Fanfic: Fruto da Paixão-AyA [Finalizada] | Tema: AyA

Mas agora Poncho  tinha as próprias razões para insistir no teste de paternidade. Estava convencido de que o resultado o isentaria de qualquer responsabilidade por Aimee. Tinha medo de qual seria a reação dele quando fosse obrigado a aceitar a verdade.
Depois de quinze minutos, Poncho estacionou diante da casa onde ficava o apartamento de Annie  e franziu a testa ao ver a pintura desbotada e o ar geral de decadência.
— Você vive aqui? Mon Dieu, espero que seja melhor por dentro.
— Não conte com isso — Annie murmurou, sentindo um peculiar aperto no coração ao ver Luna  erguer os braços para que Poncho  a tirasse da cadeirinha. A filha costumava ser tímida com estranhos. Será que ela sentia uma ligação inconsciente com o pai? Annie  pensava nisso enquanto seguia na frente para mostrar o caminho. Subindo as escadas, sentia o silêncio crescer a cada minuto.
— Como pretendia carregar Luna e o carrinho por quatro lances de escada com o pulso machucado? — Poncho perguntou quando finalmente chegaram à porta do apartamento. — O que faria se houvesse um incêndio? Nunca conseguiria sair daqui rápido o suficiente.
— Eu daria um jeito, como sempre fiz — Annie  respondeu tensa, parada no corredor na vã tentativa de lhe bloquear a entrada. Não o queria ali, intrometendo-se em sua vida, mas Poncho a ignorou e entrou na pequena quitinete.
O apartamento estava uma bagunça. Parecia fazer muito tempo que ela havia corrido por aquela porta para deixar Luna  na creche antes de ir para o trabalho. Os pratos do café-da-manhã ainda estavam empilhados dentro da pia, e no cabideiro várias de suas peças íntimas estavam penduradas. Poncho  olhava ao redor com leve ar de espanto e ANnie  desejava que ele fosse embora. Odiava que ele visse como vivia.
— Não é o ideal, admito — ela murmurou —, mas é o que posso pagar.
— Não acredito que esteja criando uma criança aqui — Poncho  comentou repugnado, realmente chocado com o esquálido apartamento. Annie  tinha se esforçado para fazer o lugar parecer mais acolhedor espalhando almofadas coloridas no sofá e arrumando a coleção de ursinhos de Luna  sobre a penteadeira. Mas nada disfarçaria o cheiro de mofo e o balde estrategicamente colocado para aparar a goteira, evidências de que a casa estava em péssimo estado de conservação.
As condições de moradia de Annie não eram de sua conta, Poncho  lembrou a si mesmo ao colocar Luna  no chão. A menininha correu até sua caixa de brinquedos. Ao menos agora entendia por que Annie  insistia no fato de Luna  ser sua filha. Será que estava enganando a si mesma na esperança de que ele fosse prover a menina?
Annie  deu de ombros, indiferente.
— Minhas condições de vida nunca lhe importaram antes, Poncho . Por que a súbita preocupação? — perguntou com frieza. Tirou a jaqueta molhada e só então lembrou que não tinha conseguido colocar o sutiã enquanto lutava para se vestir no hospital. Os olhos de Poncho  a examinavam e, para horror de Annie , os bicos de seus seios se contraíram.
A atmosfera no pequeno apartamento mudou imperceptivelmente. Estava ciente da súbita tensão ao cruzar os braços para esconder a proeminência dos mamilos. Não era uma boa hora para lembrar a ligação que tiveram no passado. Desviou o olhar da boca sensual e tentou banir da mente a sensação daqueles lábios sobre os seus.
— Como eu já disse antes... não irei a Mônaco com você — afirmou, sentindo-se mais confiante no próprio território. — Não pode me obrigar, a menos que pretenda me levar amarrada até seu avião — Annie  acrescentou ao ver que ele simplesmente a encarava como se fosse capaz de ler os pensamentos que rodopiavam em sua mente.
Poncho  parecia dominar o pequeno cômodo, fazendo-a engolir em seco quando veio caminhando em sua direção.
— É tentador — ele murmurou, os olhos brilhando perigosamente. — Não me encoraje, chérie, ou irei pensar que está querendo me zangar de propósito.
— Por que eu faria isso? — Annie  perguntou, desprezando a si mesma pela maneira como suas terminações nervosas pareciam adquirir vida com a proximidade de Poncho.— O sexo era sempre maravilhoso depois de uma discussão — respondeu em tom aveludado, o brilho divertido nos olhos alertando-a de que Poncho  estava ciente do efeito que exercia sobre ela. Anahí  corou vivamente, tentada a lhe dar uma bofetada.
— Só me lembro do sexo entre nós ser medíocre — ela mentiu. — Talvez esteja pensando em uma de suas outras amantes, Poncho . Teve várias, afinal.
Annie  se sobressaltou quando a mão de Poncho segurou seu queixo, erguendo a cabeça dela, não lhe deixando outra opção senão fitá-lo.
— Nada em nosso relacionamento na cama foi medíocre, chérie, e se tivéssemos mais tempo ficaria tentado a lhe provar isso. — O fogo em seus olhos fez a pele de Annie  arder.

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