Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]
Ele praguejou e cerrou os punhos. — Any, não achas que é um pouco infantil para uma mulher levar uma menina de onze anos a passar a tarde num monte de lama?
Então sempre sabes a idade dela, pensou Any olhando atentamente para ele. — Bem, Alfonso, isso depende.
— De quê?
— De quereres uma sobrinha de onze anos ou uma quarentona anã.
— O que é que estás para aí a dizer? Mesmo para ti, é difícil de compreender.
— A menina está quase na meia-idade e tu estás tão preocupado com o Alfonso Herrera que não vês isso. Ela lê O Monte dos Vendavais e toca Brahms. É limpinha e sossegada e não se intromete na tua vida.
— Espera. Repete lá.
— Repetir! — A fúria dela costumava aflorar rapidamente. Ajeitou de novo o cabelo. — Ela não passa de uma menina! Precisa de ti, precisa de alguém. Quando é que conversaste com ela a última vez?
— Não sejas ridícula. Converso com ela todos os dias.
— Tu falas com ela — replicou Any, furiosa. — Há uma grande diferença!
— Estás a tentar dizer‑me que estou a negligencia‑la?
— Não estou a tentar dizer nada. Estou a afirmar! Se não querias ouvir, não devias ter perguntado.
— Ela nunca se queixou.
— Oh, bolas! — Virou costas e depois voltou‑se de novo para ele.
— Como é que um homem tão inteligente pode fazer uma afirmação tão ridícula? És realmente assim tão insensível?
— Tem cuidado, Any — avisou ele.
— Se não gostas que digam que és um tolo, não devias comportar‑te como tal. — Ela já não queria saber o quão furioso ele pudesse ficar. Eram o seu próprio temperamento e sentido de justiça que comandavam as palavras. — Achas que ter casa, comida e banho é suficiente? A Alison não é um animal de estimação, e até um animal de estimação exige afeto. Ela está carente mesmo à frente dos teus olhos. Agora, se me deres licença, queria
ir lavar‑me.
Alfonso agarrou‑lhe no braço quando ela ia a passar por ele. Virou‑a e empurrou‑a para uma casinha de banho ao fundo do corredor. Sem dizer nada, Any abriu a torneira e começou a esfregar‑se. Alfonso manteve‑se calado enquanto as palavras dela ressoavam na sua mente. Em silêncio, Any amaldiçoava‑se.
Ela não tencionara perder as estribeiras. Embora tivesse planejado falar com ele acerca de Alison, fora sua intenção abordar diplomática e calmamente o assunto. A última coisa que queria era expressar as idéias numa torrente de insultos. Sempre achara que quanto mais se gritava, menos uma pessoa se fazia ouvir. Dizia continuamente para si mesma para não se descontrolar quando estivesse a lidar com Alfonso Herrera. E continuava a faze‑lo.
Pegou na toalha que ele lhe estendeu e secou cuidadosamente as mãos.
— Alfonso, peço desculpa.
Os olhos dele estavam firmes. — Pelo quê, mais precisamente?
— Mais precisamente por ter gritado contigo. –Ele anuiu lentamente com a cabeça. — Pela forma mas não pelo conteúdo . –comentou, e Any suspirou. Ele não era uma pessoa fácil.
— Exatamente. Tenho uma tendência para a falta de tacto.
Alfonso reparou na forma como ela passava a toalha pelas mãos. Ela sentia‑se desconfortável mas não ia recuar, observou. Sentiu uma agitação de relutante admiração. — Porque não recomeças? — sugeriu. — Sem a gritaria.— Está bem. — Any levou um momento a organizar a abordagem.
— A Alison veio apresentar‑se a mim na noite em que cheguei. Vi uma menina impecavelmente arranjada e muito educada. E olhos entediados. — A compaixão dela foi despertada pela recordação. — Não posso aceitar o tédio numa criança tão nova, Alfonso. Partiu‑me o coração.
A paixão regressara à voz, mas era uma paixão de tipo diferente. Desta vez não era raiva. Estava a pedir‑lhe que visse o que ela via. Alfonso duvidava que ela estivesse ciente da intensidade do próprio olhar. Estava a pensar apenas na menina. A compaixão dela comoveu‑o. Era mais uma surpresa.
— Continua — disse‑lhe ele quando Any se calou. — Desembucha.
— Não tenho nada a ver com o assunto. — Any passou novamente a toalha pelas mãos. — Tens toda a liberdade de mo dizer, mas não vai fazer qualquer diferença quanto ao que sinto. Eu sei como é perder‑se os pais… a rejeição, a terrível confusão. Precisamos de alguém que nos ajude a encontrar um sentido, para preencher os espaços que nem sequer compreendemos. Não há nada tão devastador como a morte de pessoas que amamos e
de quem dependemos. — Respirou fundo. Estava a dizer‑lhe mais do que tencionara mas parecia que não era capaz de parar. — Não é coisa que se ultrapasse num dia ou numa semana.
— Eu sei disso, Any. Ele era meu irmão.
Os olhos dela procuraram os dele e encontraram algo inesperado. Também ele amara profundamente. Any ficou sem defesas. Esticou o braço para lhe tocar na mão. — Ela precisa de ti, Alfonso. Não há nada como o amor de uma criança. As crianças não impõem condições às suas emoções. Dão simplesmente. Têm uma pureza que perdemos quando crescemos. A Alison está à espera de amar alguém de novo.
Ele olhou para a mão que estava sobre a sua. Pensativamente, voltou‑a para cima e examinou a palma. — Tu impões condições às tuas emoções?
O olhar de Any manteve‑se firme. — Quando as dou, não.
Ele estudou‑a por um momento com uma expressão de concentração nos olhos. — Preocupas‑te mesmo com a Alison, não é?
— Claro que sim.
— Porquê?
Any olhou fixamente para ele, sinceramente confusa. — Porquê? — repetiu. — Ela é uma criança, um ser humano. Como poderia não me preocupar?
— Ela é filha do meu irmão — respondeu ele calmamente. — E parece
que eu não me preocupei o suficiente.
Tocada, Any levou as mãos aos ombros dele. — Não. Não compreender e não querer saber são coisas completamente diferentes.
O gesto simples comoveu‑o. — Perdoas sempre assim com essa facilidade?
Algo nos olhos dele lançou avisos de alerta ao cérebro dela. Ele estava de novo a chegar demasiado perto do seu âmago. Uma vez lá, Any sabia que nunca mais conseguiria libertar‑se dele. — Não me canonize, Alfonso. — disse ela loquaz mente. Era a defesa de maior sucesso que tinha. — Seria uma péssima santa.
— Não te sentes à vontade com os elogios, pois não? — Ela começou a baixar as mãos, mas ele agarrou‑lhas para as manter nos ombros.
— Adoro‑os — replicou ela. — Diz‑me que sou inteligente e eu derreto‑me toda.
— Ah, elogios sobre a tua inteligência! Imagino que estejas habituada a isso. — Sorriu. — Por outro lado, se eu te dissesse que és uma pessoa muito carinhosa e generosa, a quem tenho dificuldade de resistir, tu rejeitarias isso.
— Não faças isto, Alfonso. — Ele estava demasiado perto e a porta isolava‑os do resto da casa. — Estou vulnerável.
— Pois. — Olhou‑a de forma estranha. — Também isso é uma surpresa.
Baixou os lábios para a saborear. Ao primeiro toque sentiu os dedos dela retesarem‑se sobre os ombros. Depois ela relaxou e cedeu. Pela segunda vez naquele dia, Any apaixonou‑se. Sentiu o coração perder‑se numa sensação física, desta vez dolorosa. Ele vai fazer‑te sofrer, pensou ela, mas já era demasiado tarde.
— Cheiras a sabonete — murmurou ele quando passava a boca pelo rosto dela. — E tens uma dúzia de sardas no nariz. Desejo‑te mais do que alguma vez desejei uma mulher. — A voz enrouqueceu. — Raios, não consigo compreender!
Quando a boca regressou à dela, Any sentiu o sabor da raiva. A língua penetrou fundo no momento em que a puxou mais contra ele. Pela primeira vez na vida, Any deu tudo: corpo, coração e mente.
Quando as mãos dele começaram a explora‑la, ela não ofereceu resistência e deixou‑as deambular. Ela sabia que a razão regressaria muito em breve. Puxou‑o mais, querendo encher‑se com o sabor dele. Passou os dedos pelos cabelos dele e depois desceu até aos músculos dos ombros e costas. Queria a força dele – uma força equivalente à sua.
Alfonso enfiou as mãos debaixo da camisa dela para lhe envolver os seios. A pele dela era extremamente macia – tão macia como o interior da boca. Ouviu‑a gemer quando os polegares roçaram nos mamilos. Ele sabia que era loucura, mas só queria possui‑la. O desejo impelia‑o como nunca acontecera antes. Alfonso sentia uma enorme tentação de a empurrar para o chão e de a possuir rápida e selvaticamente. Regressaria depois a sanidade?
Conseguiria a sua vida de volta?
Afastou‑a abruptamente e olhou fixamente para ela. A respiração de Any era rápida, e a vulnerabilidade que ela alegara era bastante evidente nos seus olhos.
— Preciso de ti — disse ele sucintamente. — Não gosto disso.
— Pois. — Ela acenou com a cabeça, compreendendo demasiado bem a sensação. — Nem eu.
— E se eu fosse ao teu quarto esta noite?
Prévia do próximo capítulo
— Não. — Any afastou o cabelo da cara com as duas mãos. Tinha de pensar, mas pensar era impossível quando ela só conseguia sentir. — Nenhum de nós está preparado. — Não tenho a certeza que tenhamos escolha. — Talvez não. — Any respirou profundamente e sentiu o equilíbrio come ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29
Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38
LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
AMEI ESSA WEB. -
annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15
adoro sua web, é demais
posta +++++++ -
annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53
vai desiste dessa web?
por favor continua vai -
annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38
posta +++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29
POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49
Q
U
E
R
O
M
A
I
S -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!! -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!!