Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]
Estava lusco‑fusco, aquele intervalo estranho e quase místico em que a luz e a escuridão se encontram perfeitamente equilibradas. Em poucos instantes o azul suave seria transformado pelas cores ardentes do por‑do‑sol.
As sombras alongavam‑se; os pássaros calavam‑se. Any estava ao fundo da escadaria que conduzia à mansão Herrera. Ergueu os olhos em direcção aos massivos pilares brancos e velhos tijolos rosa com enormes áreas de vidro laminado. Três andares. Aqui e acolá luzes brilhavam tenuemente através de cortinas corridas. O lugar tinha uma
dignidade endinheirada. Dinheiro antigo, dignidade inerente. Intimidadora, pensou ela, admirando de novo a casa de cima a baixo. Mas tinha realmente um certo estilo. À ténue luminosidade do lusco‑fusco, a casa tinha um aspecto sereno.
Levantou um grande batente de ferro e fe‑lo bater na espessa porta de carvalho. O barulho ecoou através do crepúsculo. Any sorriu com o som e depois virou‑se para ver as cores desvanecerem‑se lentamente no céu. Já era mais noite que dia. Atrás dela a porta abriu‑se. Anahí voltou‑se e viu uma mulher baixa e negra vestida de uniforme preto e
avental branco. Como nos filmes, pensou, e sorriu outra vez. Afinal até poderia ser
uma aventura.
— Olá.
— Boa noite, senhora. — A criada falou educadamente e manteve‑se à entrada da porta como um guarda de palácio.
— Boa noite — disse Any, divertida. — Acho que o Sr. Herrera está à minha espera.
— Menina Portillo? — Desconfiada, a criada olhou‑a dos pés à cabeça.
Não se mexeu para a deixar passar. — Acho que o Sr. Herrera só a esperava amanhã.
— Sim, mas cheguei esta noite. — Ainda sorrindo, passou pela criada a passos largos e entrou no hall principal. — Provavelmente era melhor avisa‑lo de que cheguei — sugeriu. E virou‑se para admirar um lustre de três camadas que derramava luz sobre a carpete.
Olhando desconfiadamente para Any, a criada fechou a porta. —
Espere aqui, por favor. — Indicou‑lhe uma cadeira Luís XVI. — Vou informar
o Sr. Herrera da sua chegada.
— Obrigada. — A sua atenção já tinha sido desviada para um auto‑retrato de Rembrandt. A criada afastou‑se silenciosamente.
Any observou atentamente o Rembrandt e seguiu para outro quadro. Renoir. Este sítio parece um museu, pensou ela, continuando depois a deambular pelo corredor fora, vendo os quadros como se estivesse numa galeria de arte. Para Any, obras de arte daquelas deviam ser propriedade pública – para serem respeitadas, admiradas e, acima de tudo, vistas. Será que vive mesmo aqui alguém? – indagou‑se, passando um dedo sobre uma
espessa moldura dourada. O murmúrio de vozes captou a sua atenção e Any dirigiu‑se instintivamente em direção ao som.
— É uma das maiores peritas em cultura indo‑americana, Alfonso. O último artigo dela recebeu grande aclamação. Com apenas vinte e cinco anos, é um autêntico fenómeno na área da antropologia.
— Estou bem ciente disso, Harry, ou não teria concordado com a tua sugestão de ela colaborar comigo neste livro. — Alfonso Herrera mexia um martini e bebia‑o lenta e contemplativamente. A bebida estava perfeita, apenas com um toque de vermute. — Dou por mim a pensar como iremos ultrapassar os próximos meses. As solteironas profissionais são intimidadoras e de todo a minha companhia favorita.
— Não andas à procura de companhia, Jordan — lembrou‑lhe o outro retirando a azeitona do próprio copo. — Andas à procura de um perito em cultura indo‑americana. E é isso que vais ter. — Engoliu a azeitona. — As companhias podem ser fonte de distracção.
Com uma careta, Alfonso Herrera pousou o copo. Sentia‑se inquieto e não sabia porquê. — Não me parece que vá achar a tua Anahí Portillo uma distração. — Enfiou as mãos nos bolsos das calças de corte perfeito e observou o companheiro terminar o martini. — Até já a imagino: cabelo cor de lama penteado para trás, rosto ossudo, óculos de lentes grossas empoleirados num nariz proeminente. Fatos justos para acentuar a falta de curvas e sapatos ortopédicos tamanho quarenta.
— Tamanho trinta e seis.
Os dois homens viraram‑se em simultâneo para a porta.
— Olá, Sr. Herrera. — Anahí entrou. Atravessou a sala e estendeu a mão a Alfonso. — E o senhor deve ser o Dr. Rhodes. Trocámos bastante correspondência nestas últimas semanas, não foi? Prazer em conhece‑lo.
— Sim. Bem… — As sobrancelhas espessas de Harry baixaram.
— Sou Anahí Portillo. — Fez‑lhe um sorriso deslumbrante antes de se dirigir a Alfonso. - Como vê, não penteio o cabelo para trás. Provavelmente não se manteria assim se eu experimentasse. — Puxou um dos caracóis soltos que lhe emolduravam o rosto. –E em vez de cor de lama, — continuou ela calmamente, — este tom é conhecido por louro-morango. A minha cara não é particularmente ossuda, embora eu tenha umas bonitas maçãs do rosto. Tem lume? –Enfiou a mão na mala à procura de um cigarro e depois olhou para Harry Rhodes. Ele meteu a mão no bolso e encontrou o isqueiro. –Obrigada. Onde é que eu ia? Ah, sim — continuou ela antes que algum deles pudesse falar. — Uso realmente óculos de leitura, quando consigo encontra‑los, mas duvido que estivesse a referir‑se a isso, não
é verdade? Vejamos, que mais posso dizer‑lhe? Posso sentar‑me? Estou cheia de dores nos pés. — Sem esperar uma resposta, escolheu uma cadeira de brocado dourado. Fez uma pausa e sacudiu o cigarro para dentro de um cinzeiro de cristal. — Já sabe que número calço. — Recostou‑se na cadeira e olhou para Alfonso Herrera com olhos verdes diretos.
— Bem, Menina Portillo — disse ele finalmente. — Não sei se peça desculpas ou se aplauda.
Prévia do próximo capítulo
— Eu preferia uma bebida. Tem tequila? Com um meneio de cabeça, Alfonso dirigiu‑se ao bar. — Acho que não; pode ser vermute? — Serve perfeitamente, obrigada. Anahí perscrutou a sala. Era ampla e perfeitamente quadrada, com as paredes forradas com bonitos painéis de madeira e a mobília forrada a seda. Uma lareira d ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29
Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38
LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
AMEI ESSA WEB. -
annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15
adoro sua web, é demais
posta +++++++ -
annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53
vai desiste dessa web?
por favor continua vai -
annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38
posta +++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29
POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49
Q
U
E
R
O
M
A
I
S -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!! -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!!