Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]
Anahí deixou‑se ficar exactamente onde estava. A ameaça de Beatrice
travou‑lhe o impulso de correr para os braços dele. — Como é que me
encontraste?
— Foi o Charles. — Virou‑se e colocou a corrente na porta. — Embora
tivesse tido de visitar alguns bares para o encontrar. Ele tinha a noite
de folga.—
Parece que andaste a aproveitar bem o tempo. — Ela reparou que
ele tinha andado a beber. Tinha de se manter calma. As mãos estavam a
começar a tremer e ela agarrou‑se ao bordo da cómoda que estava atrás.
Alfonso passou os olhos pelo pequeno quarto de hotel. — Estou a ver
que não escolheste o Hyatt.
— Não. — Vinham aí palavras duras, furiosas. Anahí levantou‑se e
pegou num cigarro. — Não é ridículo? Os hotéis têm sempre fósforos e eu
não consigo encontrar nenhum. — Susteve a respiração quando ele a agarrou
pelos braços e a virou de frente para si.
— Porque é que te vieste embora?
— Tinha de vir algum dia, Alfonso. — A voz dela ficou tensa com a
dor quando os dedos dele a agarraram com mais força. — Ambos sabemos
que a pesquisa terminou.
— Pesquisa? — Se ele não a estivesse a segurar com tanta força, receava
bater‑lhe. Ela magoara‑o mais do que ele achara possível. Ela expusera‑o
à dor. Abanou‑a com violência. — É só isso que existe entre nós?
Anahí estava a começar a tremer, mas ele não pareceu reparar. Nunca
o tinha visto assim – brutal, furioso. Ela desejava que ele lhe batesse, se isso
pusesse um fim à situação.
— Raios! — Ele abanou‑a de novo, quase levantando‑a do chão. —
Não podias ao menos ter‑me dito alguma coisa? Tinhas de te ir embora nas
minhas costas, sem dizer nada?
Anahí agarrou‑se de novo à borda da cómoda. O enjoo estava a voltar.
— É melhor assim, Alfonso. Eu…
— Melhor?! — A palavra explodiu de dentro dele. Anahí deu um salto.
— Para quem?! Se não tiveste a decência de pensar em mim, podias ao
menos ter pensado na Alison!
Estava a ser praticamente insuportável. Anahí fechou os olhos por
um momento. — Eu pensei na Alison, Alfonso. Tens de acreditar que pensei
nela.
— Como posso acreditar nalguma coisa que tu digas? Ela ficou destroçada.
Olha para mim! — Agarrou‑a pelos cabelos e puxou‑lhe a cabeça
para trás. — Fiquei uma hora a abraca‑la, enquanto ela chorava, a tentar
faze‑la compreender uma coisa que eu próprio não compreendia.
— Fiz o que tinha de fazer. — Ela estava a começar a sentir‑se zonza.
Tinha de o fazer ir‑se embora, e rapidamente. — Alfonso, bebeste demasiado.
— A voz estava impressionantemente calma. — E estás a magoar‑me.
Quero que saias.
— Disseste que me amavas.
Anahí engoliu em seco e endireitou‑se. — Mudei de ideias. — Viu a
cor esvair‑se do rosto dele.
— Mudaste de ideias? — disse ele lentamente, incrédulo.
— Isso mesmo. Agora vai e deixa‑me em paz. Tenho um avião para
apanhar de manhã.
— Cabra. — Alfonso sussurrou a palavra no momento em que a puxou
violentamente contra ele. — Vou quando terminarmos. Temos um encontro
marcado.
— Não. — Ela contorceu‑se em pânico. — Não, Alfonso!
— Vamos terminar o que tu começaste — disse‑lhe ele. — Aqui e
agora!
Cobriu a boca dela com a sua, interrompendo o protesto dela. Anahí
empurrava‑o, cheia de medo. Até aquilo lhe seria tirado: as recordações
da felicidade de o amar e de ser amada por ele. Ele começou a arrasta‑la
em direcção à cama e ela debatia‑se, mas ele era forte e estava dominado
pela raiva. O que é que estamos a fazer um ao outro? Pensou ela vagamente
quando ele lhe arrancou a camisa. As mãos dele percorriam‑na, puxando,
rasgando‑lhe a roupa enquanto ela tentava libertar‑se.
A imagem da calma e da expressão fria de Beatrice veio‑lhe ao pensamento.
Não vou deixar que nos faça isto.
Anahí parou de se debater. A sua boca rendeu‑se à de Alfonso. Posso
dar‑te isto, disse‑lhe ela em silêncio, sentindo o pânico desaparecer. Uma
última noite. Afinal, isso ela não nos tirou. Parou de pensar e entregou‑se ao
amor.
Anahí acordou com o quarto inundado de luz. Gemeu num protesto
automático e virou‑se para o outro lado. A mão tocou no vazio ao seu
lado. Abriu os olhos. Ele tinha‑se ido embora. Sentou‑se com alguma dificuldade,
perscrutando rapidamente o quarto em busca de algum sinal de
Alfonso. Quando pousou a mão na almofada ao lado, sentiu‑a fria.
Quando é que ele teria saído? Só se recordava que se tinham amado
vezes sem conta durante a noite, em desespero e em silêncio. Ela achava que
ele tinha adormecido, tinha a certeza de que tinham tido algumas horas de
completa paz um junto ao outro. Precisava de saber que tinham tido.
Ninguém lhe poderia tirar essas horas. Se não tinha havido ternura,
pelo menos tinha havido desejo. Ele não vai sofrer mais. A sua última esperança
era que, se não tivesse acabado com a raiva, pelo menos a noite tivesse
acabado com o sofrimento dele. Anahí duvidava que Alfonso alguma vez a
perdoasse pela forma como pusera um ponto final às coisas. Levantou‑se
da cama. Ainda tinha um avião para apanhar.
Quando viu o bilhete em cima da cómoda, estacou. Talvez fosse melhor
não o ler, fingir que não o tinha visto. O que poderia ele dizer‑lhe que
não fizesse regressar a dor? Mas não conseguiu conter‑se e agarrou no bilhete.
Abriu‑o e leu:
Anahí,
Um pedido de desculpas pelo que aconteceu ontem à noite seria
pouco, mas não tenho mais nada a oferecer. A raiva não é desculpa
para o que aconteceu. Só posso dizer‑te que é do que mais
me arrependo de ter feito na vida.
Deixo‑te um cheque pelo teu trabalho do mês passado. Espero
que percebas o que me deste, porque eu não tenho palavras
para o descrever.
Alfonso
Anahí releu a mensagem algumas vezes. Tinha razão quando pensara
que traria a dor de volta. Amarrotou a folha e largou‑a no chão. Arrependeu‑se,
pensou ela, pegando lentamente no cheque que tinha sido deixado
debaixo do bilhete. Estava gelada. Já não lhe restavam emoções. Olhou rapidamente
para o montante e deu uma gargalhada.
— Que generoso, Alfonso. És um homem generoso. — Rasgou metodicamente
o cheque em pedacinhos minúsculos e deixou‑o pairar até
ao chão. — Isso ia dar com o teu contabilista em doido. — Não ia chorar
outra vez. Não tinha mais lágrimas. Com um suspiro, pegou num cigarro.
— Montana — decidiu de repente. — Em Montana há neve e vai estar um
frio de morte. — Aquele não era o momento de ir para casa, pensou. Seria
demasiadamente fácil desmoronar em casa. Dirigiu‑se rapidamente ao telefone
e preparou‑se para alterar os planos.
…
O Dr. Edward Brennan desligou o motor do velho Pontiac. O Sol estava
a começar a por‑se e ele tinha tido um dia muito longo. As costas
diziam‑lhe isso. Estou a ficar velho, reflectiu. Outrora teria sido capaz de
trazer ao mundo três crianças, operar umas amígdalas, tratar de uma tíbia
partida e vacinar três famílias contra a gripe antes do almoço e sem perder
o ritmo. Mas já estava com setenta anos e a pensar que chegara a hora de
abrandar.
Talvez tivesse chegado a hora de arranjar um sócio, alguém jovem
com ideias novas. O Dr. Brennan gostava de ideias novas. Sorriu por um
instante e contemplou o por‑do‑sol. Era uma pena Anahí não ter seguido
medicina. Teria dado uma excelente médica.
Nas suas montanhas havia riscas de luz cor‑de‑laranja a atravessar as
copas das árvores. Ele era muito senhor do seu pequeno pedaço de terra. A
sua montanha, o seu por‑do‑sol. Era o que sentia quando estava sozinho.
Era uma boa sensação e fazia‑o andar com a vida para a frente.
Abriu a porta do carro e retirou o saco com pão caseiro e conservas
que a Sra. Oates lhe tinha enfiado nas mãos quando ele lá fora para tratar
da papeira do filho. Ia apreciar o pagamento com uma chávena de café.
Depois, talvez tomasse apenas um copito do whisky ilegal que o Sr. Oates
lhe passara antes de ele sair. Oates tinha a melhor casa na encosta leste da
montanha.
A porta de casa nunca estava trancada e ele empurrou‑a já a salivar
pelo pão.
— Olá, avô.
O Dr. Brennan deu um salto e ficou pasmado a olhar para a mulher
que estava sentada à mesa da cozinha. — Anahí! — Estava abalado por a ver
ali e surpreendido por ela não ter corrido até si para um abraço apertado e
um beijo sonoro. Era a forma habitual de ela o cumprimentar, quer tivessem
estado separados um dia ou um ano. — Pensei que ainda estivesses no
Tennessee.
— Não, estou aqui. — Sorriu para ele e depois olhou para o saco que
ele trazia. — Cheira‑me a pão fresco. Parte dos honorários?
— Da Sra. Oates — respondeu ele, atravessando a cozinha para o
pousar na mesa.
— Ah. — Anahí sorriu para o avô. — Então imagino que devas ter
recebido algo um bocadinho mais estimulante do Sr. Oates. Como tem andado
o teu estômago?
— Suficientemente resistente para um ou dois copitos.
Pousou uma mão sobre a dele. — Como tens passado, avô?
— Muito bem, Anahí. — O Dr. Brennan examinou cuidadosamente
a cara da neta com um misto de afecto e de profissionalismo. Havia algo
que não estava a bater certo. Apertou‑lhe a mão em resposta. Ela dir‑lho‑ia
quando estivesse pronta, à sua maneira. Conhecia‑a há demasiado tempo
para esperar outra coisa. — E tu? O que tens andado a aprontar? Há quase
um mês que não recebo uma das tuas cartas de seis páginas.
— Nada de especial. — Anahí encolheu os ombros. — Estive duas
semanas em Montana. Comprei lá um casaco fantástico; capaz de nos manter
quentes nas Aleutas. Estive um tempo com a família Phiefer no Utah. A
Molly Phiefer está rija como sempre. Festejou o sexagésimo oitavo aniversário
na escavação. Fiz uma palestra em St. Paul e andei à pesca de trutas
no Tennessee. E deixei de fumar. — Os olhos dela escureceram. — Avô…
estou grávida.
— Grávida? — O Dr. Brennan esbugalhou os olhos. — O que queres
dizer com isso?
— Avô… — Anahí segurou‑lhe na mão. — És médico. Sabes muito
bem o que isso quer dizer.
— Anahí. — O Dr. Brennan percebeu que precisava sentar‑se. —
Como é que isso aconteceu?
— Da forma tradicional — disse ela, tentando sorrir. — Até porque
mesmo os métodos modernos nem sempre são fiáveis — acrescentou, antecipando
a pergunta inevitável.
Ele ia deixar passar isso por enquanto. — De quanto tempo estás?
— Que dia é hoje?
Ele estava habituado à indiferença descontraída da neta à passagem
do tempo. — Dezassete de Maio.
— Quatro meses e dezassete dias.
— Muito específica — reparou ele com um aceno de cabeça.
— Tenho a certeza. — Anahí entrelaçava e desentrelaçava as mãos.
Observando o movimento nervoso, ele optou pelo profissionalismo:
— Já consultaste algum médico? Tens sentido desconforto? Algum efeito
secundário?
— Sim, já fui ao médico. — Ela sorriu de novo, acalmada pelas perguntas
objectivas. — Não, não tenho sentido nenhum desconforto, e depois
de um infeliz mês de enjoos matinais não tive mais nenhum efeito colateral.
Estamos de óptima saúde.
— E o pai?
Ela entrelaçou as mãos outra vez. — Tenho a certeza de que também
está muito bem de saúde.
— Anahí. — O avô pos‑lhe uma mão sobre os dedos para os fazer
parar. — Quais são os planos dele em relação ao bebé? Como é óbvio, resolveste
levar a gravidez até ao fim. Tu e o pai da criança devem ter chegado a
algum tipo de acordo.
— Não, não chegámos a acordo nenhum. — Olhou‑o directamente
nos olhos, deixando transparecer alguma vulnerabilidade. — Não lhe contei.
— Não lhe contaste?! — Estava mais chocado com esse facto do que
com o resto. Não era nada típico dela. — E quando é que tencionas faze‑lo?
— Não tenciono. — Pegou num cigarro e começou a desfaze‑lo em
pedacinhos.
— Anahí, ele tem o direito de saber. É filho dele.
— Não. — Olhou de novo para ele. — O filho é meu. O meu filho tem
direitos e eu tenho direitos. O Alfonso pode ir para o diabo que o carregue.
— Anahí, tu não és assim — disse ele calmamente.
— Por favor. — Ela abanou a cabeça e esmagou o resto do cigarro
na mão. — Pára. Não tomei esta decisão da noite para o dia. Pensei nisto
durante meses. Sei que é a atitude certa a tomar. O meu bebé não vai ser
disputado porque o pai dele e eu cometemos erros. Eu sei o que aconteceria
se contasse ao Alfonso.
A voz estava a começar a tremer‑lhe e ela parou um momento para
a estabilizar. — Ele ia pedir‑me em casamento. É um homem digno. E eu
recusaria porque não suportaria… — Calou‑se de novo e abanou impacientemente
a cabeça. — Não suportaria que ele mo pedisse por obrigação.
Depois ia querer dar‑me algum tipo de assistência financeira. Eu não preciso
disso. O meu filho não precisa disso. Teria de se fazer um calendário de
visitas e o bebé ia estar constantemente a saltar de uma costa para a outra,
sem saber onde é que era o lugar dele. Não é justo. Não quero isso. O bebé
é meu.O Dr. Brennan pegou outra vez nas mãos dela e olhou‑a intensamente.
— Amas o pai?
E viu‑a desmoronar. — Sim, muito. — Anahí deitou a cabeça sobre a
mesa e chorou.
Prévia do próximo capítulo
O avô deixou‑a desabafar. Não a via sofrer daquela forma desde criança. Manteve as mãos dela nas suas e esperou. Que tipo de homem seria Alfonso, cujo filho ela carregava no ventre? Se o amava, porque estaria a chorar ali sozinha em vez de estar a partilhar com ele a felicidade da paternidade iminente? O Dr. Brennan tentou recordar‑ ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29
Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))
-
kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38
LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
AMEI ESSA WEB. -
annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15
adoro sua web, é demais
posta +++++++ -
annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53
vai desiste dessa web?
por favor continua vai -
annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38
posta +++++++++++++++++++
posta +++++++++++++++++++
posta +++++++++++++++++++
posta +++++++++++++++++++
posta +++++++++++++++++++
posta +++++++++++++++++++
posta +++++++++++++++++++
posta +++++++++++++++++++ -
mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
-
mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29
POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
-
mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49
Q
U
E
R
O
M
A
I
S -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!! -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!!