Fanfics Brasil - 5 Uma prova de amor (Vondy - adaptada)

Fanfic: Uma prova de amor (Vondy - adaptada) | Tema: RBD (Vondy)


Capítulo: 5

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A amargura retornou e trouxe uma bem-vinda sensação de serenidade enevoada. Ela ficou de pé, desejando com todo o seu angustiado coração que pudesse caminhar para longe dele, mas ainda havia coisas de que precisava saber.


—V—você disse que o prognóstico para May não é bom — provocou, sentindo o tremor na sua voz, assim como nos dedos que usou para endireitar o tecido amarrotado da saia justa — Por que não é bom?


O formato tenso da boca de Christopher afrouxou sutilmente ao abrir os lábios para falar.


— Os ferimentos foram extensos. Precisou ser cortada para sair do carro...


Dulce se encolheu e desviou os olhos para baixo, dolorosamente consciente de que eles agora estavam reduzidos a ela. Será que aquilo significava que Christian estava além de qualquer ajuda? Não perguntou, não ousou, não achou que pudesse agüentar a resposta.


— Na hora em que a libertaram, May perdeu muito sangue — prosseguiu Christopher numa voz baixa, áspera como lixa.


— Felizmente, ela ficou inconsciente durante todo o tempo sem tomar conhecimento de... nada...


A palavra nada se quebrou em fragmentos irregulares, e conforme os pulmões pesados faziam o melhor possível para respirar por ela, Dul imaginou se Christian também não havia tomado conhecimento de nada.


Christian. Uma dor despontou aguda no seu estômago. Nunca mais veria aquele sorriso preguiçoso de novo ou o brilho provocante nos seus belos olhos...


— Oh... — ficou sem fala e as pernas se tomaram ocas, forçando-a a sentar novamente e cobrir o rosto com as mãos.


— Surgiram dificuldades —prosseguiu Uckermann implacavelmente, obviamente decidido a expurgar toda aquela desgraça de uma vez, agora que já havia começado. — Algumas os médicos conseguiram resolver, outras... não puderam...


Foi durante esta última pausa indigesta que Ucker permitiu que se desenrolasse — presumivelmente para dar algum tempo para que ela absorvesse o que dissera, — que Dulce subitamente se lembrou de um detalhe: havia ainda um outro ser envolvido naquela tragédia horrorosa.


Um inesperado refluxo de náusea obrigou Dulce a engolir densamente. Deslizando a mão para longe da face, contemplou Uckermann, os olhos escuros e assombrados.


— Oh, Deus, Ucker, o que aconteceu com o bebê?


A irmã estava grávida de sete meses e meio — o período mais longo pelo qual Mai conseguiu manter uma criança, uma das muitas, muitas tentativas que fez para dar um filho a Chris. Os cílios dele palpitaram, se curvando sobre as pupilas castanho-escuras para esconder os próprios sentimentos a respeito do que estava para revelar.


— Tiveram que fazer uma cesariana — informou brevemente. — Maite estava com uma hemorragia grave e operar o mais rápido possível se tornou uma questão de emergência...


As palavras pronunciadas abruptamente sofreram uma nova pausa. Parecia que Ucker só conseguia fornecer a informação em surtos breves, antes de hesitar novamente para concentrar forças. Era tudo tão sombrio e absolutamente miserável, choque sobrepondo choque sobrepondo horror e desgosto, e um pavor de enregelar o sangue.


— E...? — Precisou espremer a coragem com firmeza para estimular Ucker a continuar.


— É uma menina — anunciou ele. — Ela é pequena demais e necessita do auxílio de uma incubadora para poder respirar, mas apesar disso os médicos nos asseguraram de que o bebê está totalmente formado e perfeitamente saudável. E... é a sua mamãe que dá motivos sérios para preocupação. Maite entrou em coma e temo que o resultado final não seja lá muito bom.


No silêncio frio e tenebroso que se instalou, Dulce percebeu que escorregava rumo a um choque profundo. Chris estava morto, a irmã morria, a garotinha deles precisava de ajuda para respirar. Não poderia ser pior.


Havia sim, descobriu ela.


— Lamento — disse Ucker asperamente.


Mas não lamentava, não por ela sob qualquer aspecto. Era tarde demais para murmurar palavras educadas de solidariedade, depois de ter olhado para ela do jeito como fizera alguns minutos atrás. Ucker se ressentia amargamente do fato de que perdera seu amado irmão ao passo que ela, imerecidamente, podia se agarrar a um tênue fio de esperança.


— Com licença — ela falou cerradamente — mas eu estou com ânsia de vômito. — E correu para o banheiro.


Ucker não a seguiu, e Dulce não esperava que o fizesse — embora fosse obrigado a ouvi-la vomitando, já que ela não teve tempo de fechar a porta. Entretanto, podia sentir a presença dele como uma cicatriz no seu corpo nauseado, porque essa era uma cena que já viveram antes, embora sobre circunstâncias muito diferentes.


E recordar aquele momento desagradável deixou Dulce muito amargurada por ter sido Ucker a trazer a má notícia e testemunhar isso.


Abalada demais para ficar de pé desamparada, afundou na tampa do assento sanitário e tentou pensar. Tinha que planejar e lidar com Ucker sob uma base calma e sã porque, se estava certa de uma coisa, nesse pesadelo de vertigem repentina em que fora atirada, é que Ucker se encarregou antecipadamente das necessidades mais imediatas e organizou os preparativos para a viagem, antes mesmo de bater à sua porta.


Era o seu caráter masculino — e da família Uckermann como um todo. Eficiência incisiva sob pressão era a sua marca registrada. Eram ricos, eram poderosos, tratavam os inimigos da mesma forma como tratavam a tragédia, perfilados em tropas e, com os escudos à mão, enfrentavam a situação como uma única força dinâmica.


Um por todos, todos por um, refletiu melancolicamente. Logo pensou sobre Mai deitada em um leito de hospital em algum lugar, e apesar da família estar de luto por Chris, sabia que a irmã estaria rodeada por um permanente círculo de proteção. Aquela imagem deveria reconfortá-la, mas em lugar disso, Dulce se viu levada a fazer outro mergulho cambaleante até a pia.


Por quê? Porque ela mesma não estava incluída. Dulce era a rejeitada enviada para o exílio por seus assim chamados pecados. E a perspectiva de abrir caminho entre a guarda da família Uckermann para ficar ao lado da própria irmã causou a mesma agonia nauseante que a manteve afastada de Florença pelos dois últimos anos.


— Oh, Mai... — gemeu num soluço de angústia. Então pensou no pobre Chris e sentiu que um soluço constrangido não seria o suficiente, por isso abriu as torneiras e chorou enquanto o som era sufocado pela água corrente.


Ucker não estava na sala de estar quando Dulce finalmente voltou para enfrentá-lo. Seu perfume tão familiar pairava no ar, tomando as narinas e transmitindo mensagens para determinados sentidos que ela não queria ver despertos. Estranho como não reparara naquele perfume mais cedo.


Mais estranho ainda foi ter ousado afirmar para si mesma que o havia esquecido.


Bem, em pouco tempo foi obrigada a aceitar. Enquanto se erguia para sair e procurar por Ucker, espreitou o sobretudo repousando atravessado no encosto de uma cadeira, de um modo tão familiar que levou lágrimas tímidas a jorrar de novo dos seus olhos.


Algo aconteceu com Dulce no banheiro. Uma porta dentro dela se abriu e permitiu que muitas lembranças suprimidas transbordassem para fora. Lembranças de amor e paixão, e a promessa de felicidade perfeita virando poeira sob os seus pés. E outras lembranças acerca da irmã que amava mais do que a qualquer pessoa. Mesmo assim, quando deixou Ucker, também virou as costas para Mai.


A culpa baqueou a sua consciência, que estava em luta contra o ressentimento e um profundo sentimento de traição que ainda a magoava dois anos depois. Havia muitas formas de partir o coração de alguém, ponderou entristecida. Tanto Ucker quanto Mai partiram o seu coração de maneiras diferentes.


Encontrou-o na cozinha, encostado numa das modernas peças brancas, seus quase um metro e noventa diminuíam o aposento assim como faziam com a maioria das coisas incluindo o tamanho mais reduzido dela.


Ucker estava derramando água fervente no elegante bule mas ao ouvir seus passos, voltou a cabeça morena. Por um breve momento, Dulce o enxergou como da última vez, há dois anos, zangado, despido, a tez natural esmaecida pela repulsa e pelo desgosto e a consciência aterradora do que Ucker acabara de fazer.


Então aquela imagem esmaeceu, e agora Dulce via um homem cansado, vivendo com a tensão violenta do Luto trancada dentro de si e a noção de que a vida devia continuar, assim como as tarefas ainda precisavam ser cumpridas. Ofereceu a Dulce um breve sorriso antes de se virar para o outro lado.


— Imaginei que nós dois precisávamos disso — explicou Ucker serenamente, conduzindo a atenção dela para o bule de café fresco que havia feito. — Também preparei algumas torradas para ajudar a acalmar o seu estômago.


Seguindo a indicação da cabeça morena de Ucker, ela viu um prato sobre o balcão do café-da-manhã contendo duas fatias de pão integral levemente tostadas. Seu estômago embrulhou de novo — não pela idéia de receber qualquer coisa naquele estado delicado, mas porque todo aquele cenário ressuscitava ainda mais lembranças dos velhos tempos. Tempos nos quais esse homem rico, muito sofisticado e absolutamente mimado a surpreendia com momentos domésticos como esse.


Ucker possuía imóveis em muitos lugares de prestígio, possuía aviões e helicópteros e um belo iate capaz de tirar o fôlego. Administrava uma companhia financeira multinacional gigantesca que empregava milhares de pessoas ao redor do globo, mas não apreciava funcionários se intrometendo na sua vida particular. Suportava aqueles serviços como uma necessidade no seu cotidiano atribulado, desde que fizessem seu trabalho quando não estivesse por perto. Podia cozinhar, podia limpar e preparava a melhor xícara de café que Dulce já experimentou.


Mas aqui na sua cozinha — agindo como se realmente se importasse com o bem-estar dela?



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Autor(a): Amore

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  Uma amargura recente brotou sobre a maldita hipocrisia de Ucker. — É melhor começar a me arrumar. Digo, presumindo que você arranjou os preparativos para que eu viaje para Florença, estou certa? — Claro confirmou ele. — Mas não temos que partir imediatamente. Meu avião precisa abastecer e passar pela checag ...


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Comentários da Fanfic 36



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  • karinevondyprasempre Postado em 23/02/2013 - 12:39:10

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  • dulcemaria10 Postado em 20/02/2013 - 20:23:24

    http://fanfics.com.br/?q=fanfic&id=22861 quem pude da uma olhadinha Casamento Arranjado - D&C O que você faria se fosse obrigada a casar-se com uma pessoa que você nunca viu antes para que sua família não morresse? O que você faria se descobrisse depois do casamento que você está perdidamente apaixonada pelo filho de um assassino frio e calculista? "O amor só é amor, se não se dobra a obstáculos e não se curva à vicissitudes... é uma marca eterna... que sofre tempestades sem nunca se abalar."

  • paty1987 Postado em 18/02/2013 - 00:49:02

    Vou te ajudar a divulgar a web nas webs que eu leio ta... ta mto boa... me admiro nao ter mta gente lendo... Posta mais !!!!


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