Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]
Alfonso chegou à conclusão de que não se estava a habituar a Any com o passar do tempo, mas que cada vez se sentia mais intrigado com ela. A elegante cooperativa que dava para o Central Park estava apinhada de membros do mundo literário: escritores, editores, agentes literários. Mas ela era o vórtice. Outras mulheres cintilavam com jóias, diamantes, safiras,
esmeraldas. Ela não precisava de nada disso.
Estava sentada no braço de um cadeirão, bebericando champanhe e rindo com Simon Germaine, o presidente de uma das principais editoras do país. J. R. Richards estava debruçado sobre o ombro dela. Ia no quarto de uma série de romances de grande sucesso que tinham sido transpostos com enorme êxito para o cinema. Ao lado dela estava Agnes Greenfield, uma das melhores e mais implacáveis agentes do ramo. Ela representava Alfonso há dez anos e ele percebeu que era a primeira vez que a via sorrir. Enquanto
a observava, Any pousou uma mão no ombro de Germaine e disse‑lhe algo que o fez atirar a cabeça para trás e rir às gargalhadas.
Os olhos de Any levantaram‑se e encontraram Alfonso no meio da multidão. Ela sorriu lentamente enquanto levantava o copo para mais um gole. Uma onda de desejo percorreu‑o, fazendo‑o quase perder o equilíbrio.
Como é que ela faz isto? – indagou‑se. Como é que me faz deseja‑la desta forma quando ainda há pouco a possuí? Quando é que me vou dar por satisfeito? Pôs as questões de parte e indagou‑se quanto tempo ainda faltaria para poderem sair dali e poder te‑la de novo só para si.
— O cisma cada vez maior entre a literatura elitista e popular tornou difícil para o leitor comum desfrutar de uma leitura agradável e leve sem se sentir culpado.
Any ergueu o sobrolho a J. R. quando Alfonso se aproximou. —Eu li os seus livros todos e tenho a consciência tranqüila. — Bebericou o champanhe e sorriu para Alfonso.
J. R. demorou algum tempo antes de começar a rir por entre dentes. — Acho que acabaram de me pôr no lugar. Sinto‑me tentado a começar a colaborar se conseguir encontrar uma parceira como esta, Alfonso.—Tenho estado a tentar convencer a Any a escrever um livro.
— Germaine emborcou o whisky sem pestanejar. Tinha uma cara redonda e vermelha e um bigode grisalho sobre o lábio. Any achou que ele se parecia ligeiramente com um apresentador de programas infantis da televisão que ela via quando era criança.
— Agradeço, Simon. — Any prendeu os caracóis atrás das orelhas e cruzou as pernas. — Mas sempre achei que ser‑se escritor significava ser‑se frugal com as palavras. Eu sou muito pródiga com as minhas.
— É realmente uma ótima contadora de histórias, Any. — Deu‑lhe umas palmadinhas amigáveis no joelho e ela viu Alfonso erguer uma sobrancelha. — Tenho editores para lidar com o excesso.
— E sou temperamental. — Any terminou o champanhe e entregaram‑lhe imediatamente outra taça. — Obrigada. — Lançou um sorriso amigável a J. R.
— Que escritor não é? — Germaine bufou e puxou de um charuto.
— És temperamental, Alfonso?
— Por vezes.
— Eu sou uma colaboradora sempre difícil, o que, pelo menos, me torna previsível — interpôs Any.
— Se há coisa que descobri é que não és nada previsível. — Alfonso ergueu a taça de champanhe.
— O elogio perfeito. Alfonso, está ali um caviar com ótimo aspecto. Não me sentiria bem se não me empanturrasse.
Atravessaram a sala até um bufete suntuosamente preparado. Alfonso observou Any pôr caviar numa tosta. — Tu e o Germaine parecem ter‑se entendido muito bem.
— Ele é um querido — disse Any de boca cheia. Já estava a pegar noutra tosta. — Deus! Estou a morrer de fome! Sabes que horas são, de acordo com o horário da costa oeste? Comemos no avião? Nunca me lembro do que acontece a trinta mil pés de altitude.
— Querido? — repetiu Alfonso, ignorando o resto. O adjetivo aplicado a Germaine foi suficiente para lhe prender a atenção. — Acho que nunca tinha ouvido ninguém descreve‑lo nesses termos.
— Ah, já ouvi as histórias. — Any começou a procurar outra coisa e encontrou uma travessa de camarões. — O paraíso — murmurou ela por entre dentes, espetando um com um palito. — É suposto ele ser rijo como couro e mau como um cão esfaimado. O que é isto? — Apontou para outra travessa.
— Língua de vaca.
— Vamos passar isso — decidiu. Serviu‑se de mais um camarão.
— Eu gosto dele.
— Aparentemente, o sentimento é mútuo.
Any sorriu e parou o tempo suficiente para beber um pouco de champanhe.
— A tua sensibilidade foi atingida quando ele pôs a mão em cima do meu joelho. Ficas terrivelmente querido quando és reservado e convencional, Alfonso. Ficarias extremamente embaraçado se eu te beijasse neste preciso momento?
Ela estava a pica‑lo e ele sabia. Com firmeza, agarrou‑a pela nuca e puxou‑a. Os olhos dela riram‑se para ele antes de ele lhe dar um beijo longo e violento. Ela tinha o sabor forte e exótico da comida do bufete. Quando a afastou, Any ainda estava a sorrir.
— O caviar é bom, não é?
— Aparentemente, é algo de que gosto bastante.
Any virou‑se e cobriu outra tosta. — Come mais um pouco — convidou com um sorriso provocador. — Nem eu consigo fartar‑me.
Alfonso deu uma dentada na tosta que ela lhe levou à boca. — Quero‑te fora daqui — disse‑lhe em voz baixa. — Quero‑te a sós, onde possa arrancar‑te essa roupa, peça a peça.
— Uma proposta interessante — murmurou Any, levando um dedo à gravata dele. — Posso fazer‑te o mesmo?
— Deves.
— Alfonso! — Uma mulher robusta, na casa dos quarenta e desavergonhadamente loura e curvilínea, aproximou‑se dos dois. Any reconheceu‑a de fotos dos jornais como sendo Serena Newport, uma romancista de renome que escrevia livros cheios de homens bons e de sexo.
Serena beijou Alfonso em ambas as faces. — Não costumas aparecer nestas coisas — queixou‑se ela. — Eu gosto de ser vista com homens de classe.
— Serena. É um prazer rever‑te.
— E quem é esta? — Olhou intensamente para Any. — Deus! Magra como um palito e extremamente atraente! Se eu ficar aqui demasiado tempo, vou acabar por parecer um elefante albino. És escritora, querida? Quem é que te pinta o cabelo?
— Uma fã, e o cabelo é natural.
— Deus, que horror! — Pôs a mão na anca larga e abanou a cabeça.
— Não a parte da fã, mas a do cabelo. É natural? Terrivelmente injusto. E és fã de quem? Do Alfonso ou minha?
— De ambos. — Any estava a gostar cada vez mais dela.
Serena riu‑se. — Isso é muito invulgar. Não é qualquer pessoa que lê Última Abstinência e A Vitoria da Paixão, pois não, Alfonso?
— A Any é invulgar, Serena. Serena Newport, Anahí Portillo.
— E o que fazes? Já sei. — Levantou uma mão antes que Any pudesse responder. — Não me digas… és modelo.
Any sorriu, divertida.
— Não… atriz — afirmou ela, mudando de idéias. — Tens um rosto bastante expressivo.
— Obrigada, mas não sou atriz profissional. Só em situações do dia‑a‑dia.
— E inteligente também — murmurou Serena. — Não és uma agente que está a tentar tirar o Alfonso à Agnes?
— Não, se dou valor à vida — respondeu Any.
— Bem, querida, estou fascinada e completamente desorientada. — Serena fez sinal a um empregado que estava de passagem e agarrou numa taça de champanhe. Tinha os dedos cheios de anéis com enormes pedras preciosas, e as unhas eram de um vermelho‑vivo. — O que fazes, então?
— Sou antropóloga.
— Estás a brincar. — Serena olhou para Alfonso para confirmar. — Ela está a brincar?
— Não farias essa pergunta se a questionasses sobre os rituais tribais dos Sioux — respondeu Alfonso, e terminou a bebida.
— Não me digas!
— A Any está a colaborar comigo num livro.
— Humm. — Serena bebeu um bom gole de champanhe. — Por acaso não sabes nada de interessante sobre os Algonquinos, sabes, querida?
— Originalmente uma tribo da América do Norte que foi dispersa pelos Iroqueses no século dezessete. A maioria implantou‑se no Quebeque e Ontário — retrucou Any.
— Destino! — exclamou Serena, agarrando no braço de Any. — Acreditas no destino, querida?
Amy olhou para Alfonso e sorriu. — Por acaso, acredito.
— Acabo de iniciar um livro. A primeira parte passa‑se em Inglaterra, mas na segunda o meu aristocrata falido vai para as colónias. Está meio faminto e quase a morrer quando encontra um grupo de Algonquinos. Eles não iriam escalpa‑lo nem fazer nada de horrível, pois não?
Any sorriu. — Muitos dos Algonquinos foram durante algum tempo amigos dos brancos. Depende de que tribo está a falar. Contudo…
— Perfeito. Maravilhoso. — Serena enfiou o braço de Any no seu. — Vou rouba‑la por uma hora, Alfonso. É bom de mais para perder esta oportunidade. Toma mais um bocado de champanhe. — Deu‑lhe uma palmadinha maternal na bochecha. — Mando‑ta de volta quando terminar.
Any olhou para trás e encolheu os ombros enquanto era arrastada.
…
— Foi a primeira vez que conheci alguém que consegue falar mais do que eu — disse Any mais tarde. Encostou‑se no banco traseiro do táxi e aninhou‑se na curva do braço de Alfonso. — Reconheço‑o com humildade.
— Pensei seriamente em estrangula‑la depois da primeira hora. — Ela estava perto e o aroma dos seus cabelos pairava sobre ele. Any estava quente e ligeiramente ensonada, e um pouco alegre do champanhe. Ele desejava‑a. — Ela massacrou‑te durante duas horas e dez minutos.
Any riu baixinho. — É uma pessoa maravilhosa.
— Também sempre achei, até esta noite.
— Ela gosta muito de ti. — Any sorriu para ele. — Disse‑me que eras um escritor maravilhoso e um homem encantador, especialmente quando te esqueces de ser educado. - Riu‑se quando o viu erguer a sobrancelha.
— Eu tive de concordar com ela.
— Se os livros da Serena forem um barómetro, ela prefere um tipo mais… rudimentar.
— Oh, Alfonso! Adoro quando te armas em fino. — Mordiscou‑lhe a orelha. — Porque não me beijas outra vez como me beijaste na festa? Tipo macho dominante.
— Raios te partam, Any. — Estava a rir quando cobriu os lábios dela.
— Ui! Trata‑me mal e eu sou tua — murmurou ela.
— Tem cuidado — avisou ele, sentindo‑se cada vez mais excitado apesar da brincadeira. - Perdi a paciência há uma hora.
Any riu‑se outra vez e encostou a cabeça zonza no ombro dele. E ele ardia de desejo por ela, ardia com uma intensidade que só ela podia satisfazer. Ela suspirou e aconchegou‑se. — Serena Newport, A Mulher de Chesterfield.
Ela estava mais do que alegre com o champanhe, percebeu Alfonso.
Estava praticamente embriagada. — Any, estás com os copos — disse ele, divertido.
— Bem dito — concordou ela. — Vocês escritores têm bastante jeito para as palavras. — Aproximou a boca da dele. — Vais aproveitar‑te da minha condição?
— Claro.
— Ah, ainda bem. — Colocou os braços em volta do pescoço dele. — Começa agora.
O táxi encostou e Alfonso desenleou‑se. — Acho que é melhor pagar primeiro ao taxista.
— Detalhes. — Any saiu para o passeio com a ajuda do porteiro. O ar frio, ainda cheirando a neve, chicoteava‑lhe as faces. Mas em nada contribuiu para lhe clarear as idéias. — Alfonso. — Deu‑lhe o braço quando ele chegou ao pé dela. — Acabo de me lembrar de uma coisa que me disseste no táxi sobre o barómetro da Serena. Isso quer dizer que lês os livros dela?
— Claro que leio os livros dela. — Alfonso conduziu Any através das portas e do átrio do hotel. — Isso surpreende‑te?
— Estou pasmada.
— O que é de pasmar é que consigas agüentar‑te de pé — ripostou ele, premindo o botão do elevador.
— Mas, Alfonso, tenho dificuldade em imaginar‑te a ler A Mulher de Chesterfield. — Any deixou‑se arrastar para dentro do elevador.
— Porquê? — Ele premiu o botão do andar correspondente e puxou‑a para os braços. — Citando o Germaine, ela é uma ótima contadora de histórias.
Alfonso começou a beija‑la com uma fome rápida e desesperada que a fez perder o equilíbrio. Ela ficaria tonta, mesmo sem o champanhe. Any sentiu a seda fria contra a pele quando ele passou a mão pelas suas costas.
Foi aquecendo lentamente, até ficar totalmente rendida nos braços dele. Paixão temperada com vinho efervescia com o toque dele. A boca dela era macia sob a dele, e a língua dele entrou em busca da dela. As coxas dela estremeciam com desejo e a cabeça não parava de girar. Ela estava zonza, excitada e mole. Já não conseguia agarrar‑se e entregou‑se por completo.
— Céus, Any. Nunca vi um elevador tão lento. — Enterrou a cara nos cabelos dela e tentou recuperar a própria sanidade. Ela estava tão maleável, tão completamente disposta a que ele a amasse; Alfonso sentiu‑se incrivelmente forte. Nunca pensara que até a fraqueza dela o pudesse excitar quando tinha sido precisamente a força que o atraíra a princípio.
A porta do elevador abriu‑se e ele conduziu‑a pelo corredor.
Prévia do próximo capítulo
— Alfonso. — Any virou‑se de novo para ele, encostando‑se com o rosto levantado. Os olhos dela estavam turvos, mas percebia‑se o sorriso. — O que foi? — Lembras‑te o que o Chesterfield faz à Melanie no capítulo oito mesmo antes de o navio ser atacado pela fragata britânica? Ele sorriu, lembrando‑se ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29
Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38
LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
AMEI ESSA WEB. -
annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15
adoro sua web, é demais
posta +++++++ -
annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53
vai desiste dessa web?
por favor continua vai -
annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38
posta +++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29
POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49
Q
U
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R
O
M
A
I
S -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!! -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!!