Fanfics Brasil - Uma ultima noite AyA [terminada]

Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]


Capítulo: 16? Capítulo

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— A sério? — As sobrancelhas de Any ergueramse de curiosidade. — Esse vestido não me parece muito quente.


Beatrice lançoulhe um olhar de descrédito. — Tenho um vison para usar por cima. — Virouse e saiu da sala, sem perceber bem como é que tinha perdido a posição de superioridade.


— Meu Deus — resmungou Any. — Não sou mesmo uma tola?


— Uma tola muito astuta — salientou Alfonso. A mãe tinhaa irritado, disso não restavam dúvidas. Mas ela conseguira controlarse muito mais do que ele. E o olhar dela ainda continha vestígios de humor. Riuse subitamente.


— A tua avó acabou de ser confundida por uma perita — disse ele a Alison. — Guitarras orientais e século dezessete. — Abanou a cabeça.


— Há alguma coisa que esse teu cérebro enciclopédico não contenha? Any ficou pensativa por um momento.


— Não, não me parece. Alguma coisa que quisesses saber?


Ele inclinou a cabeça, divertido com o desafio. — Qual é a capital do Arcansas?


Alison deu umas risadinhas e sussurroulhe ao ouvido.


— Arcansas — murmurou Any. Olhou para o teto. — Arcansas… Centrosul dos Estados Unidos. Fronteira a norte: Missouri; fronteira leste: Mississípi e Tennessee; a sul: Louisiana; a ocidente: Texas e Oklahoma. Vigésimo quinto Estado desde Junho de mil oitocentos e trinta e seis. O Arcansas tem solo favorável para a agricultura, numerosos depósitos minerais que incluem a única mina de diamantes nos Estados Unidos e vastas


áreas florestais. O nome vem de uma tribo Siouan, a Quapaw. Não tem lagos naturais de relevância e tem um clima relativamente temperado. Ah, sim! — Levantou um dedo. — Little Rock é a capital, bem como a maior cidade. Baixou os olhos e sorriu alegremente para Alfonso. — Alguém está interessado em dar uma volta antes do jantar?


O clima em Palm Springs era seco, quente e soalheiro. Os criados da mansão Herrera eram bem preparados e solícitos. A comida era invariavelmente soberba. E a monotonia de tudo isso estava a dar com ela em doida.


Se Any pudesse ter amado menos Alfonso, poderia ter fugido. Mas à medida que os dias passavam, ela sabia que acrescentava anéis às correntes que a prendiam àquele lugar. O tempo que passava com Alfonso a fazer pesquisa era um estimulante, assim como o tempo que passava com Alison. Mas havia longas horas apenas de ócio e ela nunca conseguira


lidar muito bem com o ócio.


De noite, nos braços de Alfonso, permitiase esquecer de tudo o resto. Mas as horas que passavam juntos como homem e mulher eram demasiado fugazes. Quando ele saía da cama dela, ela ficava com demasiado tempo para pensar. Era difícil admitir que, com toda a educação sofisticada e idéias liberais, se sentia desconfortável em ter um caso amoroso.


Se o relacionamento pudesse ter sido mais aberto, talvez ela tivesse tido menos dúvidas. Mas tinha uma criança em que pensar. Já estavam em Dezembro. Para Any, o tempo estava a esgotarse. Mais um mês, talvez seis semanas, e a sua utilidade findaria. E depois?


– indagouse ao sair para o jardim. Quanto mais tempo poderia adiar pensar no futuro? Devia estar a agendar outra palestra para Janeiro. Devia informarse se a escavação Patterson iria iniciarse em Março, dentro do prazo previsto.


Enfiou as mãos nos bolsos e fitou uma palmeira. Precisava de sair dali, decidiu. Precisava de voltar a pensar em si. Tinha de escrever a tese de doutoramento. Fechou os olhos de encontro à luz do Sol.


Se não começasse já a fazer um corte, seria muito mais doloroso depois quando chegasse a hora. Como se sentiria Alfonso quando ela se fosse embora? Any saiu do pátio para o relvado. Sentiria como se tivesse perdido algo? Ou recordaria simplesmente os momentos que tinham passado juntos como um Outono agradável?


Sendo alguém que tinha o hábito de analisar o cérebro humano, achava estranho não conseguir compreender totalmente o de Alfonso. Talvez fosse porque para ela ele era mais importante do que qualquer outra pessoa. As emoções enublavamlhe a intuição e ela não conseguia ver com clareza. Só tinha certezas quanto a Alison.


Tinha o amor da criança. Era simples, sincero. Aos onze anos uma criança não tinha máscaras. Quantas terá ele – indagouse, pensando em Alofnso. Quantas tenho eu? Porque fazemos questão de as usar? Olhou novamente em redor para a relva bem aparada, para as árvores bem tratadas e flores organizadas. Tenho de sair daqui, pensou novamente. Não suporto muito mais a perfeição.


— Any!


Virouse e viu Alison correr na sua direção alguns passos à frente de Alfonso.


E quando eu for realmente, eles ter-se-ão um ao outro, refletiu. Pelo menos disso posso estar certa.


— Não conseguíamos encontrarte. — Alison agarroulhe na mão e sorriu para ela. — Queríamos que viesses nadar conosco.


O simples pedido desencadeou uma série de reações emocionais. Eles não te pertencem, lembrou a si mesma quando o coração começou a bater com mais força. Tens de parar de fingir que sim. Manteve os olhos na menina, nada disposta a lidar com um dos olhares intuitivos de Alfonso.


— Hoje não, querida. Ia agora fazer uma corrida.


— A natação exercita mais músculos — comentou Alfonso. — E não suamos.


Any levantou o olhar e cruzouo com o dele. Viu os olhos de Alfonso semicerraremse imediatamente e percebeu que ele pressentira que algo se passava. Ela não estava disposta a ser lida tão claramente. Sorrindo, deu um rápido apertão na mão de Alison. — Continuo a achar que prefiro correr. — Virou costas e afastouse.


— Passase alguma coisa de errado com a Any. — Alison olhou para o tio, mas ele estava a ver Any correr em direção ao muro que delimitava a propriedade. — Estava com uns olhos tristes.


Alfonso olhou para Alison. As palavras dela tinham espelhado os seus pensamentos. — Sim, estavam.


— Fomos nós que a pusemos triste, tio Alfonso?


A pergunta abalouo e ele ergueu os olhos a tempo de ver Any desaparecer pelo portão lateral. Teremos sido? A capacidade dela para sentir era muito maior do que a de qualquer outra pessoa que ele conhecia. Não significaria que a capacidade dela para sofrer seria igualmente grande? Alfonso abanou a cabeça. Talvez estivesse a exagerar e ela estivesse simplesmente de mau humor.


— Toda a gente fica de mau humor de vez em quando, Alison — murmurou ele. — Até a Any tem direito a isso. — Quando voltou a olhar para a menina, ela ainda tinha os olhos postos no portão. Alfonso penduroua ao ombro para a ouvir rir.


— Não me atire para a água! — Ela riase e contorciase.


— Atirarte? — ripostou Alfonso como se fosse uma coisa que não lhe tivesse passado pela cabeça. Aproximouse da piscina. — O que é que te leva a pensar que eu faria uma coisa dessas?


— Foi o que o tio fez ontem.


— Foi? — Olhou por cima do ombro em direção aos arbustos e muro. Any estava do outro lado. Isso felo sentirse desconfortável. Com um esforço, voltou de novo a atenção para Alison. — Detesto repetirme — disse, atirandoa para dentro da piscina.


Uma hora depois encontrou Any na sala de estar. A corrida não lhe tinha melhorado o humor. Viua andar de um lado para o outro, de janela em janela. Sentiu a inquietação dela.


— Estás a pensar fugir?


Any voltouse ao ouvir a voz dele. — Não te ouvi entrar. — Procurou uma descontração que não conseguiu encontrar e depois virou costas de novo. — Mudei de idéias — disselhe. — Este lugar não é um museu, é um mausoléu.


Alfonso ergueu uma sobrancelha e sentouse no sofá. — Porque não me dizes o que se passa, Any?


Quando ela se virou para ele, havia raiva no olhar. Era mais fácil sentir raiva do que desespero. — Como é que agüentas? — atiroulhe. — O Sol constante não te incomoda?


Ele estudoua por um momento, depois recostouse nas almofadas.


— Estás a tentar dizerme que estás irritada por causa do tempo?


— Não é o tempo — corrigiu ela. — O tempo muda. — Any desviou o cabelo do rosto com ambas as mãos. Sentia uma dor incomodativa na base do pescoço.


— Any. — A voz de Alfonso era baixa e razoável. — Sentate e fala comigo.


Ela abanou a cabeça. Não estava com vontade nenhuma de ser razoável.


— Espantame — continuou ela. — Espantame completamente que consigas escrever como escreves quando te isolaste de tudo. Ele ergueu de novo a sobrancelha.


— Achas que essa é uma afirmação rigorosa? Vivo num clima favorável, por isso isoleime de tudo?


— És tão pretensioso! — Ela virou costas de novo e cerrou as mãos em punhos dentro dos bolsos. — Estás aqui no teu pequeno mundo esterilizado sem fazeres a mínima idéia de como as pessoas vivem no mundo real. Não precisas de te preocupar com o fato de o teu frigorífico poder avariar


.— Any. — Alfonso esforcouse por manter a paciência. — Estás outra vez a divagar.


Ela virouse e fitouo. Porque é que ele não compreendia? Porque é que não conseguia ver o que estava subjacente a tudo aquilo? — Nem toda a gente pode criar fama e deitarse na cama.


— Ah, voltámos a isso. — Alfonso levantouse e aproximouse dela. — Porque é que consideras o meu dinheiro uma mancha no meu caráter?


— Não faço idéia de quantas manchas tens no caráter — retorquiu ela. — A minha objeção quanto ao teu dinheiro é que o utilizas para te isolares. —Do teu ponto de vista.


— Claro. — Ela acenou concordantemente com a cabeça. — Do meu ponto de vista, toda esta seção da Califórnia é uma afronta: golfe, peles, festas, jacuzzis…


— Com licença. — Alison estava parada à porta a olhar especada para os dois. Era a primeira vez que os via zangados. Alfonso sufocou uma resposta e virouse para ela.


— É alguma coisa importante, Alison? — A voz estava calma, mas os olhos não. — A Any e eu estamos a ter uma discussão.


— Estamos a ter uma briga — corrigiu Any. — As pessoas brigam, e eu nunca grito durante uma discussão.


— Está bem. — Ele anuiu com a cabeça a Any e depois olhou de novo para a sobrinha. — Estamos a ter uma briga. Importaste de nos dar alguns minutos para a terminarmos?


Alison deu um passo atrás mas hesitou. — Vão gritar um com o outro e tudo? — Havia mais fascinação do que preocupação na pergunta, e Alfonso reprimiu um sorriso.


— Sim — disselhe Any. Alison olhou mais uma vez para os dois e depois correu escada acima.


Alfonso riuse antes de se voltar para Any. — Aparentemente ela está satisfeita com a perspectiva de uma briga a sério.


— Não é a única.


Ele estudou Any por um momento. — Pois, posso ver que não. Talvez gostasses de atirar alguma coisa. Fica sempre bem.


— Qual preferes perder? — replicou ela, detestando o fato de ele estar controlado e ela não. — A jarra Ming ou a caixa Fabergé?


— Any. — Alfonso colocou as mãos nos ombros dela. Chega, pensou; já chega. — Porque não te sentas e me dizes o que realmente se passa?


— Não te armes em condescendente, Alfonso. — Afastouse dele, bastante irritada. — Já me basta a tua mãe.


Havia pouco que ele pudesse responder àquilo, já que sabia que era verdade. O que ele ainda não sabia era que as atitudes de Beatrice afetavam Any. Talvez ainda houvesse muito a saber sobre Any. E talvez a altura certa para as saber fosse quando ela estivesse suficientemente alterada para baixar a guarda.


— A minha mãe não tem nada a ver conosco, Any. — A voz dele tinha suavizado, mas ele não se aproximou dela.


— Ah, não? — Any abanou a cabeça. Como era possível que ele não reparasse nem compreendesse o quão difícil era fazerem amor numa casa em que ela tinha de lidar com constantes reprovações? — Bem, esse é um pequeno ponto de desentendimento. Temos outros.


— Que são?…


— Não te preocupa que a principal preocupação na cabeça da Alison daqui a cinco anos seja que vestido hade usar?


— Por amor de Deus, Any! Do que é que estás a falar? — A frustração felo exaltarse tanto quanto ela. — Não te importas de ir ao cerne da questão?


— Questão?! — Ela já estava aos gritos, furiosa pela incapacidade de exprimir os seus sentimentos e pela incapacidade dele para compreender o que ela estava a tentar dizer. — Que questão pode haver quando não tens qualquer noção de como me sinto nem do que preciso? — Abanou de novo a cabeça. — Não vale a pena, Alfonso. Não vale mesmo. — Saiu a correr pela porta do pátio.


Dez minutos depois estava sentada sob um carvalho no canto norte do relvado a tentar controlar as emoções. Detestava perder as estribeiras. Nada do que dissera a Alfonso fizera qualquer sentido – nem para ele, nem para si mesma. A honestidade forçavaa a admitir que era um medo primitivo que a impedia de dizer o que lhe ia no coração. Amavao demasiado para ter paz de espírito.


Coração ou intelecto – a qual dos dois devia dar ouvidos? O intelecto dizialhe que ela não devia amalo. Ele não a amava. Desejavaa, precisava dela, talvez se preocupasse com ela. Tudo palavras brandas e fracas comparadas com amor. O intelecto lembravaa de que havia demasiadas diferenças fundamentais entre eles que tornavam impossível mais do que uma relação passageira. O intelecto afirmava que estava na hora de se lembrar das prioridades – do doutoramento, do trabalho de campo. Estava na hora de fazer as malas e regressar.


Mas o coração dizialhe que o amava. Estava dividida entre os dois – coração ou intelecto – e não era capaz, talvez pela primeira vez na vida, de tomar uma decisão clara.


Levantou as pernas e encostou a testa nos joelhos. Quando ouviu Alfonso sentarse ao seu lado, não se mexeu. Precisava de mais algum tempo, e ele, pressentindo isso, não disse nada. Ficaram sentados lado a lado, mas não suficientemente perto para se tocarem, enquanto um passarinho começava a cantar nas folhas mesmo acima das suas cabeças. Ela suspirou.


— Desculpa, Alfonso.


— Pela forma, mas não pelo conteúdo? — retorquiu ele, lembrandose da outra vez em que ela tinha pedido desculpas.


Ela deu uma rápida gargalhada mas manteve a cabeça apoiada nos joelhos. — Não tenho a certeza.


— Acho que não me importo que gritem comigo desde que eu saiba o motivo.


— Culpa a Lua — murmurou ela. Mas ele pôslhe uma mão debaixo do queixo e levantouo.


— Any, fala comigo. — Ela abriu a boca, mas ele interrompeua antes de ela poder começar. — Fala mesmo a sério — acrescentou ele em voz baixa. — Sem as evasões sagazes. Se eu não te conheço nem sei do que precisas, talvez seja porque fazes os possíveis para me impedir de o descobrir.


Os olhos dela estavam muito claros e fixos nos dele. — Tenho medo de te deixar entrar mais do que já deixei.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 30



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  • Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29

    Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))

  • kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38

    LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
    AMEI ESSA WEB.

  • annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15

    adoro sua web, é demais
    posta +++++++

  • annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53

    vai desiste dessa web?
    por favor continua vai

  • annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38

    posta +++++++++++++++++++
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  • mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05

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  • mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29

    POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49


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  • vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41

    AMEIIIII
    POSTA MAIS!!!!!!!!!!!

  • vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41

    AMEIIIII
    POSTA MAIS!!!!!!!!!!!


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