Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]
Alison levantou‑se e saiu apressadamente da sala levando consigo a
bola de vidro.
— Às vezes és tão transparente, Anahí. — Alfonso levantou‑se e aproximou‑se
dela. — Ias chorar e não querias faze‑lo à frente da Alison. Nem
à minha.
— Foi maravilhoso, o que tu fizeste.
— A Alison esteve comigo no Natal passado e não me ocorreu nada
disto. — Levantou o queixo de Anahí e beijou‑a.
— Não me faças chorar, Alfonso. É véspera de Natal.
— Já tenho! — Alison entrou a correr. Tinha uma caixa de agulhas e
um novelo de fio.
— Meio caminho andado. — Anahí dirigiu‑se a ela e depois virou‑se
para Alfonso. — Vens?
— Não perdia por nada.
Quando se aproximavam da porta da cozinha, Alfonso disse: — Sabes,
não sei se o François vai aceitar isto. A cozinha dele é sagrada.
— É canja — murmurou Anahí quando entraram.
François virou‑se e fez uma pequena vénia. Não tinha o chapéu branco
que Anahí esperara ver, mas tinha um bigode. — Monsieur. — Fez uma
vénia a Alfonso. — Em que posso ajuda‑lo?
— François. — Alfonso aguardou um momento. Já tinha assistido a
vários ataques de nervos ao longo dos anos. — Precisamos de fazer uma
coisa para a árvore de Natal.
— Oui, monsieur?
— Vamos fazer cordões de pipocas.
— Pipocas? Quer fazer essas pipocas na minha cozinha? — Antes
que Alfonso pudesse responder, François desatou a disparatar num francês
indignado.
— François?
Ele virou‑se e fez uma vénia rígida. — Mademoiselle?
Anahí sorriu para ele. — Votre cuisine est magnifique — começou ela,
continuando a falar fluentemente em francês. Elogiou‑lhe a comida, o fogão,
as bancadas, provou a sopa que ele tinha ao lume enquanto ele se juntava
apaixonadamente à conversa. Anahí mostrou‑se entusiasmada com a
perfeição do material de cozinha e com os talheres.
Quando terminou, ele beijou‑lhe cordialmente a mão, fez novamente
uma vénia a Alfonso e saiu da cozinha.
— Bem! — Alfonso olhou para a porta fechada e depois de volta para
Anahí. Viu‑a pegar num tacho e coloca‑lo sobre o fogão. — Onde é que
aprendeste a falar francês dessa maneira?
— A minha companheira de quarto da faculdade era formada em
línguas. Onde está o milho?
Ele aproximou‑se dela, ignorando a pergunta. — O que é que lhe disseste?
Sempre achei que o meu francês era bom, mas não percebi nada do
que vocês dois disseram.
— Apenas umas coisitas. — Anahí sorriu. — Disse‑lhe que tu querias
que ele e o restante pessoal da cozinha tirassem a noite. Tens milho, não
tens?
Alfonso riu‑se e abriu um armário sob a bancada. — Consegui enfia‑lo
aqui correndo grande risco.
— És um valente, Herrera. — Tirou‑lhe o saco da mão. — Preciso de
óleo. — Alfonso fez sinal a Alison para que o fosse buscar e depois apro11
ximou‑se e sussurrou uma rápida frase em francês ao ouvido dela. Anahí
sorriu. — Estou chocada — murmurou. — Interessada, mas chocada. Acho
que não te vou perguntar onde aprendeste isso.
Daí a instantes podia ouvir‑se o milho a estourar. Alison estava sentada
na mesa, de pernas cruzadas, a cortar cuidadosamente pedaços de fio.
Alfonso estava sentado em frente a observa‑la. Quando fora a última vez que
ouvira aquele som? – indagou‑se. Na faculdade? Não, em casa do irmão; há
uns cinco ou seis anos. Talvez Anahí estivesse certa. Ele tinha‑se isolado.
— Outra obra de arte — declarou Anahí, despejando as pipocas para
dentro de uma taça. — Não falhou nenhum grão.
Alfonso enfiou as mãos na taça. — Onde está a manteiga? — perguntou.
A mão de Alison roçou na dele quando mergulhou também a dela.
— Agarrem numa agulha — disse‑lhes Anahí.
Trabalhavam em constante algazarra. Alison matraqueava continuamente
enquanto comia pipocas. O seu cordão não parava de crescer. A
Anahí parecia que já faziam aquilo há muitos Natais e que iriam continuar
a faze‑lo. Mas sabia que não era assim e estremeceu.
— Tens frio? — perguntou‑lhe Alfonso.
— Não. — Ela tentou afastar a sensação. — Foi só um arrepio. Não
estás a sair‑te lá muito bem, Alfonso — disse ela para mudar de assunto.
— Preciso de incentivo.
— O meu vai ser o mais comprido — afirmou Alison. — Vai ter cem
quilómetros de comprimento.
— Não ponhas o carro diante dos bois — avisou Anahí. — Como é
que fazes isso, Alfonso? — perguntou ela, observando‑o com atenção. — É
uma coisa natural ou adquiriste com a prática?
Alfonso abanou a cabeça, confuso e divertido.
— Estou a falar de levantares a sobrancelha — explicou Anahí. — É
maravilhoso. Adorava ser capaz de o fazer, mas as minhas funcionam em
simultâneo. Vamos fazer chocolate quente. — Levantou‑se de um salto e
começou a vasculhar os armários. Alfonso largou o cordão e observou‑a.
— Anahí, chega aqui um minuto.
— Alfonso, preparar chocolate quente exige concentração e cuidado.
— Mediu o leite. Ele atravessou a cozinha, agarrou‑a pelo braço e puxou‑a
até à porta. Apontou com um dedo para cima. Anahí sorriu ao ver o azevinho.
— É verdadeiro? — perguntou.
— Sim — assegurou‑lhe ele.
— Bem, nesse caso… — Tocou com os lábios ao de leve nos dele.
— Assim é como beijam nos filmes — comentou Alison, enfiando
mais uma pipoca.
— Tens toda a razão — concordou Alfonso antes que Anahí pudesse
comentar. Puxou‑a de novo para os braços e cobriu a boca dela com a sua.
O beijo prolongou‑se e a sua doçura fez Anahí ter vontade de chorar. Agarrou‑se
bem a ele. Recordar‑se‑ia daquele beijo acima de todos os outros.
— Assim foi muito melhor — afirmou Alison quando Anahí se afastou.
— Terminei o meu cordão.
Mais tarde regressaram de novo à sala de estar. Alison aconchegou‑se
no sofá ao lado de Alfonso com a guitarra de Anahí no colo. Anahí observava
as cores das luzes da árvore iluminarem o rosto da menina que estava
prestes a adormecer.
— Ela teve um dia longo — murmurou Anahí.
— Estou desejoso de ver a cara dela quando abrir amanhã os presentes.
— Alfonso tirou a guitarra dos braços de Alison e entregou‑a a Anahí.
— O teu presentinho está bem escondido?
— O Charles está a guardar o meu presentinho na garagem e acho
que não vai conseguir separar‑se dele com facilidade. — Levantou‑se. —
Vou levar a Alison para cima e deita‑la na cama.
— Eu faço isso. — Alfonso pegou na sobrinha e levantou‑se. — Porque
não pões uma musiquinha?
Quando ele já tinha saído, Anahí dirigiu‑se ao armário que tinha a
aparelhagem. Chopin, decidiu, examinando os álbuns. Era noite para romance.
A casa estava em silêncio. Os criados já se tinham recolhido. Beatrice
estava numa festa. Parecia que só estavam os três em casa. Anahí suspirou
ao colocar o disco no gira‑discos. Pelo menos naquela noite podia
fingir que era verdade. Deslocou‑se até à janela, abriu as cortinas e olhou lá
para fora. A Lua estava cheia, a noite límpida. Encontrou Pégaso de novo
e ficou a admira‑la. Quando ouviu as portas fecharem‑se silenciosamente,
virou‑se. Viu Alfonso tranca‑las.
— Ela ficou bem? — O seu coração estava a começar a acelerar. Tola,
pensou. Até parece que é a primeira vez que estou com ele.
— Ficou muito bem. Nem sequer acordou. Tu também dormes assim.
— Alfonso atravessou a sala e pousou sobre o bar a garrafa de vinho que
trazia. — Profundamente, como uma criança. — Abriu o vinho e depois
dirigiu‑se à lareira a gás. Ajoelhou‑se e acendeu‑a. — Agora podes fingir
que está a nevar. — Sorriu para ela.
— Tu consegues ler‑me os pensamentos, não consegues?
— Às vezes. — Depois de servir dois copos, regressou para a frente da
lareira e sentou‑se. Estendeu‑lhe uma mão. Anahí segurou‑a e instalou‑se
ao lado dele. — Como te sentes? — perguntou quando ela se encostou a
ele.
— Como se estivesse rodeada de neve — murmurou ela, aceitando
o vinho que ele ofereceu. — Aconchegada numa cabana nas Montanhas
Adirondack, longe do mundo e dos seus problemas.
— E há espaço para mim na cabana?
Ela inclinou a cabeça e sorriu para ele. — Sempre.
— Teríamos lenha — disse ele em voz baixa tirando‑lhe o copo da
mão. — E vinho. — Dobrou‑se para lhe beijar o canto da boca. — E um ao
outro. — Empurrou‑a suavemente para o chão. — Não precisaríamos de
mais nada.
— Pois não. — Anahí fechou os olhos quando ele a abraçou com força.
— De mais nada.
Ela perdeu‑se no toque dele, no sabor dele. O corpo e mente estavam
em completa harmonia e pertenciam ambos a Alfonso. Algures ao longe o
relógio tocou as doze badaladas e já era dia de Natal.
Quanto tempo se amaram naquela noite, Anahí nunca saberia. Nenhum
dos dois quisera destrancar a porta e expor‑se ao resto do mundo. A
certa altura, quando estavam adormecidos nos braços um do outro, Alfonso
acordara ao ouvir a mãe entrar em casa. Depois a casa ficara de novo em
silêncio. Só deles. Ele virou‑se para Anahí e acordou‑a lentamente até ela
estremecer de desejo por ele e ele por ela. Havia a luz do fogo e das cores da
árvore e o aroma a pinha. O vinho aqueceu.
Anahí adormeceu de novo e acordou meio zonza quando Alfonso a
pegou ao colo.
— Eu levo‑te para cima — murmurou ele.
— Não quero deixar‑te. — Encostou a cara no pescoço dele. — As
noites são demasiado curtas. Têm horas a menos.
Depois adormeceu novamente, tão profundamente como Alison
quando ele levara a menina para o quarto.
…
A manhã chegou depressa de mais. Só a sua determinação e o entusiasmo
de Alison impediram Anahí de voltar a aninhar‑se debaixo dos
lençóis. A sala arrumada e formal depressa se encheu de papel rasgado, de
caixas e fitas descartadas. Um cachorrinho cocker spaniel, presente de Anahí
para Alison, corria em volta da árvore enquanto Alison se encontrava,
estupefacta, com uma guitarra nova, prenda do tio, ao colo.
— Não devias ir acordar a tua mãe, Alfonso? — sussurrou Anahí, desviando
uns pedaços de papel amarrotado.
— Às seis da manhã? — Ele riu‑se e abanou a cabeça. — A mãe não
se levanta antes das dez, seja ou não Natal. Depois tomaremos um pequeno‑almoco
bastante civilizado.
Anahí franziu o nariz e agarrou num embrulho. — Já era altura de eu
também ter um — disse ela, sabendo que o presente era de Alison. — Ouvi
muito burburinho acerca disto — disse, desatando lentamente o laço. — Vi
muitos olhares de cumplicidade. — Alison mordeu o lábio inferior e olhou
para Alfonso. — Como esse — afirmou Anahí, rasgando o papel com um
floreado. Ao abrir a caixa, encontrou um cachecol de lã verde‑claro.
— Foi o primeiro presente que já fiz — disse Alison ansiosamente.
— Rose, a ajudante de cozinha, ensinou‑me. Mas cometi alguns enganos.
Anahí tentou levantar os olhos, tentou falar, mas não conseguiu. Acariciou
com as pontas dos dedos o cachecol tricotado.
— Gostas?
Anahí ergueu os olhos e acenou afirmativamente com a cabeça. Os
olhos já estavam cheios de lágrimas.
— As mulheres — disse Alfonso, prendendo o cabelo de Alison atrás
da orelha. — Algumas mulheres — corrigiu ele — têm tendência para chorar
quando estão particularmente felizes. A Anahí é uma delas.
— A sério?
— A sério — conseguiu Anahí dizer, e respirou fundo. — Alison, é o
presente mais maravilhoso que já recebi. — Abraçou com força a criança.
— Obrigada.
Prévia do próximo capítulo
— Ela gostou mesmo — disse Alison, sorrindo para Alfonso por cima do ombro de Anahí. — Acha que ela vai chorar se lhe dermos o seu? — Porque não descobrimos? — Alfonso pegou numa pequena caixa cúbica que estava debaixo da árvore. — Claro que ela pode não estar interessada em mais presentes. — C ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29
Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38
LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
AMEI ESSA WEB. -
annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15
adoro sua web, é demais
posta +++++++ -
annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53
vai desiste dessa web?
por favor continua vai -
annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38
posta +++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05
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mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29
POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49
Q
U
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R
O
M
A
I
S -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!! -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!!