Fanfics Brasil - I: Inevitável Sacra Corona

Fanfic: Sacra Corona | Tema: Ficção Científica


Capítulo: I: Inevitável

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  Só havia eu e a grande imagem de uma santa que não me recordo o nome, logo acima do altar. Entrei lentamente, como uma criança quevai de encontro à mãe sabendo que fez algo errado. Algumas lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, e meu corpo começou a tremer levemente quando ajoelhei diante da imagem.


  – Perdão, meu Deus! Cometi um grande pecado hoje e estou profundamente arrependido. Ele era um humano, assim como eu. E o matei, como se sua vida não valesse nada. Eles não nos deixam escolha, não nos deixam! Eu tive que fazer isso, para um bem maior, para que só você tenha o direito de agir sobre todos! Desculpe-me, por favor, desculpe-me!


  E foi assim que terminei a noite, com o peso de todo o mundo nas minhas costas por ter tirado a vida de um semelhante.


 


        –------------------------------------ Algumas horas antes ------------------------------------


 


  Lá está ela... Santa Maria delFiore, o símbolo do poder "deles" aqui em Florença. A Catedralfoi construída para que "a força do homem não pudesse inventar ou mesmo tentar nada maior ou mais belo". Com sua fachada inteiramente feita em mármore, anjos minuciosamente esculpidos em pontos estratégicos e grandes colunas que seguravam o peso de toda a estrutura. Não posso esconder que sempre tive curiosidade de saber como ela seria por dentro, mas nunca me atreveria a pisar em "solo sagrado".


  Como sempre, a missa terminou exatamente às nove horas, quando a lua cheia iluminava toda a cidade. Enquanto eu observava todos se dirigindo para suas casas, um senhor, de aparência cansada, veio até mim e sentou-se ao meu lado:


  – Gostou da missa hoje, meu jovem? - eu não respondi, estava concentrado demais com o que viria a seguir, mas ele continuou.


  – A missa hoje foi maravilhosa, o padre Gatuzzi realmente possui odomdapalavra. Havia uma senhora muito enfraquecida, já à beira da morte, e o padre a salvou. Todos vimos ela se levantar da cadeira e andar na nossa frente em direção a Gatuzzi, como se ela nunca estivesse doente.


  – Um milagre, não? - eu disse com um ar irônico ainda sem olhar para ele, mas senhor não percebeu.


  Olhando aquela enorme quantidade de gente que saía da igreja, não pude deixar de pensar em como elas podem ser tão tolas. Como elas não percebem que estão sendo usadas, dia após dia por "eles"? Nem sequer se dão ao trabalho de questionar suas palavras, suas falsas verdades. Mas hoje irei iniciar uma nova era, está na hora de abrir os olhos dessas pobres almas e mostrar um pouco mais sobre quem eles tanto veneram!


  Mas, meus pensamentos foram interrompidos por um grupo de pessoas que começou a se formar na minha frente. Está começando a tradicional saudação que o Padre Gatuzzi dá ao povo do lado de fora da Catedral, sempre depois das missas.Por um momento parei para analisá-lo evi um homem bem velho, mas que não apresentava as características de sua idade, com bastante energia e um sorriso que ia de um lado ao outro do rosto. Um a um, Gatuzzi apertou as mãos dos fiéis, desejando-lhes felicidades e lembrando-os da missa do dia seguinte... estava na hora.


  Sem dizer uma só palavra ao senhor que estava ao meu lado me levantei, e neste momento senti o peso da adaga que levava por baixo das vestes. Eu sabia o quão arriscado era, mas havia me preparado muito para este momento. Eu não via, não sentia e não ouvia nada que não fosse o padre.Aquela caminhada de, no máximo 10 metros, pareceu uma peregrinação de dias até que eu chegasse a ele, passando por entre todos que ali estavam.Finalmente,fiquei frente a frente com o padre, que estendeu sua mão em minha direção me cumprimentando e, com um sorriso em seu rosto, disse:


  – Abençoado seja, meu filho.


  – Obrigado, padre. - disse com a voz enfraquecida, quase não conseguindo completá-las.


  – Esperote ver na missa deamanhã. –falou o padre ainda com seu largo sorriso.


  – Infelizmente, acho que nós não nos encontraremos amanhã, padre. Com sua licença, preciso ir agora.


  – É uma pena, meu jovem. Que Deus te acompanhe.


  E nesta hora, assim como Judas, o traidor, meu sinal de ação foi um beijo no rosto do Padre Gatuzzi. Por debaixo das minhas vestes, empunhei minha adaga cuidadosamente amolada para a ocasião e a encravei diretamente por trás de suas costelas. Seu rosto, que antes continha um sorriso, ficou pálido e com uma expressão de dor inigualável, mas tendo o pulmão perfurado, ele não conseguia gritar, muito menos respirar.Lentamente, ele escorregou pelos meus braços e, em uma última tentativa de sobreviver, me segurou e olhou fixamente em meus olhos, como se quisesse que eu lembrasse eternamente de sua face desesperada. Aquilo me aterrorizou profundamente, principalmente quando ele, finalmente, caiu no chão e ficou imóvel.


  Todos ficaram perplexos com a repentina caída do padre, momento perfeito para disfarçar minha ação:


  – O Padre Gatuzzi está passando mal, alguém ajude! Socorro! – gritei ainda um pouco chocado pelo último olhar que o padre trocara comigo.


  Um caos completo se instalou naquela pequena praça em frente à igreja. A multidão desesperada pelo aparente mal-estar do padre não reparou na mancha de sangue em sua bata, assim como não reparou que enquanto me afastava, cinco pessoas se juntaram a mim. Eles eram a minha cavalaria.A missão foi completamente bem-sucedida. E também, não havia de ser de outra forma, pois não levantei suspeitas, não chamei a atenção de ninguém, e mesmo assim, enquanto nos afastávamos do local, eu não conseguia parar de me preocupar se estávamos ou não sendo seguidos.


  – Que sangue frio você tem, hein?! Parecia um profissional. – disse Bacco, um jovem de dezoito anos, que aparentava ser mais novo por conta de sua altura e seu corpo franzino. Sua pele branca e as olheiras profunda reforçavam ainda mais a aparência de fragilidade do pobre rapaz. Assim como eu, era sua primeira missão fora da nossa "zona segura".


  – Foi um bom início Pietro, parabéns! - falou o nosso mentor Davi,um homem alto com longos cabelos negros e algumas cicatrizes visíveis no corpo, conhecido por seu grande senso de justiça. - Agora as coisas devem ficar mais complicadas, temos que nos preparar para qualquer tipo de retaliação. –


  Eu somente ouvia calado, enquanto me preocupava em chegar o mais rápido possível a nossa base.


  Saímos do meio da rua, e começamos a nos esgueirar pelas vielas de Florença. Durante o trajeto, três homens que nos acompanhavam se separaram do grupo sem dizer uma só palavra. Eu os entendia, eram os chamados “Protetores”, quenos davam cobertura durante as missões, caso algo não planejado ocorresse. Não existia descanso para esses caras,sempre havia uma missão ocorrendo em algum lugar.


  A luz da lua sobre nossas cabeças já não conseguia iluminar totalmente as vielas de tão estreitas que eram. Finalmente, chegamos ao nosso destino: um beco sem saída, tão escuro que eu mal conseguia enxergar Bacco e Davi. Nosso mentor se aproximou do muro a nossa frente e bateu três vezes na parede. Esta era nossa senha. Logo em seguida, se ouviu duas batidas abafadas que vinham do outro lado do muro eDavi as retribuiu batendo mais quatro vezes na parede, e tudo ficou em silêncio.De repente, um fio de luz que ia de cima a baixo surgiu como mágica no canto da parede, e a mesma começou a se abrir, como uma porta.Do outro lado, um homem careca com uma grande cicatriz (que começava em sua sobrancelha esquerda e ia até o pescoço) estava empunhando uma espada com uma aparência muito séria no rosto. Ele nos analisou atentamentee, em seguida, olhou para o breu atrás de nós, como se conseguisse observar alguma coisa na escuridão.


  – Entrem! - disse em uma voz rouca e grave.


  Nós três entramos juntos. Logo atrás, o homem fechou a porta com força, e descemos uma escada que dava em uma espécie de salão, que continha um pequeno barcom várias mesas ocupadas por pessoas encapuzadas, bebendo cerveja e sussurrando entre si.E o motivo era simples: estas pessoas estavam acostumadas a não confiar em ninguém, sempre passavam despercebidos pela multidão e guardavam seus mais profundos segredos para elas mesmas. A grande maioria não era muito sociável.


  Em certa hora, minha atenção foi dirigida para um grande emblema que era exibido no teto, o qual continha dois leões em suas extremidades, e ao centro um anjo empunhando uma espada com duas grandes asas como se levantassem voo. Em cima, em letras prateadas, exibia as palavras: "Jus libertatis" que significava " Direito à Liberdade,nosso lema.


  – Parabéns Pietro! - desloquei meus olhos do emblema no teto para um homem loiro que vinha em minha direção trajando roupas brancas e limpas, com uma fisionomia delicada se comparada a dos outros homens ali presentes.


  – Terzo! - falou Davi ao ver homem loiro, que o ignorou e continuou vindo na minha direção, e me deu um abraço enquanto falava.


  – Gatuzzi finalmente pagou pelos seus pecados.


  Nesse momento, senti alguma coisa no meu peito, e quando ele se afastou percebi que uma grande mancha de sangue tinha aparecido em seu traje antes branco como as nuvens.Coloquei a mão dentro do meu casaco e retirei a adaga com a qual havia assassinado o padre. Estava encharcada de sangue...


  – Oh,não se preocupe, eu limpo depois. - disse ele como se ignorasse a adaga ensanguentadanas minhas mãos.


  – E então, conte-me os detalhes!


  Foi quando eu comecei a me dar conta do que eu tinha acabado de fazer. Eu havia matado uma pessoa!


  Fiqueianalisando aquela adaga enquanto o sangue pingava no chão formando uma pequena poça que refletia levemente meu rosto, pálido como o traje de Terzo, e sem dar satisfação a ninguém ali presente, me dirigi aos fundos do salão, chegando a um grande corredor, onde haviamvárias salas. Comecei a andar em direção a uma que ficava no final do corredor.Tratavam-se de templos, que representavam as mais diversas religiões. Budismo, Islamismo, Judaísmo, Hinduísmo e algumas outras que foram praticamente extintas pela opressão da Igreja Católica. Cada um se reconfortava no espaço destinado a sua respectivareligião.No final do corredor, existia um templomenor e mais escuro, batizado com o nome de uma santa que eu nunca me recordo.Um lugar que a maioria evitava, tanto que no passado tentaram acabar com ele, mas os poucos adeptos desta religião ali presentes os impediram. E eu era um desses.Ali era o lugar onde eu pedia forças para realizar as tarefas mais ardis. Mas também era o lugar de onde tirava meu amparo, principalmente em momentos como esse. Fui criado sob as leis divinas, e acabara de quebrar uma delas: "Não matarás!". O arrependimento e o desespero de lembrar o que fiz começam a aflorar.


  Eu parei na porta da capela, criando coragem para entrar. Nesse momento, nem mesmo o rigoroso frio de Florença me impediu de suar...



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Autor(a): Tony

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

  Quando eu estava prestes a pôr o primeiro pé dentro da capela, senti uma mão delicadamente tocar meu ombro. Era Davi, que me olhava com uma expressão um pouco mais séria do que a de costume:  - Pietro, você ainda insiste em visitar esse lugar... Nem sei por que ainda o mantemos de pé! – E continuei calado.  ...


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