Fanfics Brasil - Uma ultima noite AyA [terminada]

Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]


Capítulo: 1? Capítulo

1116 visualizações Denunciar


Estava luscofusco, aquele intervalo estranho e quase místico em que a luz e a escuridão se encontram perfeitamente equilibradas. Em poucos instantes o azul suave seria transformado pelas cores ardentes do pordosol.


As sombras alongavamse; os pássaros calavamse. Any estava ao fundo da escadaria que conduzia à mansão Herrera. Ergueu os olhos em direcção aos massivos pilares brancos e velhos tijolos rosa com enormes áreas de vidro laminado. Três andares. Aqui e acolá luzes brilhavam tenuemente através de cortinas corridas. O lugar tinha uma


dignidade endinheirada. Dinheiro antigo, dignidade inerente. Intimidadora, pensou ela, admirando de novo a casa de cima a baixo. Mas tinha realmente um certo estilo. À ténue luminosidade do luscofusco, a casa tinha um aspecto sereno.


Levantou um grande batente de ferro e felo bater na espessa porta de carvalho. O barulho ecoou através do crepúsculo. Any sorriu com o som e depois virouse para ver as cores desvaneceremse lentamente no céu. Já era mais noite que dia. Atrás dela a porta abriuse. Anahí voltouse e viu uma mulher baixa e negra vestida de uniforme preto e


avental branco. Como nos filmes, pensou, e sorriu outra vez. Afinal até poderia ser


uma aventura.


— Olá.


— Boa noite, senhora. — A criada falou educadamente e mantevese à entrada da porta como um guarda de palácio.


— Boa noite — disse Any, divertida. — Acho que o Sr. Herrera está à minha espera.


— Menina Portillo? — Desconfiada, a criada olhoua dos pés à cabeça.


Não se mexeu para a deixar passar. — Acho que o Sr. Herrera só a esperava amanhã.


— Sim, mas cheguei esta noite. — Ainda sorrindo, passou pela criada a passos largos e entrou no hall principal. — Provavelmente era melhor avisalo de que cheguei — sugeriu. E virouse para admirar um lustre de três camadas que derramava luz sobre a carpete.


Olhando desconfiadamente para Any, a criada fechou a porta. —


Espere aqui, por favor. — Indicoulhe uma cadeira Luís XVI. — Vou informar


o Sr. Herrera da sua chegada.


— Obrigada. — A sua atenção já tinha sido desviada para um autoretrato de Rembrandt. A criada afastouse silenciosamente.


Any observou atentamente o Rembrandt e seguiu para outro quadro. Renoir. Este sítio parece um museu, pensou ela, continuando depois a deambular pelo corredor fora, vendo os quadros como se estivesse numa galeria de arte. Para Any, obras de arte daquelas deviam ser propriedade pública – para serem respeitadas, admiradas e, acima de tudo, vistas. Será que vive mesmo aqui alguém? – indagouse, passando um dedo sobre uma


espessa moldura dourada. O murmúrio de vozes captou a sua atenção e Any dirigiuse instintivamente em direção ao som.


— É uma das maiores peritas em cultura indoamericana, Alfonso. O último artigo dela recebeu grande aclamação. Com apenas vinte e cinco anos, é um autêntico fenómeno na área da antropologia.


— Estou bem ciente disso, Harry, ou não teria concordado com a tua sugestão de ela colaborar comigo neste livro. — Alfonso Herrera mexia um martini e bebiao lenta e contemplativamente. A bebida estava perfeita, apenas com um toque de vermute. — Dou por mim a pensar como iremos ultrapassar os próximos meses. As solteironas profissionais são intimidadoras e de todo a minha companhia favorita.


— Não andas à procura de companhia, Jordan — lembroulhe o outro retirando a azeitona do próprio copo. — Andas à procura de um perito em cultura indoamericana. E é isso que vais ter. — Engoliu a azeitona. — As companhias podem ser fonte de distracção.


Com uma careta, Alfonso Herrera pousou o copo. Sentiase inquieto e não sabia porquê. — Não me parece que vá achar a tua Anahí Portillo uma distração. — Enfiou as mãos nos bolsos das calças de corte perfeito e observou o companheiro terminar o martini. — Até já a imagino: cabelo cor de lama penteado para trás, rosto ossudo, óculos de lentes grossas empoleirados num nariz proeminente. Fatos justos para acentuar a falta de curvas e sapatos ortopédicos tamanho quarenta.


— Tamanho trinta e seis.


Os dois homens viraramse em simultâneo para a porta.


— Olá, Sr. Herrera. — Anahí entrou. Atravessou a sala e estendeu a mão a Alfonso. — E o senhor deve ser o Dr. Rhodes. Trocámos bastante correspondência nestas últimas semanas, não foi? Prazer em conhecelo.


— Sim. Bem… — As sobrancelhas espessas de Harry baixaram.


— Sou Anahí Portillo. — Fezlhe um sorriso deslumbrante antes de se dirigir a Alfonso. - Como vê, não penteio o cabelo para trás. Provavelmente não se manteria assim se eu experimentasse. — Puxou um dos caracóis soltos que lhe emolduravam o rosto. –E em vez de cor de lama, — continuou ela calmamente, — este tom é conhecido por louro-morango. A minha cara não é particularmente ossuda, embora eu tenha umas bonitas maçãs do rosto. Tem lume? –Enfiou a mão na mala à procura de um cigarro e depois olhou para Harry Rhodes. Ele meteu a mão no bolso e encontrou o isqueiro. –Obrigada. Onde é que eu ia? Ah, sim — continuou ela antes que algum deles pudesse falar. — Uso realmente óculos de leitura, quando consigo encontralos, mas duvido que estivesse a referirse a isso, não


é verdade? Vejamos, que mais posso dizerlhe? Posso sentarme? Estou cheia de dores nos pés. — Sem esperar uma resposta, escolheu uma cadeira de brocado dourado. Fez uma pausa e sacudiu o cigarro para dentro de um cinzeiro de cristal. — Já sabe que número calço. — Recostouse na cadeira e olhou para Alfonso Herrera com olhos verdes diretos.


— Bem, Menina Portillo — disse ele finalmente. — Não sei se peça desculpas ou se aplauda.


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a):

Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

— Eu preferia uma bebida. Tem tequila? Com um meneio de cabeça, Alfonso dirigiu‑se ao bar. — Acho que não; pode ser vermute? — Serve perfeitamente, obrigada. Anahí perscrutou a sala. Era ampla e perfeitamente quadrada, com as paredes forradas com bonitos painéis de madeira e a mobília forrada a seda. Uma lareira d ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 30



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29

    Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))

  • kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38

    LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
    AMEI ESSA WEB.

  • annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15

    adoro sua web, é demais
    posta +++++++

  • annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53

    vai desiste dessa web?
    por favor continua vai

  • annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38

    posta +++++++++++++++++++
    posta +++++++++++++++++++
    posta +++++++++++++++++++
    posta +++++++++++++++++++
    posta +++++++++++++++++++
    posta +++++++++++++++++++
    posta +++++++++++++++++++
    posta +++++++++++++++++++

  • mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29

    POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49


    Q
    U
    E
    R
    O

    M
    A
    I
    S

  • vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41

    AMEIIIII
    POSTA MAIS!!!!!!!!!!!

  • vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41

    AMEIIIII
    POSTA MAIS!!!!!!!!!!!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais