sim uma adolescente de minha idade, eu acho.

     ― ... e se for, tem coragem de perguntar...? ― ouvi outra voz de menina.

     ― ... ficou louca? ― alterou-se a primeira voz. ― Não mesmo. pergunte você...!

     ― ... tem certeza que ele é o irmão de Emmett...?

     ― Sim, tenho absoluta certeza. ― eu disse me virando para ver de quem eram as vozes.

     Deparei-me com duas garotas.

     As duas tinham cabelos pretos, olhos castanhos, ambas pareciam ter o mesmo tamanho ― mas não eram maiores do que eu. Muito pelo contrário, mas também não eram baixinhas. A pele de uma tinha um tom amarelo e a outra um tanto mais oliva.

     ― Posso saber o que querem? ― perguntei olhando, um pouco para baixo, para encarar as duas.

     ― Sou Aline Montagnoli! ― apresentou-se a menina de pele amarela, esticando a mão para que eu apertasse, e me deu um sorriso extremamente perfeito e simpático, lindo e branco. ― Prazer em conhecê-lo. ― disse ela com educação.

     Apertei sua mão.

     ― Prazer em conhecê-la. ― eu disse educadamente.

     ― E eu sou Gabriela Scomminott! ― apresentou-se a menina de pele oliva, também esticando a mão para mim, e também me deu um sorriso extremamente perfeito e simpático, lindo e branco. ― Prazer em conhecê-lo também. ― disse ela também com educação.

     Também apertei sua mão.

     ― Prazer em conhecê-la. ― repeti a mesma cortesia que fiz com a outra, educadamente. ― Mas posso saber o que querem?

     As duas se entreolharam.

     ― Nada... ― começou Aline.

     ― Só queríamos ver se você realmente é parecido com Emmett... ― disse Gabriela.

     ― E ver se é verdade, pois Emmett, Ricky, Elena e você têm os mesmos olhos, o mesmo tom de pele, o mesmo tom de cabelo ― liso e perfeito . Queríamos saber se era verdade ou mentira dele ter mais três irmãos gêmeos ― completou Aline observando meus olhos, meu cabelo e minha pele.

     Arqueei uma sobrancelha.

     ― Por incrível que pareça, é verdade. ― eu disse ainda com uma sobrancelha levantada.

     As duas ficaram vermelhas.

     ― Nos desculpe... ― disse Aline.

     ― Não queríamos interrompê-lo! ― completou Gabriela.

     Ri das duas.

     ― Não estão incomodando. ― eu disse e ri novamente.

     ― Desculpe, mas...

     ― Do que está rindo? ― perguntou Aline, interrompendo Gabriela.

     Ri novamente. Era realmente engraçado ver as duas completando as frases uma da outra.

     ― É que vocês completam as frases uma da outra. ― eu disse rindo outra vez. ― É engraçado... por acaso são gêmeas, daquelas que completam as frases uma da outra? ― perguntei, finalmente, sem risos.

     As duas se entreolharam.

     ― Desculpe... não quis ofendê-las. ― eu disse me desculpando.

     As duas riram.

     ― Não se preocupa... ― disse Gabriela.

     ― Todos dizem isso, mas não somos irmãs. ― disse Aline sorrindo.

     ― Nem temos nenhum grau, sequer, de parentesco! ― disse Gabriela decepcionada.

     ― Sinto muito. ― eu disse e ri.

     As duas riram.

     Assim que paguei os feijõezinhos de todos os sabores, Aline, Gabriela e eu fomos para fora da Dedos de Mel ― a neve parara decair. O que era bom, em alguns sentidos, é claro. Fomos para outro lugar. Felizmente, encontramos um banco coberto de neve. Saquei a varinha e limpei o banco para nós três nos sentarmos.

     Sentei na ponta esquerda do bando e as meninas ao meu lado direito.

     As duas me disseram que era da Grifinória ― o que eu achei esquisito, porque eu não falava com ninguém da Grifinória a não ser meus dois irmãos ― e porque não me dava bem com nenhum dos Grifinórios. Mas elas duas era diferente. Ela me disseram, também, que eram do sexto ano em Hogwarts. Elas eram legais, bem legais. Dava para criar um vínculo de amizade com elas. E foi o que eu fiz.

     Era fácil conversar com elas sobre qualquer coisa. Qualquer cosia mesmo...

     Falamos das aulas chatas que tínhamos em Hogwarts e das que gostávamos também; dos professores de que gostávamos e não gostávamos; também falamos mal da diretora ― foi à parte que eu mais gostei de nossa conversa. Bom, eu falei que não gostava muito dela em pessoa e lecionando. Elas me disseram que só não gostava de como ela se vestia com aquele terrível ― e ridículo ― chapéu cônico.

     Não demorou muito para rirmos e falarmos de algumas pessoas daquela escola. O que me descontraiu bastante. Fez-me lembrar da época que eu era mais... "apegado" a meus irmãos.

     ― Fred? FRED? ― ouvi berrarem meu nome e olhei para o lado esquerdo.

     Era Scorpius.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

     ― Ah, você está aí... ― eu disse sorrindo para ele. ― Meninas, esse é Scorpius Malfoy. ― Apresentei a figura branca, de cabelos louro-brancos e quase do meu tamanho para elas. Olhei para as duas para ver se a reação delas seriam iguais a de meus irmãos, mas elas não demonstraram reação nenhuma. O que me fez feliz. ― Scorpius, essas são Gabriela e Aline! ― apresentei para ele as minhas mais novas amigas.

     ― Prazer em conhecê-las, meninas! ― disse ele.

     ― Igualmente! ― disseram elas duas em uníssono.

     Scorpius e eu nos olhamos, e rimos daquilo e elas também.

     ― Te procurei onde estávamos, mas... Lino e Jared me disseram que você saiu de lá faz meia hora ― disse ele.

     ― Ué, quem saiu e não disse para onde ia foi você! ― rebati com cara de espanto para ele, mas brincando.

     ― É, eu... Ah, esqueça isso. Já está na hora de irmos embora... Vocês duas vêm conosco? ― perguntou Scorpius olhando para elas duas.

     ― Claro... ― disse Aline se levantando.

     ― Por que não? ― completou Gabriela. As duas sorriam.

     Scorpius e eu rimos das duas e, nós quatro, pegamos o caminho de volta para Hogwarts ― assim como o restante dos alunos com os professores e os monitores das Casas.

     Por sorte, eu não havia visto Emmett, Ricky e Elena em Hogsmeade.