Fanfic: Fruto da Paixão-AyA [Finalizada] | Tema: AyA

Uma semana depois, Anahí  estava parada ao lado do berço lutando para conter as lágrimas.
As horas após a chegada ao hospital tinham sido carregadas de tensão enquanto Luna era submetida a uma série de exames. O diagnóstico de que não era meningite tinha sido em parte um alívio. Havia sido acometida por uma virose e ficou numa cama de hospital, presa a fios e monitores. Apesar dos esforços da excelente equipe médica, não havia sinais de recuperação. Mas no quarto dia a temperatura começou a baixar. Quando Luna  acordou de seu longo cochilo, sentou-se, pediu água, comeu uma banana e só ficou na cama porque a convenceram de que seu coelhinho estava adoentado e precisava de cuidados.
A recuperação havia sido um pequeno milagre. Agora que estavam novamente na cobertura, Anahí  sentia que tinha saído de uma montanha-russa emocional. Não teria conseguido passar por tudo sem Poncho, admitiu. Ele sempre lhe ofereceu apoio, permanecendo calmo diante de seus temores, arrancando qualquer informação dos médicos na tentativa de abrandar sua ansiedade.
Tinha se agarrado a Alfonso  como a uma rocha, confiante de sua força. O orgulho não importava mais,
Annie  estava simplesmente grata por ele poder custear o melhor atendimento médico à filha. Mais do que qualquer coisa, compreendeu que o futuro de Luna  estava ali em Mônaco, com o pai.
— Venha, chérie — Alfonso disse baixinho ao entrar no quarto e aproximar-se com cuidado do berço. — Ela está dormindo profundamente e Jean disse que ficará aqui a noite inteira para vigiá-la.
— Não acredito que ela esteja tão bem — Anahí murmurou, vencendo o nó na garganta. — Uma semana atrás eu pensava que... pensei que a perderia. Estava tão assustada. — As lágrimas caíam apesar de sua determinação em esperar pela privacidade do quarto para sucumbir ao choro. Vencida pelo cansaço e pelo alívio, não conseguiu conter as emoções e enterrou o rosto nas mãos, sentindo que Alfonso a puxava com seus braços fortes contra o peito.
— Está tudo bem, Annie , chore. Não pode mais segurar depois do pesadelo que foi essa semana. Luna  já está bem, logo estará totalmente recuperada — assegurou ao erguê-la nos braços e cruzar o corredor. — É com você que estou preocupado, chérie. Mal dormiu esses dias e nem lembro da última vez que comeu alguma coisa. Não pode continuar assim — disse com firmeza. — Se não cuidar de si mesma, terei de fazer isso por você.
Anahí não conseguia discutir. Normalmente teria se rebelado contra seu tom autoritário, mas estava esgotada.
— Cama — ALfonso declarou ao entrar no quarto de Annie  e colocá-la no chão, estreitando a boca ao ver o rosto pálido e as marcas escuras sob os olhos. Talvez não se pareça tanto com um fantasma depois de uma boa noite de sono.
— Preciso de um banho primeiro — Annie  murmurou, cansada demais até para falar. Poncho  meneou a cabeça com firmeza.
— Pode tomar banho amanha. Está cansada demais; mal consegue ficar de pé. Vou ajudá-la a trocar-se. — Alfonso segurava a camisola e aproximou-se para lhe abrir a blusa.
— Está tudo bem, cuido disso sozinha. — A tentação de se jogar nos braços dele e implorar que a abraçasse era forte. Mas não poderia lidar com ele naquela noite, não em seu atual estado emocional. Para seu alívio, Alfonso  rumou para a porta.



— Chame se precisar de alguma coisa. Bonne nuit, chérie — Alfonso se despediu antes de voltar ao quarto de bebê para ver a filha. Sentiu o peito apertado ao ver os belos cachinhos dourados e o rostinho em forma de coração, tão parecido com o de Annie. Amava Luna mais do que poderia dizer em palavras, e os dias no hospital tinham sido os piores de sua vida. Mas agora ela estava em casa e ele tentava compreender exatamente o que sentia pela mãe dela.
Ainda viu luz por baixo da porta quando passou pelo quarto de Annie e hesitou um instante antes de ceder à vontade de verificar se ela estava dormindo. Mas a cama estava vazia e Alfonso  foi em direção ao banheiro, lembrando a expressão teimosa de ANnie  quando a deixou no quarto. Será que ela havia se arriscado num banho?
— Annie! — A porta do banheiro estava trancada. Alfonso sacudia a maçaneta, ficando inquieto por não ouvir resposta. — Anahí ... que diabos está fazendo aí?
Bem nos recônditos de sua mente, Annie  percebeu que alguém chamava seu nome. Sentia-se curiosamente leve, como se flutuasse, mas ouviu seu nome novamente e, com esforço, abriu os olhos ao mesmo tempo em que engolia muita água. Tossindo e cuspindo, ergueu-se na banheira no exato momento em que a porta era arrombada por Poncho .
— Mon Dieu! Não acredito! Você dormiu, não é? Queria morrer ou o quê? — perguntou furioso. Aproximou-se dela, as mãos apoiadas nos quadris e a raiva fluindo por todos os poros enquanto medo e adrenalina corriam pelo corpo. — Disse para tomar banho amanhã. Será que nunca faz o que lhe mandam? Poderia ter se afogado — ele disse, a voz denotando alívio.