Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]
Umas horas depois, Any parou à porta da sala de estar a observar os seus ocupantes. Beatrice Herrera estava na cadeira de brocado dourado. Usava seda negra e diamantes. Jóias cintilavam nas orelhas e pescoço. Alison estava ao piano, ensaiando obedientemente um trecho de Brahms. Alfonso estava no bar a preparar alguns martinis.
A hora da família. Any fez uma careta. Pensou nos jantares que tinha tido com o avô – o riso, as discussões. Pensou nas refeições barulhentas no colégio, com conversas que iam das intelectuais às mais bizarras.
Pensou nas refeições muitas vezes intragáveis nas escavações. Era o dinheiro que enclausurava as pessoas daquela forma? Ou seria uma questão de escolha?
Any esperou que Alison acabasse de tocar antes de entrar na sala.
— Olá. Sabem, uma pessoa podia deambular durante dias por esta casa e
não encontrar vivalma.
— Menina Portillo. Só precisava de chamar um criado. Teria sido conduzida
até à sala.
— Ah, não faz mal. Consegui, finalmente. Espero não estar atrasada.
— De todo — disse Alfonso. — Comecei agora mesmo a preparar um cocktail. Que tal um martini? Ou talvez queiras dizer‑me o que preferes com esta tequila.
— Tens tequila? — Sorrindo, aproximou‑se dele. — Foi muito simpático da tua parte. Posso preparar? — Tirou a garrafa das mãos de Alfonso.
— Observa com atenção. Estou prestes a revelar‑te um segredo antigo e muito bem guardado.
— O avô da Any é médico — anunciou Alison de repente. Beatrice voltou a atenção para a neta.
— Quem é a Any, querida? — O tom tinha uma ponta de irritação. –Uma das tuas amigas da escola?
Any olhou e viu Alison corar. — A Any sou eu, Sra. Herrera — respondeu ela com descontração. — Temos de pôr um bom bocado de sumo de limão — disse ela a Alfonso. E demonstrou. — Pedi à Alison que me tratasse pelo primeiro nome, Sra. Herrera. Também queres um, Alfonso? — Serviu dois copos sem esperar pela resposta dele. Sorriu para Beatrice, bebericou e depois voltou‑se para Alfonso. — O que achas? perguntou‑lhe.
— Boa, não é?
Ele bebeu um pouco, olhando para ela. — Deliciosa — murmurou. — E inesperada.
Ela deu uma pequena gargalhada, sabendo que ele estava a referir‑se a ela e não à bebida.
Alfonso teve uma vez mais de controlar o desejo de lhe tocar nos cabelos.
— Não gostas de saber qual vai ser o rumo da tua vida?
— Credo, claro que não! — disse ela imediatamente. — Gosto de ser surpreendida. Não gostas de surpresas, Alfonso?
— Não tenho bem a certeza — murmurou ele. Tocou com o copo no dela. — Então, ao inesperado. Por enquanto.
Any não tinha a certeza a que é que estava a brindar, mas ergueu o copo. — Por enquanto — repetiu.
Nos dias que se seguiram, Alfonso conformou‑se a trabalhar a sério com Any. Harry tinha tido razão acerca de uma coisa: ela era inquestionavelmente uma perita naquela área. E era também inquietante. Any tinha uma sensualidade vibrante que não precisava de acentuar. Não usava quase mais nada a não ser roupa confortável, e quase nunca se dava ao trabalho de se maquiar. Observava‑a naquele momento à janela do escritório. O Sol raiava‑lhe sobre os cabelos. Era laranja‑acastanhado àquela luz. Ela usava calções de jogging e estava de novo descalça. No dedo anelar da mão direita usava uma aliança dourada muito fininha. Ele já tinha reparado no anel indagava‑se quem lho teria dado e porquê. Duvidava que ela comprasse jóias de qualquer tipo. Não era coisa a que ela desse importância. Com um esforço, desviou a atenção da mulher e concentrou‑se nas palavras que ela dizia. — A dança do Sol era importante para a vida cerimonial de muitas das tribos das planícies. — Any tinha uma voz baixa e discreta quando falava assim. — Algumas praticavam automutilação para conseguirem entrar em transe e receber visões. O dançarino espetava paus afiados em pregas de pele do peito e amarrava‑os a um poste. Depois dançava, cantava e orava por uma visão até conseguir soltar‑se; era também um sinal de coragem e de resistência. Um guerreiro tinha de se pôr à prova; para ele próprio e para a tribo. Eram os costumes deles. — E tu aprovas? Ela lançou‑lhe um olhar divertido e paciente. — Não me cabe a mim aprovar ou desaprovar. Eu estudo. Observo. Enquanto escritor, suponho que tenhas um ponto de vista diferente. Mas se vais escrever sobre este tema, é melhor tentares compreender as motivações. — Desviando uns livros do caminho, sentou‑se na mesa. — Se um homem conseguia resistir àquele tipo de dor, dor auto‑infligida, não seria destemido numa batalha? Implacável? A sobrevivência da tribo era a primeira prioridade. — Necessidade cultural — disse ele, anuindo com a cabeça. — Sim, estou a perceber o que queres dizer. — Visões e sonhos eram uma parte fundamental da sua cultura. Os homens que tinham visões fortes tornavam‑se freqüentemente xamãs. — Any virou‑se e começou a vasculhar os livros que estavam em cima da secretária. — Há uma imagem bastante boa… tribo Blackfoot… se eu me conseguisse lembrar de qual livro. — És esquerdina — observou ele. — Hum? Não, na verdade sou ambidestra. — Isso pode contribuir — disse ele ironicamente. — Para quê? — perguntou ela, levantando uma sobrancelha. — Para o inesperado. Any riu‑se. O riso dela atingiu algo dentro dele. — Devias fazer isso mais vezes. — Fazer o quê? — Rires‑te. Tens uma gargalhada maravilhosa. Ele ainda estava a sorrir, e isso afetou‑a. Durante dias tinha sido capaz de manter os sentimentos sob controle. Pegou num cigarro e pôs‑se à procura de fósforos. — Claro que se rirmos demasiado aqui, a tua mãe vai acampar para o alpendre. Ele observou‑a a desviar livros e papéis. — Porque é que ela faria uma coisa dessas? — Ora, Alfonso, sabes muito bem que ela acha que eu pretendo seduzir‑te e fugir com metade da fortuna. Tens lume? — Não estás interessada em nenhuma das duas coisas?
Prévia do próximo capítulo
— Somos colegas de trabalho — disse ela bruscamente. Aproximou‑se da secretária, ainda à procura de fósforos. Estava a começar a sentir‑se ligeiramente nervosa. Queria acalmar‑se antes que piorasse. — E, embora sejas bastante atraente, o dinheiro não abana a teu favor. — Ah, é? — Alfon ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29
Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38
LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
AMEI ESSA WEB. -
annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15
adoro sua web, é demais
posta +++++++ -
annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53
vai desiste dessa web?
por favor continua vai -
annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38
posta +++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29
POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49
Q
U
E
R
O
M
A
I
S -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!! -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!!