Fanfic: Uma ultima noite AyA [terminada]
A proposta de liberdade depois de dias enfiada em casa e a oportunidade de estar com ele longe do trabalho eram tentadoras. Demasiado tentadoras. Any abanou a cabeça. — Não me parece sensato.
— Não me pareces ser o tipo de mulher que só faz o que é sensato. –A mão dele deslizou pelo rosto dela até ao cabelo.
— Estou a abrir uma exceção. Gostaria realmente que não fizesses isso. — Começou a sentir o coração a bater com força.
Alfonso beijou‑a suavemente na têmpora. — Vem comigo, Any. Preciso de um dia longe deste escritório, longe destes livros. Talvez só desta vez, pensou ela.
…
A embarcação era tudo o que ela tinha previsto: elegante, luxuosa e cara.
Agradara‑lhe ver Alfonso manejar o iate de quatro metros e meio com uma destreza que revelava bastante experiência. Sentou‑se na proa para poder ver o barco afastar as águas. É este o escape dele quando aquele mundo em que se enclausurou se torna insuportável, refletiu.
Any observou‑o à cana do leme. Estava de tronco nu. Como seria fazer amor com ele? Dobrou as pernas debaixo dela no banco almofadado e examinou‑o atentamente. Ele tinha umas mãos maravilhosas. Ali sentada com o vento a bater‑lhe, ainda conseguia sentir o toque dele. Devia ser um amante exigente, concluiu ela, lembrando‑se da agressividade do beijo. Excitante. Mas… há um mas, e eu ainda não sei o que é. Nem tenho a certeza
se quero saber.
Alfonso voltou‑se para ela e os olhares cruzaram‑se. — Em que é que
estás a pensar?
— Estou apenas às voltas com um problema hipotético — disse ela, corando. — Olha! — Por cima do ombro dele, viu um grupo de golfinhos.
Saltavam e mergulhavam e saltavam de novo. — Não são maravilhosos? — Desdobrou as pernas e dirigiu‑se à popa. Equilibrou‑se, pondo uma mão no ombro dele, e depois debruçou‑se mais. — Se eu fosse uma sereia, nadava com eles.
— Acreditas em sereias, Any?
— Claro que sim. — Sorriu para ele. — Tu não?
— É a cientista que está a perguntar? — Levou uma mão à anca dela.
— A seguir vais dizer‑me que o Pai Natal não existe. Para escritor, tens uma imaginação muito fraca. — Any inspirou profundamente o ar marítimo. Depois começou a afastar‑se, mas ele agarrou‑lhe no braço. O barco oscilou um pouco e ele apertou‑lho com mais força para a equilibrar. Tem calma, disse ela para si mesma, tentando não responder ao toque dele.
— Podemos discutir isso ao almoço.
— Tens fome? — Alfonso sorriu e levantou‑se. As mãos subiram para repousar nos ombros dela.
— Habitualmente tenho. Gostava de ver o que é que o François pôs naquele cesto.
— Só um minuto. — Baixou a boca para saborear a dela.
Foi um beijo diferente do que haviam dado no dia anterior. Os lábios ainda eram confiantes, mas naquele dia estavam suaves e mais lentos. Ela sentia o calor do Sol e o vento em redor. O aroma do sal pairava no ar. As velas ondulavam acima das cabeças deles.
Ela estava de novo a perder o controle. E não queria aquela perda de poder. Com muito cuidado, soltou‑se dos braços dele. — Alfonso — começou, expirando em seguida para se acalmar. Ele estava a sorrir para ela, e as mãos nos ombros suavizaram para uma carícia. — Estás muito satisfeito, não estás?
— Por acaso, estou.
Ele virou costas e manteve‑se ocupado por alguns momentos a descer as velas. Any encostou‑se à balaustrada sem oferecer ajuda. — Alfonso, talvez eu te tenha passado a impressão errada. — O tom estava outra vez mais descontraído. — Disse‑te que não era uma virgem profissional. Mas não vou para a cama com qualquer um.
Ele nem sequer olhou para ela. — Eu não sou qualquer um.
Ela sacudiu o cabelo para trás. — Não tens problemas de ego, pois não?
— Não, que me tenha apercebido. Onde é que arranjaste essa aliança?
Any olhou para a mão. — Era da minha mãe. Porquê?
— Simples curiosidade. — Pegou no cesto. — Vamos ver então o que é que o François preparou para nós?
Os dias eram verdes e dourados no eterno Verão de Palm Springs. O céu límpido, o ar do deserto seco e quente. Para Any, a monotonia era simultaneamente inevitável e sufocante. A rotina era uma parte necessária da vida contra a qual ela por norma se rebelava. Em casa da família Herrera tudo corria sem incidentes – demasiado bem. Não havia discussões; altos e baixos. Se havia uma coisa que conseguia enervar Any, era uma organização
perfeita. A condição humana incluía falhas que Any compreendia e aceitava. Mas as falhas eram coisa rara na mansão dos Herrera.
Ela trabalhava diariamente com Alfonso, e embora estivesse ciente de que a sua falta de disciplina o frustrava, estava certa de que ele não podia apontar falhas aos seus conhecimentos. Any era boa na sua área. Aos poucos começou a conhece‑lo melhor. Alfonso era um escritor disciplinado e um homem exigente e meticuloso. Era capaz de extrapolar precisamente o que queria da enxurrada de fatos e teorias que ela lhe fornecia. E Any, uma crítica severa, começou a respeitar e a admirar a sua mente. Era mais fácil para ela concentrar‑se na inteligência e no talento dele do que ter de lidar com ele enquanto homem, um indivíduo que a atraía e inquietava.
Não estava habituada a sentir‑se inquieta. Any não tinha a completa certeza de gostar dele. Eram o oposto um do outro em muitos aspectos. Ele era pragmático; ela volúvel. Ele era reservado; ela extrovertida. Ele era racional; ela emocional. Contudo, ambos estavam acostumados a ter o controle da situação. Perturbava‑a o fato de não conseguir controlar a atração que sentia por ele.
Any nunca se teria considerado idealista. Mas sempre pensara que quando se envolvesse profundamente com um homem, seria com alguém que encaixasse na perfeição com as suas exigências. Teria de ser forte, inteligente, e ter um poço de emoções que ela pudesse extrair com facilidade. Teriam de se compreender um ao outro. Ela estava bastante
convicta de que Alfonso não a compreendia mais do que ela a ele. Os estilos de vida dos dois eram completamente diferentes. Ainda assim, continuava a pensar nele, a observa‑lo, a indagar‑se. Ele estava a apinhar‑lhe os pensamentos.
Sentada no gabinete dele, enquanto lia um rascunho de um capítulo novo, Any reconheceu que, pelo menos, àquele nível, estavam a atingir uma compatibilidade firme. Ele estava a conseguir captar as idéias que ela lhe tentava transmitir e depois misturava‑as com fatos e dados. Era uma prova da utilidade que ela tinha. Sentir‑se útil era para si essencial.
Voltou a pousar as folhas no colo e olhou para ele. — Está maravilhoso, Alfonso.
Ele parou de escrever e, erguendo uma sobrancelha, fitou‑a nos olhos.
— Pareces surpreendida.
— Agradada — corrigiu ela. — Existe aqui maior empatia do que eu esperava.
— A sério? — O comentário pareceu interessa‑lo e ele recostou‑se na
cadeira para a observar.
Any sentiu‑se constrangida. Ela achava que ele era suficientemente intuitivo para lhe ler os pensamentos, se assim o desejasse. Mas não se ia preocupar com isso. Levantou‑se e dirigiu‑se à janela.
— Acho que podias aprofundar mais as duas sub culturas da vida nas Grandes Planícies. As tribos semi agricultoras das planícies orientais viviam em aldeias e tinham características das Grandes Planícies bem como das áreas culturais do Leste e do Sudeste. Estas consistiam em…
— Any.
— Sim? — Enfiou as mãos nos bolsos e virou‑se de novo para ele.
— Estás nervosa?
— Claro que não. Porque estaria? — Começou à procura do maço de cigarros.
— Quando estás nervosa, vais até à janela, — parou e pegou nos cigarros dela, — ou procuras isto.
— Vou à janela para ver o que se passa lá fora — replicou ela, irritada com a percepção dele. Estendeu a mão para aceitar o maço de cigarros, mas pousou‑os na secretária e levantou‑se.
— Quando estás nervosa, — continuou ele, aproximando‑se, — tens dificuldade em manter‑te quieta. Tens de mexer alguma coisa; as mãos, os ombros.
—Tenho a certeza de que isso é fascinante, Alfonso. — Any manteve as mãos dentro dos bolsos. — Tiraste algum curso de psicologia com o Dr. Rhodes? Acho que estávamos a falar das sub culturas dos índios das Grandes Planícies.
— Não. — Ele estendeu a mão e enrolou um dos caracóis dela em redor do dedo. — Eu estava a perguntar‑te porque é que estás nervosa.
Prévia do próximo capítulo
— Não estou nervosa. — Any esforcou‑se por manter o corpo perfeitamente quieto. — Eu nunca fico nervosa. — Ele esboçou um sorriso. — De que é que estás a rir‑te? — É muito recompensador enervar‑te, Any. — Olha, Alfonso… — Acho que nunca te vi irritada — comen ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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Angel_rebelde Postado em 25/05/2014 - 00:52:29
Adooorei sua fic. No começo não tive tanto encantamento mas bastou mais uns capítulos para me encantar. Foi lindo ver o qnto Anny mudou a vida da pequena Allison com sua ternura e a de Poncho tbm pois o mesmo tbm era mto triste antes da chegada dela. A entrega q tiveram foi única e resultou em momentos únicos para os dois. Formaram uma linda família, quase foi estragada pela inveja da mãe dele mas o amor entre eles venceu as barreiras. Adoorei a história. =))
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kikaherrera Postado em 21/10/2009 - 01:42:38
LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
AMEI ESSA WEB. -
annytha Postado em 19/10/2009 - 18:34:15
adoro sua web, é demais
posta +++++++ -
annytha Postado em 14/10/2009 - 10:48:53
vai desiste dessa web?
por favor continua vai -
annytha Postado em 18/02/2009 - 15:03:38
posta +++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 17/02/2009 - 19:45:05
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
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mariahsouza Postado em 15/02/2009 - 14:00:29
POOSSTTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
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mariahsouza Postado em 14/02/2009 - 17:26:49
Q
U
E
R
O
M
A
I
S -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!! -
vitoria10 Postado em 14/02/2009 - 17:08:41
AMEIIIII
POSTA MAIS!!!!!!!!!!!