Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]
— Não estou nervosa. — Any esforcou‑se por manter o corpo perfeitamente quieto. — Eu nunca fico nervosa. — Ele esboçou um sorriso.
— De que é que estás a rir‑te?
— É muito recompensador enervar‑te, Any.
— Olha, Alfonso…
— Acho que nunca te vi irritada — comentou ele, levando a outra
mão ao pescoço dela. A pulsação dela estava a começar a acelerar. Ele sentiu o desejo acender‑se ao senti‑la sob a palma da mão.
— Não ias gostar de ver.
— Não estou muito certo disso — murmurou ele. Queria‑a. Àquela
distância só lhe faltava sentir o movimento do corpo dela debaixo do seu.
Queria toca‑la, explorar os ângulos agudos do corpo dela e a suavidade da pele. Queria que ela se entregasse com o entusiasmo que lhe era tão característico.
Alfonso não se lembrava de alguma vez ter desejado tanto uma mulher.
— É sempre interessante ver uma pessoa forte perder o controlo — disse‑lhe, acariciando‑lhe ainda o pescoço. — És uma mulher muito forte e muito suave. É uma combinação excitante.
— Não estou aqui para te excitar, Alfonso. — O corpo dela ansiava por ele. — Estou aqui para trabalhar contigo.
— Fazes muito bem ambas as coisas. Diz‑me… — A voz dele deslizava sobre a pele dela tão suavemente como os dedos. — Pensas em mim quando estás sozinha à noite, no quarto?
— Não.
Ele sorriu outra vez. Embora ele não a tivesse puxado mais para perto, Any sentia o desejo agitar‑se dentro dela. Ela não estava acostumada a refrear a paixão, nunca sentira essa necessidade.
— Não sabes mentir lá muito bem.
— A tua arrogância está a evidenciar‑se de novo, Alfonso.
— Eu penso em ti. — Os dedos dele apertaram‑lhe a parte de trás do
pescoço. — Penso de mais.
— Não quero que penses. — A voz dela estava fraca e isso assustou‑a. — Não, não quero. — Abanando a cabeça, afastou‑se dele. — Não ia funcionar.
—Porquê?
— Porque… — Atrapalhou‑se e ficou ainda mais assustada. Nunca ninguém a tinha posto naquele estado. — Porque queremos coisas diferentes. Preciso de mais do que o que tu serias capaz de me dar. — Passou uma mão pelos cabelos com a certeza de que tinha de sair dali. — Vou fazer um intervalo. Retomamos depois do almoço.
Alfonso viu‑a sair apressadamente do gabinete.
Claro que ela tem razão, pensou, franzindo o sobrolho em direção à porta. O que ela diz faz todo o sentido. Então porque é que não consigo deixar de pensar nela? Deu a volta à secretária e voltou a sentar‑se em frente da máquina de escrever. Ela não devia atrair‑me desta forma. Recostando‑se, tentou analisar o que sentia por ela e o porquê. Seria simplesmente uma atração física? Se era, porque se sentiria atraído por uma mulher que não tinha nada a ver com as outras que tinha desejado até então? E porque é que dava por si a pensar nela nas alturas mais improváveis – quando estava a fazer a barba, quando estava a meio da construção de um parágrafo? Seria melhor se aceitasse simplesmente os seus sentimentos como desejo e nada mais. Não havia espaço para mais nada. Ela tinha razão, decidiu. Nunca iria funcionar.
Voltou‑se de novo para os apontamentos, escreveu duas frases e amaldiçoou‑se.
Quando atravessava a sala de estar a caminho do quarto, Any viu Alison a ler muito bem sentada no sofá. A menina levantou os olhos e estes iluminaram‑se.
— Olá. — Any ainda sentia nervos e desejos percorrerem‑lhe o corpo.
— Fizeste gazeta?
— É sábado — disse‑lhe Alison. Fez um sorriso hesitante a Any.
— Oh. — Era preciso ser‑se cego para não ver as carências nos olhos da criança. Pondo de parte os próprios problemas, sentou‑se ao lado de Alison. — O que estás a ler?
— O Monte dos Vendavais.
— Pesado — comentou Any, folheando alguma páginas e desmarcando o sítio onde Alison tinha parado a leitura. — Na tua idade eu lia a banda desenhada do Super‑Homem. — Sorriu e passou uma mão pelos cabelos de Alison. — E, às vezes, ainda leio.
A criança olhava fixamente para ela com um misto de espanto e desejo.
Any baixou‑se para lhe beijar o topo da cabeça. — Alison. — Pousou os olhos no fato de calça e casaco de linho azul que a menina tinha vestido.
— Estás colada a esse uniforme?
Alison olhou para baixo e gaguejou: — N‑não sei.
— Não tens roupa de andar por casa?
— Roupa de andar por casa? — repetiu Alison.
— Pois, calças de ganga velhas, alguma coisa já com buracos ou uma
nódoa de chocolate.
— Não. Não me parece…
— Deixa estar. — Any sorriu e pôs o livro de parte. — Com todas as roupas que tens, não se deve dar pela falta de um fato. Anda. — Levantou‑se, agarrou na mão de Alison e puxou‑a para a porta do pátio.
— Onde vamos?
Any olhou para Alison. — Vamos pedir a mangueira ao jardineiro e fazer esculturas de lama. Quero ver se consegues sujar‑te. — Saíram as duas.
— Esculturas de lama? — repetiu Alison enquanto percorriam o jardim.
— Pensa como se fosse um projeto de arte — sugeriu Any. — Uma experiência educativa.
— Não sei se o Haverson nos vai emprestar a mangueira — avisou Alison.
— Ah, não? — Any sorriu de expectativa quando se aproximaram do jardineiro. — Vejamos.
— Bom-dia, menina. — Haverson tocou na ponta do boné e parou de podar.
— Olá, Sr. Haverson. — Any dirigiu‑lhe um sorriso luminoso. — Queria dizer‑lhe o quanto admiro o seu jardim. Especialmente as azáleas. — Tocou numa flor em forma de funil. — Diga‑me, utiliza folhas de carvalho como proteção?
Quinze minutos depois, Any tinha a mangueira e estava muito atarefada a fabricar lama atrás de um bloco de arbustos de rododendro.
— Como é que sabias aquilo tudo? — perguntou Alison.
— Aquilo o quê?
— Como é que sabias tanto sobre flores? És antropóloga!
— Achas que um canalizador só percebe de canos? — Sorriu para Alison, divertida com a expressão de concentração no rosto da criança. — A aprendizagem é uma maravilha, Alison. Não há nada que não possamos aprender se quisermos. — Desligou a mangueira e agachou‑se. — O que é que gostavas de fazer?
Alison sentou‑se alegremente ao lado dela e tocou na lama com a ponta de um dedo. — Não sei como.
Any riu‑se. — Não é acido, querida. — Enterrou a mão na lama até ao pulso. — Quem poderá saber se Michelangelo não começou assim? Acho que vou fazer um busto do Alfonso. — Suspirou, desejando que ele não lhe tivesse vindo à ideia. — Ele tem uma cara fascinante, não achas?
— Acho que sim. Mas já é um bocado velho. — Alison, ainda cautelosa, começou a fazer um monte com a lama.
— Oh. — Any franziu o nariz. — Ele é apenas uns anos mais velho que eu, e eu ainda mal saí da adolescência.
— Não és velha, Any. — Alison ergueu de novo os olhos. O olhar ficou subitamente intenso. — Não tens idade para ser minha mãe, pois não?
Any apaixonou‑se. O coração rendeu‑se e não havia forma de voltar atrás. Alguém precisava dela. — Não, Alison, não tenho idade para ser tua mãe. — A voz era suave, compreensiva. Quando a menina baixou os olhos,
Any levantou‑lhe o queixo com um dedo. — Mas tenho idade suficiente para ser tua amiga. E também não me importava de ter uma.
— A sério?
A criança ansiava por ser amada, por ser tocada. Any sentiu raiva de Alfonso ao emoldurar o rosto de Alison com as mãos. — A sério. — Observou o sorriso formar‑se timidamente no rosto da criança.
— Mostras‑me como se faz um cão? — perguntou Alison, enfiando as mãos na lama.
Uma hora depois, regressaram para dentro de casa aos risinhos. Cada uma levava um par de sapatos cobertos de lama. A mente de Any estava mais leve. Preciso dela tanto quanto ela precisa de mim, pensou, olhando para Alison. Riu‑se e parou para levantar o rosto sujo da menina.
— Estás linda — disse‑lhe. Dobrou‑se e beijou‑lhe o nariz. — Contudo, a tua avó pode não concordar, por isso é melhor subires e tomares um banho.
—Ela foi a uma reunião social — comentou Alison, dando mais umas risadinhas ao ver a lama na bochecha de Any. — Ela está sempre em reuniões.
— Então não precisamos de a aborrecer, pois não? — Any segurou na mão de Alison e recomeçou a andar. — Claro que não deves mentir‑lhe.
Se a tua avó te perguntar se estiveste a esculpir esculturas de lama atrás dos rododendros, terás de confessar.
Alison prendeu o cabelo desgrenhado atrás da orelha. — Mas ela nunca me iria perguntar uma coisa dessas.
— Isso simplifica as coisas, não é? — Abriu a porta do pátio. — Gosto do cão que fizeste. Acho que tens talento para as artes. — Ao atravessarem a sala de estar, Any começou a revistar os bolsos à procura de um fósforo.
A sala metia‑lhe nervos.
— Eu gostei mais do teu busto. Parecia mesmo o… Tio Alfonso!
— Sim, ficou bastante bem. — Any parou ao fundo das escadas e revistou os bolsos de trás. — Sabes, parece que nunca encontro um fósforo quando preciso. Porque será? — Depois, reparando na expressão de espanto na cara de Alison, levantou os olhos. — Ah, olá, Alfonso. — Sorriu amigavelmente. — Tens lume?
Ele desceu lentamente os degraus, desviando os olhos da menina para a mulher. As calças de linho de Alison estavam todas emporcalhadas.
O cabelo soltara‑se da fita e tinha bocados de lama agarrados. Os olhos
dela fitavam‑no num rosto bastante sujo. As mãos estavam castanhas até ao
pulso. Assim como as de Any. Passaram‑lhe pela cabeça uma dúzia de explicações
que ele descartou. Se tinha aprendido alguma coisa nos dias que passara com Any, era que o melhor era explorar primeiro o improvável.
— Que diabos andaram a fazer?
— Estivemos a fazer arte — respondeu Any com descontração.
— Muito educativo. — Apertou a mão de Alison. — É melhor ires tomar o teu banho, querida.
Os olhos de Alison voaram dos do tio para os de Any. Subiu as escadas a correr e desapareceu.
— A fazer arte? — repetiu Alfonso, seguindo a sobrinha com os olhos. Franziu o sobrolho a Any. — Parece‑me que andaram a chafurdar na lama.
— Não foi a chafurdar, Alfonso. Foi a criar. — Any desviou o cabelo desalinhado dos olhos. — Estivemos a fazer esculturas de lama. A Alison é bastante boa.
— Esculturas de lama? Estiveram a brincar na lama? Nós nem sequer temos lama!
— Fizemos um pouco. É muito fácil. Só é preciso água…
— Por amor de Deus, Any! Eu sei como se faz lama.
— Claro que sabes, Alfonso. — A voz era tranqüila mas ele percebeu a diversão nos olhos dela. — És um homem inteligente.
Alfonso sentiu que estava a perder a paciência. — Não mudes de assunto.
— Que assunto? — Ela fez‑lhe um sorriso ingênuo e quase arreganhou os dentes quando ele respirou fundo.
— Lama, Any. O assunto era lama.
— Bem, não há muito mais que eu te possa dizer acerca disso. Disseste que sabias como se fazia.
Prévia do próximo capítulo
Ele praguejou e cerrou os punhos. — Any, não achas que é um pouco infantil para uma mulher levar uma menina de onze anos a passar a tarde num monte de lama? Então sempre sabes a idade dela, pensou Any olhando atentamente para ele. — Bem, Alfonso, isso depende. — De quê? — De quereres uma sobrinha de onze anos ou uma quare ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29
Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38
LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
AMEI ESSA WEB. -
annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15
adoro sua web, é demais
posta +++++++ -
annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53
vai desiste dessa web?
por favor continua vai -
annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38
posta +++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29
POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49
Q
U
E
R
O
M
A
I
S -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!! -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!!