Fanfic: Gotten | Tema: Avenged Sevenfold

                Enfim o ensino médio havia terminado.

                E como combinado, desde que nos conhecemos, estamos indo morar na casa de praia do JG.

                Havíamos viajado a manhã inteira.

                Ozzy, o mais velho e mais alto da turma, dirigia o carro rumo à casa de praia ao som de Highway To Hell. Eu estava sentada no banco ao seu lado, e só faltava me esgoelar cantando a música (se é que se pode chamar de cantar o que eu estava fazendo), mesmo depois de todos os quatro jurarem me jogar do carro se eu não parasse.

                JG estava sentado no banco de trás do lado direito, que como sempre tirava onda da minha cara por causa da minha “animação”. Karol estava no meio e não parava de rir junto com ele. Por último, estava Pedro, que como sempre ficava quieto e com cara de “só sou amigo de vocês por falta de opção.” Sabíamos que era isso o que ele estava pensando, por que ele já havia dito isso pra gente um milhão de vezes.

                - I’m on highway to heeeeell! – Ozzy começou a cantar comigo.

                - Ah, não! Agora são os dois! – gritou Karol, por causa da música alta.

                - Don’t stop me! Ah, ah! – eu gritava, tentando cantar mais alto do que a música.

                - I’m going down, awyway...

                - I’m on the highway to the hell!- Ozzy e eu terminamos a música.

                - Isso aê, Gabi – falou Ozzy dando um soquinho na minha mão. – Arrasamos!

                Eu ri.

                - Ah, tá! Com essa gritaria toda, a única coisa que vocês conseguiram arrasar foram os nossos ouvidos. – disse Karol, enquanto Ozzy estacionava o carro na frente da casa de praia, ou melhor, no casarão de praia.

                - Caralho, JG, tem certeza que essa é a sua casa? – perguntou Pedro, que para um CDF tinha a boca bem suja. – É muito foda!

                - Não, não é minha não, nem sei como a gente conseguiu abrir a porta. – respondeu ele, sarcasticamente.

                - É sim dele, eu e o Ozzy podemos confirmar, a gente já veio pra cá antes com o JG. – eu disse, e Ozzy balançava a cabeça concordando.

                -Pois é, vocês adoraram a casa, não foi?- JG falou num tom malicioso. – Se lembram? Eu tive que queimar os lençóis.

                - Eu tava bêbada! Eu nem acredito que você ainda lembra disso- eu olhava para Ozzy pedindo ajuda com o olhar.

                - Em minha defesa, eu tinha bebido umas também. E o que você viu foi um ato lindo e de pura amizade – Ozzy deu um sorrisinho e me abraçou por trás. – Não tinha necessidade de queimar os lençóis, por que aquilo vai acontecer de novo, mesmo!

                - Vai nada! – eu dei um pulo dos seus braços e lhe dei um empurrãozinho. – A gente só é amigo, porra. – eu disse dando um sorriso.

                - Eu não queimei os lençóis. Tava brincando. Agora vamos parar de agarra-agarra aqui, antes que aconteça aquilo outra vez, galera. – disse JG num tom sério demais pra uma brincadeira. 

                -É. - falou Karol revirando os olhos e dando um sorrisinho. – Vamos tirar as malas, e vamos comer porque já são mais de 3 horas da tarde e a gente nem almoçou ainda.

                - É, eu também tô com fome, é difícil se saciar comendo a Gabi. – disse Ozzy.

                -Eeeeeei! – eu arregalei meus olhos. – mais respeito, caralho!

                - Ei, você sabe que eu odeio quando você fala com ela desse jeito, cara! – falou JG com a expressão dura.

                - Tô brincando. Eu sei que a gente é amigo. Só amigo. OK? – falou Ozzy levantando os braços, como se estivesse se rendendo. – Segura a onda, baixinho.

                Eu sabia que o JG tava morrendo de raiva, e não fazia questão de esconder, principalmente quando falavam dos seus 1,66 m de altura.

                Ele vivia me defendendo. Eu apreciava isso. Ele era como o irmão mais velho que eu sempre quis ter.

                -Tá bom, galera. – disse Karol. - Já que todo mundo tá com fome, eu vou pedir comida, beleza? – todo mundo concordou com a cabeça.

                -Eu vou subir pra tomar um banho. JG, eu fico em que quarto? – disse eu.

                -Fica comigo! No meu quarto! Beleza? – Ozzy falava alto e dava um sorriso malicioso.

                - Porque ela vai dormir com você? Ela deveria dormir no meu quarto. Sabe...  menina dorme com menina? – disse Karol, elevando a voz, e procurando demonstrar sua indignação num tom mais ciumento do que protetor.

                - A casa tem três quartos. Você dorme sozinha no primeiro- Ozzy apontou pra Karol. – O JG e o Pedro dormem no do meio que tem duas camas. E a Gabi dorme comigo na cama de casal.

                - Por mim tá tudo beleza. – eu disse.

                - É claro que pra você tá tudo bem, você vai dormir com um macho! E eu vou dormir sozinha! – Karol gritou histericamente.

                -Então durma com ele! Eu durmo com o Pedro, eu tenho certeza que ele não irá se importar!

                Eu estava morrendo de ódio. Quem era ela pra me chamar de vadia? “Minha melhor amiga”, eu respondi para mim mesma.  Ela sabia de tudo que acontecia comigo. E apesar de ela não admitir, eu sabia que ela gostava do Ozzy.

                Os meninos começaram a falar, mas eu não parei para ouvir, saí de casa batendo a porta com toda força. Não era a primeira vez que ela insinuava que eu era vadia, e eu odiava isso, por saber que era verdade.

                                                               **************************

                Eu estava sentada bem perto de casa. Pensava em quando começamos a cursar o ensino médio, e já pensávamos no que fazer quando acabássemos o colégio, foi quando eu tive a idéia de morar na casa de praia do JG até decidirmos o que fazer. Daí a gente começou a juntar dinheiro desde já (não que o Ozzy e o JG precisassem, porque dinheiro era o que eles mais tinham), para morar na casa de praia até decidirmos.

                Meus pensamentos voltavam ao passado cada vez mais, até que eu percebi alguém sentar perto de mim. 

                Era o Ozzy. Aquela carinha de cachorro pidão, que só ele tinha. A tatuagem no braço, que eu me lembrava como se fosse hoje, o seu aniversário de 19 anos, o qual passamos o dia inteiro em um estúdio de tatuagens, para escolher aquela, na verdade, para eu escolher aquela - uma tribal simples, mas que ele fez, porque eu havia escolhido.

                O corpo sarado e alto. Era incrível a diferença de altura entre a gente, eu com 1,60m e ele com uns 1,90m. Apesar de odiar minha altura, adorava quando ele me chamava carinhosamente de baixinha. Eu não vou negar, eu já tive uma quedinha pelo Ozzy sim, mas eu sabia que não iria durar, porque ele gostava de mim, nunca escondeu isso, mas eu não gostava dele como namorado, já havia tentado, mas não deu em nada. E era melhor ter sua amizade, do que um namoro sem fundamento.

                -Você devia estar lá dentro com ela. Já que a briga foi por sua causa. – eu disse sem olhar pra ele.

                -Ei, não foi por minha causa.

                -Claro que foi! Tá na cara que ela gosta de você!

                -A gente já perguntou isso a ela, não foi? – não respondi. – e ela disse que não gostava de mim.

                Como ele viu que eu não ia falar nada, continuou falando.

                - Agora, deixa de ser marrenta e entra pra comer. Já tá anoitecendo. E dá pra ouvir seu estômago roncando daqui. Você passou o dia todo só com uma cerveja. - ele falou me abraçando.

                - Eu não tô com fome. – menti. - Vou dar uma volta.

                -Eu vou com você.

                -Não.

                -Porque não?

                - Por que eu quero ir sozinha. E depois a Karol vai ficar pensando coisa sobre a gente que não é verdade...

                - E desde quando você se importa com o que os outros pensam?

                - Desde quando “os outros” é a minha melhor amiga, com quem eu acabei de brigar por sua causa.

                -Eu entro, se você prometer voltar. - disse ele, rindo.

                -Prometo voltar... – eu sorri – se você comprar bebida.

                -Só se você dormir no meu quarto.

                -Depois a gente vê isso, beleza?

                -OK.

                Nós levantamos e ele me deu um abraço e um beijo no rosto.

                -Tchau! – eu disse o empurrando.

                -Tchau. Não se esqueça de voltar! – disse ele sorrindo.

                -Não garanto nada! – retribui o sorriso, e comecei a andar pela praia. 

[PS.: A banda aparecerá no próximo capítulo.]