Fanfic: Uma prova de amor (Vondy - adaptada) | Tema: RBD (Vondy)
Cãibra. Dul entendeu o que era, assim que aquilo a fez gritar de um abismo profundo e sombrio de exaustão. Se contorceu na cama, e a mão cobriu o feio nódulo que surgiu na panturrilha esquerda. Gemeu e começou a friccionar o músculo dorido com a palma da mão.
Não fez a menor diferença e, se fez alguma coisa, pareceu apenas obrigá-la a se contorcer ainda mais. Uma necessidade agitada de tomar alguma providência a respeito, antes que a dor a dilacerasse, deixou os olhos fúlgidos de agonia dardejando em torno do quarto obscurecido, à procura do auxílio de alguma coisa.., qualquer coisa!
Entretanto, o músculo dormente se retorceu com um pouco mais de firmeza, e Dul desabou da lateral da cama para aterrissar de quadril no piso duro de madeira polida, se contorcendo e choramingando como um animal ferido.
Nunca havia sofrido de cãibra antes na vida, por isso não tinha a mínima idéia de como curá-la. Tentou sacudir a perna machucada, depois massageou novamente, quando viu que sacudir não adiantou nada além de fazer os dentes atritarem. Em total desespero, tentou se agarrar à parva idéia de que, caso conseguisse alcançar o banheiro, poderia aplicar alguma coisa morna sobre o músculo, na esperança de que o calor fosse capaz de aliviar aquele espasmo atroz. Porém, no momento em que apoiava qualquer peso sobre a perna, a dor se tornava tão insuportável que aterrissou de volta no chão, em meio a um bramido estridente e abalado. A porta do quarto se escancarou, e a luz do corredor clareou o cômodo.
— Que diabos...? — perguntou uma voz rouca.
Ucker estava lá. Dul contemplou indefesa a silhueta esguia, obscura e corpulenta contra a luz.
— Cãibras — gemeu ela. Era tudo o que podia fazer.
Para dar-lhe crédito, Ucker não precisou que falasse duas vezes. Com passos largos, estava ajoelhado ao lado de Dul, comprimindo a perna machucada com dedos impiedosos, e em seguida começou a manusear o músculo dormente, de um jeito que fez os dentes dela atritarem de novo.
— Eu previa que algo assim aconteceria — rangeu Ucker entredentes, sob os lamuriantes gritos de protesto da moça.
— Quando foi a última vez em que bebeu alguma coisa? Você deve estar desidratada, sua tola!
Tola ou não, agora começava a ver estrelas, as lágrimas escorrendo pela face.
— Isso dói — gritou uma vez e mais outra, e continuou acenando o chão com o punho, à medida que Ucker prosseguia naquela inexorável manipulação da perna.
Miraculosamente, porém, aquela forma de tortura começou a amainar. Um alívio transparente da dor a redimiu, num frêmito de suor frio.
— Ah! — Engasgou tremendo. — Essa deve ter sido a pior dor que eu já senti na vida.
Mas Ucker não estava ouvindo. Com a face morena trincada de raiva, se retorceu para distender a colcha leve da cama para, sobre ela, acomodar o corpo abalado de Dul, impetuosamente. Sem uma palavra, a pôs nos braços e se ergueu para carregá-la para fora do quarto, passando pelo corredor e então para a cozinha, onde finalmente a colocou numa cadeira rente à mesa.
Sem saber ao certo o que a acertara, Dul sentou enrolada na colcha, enquanto olhava fixamente para ele em estado de choque, ao passo que Ucker cruzou o ambiente e abriu a porta da geladeira. Um segundo depois, colocava um copo limpo de vidro e uma garrafa de água sobre a mesa.
— Beba. — Ordenou ele.
Em obediência muda, Dul desenroscou a tampa da garrafa e — ignorando o copo — bebeu direto do gargalo. Fria como gelo, a água era néctar para a boca ressecada e a garganta que queimava. Após beber meia garrafa, caiu bruscamente de volta na cadeira, e fechou os olhos enquanto travava uma luta corporal contra o que acabara de acontecer. Sentia como se alguém houvesse lhe chutado a perna; a dor a deixara abalada e enfraquecida. A cabeça doía, num daqueles latejos monótonos que sucedem um estresse muito grande, e sentiu-se tão cansada que poderia adormecer ali mesmo.
Um som atrás dela forçou Dul a abrir os olhos. Ucker estava recostado na mesa, ao lado da sua cadeira, olhando cabisbaixo para os próprios pés descalços. Parecia cansado e pálido, o longo dia de esforço se esboçava nos contornos endurecidos da sua face.
— Desculpe por ter acordado você — resmungou Dul.
— Eu não estava dormindo — replicou ele, e a maneira como falou revelou a Dul que ficara deitado lá, pensando a respeito do irmão, amando-o, triste por ele, desejando que as últimas vinte e quatro horas jamais tivessem transcorrido.
O coração de Dul revirou do avesso, com uma comoção angustiada em torno dele. Queria esticar as mãos para alcançar e tocá-lo gentilmente, oferecer palavras que pudessem ajudar a mitigar o sofrimento. Mas tais palavras não existiam, e nem se atreveu a mencionar o nome de Chris, já que toda vez que fazia isso Ucker se tornava belicoso. Era um sentimento tão indefeso e vazio, saber que não era a pessoa a qual Ucker queria confiar seus sentimentos.
Dul já foi essa pessoa, há muito tempo. Ucker costumava lhe contar tudo. Se estiravam na cama de pernas para o ar e conversavam, conversavam e...
— Beba.
As pálpebras se abaixaram, depois se ergueram para encontrar Ucker olhando para ela. Os olhos estavam escuros —escuros como ébano, sonolentos e opressivos, os cílios recurvados e ouriçados e apenas suplicando para que...
Dul afastou os olhos dele, antes que as sensações que podia sentir se espraiando a cercassem perigosamente. Pegando a garrafa, bebeu mais um pouco, torcendo para que a água gelada esfriasse o que começava a incendiar. Ela não queria desejar Ucker. Não desejava lembrar coisas a respeito dele. Ucker era passado. Havia seguido em frente desde então.
E só porque Ucker estava reclinado aqui, vestindo apenas um robe curto, amarrado precipitadamente, não significava que tivesse de conjurar todas as lembranças do corpo sob o robe. E daí que esse homem, em particular, fosse feito para impelir o instinto sexual feminino até um derretimento total? Sexo era sexo. Atualmente Dul procurava por coisas mais profundas num relacionamento, como amizade, carinho e respeito. Um dia poderá até encontrar um homem, no qual sinta que pode confiar o bastante para lhe dar as outras coisas. Não parou de procurar por causa de uma experiência ruim. Simplesmente, não encontrou o tal homem ainda.
Levando a garrafa aos lábios, bebeu novamente. A única iluminação no cômodo vinha das lâmpadas de baixo, integradas às paredes em grupos. A luz mal alcançava a mesa disposta ao centro, mas forjava um brilho aconchegante e sedutor. E tudo estava quieto, tão quieto que Dul pensou que podia ouvir a batida inconstante do coração de Ucker. Ou era o seu coração que batia inconstante?
Claro que era o seu. Ucker estava tão perto e Dul desejou que não estivesse. Levantando a garrafa outra vez, manteve os olhos cuidadosamente desviados dele e tentou fingir que ambos eram completos estranhos.
Mas desviar os olhos não adiantou nada além de dar à imaginação dela uma chance de listar cada detalhe sobre Ucker. O comprimento das pernas, por exemplo, a força nas coxas douradas. O robe que vestia podia cobrir o que quisesse, sem fazer a menor diferença para Dul, porque conhecia cada centímetro daquele corpo, o formato de cada vértebra em separado na coluna longa e flexível. Conhecia o toque maravilhoso daquela pele de cetim, e os contrastantes tufos de pêlo que recobriam o peito. Sabia o quanto o abdômen era firme, o quanto os músculos eram rijos nas nádegas macias. Poderia pintar um retrato de cada brilhante detalhe, desde os dedos compridos e morenos, até dedos ainda mais longos.
Oh, pare com isso! — ralhou consigo mesma, assim que aquela sensação que conhecia até bem demais a deixou embaraçada. Me deixe em paz! — queria gritar para Ucker, mas, em vez disso, deu um outro gole na bebida, já que dizer qualquer coisa do gênero seria o equivalente a confessar no que estava pensando, e preferia cortar a língua fora do que permitir que Ucker soubesse o que se passava dentro da sua cabeça.
Um suspiro a sacudiu. O tipo intencional de suspiro para aliviar a tensão, não o que ajuda a intensificá-la — entretanto, foi exatamente isso o que este suspiro peculiar fez. Intensificou tudo no que andara pensando e sentindo, até que o clima começou a esquentar. Queria correr, mas permaneceu colada ao assento. Desejava que aquelas pernas não estivessem no seu campo de visão, porém Dul não foi capaz de se forçar a olhar para o outro lado.
— Que horas são? — perguntou.
— Três e meia — respondeu Ucker, e até a voz funcionava como um tipo de mágica dentro de Dul. Era grave e profunda e sombria, e lindamente acentuada pelo sotaque. Aquilo a assaltou pelas fibras do coração, o que, em contrapartida, assaltou partes mais suscetíveis.
Tolerou aquilo com um gemido calado. Será que nunca vou esquecê-lo? A síndrome do primeiro amor — ponderou indefesa. Dizem que você nunca se recupera realmente do primeiro amor verdadeiro.
— Como está o músculo?
Dul abaixou uma das mãos para esfregar a panturrilha. Parecia tesa, porém não estava mais inchada.
— OK — replicou ela, e bebeu um pouco mais de água. Levou um baque ao perceber que, em algum momento durante os últimos minutos, Ucker havia trocado a garrafa vazia por outra cheia.
— Quantas destas você quer que eu beba, antes que me deixe voltar para a cama?
Aquilo foi dito com um esforço para suavizar a tensão, e Ucker riu com parcimônia. Mas o som abafado simplesmente fez a carne de Dul formigar.
— Continue até que eu mande você parar.
Então o silêncio retornou. O pulso de Dul desatou a acelerar, o ritmo da respiração, previamente estável, estilhaçava tão forte que ela se revirou incessantemente na cadeira, no esforço de aplacar aquilo tudo. O gesto fez com que uma das alças finas da parte superior da lingerie escorregasse do seu ombro. Encontrando-se sob o perigo real de expor um mamilo rijo e protuberante, apressou-se para endireitar a alça — só para colidir contra os longos dedos morenos, no momento em que eles se preparavam para fazer o mesmo.
Ambos se quedaram absolutamente imóveis, com os dedos repousando sobre os dedos, à medida que a carne de Dul começou a se inflamar. Olhou para cima. Foi instintivo. O que ela viu gerou uma sobrecarga no seu ritmo cardíaco.
Ucker admirava o corpo dela. Os olhos escuros estavam escondidos sob aqueles ouriçados cílios negros, enquanto se espraiavam sobre o alvo ombro macio, e então mergulharam mais fundo, até a vertente arredondada dos seios. Ucker queria tocá-la.
— Não — ofegou, rejeitando sem firmeza e deu uma puxada tímida no baby-doll escorregadio.
Aquela negativa soergueu os cílios dele. Um calor negro dos olhos dardejou na direção de Dul, aprisionando-a na sua sombria armadilha. A peça de lingerie permaneceu onde estava, estirada num monte mole e macio no colo dela, e a agulhada do desejo se arremeteu através do seu sangue, destravando as comportas por onde passava.
Ucker sabia... Ucker sabia. Tudo que se referia a ele estava se tornando sombrio à percepção. Olhos sombrios, coração sombrio, um abrasador ardor sombrio que se enovelava em torno deles. Não restava mais nada de claro, nem de gentil ou de suave que se referisse a Ucker. Ele a desejava sem querer desejá-la. Dul retribuiu o sentimento ressentido.
Os dedos de Ucker começaram a trilhar ao longo dos ombros dela. Movendo-se com uma lentidão atormentadora, até alcançar a coluna esguia do pescoço, e depois escorregar para os lados, assentando a cabeleira emaranhada longe da nuca. Dul parou de respirar. Ucker fez o contrário. Tragando para os pulmões uma lufada de ar profunda e firme, ele se moveu mergulhando a cabeça morena, para cingir os dentes brancos na carne cremosa que ela acabara de expor.
A sensação tomou conta dela: engasgou e estremeceu, então afagou a face contra o rosto dele. Animal, eram animais, ela a gatinha a ronronar e a se enroscar em resposta ao macho exigente. As mãos dele a ergueram de pé. A boca se moveu da nuca para a boca de Dul, que se equilibrou em um pé só, favorecendo a perna dormente quando se entregou ao calor extenuante daquele beijo.
Autor(a): Amore
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Opa, feliz pelo comentario. Seja bem vinda paty1987; esse post dedico a você. O que ameaçava faiscar entre eles, desde o momento em que encararam um ao outro ao transpor a soleira do apartamento de Dul em Londres, agora flamejava com uma energia espetacular. Beijaram como costumavam se beijar, demorado e profundo, e sem nenhuma barreira. Os ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 36
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karinevondyprasempre Postado em 23/02/2013 - 12:39:10
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karinevondyprasempre Postado em 23/02/2013 - 12:39:10
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karinevondyprasempre Postado em 23/02/2013 - 12:39:09
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karinevondyprasempre Postado em 23/02/2013 - 12:39:09
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karinevondyprasempre Postado em 23/02/2013 - 12:39:09
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karinevondyprasempre Postado em 23/02/2013 - 12:39:08
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karinevondyprasempre Postado em 23/02/2013 - 12:39:08
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karinevondyprasempre Postado em 23/02/2013 - 12:39:08
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dulcemaria10 Postado em 20/02/2013 - 20:23:24
http://fanfics.com.br/?q=fanfic&id=22861 quem pude da uma olhadinha Casamento Arranjado - D&C O que você faria se fosse obrigada a casar-se com uma pessoa que você nunca viu antes para que sua família não morresse? O que você faria se descobrisse depois do casamento que você está perdidamente apaixonada pelo filho de um assassino frio e calculista? "O amor só é amor, se não se dobra a obstáculos e não se curva à vicissitudes... é uma marca eterna... que sofre tempestades sem nunca se abalar."
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paty1987 Postado em 18/02/2013 - 00:49:02
Vou te ajudar a divulgar a web nas webs que eu leio ta... ta mto boa... me admiro nao ter mta gente lendo... Posta mais !!!!