Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]
Os olhos de Beatrice faiscavam, mas ela manteve a dignidade. Anahí
viu‑se forçada a admira‑la por isso. — O Harry Rhodes telefonou. Precisa
de te ver dentro de uma hora para tratarem de negócios. Disse que é bastante
urgente.
— Está bem. Obrigado.
— Enfureceste‑a, Alfonso — comentou Anahí quando Beatrice se retirou.
— E provavelmente vou enfurece‑la muito mais — reflectiu ele. Estava
na hora de fazer algumas mudanças, pensou. Algumas mudanças definitivas.
A casa era herança sua, mas talvez fosse mais sensato entrega‑la à mãe
e levar Alison para outro lugar qualquer. E Anahí… Anahí era outro assunto.
Bem, tinham a noite toda para discutir o assunto, decidiu puxando‑a de
novo. — Se estiveres pronta quando eu regressar da conversa com o Harry,
podemos começar cedo.
— Conversa depressa — disse‑lhe Anahí.
…
Anahí tinha acabado de secar o cabelo quando bateram à porta do quarto.
— Entre. — Abriu a porta do guarda‑roupa. Novamente o vestido
verde? – indagou‑se, pegando nele. — Olá, Millicent.
A criada espreitou à porta. — Menina… — Millicent cruzou as mãos
e fez um ar desconfortável. — A Sra. Herrera gostaria de lhe falar… no quarto
dela.—
Agora? — Anahí passou os dedos pelo tecido do vestido que tinha
nas mãos.
— Sim, por favor.
É melhor tratar disto de uma vez por todas, pensou, voltando a pendurar
o vestido no guarda‑roupa. Ia ser desagradável. Se ela não soubesse já, a
cara da criada dizia tudo.
— Está bem, vou já.
Millicent clareou a voz. — É suposto leva‑la comigo.
Anahí suspirou. Não podia censurar a criada. — Podes ir à frente
— disse, seguindo‑a.
Millicent bateu à porta de Beatrice, rodou a maçaneta e depois afastou‑se
rapidamente. Anahí inspirou profundamente uma última vez e entrou.
— Sra. Herrera?
— Entre, Menina Puente. — Beatrice estava sentada à escrivaninha
cor de marfim e não se virou. — E feche a porta.
Anahí obedeceu e sentiu uma necessidade súbita de um cigarro. O
quarto era opressivo e tão difícil de suportar como a mulher. — Em que
posso ser‑lhe útil, Sra. Herrera?
— Sente‑se, Menina Puente. — Gesticulou com a mão em direcção a
uma cadeira eduardiana. — Temos de ter uma conversa.
Anahí sentou‑se e aguardou o inevitável.
— Esticou o seu tempo aqui o mais que pôde. — Beatrice virou‑se
então para ela e cruzou os braços sobre a mesa.
— Está preocupada com a pesquisa do Alfonso, Sra. Herrera? — Hoje
ela não vai atingir‑me, disse para si mesma. É o meu último dia. — Porque
não vai direita ao assunto e nos poupa tempo, Sra. Herrera? — disse em voz
alta.
— Estive a verificar as suas credenciais. — Beatrice batucou com uma
caneta de ouro no tampo da mesa. Era o único sinal exterior de emoção.
— Parece que se considera uma perita na área.
— Andou a investigar‑me. — Anahí sentiu a fúria aumentar e tentou
conte‑la.
— Ao faze‑lo, fiquei a saber que é neta de Samuel Puente. Eu conheço
a filha dele, sua tia. Há alguns anos houve um escândalo envolvendo o seu
nome. Um incidente bastante infeliz. — Batucou de novo com a caneta.
— Uma pena não ter ficado com a sua tia em vez de ter sido criada pelo
seu avô.—
Por favor. — A voz de Anahí tinha baixado de tom. — Não me
enfureça.
Beatrice reparou que tinha irritado Anahí. Fora esse o seu primeiro
objectivo. — Não constava no testamento do seu avô paterno.
— Andou a investigar bastante.
— Sou uma mulher meticulosa, Menina Puente.
— Mas que não vai rapidamente ao que interessa.
— Então, vamos ao que interessa — concordou Beatrice. — Aparentemente
não tem problemas de ordem financeira, mas não é propriamente…
— Podre de rica? — sugeriu Anahí.
— No seu vernáculo — concedeu Beatrice. — A sua estada aqui tem
sido um negócio muito lucrativo para si. É bastante compreensível que persiga
as possibilidades de futuras recompensas caindo nas boas graças do
Alfonso e da Alison.
— Futuras recompensas? — Anahí começou a sentir um ardor no
estômago.
— Não pensei que fosse preciso ser gráfica. — Beatrice pousou a caneta
e cruzou de novo as mãos. — O Alfonso é um homem muito rico. A
Alison irá herdar uma bela fortuna quando for mais velha.
— Percebo. — Anahí esforcou‑se por manter as mãos quietas. —
Está a sugerir que eu espero beneficiar financeiramente desenvolvendo
uma relação com o Alfonso e com a Alison. — Olhou prolongadamente
Beatrice nos olhos. — É uma mulher dura, Sra. Herrera. Não lhe ocorreu
que eu pudesse gostar deles independentemente do tamanho das contas
bancárias?
— Não. — Beatrice deixou a palavra pairar no ar por um momento.
— Já tratei com gente do seu tipo. A mãe da Alison era um exemplo,
mas o meu filho não me deu ouvidos. Decidiu casar‑se com ela apesar das
minhas objecções e mudar‑se para o outro extremo do país. Claro — disse
enquanto se recostava e fitava Anahí — que neste caso o problema é diferente.
O Alfonso não faz qualquer tenção de se casar consigo.
Está satisfeito com um simples caso amoroso. Uma vez mais, no seu vernáculo, a menina
contou com o ovo no cu da galinha.
Anahí queria atirar‑lhe com alguma coisa. Queria fazer alguns buracos
naquela perfeição de branco que a rodeava. Estava rígida com o esforço
que fazia para se controlar. — Estou ciente dos limites do meu relacionamento
com o Alfonso, Sra. Herrera. Sempre estive. Não tem com que se preocupar.
— Não vou tolerar mais a sua presença nesta casa. A sua influência
sobre a Alison vai levar meses a reparar.
— Uma vida inteira, espero. — Anahí levantou‑se. Tinha de sair
dali. — Nunca mais vai conseguir encaixa‑la naquele molde. Ela já extravasou.
— O Alfonso tem a custódia da Alison.
Foi o tom, e não as palavras, que fizeram Anahí estacar. Sentiu uma
súbita pontada de medo. — Sim.
Beatrice rodou ligeiramente na cadeira para poder olhar para Anahí
de frente. — Se não sair hoje, esta tarde, serei forçada, pelo bem da Alison,
a requerer a custódia dela.
— Isso é um absurdo. — O medo regressou com força redobrada e
Anahí sentiu o frio apossar‑se da sua pele. — Nenhum tribunal lhe vai dar
a custódia em detrimento do Alfonso.
— Talvez sim, talvez não. — Beatrice moveu elegantemente os ombros.
— Mas sabe bem o quão desgastante pode ser uma batalha judicial,
particularmente quando há uma criança envolvida. Processa‑lo com base
em conduta imoral tornaria tudo particularmente desagradável.
— Ele é seu filho. — As palavras sairam‑lhe quase sussurradas. —
Não pode fazer‑lhe uma coisa dessas. Nem à Alison. O Alfonso não lhe fez
nada de mal; nunca faria.
— A Alison precisa de protecção. — Olhou friamente para Anahí.
— Assim como o Alfonso.
— Protecção? Quer dizer, manipulação, não é? — Aproximou‑se de
Beatrice. Só podia estar a sonhar. Mas nem o pesadelo dela era assim tão
mau. — Não pode fazer‑lhes uma coisa dessas. Não pode. Ela não passa
de uma criança. Ela adora‑o. — Não ia chorar em frente daquela mulher.
— Não tem nada a ganhar com isso. Não ama a Alison como o Alfonso ama.
Não precisa dela. Se pudesse compreender o que é ser‑se disputada dessa
forma, não o faria.
Beatrice soltou um curto suspiro. — A decisão está nas suas mãos.
Era incrível, impossível, mas Anahí percebeu que ela estava a falar
bastante a sério. — Eu ia amanhã — disse em voz baixa. — Não valho a
pena, Sra. Herrera.
— Hoje, antes de o Alfonso regressar. E não pode contar‑lhe nada disto.
— Hoje — concordou Anahí. Havia lágrimas na sua voz; não conseguiu
evita‑las. Lutou para mante‑las afastadas dos olhos. — Hoje, porque
sou capaz de algo que a senhora não é. De ama‑los o suficiente para lhes dar
o que precisam: um ao outro.
Beatrice virou‑lhe novamente as costas. — A Millicent já deve ter as
suas malas prontas e o Charles leva‑a onde quiser. — Abriu o livro de cheques.
— Estou disposta a compensa‑la pela sua discrição e pela contrariedade,
Menina Puente…
A mão de Anahí bateu com força sobre o livro de cheques e interrompeu‑a.
Beatrice ergueu os olhos, surpreendida.
— Não abuse da sorte — sussurrou Anahí. — Dei‑lhe a minha palavra.
É de graça. — Levantou lentamente a mão e endireitou‑se. — Vai
chegar a hora em que terá de lidar com o que fez hoje. Perdeu mais do que
eu, Sra. Herrera.
Saiu porta fora e quase se dobrou com a dor. Precisava de tempo, de
alguns momentos, para se recompor. Ainda tinha de ver Alison. Não se iria
embora sem se despedir dela. Tenho de encontrar as palavras certas. Anahí
percorreu o corredor como uma sonâmbula. Não posso chorar à frente
dela.
A intensidade da dor tinha‑a deixado entorpecida. Segurou na maçaneta
da porta do quarto de Alison com dedos completamente dormentes.
— Anahí! — Alison olhou para ela. O cachorrinho estava deitado
em cima da colcha e Alison estava ao lado dele a dedilhar a guitarra nova.
— Aprendi uma música nova. Queres que a toque?
— Alison. — Anahí sentou‑se ao lado dela.
— O que se passa? — Franziu a testa ao olhar bem para Anahí. — Pareces
estranha.
— Alison. Lembras‑te de eu te ter dito que um dia teria de me ir embora?
— Viu a expressão nos olhos da menina e tocou‑lhe no rosto. — Esse
dia chegou, Alison.
— Não. — Alison pôs a guitarra de lado e agarrou na mão de Anahí.
— Não precisas de ir. Podias ficar.
— Já te tinha explicado. Lembras‑te? Sobre o meu trabalho?
— Não queres ficar? — As lágrimas estavam a começar a brotar. Anahí
sentiu um momento de pânico.
— Alison, não é uma questão de querer. Não posso.
— Podias. Podias se quisesses.
— Alison, olha para mim. — Anahí estava no limite e tinha consciên124
cia disso. Mas não podia deixa‑la assim. — Às vezes as pessoas não podem
fazer exactamente aquilo que querem. Eu amo‑te, Alison, mas tenho de ir.
— O que é que eu vou fazer? — Foi quase um lamento quando se
abraçou ao pescoço de Anahí.
— Tens o Alfonso. E eu vou escrever‑te, prometo. Talvez no Verão possas
ir visitar‑me. Como já tínhamos conversado.
— Ainda faltam muitos meses para o Verão.
Anahí abracou‑a com força e depois afastou‑a. — Às vezes o tempo
passa depressa. — Tirou a aliança de ouro do dedo e enfiou‑a na mão de
Alison. — Isto é para ti. Sempre que pensares que já não te amo, podes
olhar para ela e lembrar‑te que sim. — Levantou‑se e encaminhou‑se
para a porta. A dor estava a tomar conta dela e o tempo estava a esgotar‑se.
— Alison… — Virou‑se para trás com a mão na maçaneta. — Diz
ao Alfonso que eu… — Abanou a cabeça e abriu a porta. — Cuida dele por
mim.
…
Havia apenas uma luz ténue no quarto do hotel, mas até isso lhe incomodava
os olhos. Anahí não conseguia reunir forças para a ir desligar.
O choro tinha‑a exaurido, deixado nauseada e vazia. Podia ouvir os sons de
celebração vindos de outros quartos.
Era quase meia‑noite.
Eu devia estar com ele a esta hora, pensou. Devia ter tido esta última
noite. O que terá pensado ele quando regressou e viu que eu me tinha ido embora?
Que me fui embora sem lhe dizer nada. Nunca vai conseguir compreender.
Terá ficado magoado, ou apenas furioso? Abanou a cabeça. Era inútil
especular. Estava terminado.
Ouviu o som de uma chave e voltou‑se. Quando Alfonso entrou, ela
não disse nada. Os seus pensamentos estavam afogados em dor e choque.
— Devias pôr a corrente quando não queres que ninguém entre, Anahí.
— Atirou a chave para cima da mesa. — As chaves são bastante fáceis
de conseguir. Bastam vinte dólares e uma boa história. Tu sabes tudo sobre
boas histórias.
Prévia do próximo capítulo
Anahí deixou‑se ficar exactamente onde estava. A ameaça de Beatrice travou‑lhe o impulso de correr para os braços dele. — Como é que me encontraste? — Foi o Charles. — Virou‑se e colocou a corrente na porta. — Embora tivesse tido de visitar alguns bares para o encontrar. Ele tinha a noite de folga.&md ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29
Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38
LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
AMEI ESSA WEB. -
annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15
adoro sua web, é demais
posta +++++++ -
annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53
vai desiste dessa web?
por favor continua vai -
annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38
posta +++++++++++++++++++
posta +++++++++++++++++++
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posta +++++++++++++++++++ -
mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05
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mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29
POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49
Q
U
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R
O
M
A
I
S -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!! -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!!