Fanfic: O Cataclismo - Conspiração | Tema: Trilogia Millennium, O Código da Vinci...
PRÓLOGO
O povo comemora a reeleição do Presidente da República. Uma grande aglomeração de pessoas em frente ao Palácio do Planalto. A multidão se acotovela para tentar uma visão melhor. Bandeiras, faixas... canções entoadas, gritos de alegria, protesto. Uma emoção reverbera daquele povo, algo de arrepiar. Nunca na história desse país um presidente conseguiu uma popularidade tão alta como o de agora. Um homem eleito pelo povo, vindo do povo. É a festa da democracia. Todos ali, festejando mais uma vitória sobre a elite dominante e mostrando que a massa é que manda. Chega de ser manipulados.
O presidente reeleito apareceu ao longe em cima do Rols Royce conversível, acenando para a multidão que se aglomera na frente do Palácio do Planalto. Um dia meio chuvoso, com uma fina cortina de água tamborilando sobre a cidade de Brasília, a capital do Brasil. A imprensa também se aglomera mais ao fundo, com seus caminhões e câmeras estrategicamente colocadas. As TVs só transmitem a posse do presidente. O momento mais esperado chegou. O presidente desceu do carro e subiu a rampa, depois passou por todos os processos e apareceu no púlpito oficial. Foi um alvoroço quando ele apareceu lá em cima.
Ficou mais atrás do púlpito, o vice-presidente e sua mulher, e ao lado, a primeira dama; sem contar todos os seguranças e outras autoridades convidadas. Quando o presidente começou a discursar, todos ficaram em silêncio.
– Com o alto testemunho da nação! Eu aqui afirmo meu propósito inabalável...
Do alto de um prédio, um homem alto, careca, branco, vestindo uma capa preta de couro para se proteger da chuva, esta praticamente de joelhos empunhando um fuzil de precisão. O homem olha pela luneta com precisão, no meio do alvo, o presidente eleito. O homem se prepara friamente, mira bem na cabeça e dispara. A pólvora é acionada e o sistema de compressão é posto em funcionamento. A bala é atingida por uma força inimaginável e sai do cano vermelha em direção ao alvo.
De repente, como se viesse do nada. A bala acerta a orelha direta do presidente que discursa. Um buraco enorme se cria em toda a região da orelha e das têmporas. Sangue espirra em todos ali do lado. O corpo cai para traz, morto. Os olhos arregalados. E o sangue começa a jorrar. A bala atravessou toda a cabeça e explodiu na têmpora esquerda arrancada uns três centímetros de pele e osso, também levando pedaços do cérebro. Parece que o tempo para nesse instante.
O atirador coloca o fuzil em nova posição, rapidamente. Ele mira em novo alvo, a cabeça do vice. Sem pestanejar, dispara no homem que está de costas começando correr. O vice-presidente leva um tiro na região da nuca e perde a vida naquele momento, caindo para frente e o sangue jorrando. A bala perfurou toda a cabeça e saiu no nariz, arrancando toda a cartilagem.
Um alvoroço se formou no meio da multidão, pessoas querendo invadir o Palácio, outras querendo fugir para qualquer direção. Os soldados das forças armadas tentam conter a confusão, mas a força da multidão é maior. Começam a recorrer para tiros de bala de borracha, a cavalaria é acionada. Gritos de pavor, de medo, de angustia... Ninguém sabe o que está acontecendo. Uma confusão generalizada, onde os gritos de alegria se tornaram gritos de pavor, de medo.
As emissoras cobrem todo o acontecido. As pessoas do Brasil todo, e logo do mundo, ficam estarrecidas com a visão proporcionada. O que é aquilo? O caos se instalara. Os repórteres falam ao vivo, todos desesperados, com um tom de tristeza da voz. Uma correria só, tomada pelo medo. Uma correria também é formada dentro do Palácio do Planalto, com agentes secretos correndo empunhando armas para todo lado. Tentam proteger os corpos de mais tiros. As pessoas ali também presentes, começam a correr. As viúvas são arrastadas chorando pela morte dos maridos ali na frente.
Imagens de horror.
Ninguém sabe o que aconteceu.
O presidente foi assassinado.
PARTE I
De Hassassin: Com ódio
Quem são eles?
Capítulo – 1
Dois de Janeiro.
Karl Falcão Blackwell. Tem 41 anos, é um homem atraente na visão das mulheres. É loiro, com cabelos de corte social, mas na maioria do tempo, está bagunçado. Uma bagunça organizada, que de certo modo, fica até mesmo charmoso. Tem olhos azuis e com a expressão de indiferentes. Seu rosto já está meio marcado da idade, algo que faz ganhar a característica de galã da meia idade. Tem o físico esguio, atlético. É alto e mantém o bom condicionamento físico com esportes diários. Tem também uma voz marcante, porém, serena. Com todos os atributos, Karl ainda não encontrara uma mulher para se casar, na verdade, nem pretende. Já fora casado por 10 anos e, no entanto, não deu certo e se separou. Agora leva uma vida de um solteirão, mulherengo para alguns, sortudo para outros. Sexo não é problema.
Agora mora em uma casa de campo na cidade de Cascavel, no Paraná. Uma bela cidade, com ótima qualidade de vida. Muito bem planejada com mais ou menos 300 mil habitantes. Foi ai que Karl nascera. É filho único, seus pais já morreram em uma situação que atormenta Karl até os dias de hoje, um momento que ele não consegue apagar. A sua casa é praticamente uma mansão de campo, com uma arquitetura europeia, com grandes sacadas e os telhados em forma de triangulo, se destacando, paredes cobertas por plantas trepadeiras. Seu conhecimento em história da arte ajudara a encher a casa com pinturas e esculturas, e alguns anjos originais de Bernini espalhados por pontos estretégicos. É quase uma chácara o local, conta com dois campos de futebol sintético, um para futebol americano, duas quadras, uma para tênis e outra para vôlei. E ainda uma grande piscina com uma área de recreação espetacular.
É uma pessoa de um humor que faz todos se sentirem bem ao seu lado. Consegue fazer amizades facilmente e é um hábil negociador. Tem uma grande intimidade com armas e artes marciais, o que dá uma combinação espetacular. É discreto e não gosta muito de se aparecer, porém, gosta de ser reconhecido. Tem um amplo conhecimento em história e história da arte. Também um grande saber sobre religiões, sociedades secretas e etc. Tem um rápido cálculo mental e sabe muito bem como aplicar todos os seus conhecimentos quando preciso. Também é grande conhecedor de geografia como um todo, política também. De vez em quando escreve alguns artigos para jornais locais, e faz um bom sucesso, sempre, claro, com polêmica.
Neste momento, está em sua sala, relaxando assistindo a Globo News qual fazendo a cobertura do velório do presidente. Karl, por sua vez, já se aprofundara sobre o assunto e já dera umas pesquisadas com os seus “métodos”. A imagem na TV mostra uma multidão que está aglomerada nas proximidades do Palácio do Planalto, de repente, apareceu uma repórter na tela. Uma moça com cabelos curtos e castanhos escuros, até os ombros, olhos meio claros, uma pele limpa, clara. No GC, o nome dela: Natasha Amorim.
– Definitivamente, você não tem nome de repórter – resmungou Karl. – Nem cara.
– As pessoas estão cabisbaixas com a morte do presidente – disse ela, firme. – Teve inúmeros casos que ambulâncias tiveram de ser destacadas, decorrente a pessoas que passaram mal. Segundo elas mesmas, estavam abaladas com a morte do presidente. Também ocorreram casos com pessoas pisoteadas pela imensa multidão que, mais cedo, acompanhou o caminhão do Corpo de Bombeiros, chegar com o caixão contendo o corpo dos dois políticos. Mais cedo, os policiais registraram um inicio de confusão, algumas pessoas estavam protestando contra o falecido, e desferiam palavras de baixo calão, quando então pessoas pró-governo, se sentiram ofendidas e ali começou uma confusão generalizada.
Enquanto a matéria continuava, Karl come seu cereal matinal. De repente, o seu celular começou a tocar. Número restrito. Sem titubear, Karl atendeu-o.
– Pode falar.
– Karl? – Indagou uma voz feminina.
– Eu.
– Aqui é Leonor.
– Já imaginava. Qual o assunto?
– O que você vê provavelmente pela TV.
– Estou vendo uma repórter gostosa, Natasha Amorim, seria ela o assunto?
– Não, não estou para brincadeiras. Você sabe muito bem sobre o que estou ligando. O assassinato do presidente.
– Ta e daí? Você tem milhares de agentes que trabalha para você. Não quero ter ligações que me ligam a você e este caso – disparou Karl, com um certo tom de raiva.
– Nem deixou eu te explicar.
– Explique.
– A situação é muito pior do que você pensa. Estou te ligando em último caso. O que vem acontecendo nos bastidores é muito pior do que você imagina.
– O que é?
– Não posso confiar em ninguém. Estamos sendo vitimas de um grupo conspiratório que se instalara no governo. Estão por todas as partes, ocultos, ninguém sabe quem é, mas sabe da existência. São uma espécie de fantasmas. São eles que estão por trás no assassinato. Acabaram de confirmar isso, assumiram as responsabilidades por meio de uma espécie de carta virtual que foi enviada para a ABIN.
– Qual o nome do grupo?
– Eles se intitulam Hassassin. Acho que você já deve ter ouvido falar.
Karl ficou em silencio. Processando a informação.
– Hassassin? É isso? – O indagou temeroso.
– Sim.
Hassassin, esse nome ecoa com certo medo na cabeça de Karl. Passara anos investigando, estudando o que seria esse um grupo conspiratório, uma espécie de Illuminati. Alguns até os ligavam a Maçonaria, porém, sem provas nenhuma. Sempre teve conversas sobre a existência desse grupo, ninguém conseguiu provar. É uma espécie de entidade espiritual, alguns classificavam assim, uma vez que ninguém vê, sabe onde está, mas sabe que existe. Hassassin, o grande noir da conspiração. Todos sabem que existe, mas não sabem quem é, onde encontrar.
– Tem certeza? – Indagou Karl, novamente.
– Sim, claro – respondeu Leonor. – Se não, eu não tinha te ligado. Karl pense bem, precisamos da sua ajuda. Precisamos de você. Eu não sei em quem confiar, eles disseram estar infiltrados até mesmo na ABIN! Você não tem ideia o que seja isso. Por favor.
– Quando é para eu estar ai?
*****
O avião pousou em Brasília por volta de pouco antes do meio-dia. Karl pegou sua mala de mão e desembarcou, depois foi pegar a sua outra mala, a principal, na esteira. Aguardou alguns segundos até ela aparecer na esteira. Pegou a mala e se encaminhou pelo saguão apinhando de pessoas. O celular começou a vibrar no bolso de dentro do paletó preto. Karl atendeu.
– Fala.
– Tem um Fusion prata no outro lado da entrada principal a sua espera. A chave está em baixo do para-lama – disse uma voz masculina. Karl, sem saber quem era, desconfiou, mas depois assimilou o que era na verdade.
Então, Karl seguiu o que fora dito. Saiu a entrada principal e avistou mais adiante um Ford Fusion prata, com o pequeno brasão da ABIN colado nas laterais. Karl atravessou a rua e chegou no carro, ninguém por perto. Karl se abaixou ao lado do para-lama do lado esquerdo, e enfiou o braço entre a roda e a lataria, sentiu a chave grudada com fita adesiva e a puxou. Depois, discretamente olhou para a chave, viu o código, digitou na porta do carro e viu ele destravando. Foi até a traseira e colocou suas malas no bagageiro. Depois entrou no carro e seguiu para a ABIN.
Um caminho que conheço muito bem,pensou Karl.
*****
A Agência Brasileira de Inteligência completou 13 anos no dia 7 de dezembro de 2012. A ABIN foi criada em 1999, por meio da Lei nº 9.883, e é o órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). Tem entre suas atribuições a execução da Política Nacional de Inteligência e a integração dos trabalhos dos órgãos setoriais de Inteligência do país. Dessa forma, a ABIN presta assessoramento à Presidência da República assegurando-lhe o conhecimento de fatos e situações relacionados ao bem-estar da sociedade e ao desenvolvimento e segurança do país.
A ABIN tem a sede em Brasília. Alguns a chamam para exemplificar, de a CIA Brasileira. O trabalho é semelhante. A ABIN tem missão de informar o presidente, e autoridades, sobre tudo o que acontece no Brasil. Assuntos de inteligência, ou melhor, espionagem. Tudo o que está acontecendo no Brasil, e que envolve o país, eles tratam de investigar o que está acontecendo. Buscam nomes, onde, como, por que, e entregam ao presidente, cabe a ele decidir o que será feito, além de ele usar destas informações para formar articulações e etc.
Usam de sistemas de criptografia para interceptar informações, na internet, telefone e outros meios de comunicação possíveis. Tem aparelhos fantásticos que são usados para espionagens. Escutas telefônicas, de ambiente, e demais objetos modernos capazes de interceptar troca de conversas em diversas situações. Dispõe de infinitos dispositivos que ajudam no trabalho. Tem um grande corpo de agentes que são concursados, passam por triagem, curso, e assim vão trabalhar em diversas áreas da ABIN.
Agora estão em um momento de crise, um momento delicado. O presidente fora assassinado por um grupo conspiratório poderoso, que ameaça as estruturas do governo. A pessoa que comanda tudo isso, tem de haver nervos extremamente fortes. Leonor McGregor, uma mulher determinada, obstinada. Tem uma posição forte sobre todos os assuntos, imperativa. Agora, porém, se vê em um certo apuro. Tem a segurança do país em suas mãos. Está sob a ameaça de uma crise política, que já se iniciara com o assassinato do presidente. Para isso, recorreu a quem pensou nunca mais ia ter contato, Karl Falcão Blackwell.
Leonor McGregor tem por volta de 60 anos de idade. Mais de 35 em toda a sua carreira no meio da Justiça e policias. A sua aparência física sempre deixou por enganar, parece uma mulher frágil, porém, não é. Tem uma estatura média, corpo magro, definido, ótimo para a sua idade. Cabelos loiros, praticamente grisalhos, decorrente a idade. Ela sempre procurara meios de assumir a sua idade perante todos, acha isso um argumento forte de respeito. O seu rosto já está meio marcado por causa da idade, aliás, o que também não deixa de ser um indicador de longevidade.
Ela, Leonor, está neste momento em seu escritório. Um belo ambiente, com o fundo todo em vidro, com uma bela vista de campos gramados. Um escritório moderno, mesa de vidro com aço escovado, cadeiras pretas anatômicas, alguns objetos de decoração, um local amplo e claro. Leonor está a digitar um texto no computador, quando de repente...
– Mas o que é que está acontecendo? – Indagou ela, espantada, com sua voz rouca.
A tela do computador de repente ficou preta. Cinco segundos depois abriu um link do Youtube e um vídeo começou a passar. O vídeo é apenas uma tela negra com palavras em branco. “O Brasil nunca mais será o mesmo. Estamos em todos os lugares. Estamos te assistindo.” E o vídeo terminava com a imagem de um olho.
*****
Chegando à sede da ABIN, Karl parou ao lado da guarita, abaixou o vidro do carro. Um segurança esticou o pescoço pela janela da guarita e observou Karl Falcão.
– O seu nome?
– Karl Falcão Blackwell. Estou aqui a pedido da Leonor.
O segurança recolocou o pescoço para dentro, digitou alguma coisa em um computador, depois se voltou novamente a Karl esticando uma maquina de leitura das impressões digitais, semelhante a uma máquina de cartão de crédito.
– Coloque seu polegar aqui, por favor – disse o segurança, esticando a máquina.
Karl, sem pestanejar, colocou o dedo e logo a maquina apitou. Karl tirou o dedo. Alguns segundos depois...
– Tudo certo Sr. Karl. Pode seguir.
Karl fez um gesto com a cabeça e seguiu em frente. Seguiu para o estacionamento da ABIN, qual fica mais ou menos 10 metros adiante da guarita às direitas. Karl fez a curva para direita. Por lá, reparou nas demarcações e seguir para a onde era a sua vaga. Chegou ao final e se deparou, olhou e teve um momento de um orgulho.
– Ainda está ai... “Quem é rei, nunca perde a majestade”. – Referiu a uma vaga um pouco mais afastada onde ainda estava seu nome gravado com tinta amarela.
Desceu do carro e se direcionou para a entrada principal que fica logo atrás da vaga de Karl. Quando adentrou no grande hall, foi como se um turbilhão de memórias voltasse com tudo agora átona. O local mudou um pouco da última vez que passou por lá, é verdade, no entanto, a atmosfera é a mesma. Aquele lugar, a ABIN, faz com que Karl se sente revigorado, como se estivesse sido purificado. O local é amplo. Ao fundo 5 elevadores se destacam, ao redor, corredores e algumas colunas de sustentação. O teto é de gesso branco, o chão de mármore cinza e preto. Parou no hall de entrada para pedir informação, uma vez que parecia que a organização mudara. Uma bela moça loira estava lá, atrás da bancada.
– A Leonor está? – Perguntou Karl.
– Sim. Afinal, o senhor é...?
– Karl Falcão Blackwell.
– Ah sim! Siga-me, por favor.
A moça se levantou e conduziu Karl até o elevador, que fica ao fundo do grande saguão de piso de mármore. Eles entraram e a porta se fechou. A moça apertou um botão no painel e começaram a subir. Logo, o elevador parou no andar desejado, um local com ambiente de escritório, com uma grande vidraça ao fundo, e dois corredores em direções opostas. Ela encaminhou Karl por um corredor às esquerdas. Seguiram por esse corredor e logo pararam diante de uma porta de vidro que fica no meio do corredor, a porta está à direita.
– Aqui, por favor – disse ela indicando a porta.
A moça foi embora pelo mesmo caminho. Karl ficou parado de frente a porta, não sabia o que ia encontrar. Por um momento, se relembrou dos tempos das reuniões em uma sala como aquela, agora, porém, essa reunião seria diferente de todas. Não sabia o porquê, mas sentia que a partir daquele momento tudo será diferente. Karl puxou para o lado, a porta, a deslocando-a para esquerda e entrou em uma sala de reunião. De repente, estacou. Não acreditou no que via pela frente.
– Mas que porra é essa?
*****
– Quem deve assumir a Presidência da República – diz Natasha Amorim, a repórter da Globo News, ao vivo com o Palácio do Planalto ao fundo, – é o presidente do senado federal, Flávio Ricco. Ele tivera uma atuação classificada como impecável em todos seus mandatos. Fora também, cogitando antes como pré-candidato a presidência, porém, preferiu continuar com seu cargo.
Flávio Ricco tem por volta de 65 anos de idade. Tem a aparência física, digamos... “normal”. É alto, tem por volta de 1.85 m, de altura. Os cabelos já se foram todos, até crescem, nas laterais da cabeça, no entanto, Flávio prefere a careca total. Tem os olhos cinzas, marcantes, uma expressão do rosto aristocrática, europeia. É um homem de posição forte, sempre mostrara sua opinião quanto a assuntos polêmicos. É um político tradicional, seguindo sempre o estilo do conservadorismo, o que de fato, nos últimos tempos, fora classificado como preconceituoso.
Flávio é um político da antiga oposição que faziam-na com o presidente qual estava para assumir, ou seja, novos pensamentos estão por vir. Agora, todavia, fará parte do governo, é uma guinada total nos rumos da política nacional. O povo elegera um, com certas ideias, e agora, outro assume o poder com toda uma ideologia diferente. Isso, no entanto, não é questionável, uma vez que é um processo comum.
Horas antes estava empossando este homem, pensou Flávio. Agora, ele está ao lado de sua esposa, Fernanda Ricco, uma mulher de personalidade, bonita, simpática. Apesar, ali, o momento, é de extrema tensão. Ali todos em volta do corpo do presidente e do vice, todas as pessoas dando o último adeus. O espaço do Palácio do Planalto está apinhado de pessoas comuns e políticos. Fora deixado um local especial para políticos e família, próximos aos dois caixões. Flávio esquadrinhou todo o espaço, viu inúmeros seguranças do serviço secreto, e lá fora, as Forças Armadas em grande número. Ele, Flávio, ficara temeroso depois do ataque. Agora, tudo pode acontecer.
Imaginou que no dia seguinte, estaria ele, lá, no senado tomando posse como presidente, cargo que outrora ele passou com todos os poderes, para aquele que agora está sendo velado na sua frente. Viu como o mundo dá voltas, e ontem ele estava lá dando poderes máximos ao novo presidente. Agora, porém, aquele que seria o homem mais poderoso do Brasil – e claro, seu opositor –, está ali, na sua frente, em uma passividade maior, esta morto. Calculara o peso que a partir de agora carrega em suas costas. Os milhões lá fora, querem uma resposta, uma resposta congruente, um culpado. Quem seriam estes capazes de tanto?
Flávio fez menção que ia se levantar, sua mulher o interrompeu.
– Onde vai? – Perguntou ela.
– No banheiro, já volto.
Ele se levantou, saiu do local reservado e seguiu em meio ao enorme saguão. Viu que, ao irromper o espaço, dois seguranças de terno preto passaram a segui-lo à distância. Agora sou o presidente, pensou Flávio. Seguiu para os sanitários. Adentrou ao espaço para os homens, amplo, limpo. Uma luminosidade ofuscante dando uma maior sensação de limpeza. As luzes vinda do gesso na parede reverberam pelos trabalhados em mármore. Flávio escolheu uma cuba, parou diante dela, olhou no espelho.
– Que rei sou eu?
Apertou o botão da torneira à pressão, a água escorreu, encheu as mãos com ela e depois levou-as ao rosto. Sentiu a água trazer um novo espírito para ele. Flávio, de ontem para hoje, está tremendamente acabado. Aquelas imagens da cabeça do presidente explodindo... Rodam como fita rebobinando a cada minuto. Tenta a todo custo, apagar estas imagens que, ao parecer de momento, estão gravadas em sua memória pelo resto da vida.
O telefone celular começou a vibrar no bolso de Flávio. Ele sacudiu as mãos para tirar excesso de água e pegou o celular. Número restrito... Sem saber quem é, Flávio atendeu.
– Flávio Ricco falando.
– Confiamos em você. Hassassin.
E a linha ficou muda.
*****
Quando Karl se deparou com aquele grupo de pessoas a sua frente, inúmeras imagens, junto daquele grupo começaram a passar em sua cabeça. Um Dèjá vu? Karl nunca imaginara reencontrar aquelas pessoas a sua frente, é relembrar o passado, e o passado, Karl não quer relembrar. Vários acontecimentos com aquelas pessoas marcaram a sua vida, literalmente, até mesmo, a colocaram em risco. No entanto, sabe ele, que apesar dos pesares, foram os melhores momentos de sua vida.
– João, Pedro, Lucas e... Leonor. Mas que merda é essa? – Indagou Karl, estupefato.
João Gabriel Alves Canossa tem 39 anos de idade. Passara a vida toda estudando, atualizando todo seu conhecimento em computação. É, portanto, é um hacker. Tem a aparência física magra, bem magra, diga-se de passagem. O seu rosto é meio fino, meio redondo, uma mescla. Bastante espinhas povoam o seu rosto, algumas, porém, apenas marcas das mesmas. Tem uma voz meio estridente. Usa roupas que o caracterizam de nerd, porém, ele não pensa assim. Acha que está acima de uma categoria, qual é a dos nerds. Sempre na maioria do dia, está circulando com camisetas de rock, entre elas: Gun’s n Roses, Red Hot Chili Peppers e entre outras. É um defensor convicto de boa música. Sem contar como outras paixões de sua vida, entre bacon, internet, futebol americano, Corinthians e demais coisas. A internet, porém, é uma das que conseguira se tornar o ganha-pão.
Tudo começara nesse meio, quando precisava “trollar” os amigos via internet. Era um motivo bobo, apenas de brincadeira, contudo, se tornou, inesperadamente, algo que viera ser muito rentável para ele. Aos poucos fora se aperfeiçoando. Começou com roubos de senhas em contas nas redes sociais, depois passara a invasões de blogs e etc. Quando chegara um dia, que João entrara em um site de um mercado, pequeno, e eles então ofereceram uma quantia em troca do site. João aceitara no momento. Ai então, que nasceu a ideia. Conseguiu invadir sites maiores, e quando atingia o objetivo, contatava a empresa. Fazia uma proposta: “Posso cuidar da segurança de seu site, desde que vocês me paguem uma quantia, caso contrário...” Isso, no entanto, pode ser caracterizado como crime, mas nenhuma empresa se dera ao trabalho de abrir um processo, é perca de dinheiro. Não existe leis firmes quanto a este tipo de ação que possa caracterizada como um crime.
Agora, todavia, ele não trabalha nesse ramo. Há alguns anos, fora contratado pela ABIN para atuar no departamento de criptografia. Além de trabalhar na organização e condução de uma missão, bem como, na criação de novas tecnologias para armas e novos objeitos que ajudam na espionagem. João Gabriel é considerado nesse meio, um gênio, trabalhara com Karl e sua equipe durante anos. Fora peça-chave no desenvolvimento de missões, entre elas, uma caça a um brasileiro desaparecido no Vaticano. João traçara um caminho perfeito, de onde o desaparecido podia estar, descobriu, que na verdade ele estava tentando refazer o Caminho da Iluminação, um suposto caminho que fora traçado pelo escritor Dan Brown, onde, segundo ele, os Illuminati percorriam para chegar ao local onde se encontravam, e assim, selecionar aqueles que deveriam ser parte da sociedade.
Agora, porém, a situação não consiste apenas em montar um esquema de perseguição a um maluco no Vaticano. Tudo é muito pior, vai além disso. Um assassinato presidencial que levara a sua convocação para atuar ao lado de Karl, novamente.
Pedro Ribas tem por volta dos 40 anos de idade. É loiro, alto, com olhos azuis... porém, com todas essas características físicas, não chega ser um homem atraente para as mulheres. Sempre deixara o cabelo um pouco mais cumprido, vasto. É uma espécie de pessoa que fica impossível ler o que se passa através dos olhos. É impenetrável, tem uma espécie de barreira que impede as pessoas conseguirem traçar um perfil emocional. Isso, porém, se reflete em uma maneira inigualável de conseguir de se redobrar em situações de grande apelo emocional. Consegue ponderar questões como ninguém, e isso, portanto, faz parte de seu trabalho. É um atirador que está na margem da perfeição.
Desencadeara uma paixão pelas armas desde muito jovem. O seu pai, um militar de grande exemplo, o fizera crescer uma grande paixão por armas e, acima de tudo, respeito por alguém que as empunha. Pedro, portanto, ingressara no exército e passara a ser parte de um grupo especial de tiro, trabalhando com o arsenal mais moderno que se tinha conhecimento. Passou a ser um profissional, em todos os quesitos. Sabe muito bem trabalhar com uma arma, do menor ao maior calibre. É um sniper de ponta. Reuni frieza, precisão e conhecimento, o que lhe faz um dos melhores neste assunto.
É tão amante das armas, que alguns próximos chegam a arriscar que, definitivamente, ele não possui mais mãos, em seus lugares, estão pistolas. Isso porque, segundo eles, Pedro tem uma habilidade tão grande, que fica de certa forma, espantoso a sua mobilidade quando empunhando armas. Com essa paixão tão grande, dentre milhões de modelos, Pedro elegera um em especial. Elegeu um Colt Magnum 45, uma arma que muitos chamam de “Canhão de caubói”, tem sua assinatura no cano, marcada levemente, porém bem visível. Para todo lugar que vai, leva a arma. Tem um costume bem estranho, qual chega ocasionar incomodo entre os próximos.
Pedro tem uma filha de apenas 13 anos, a qual fora obtida em um relacionamento inusitado. Ele é um frequentador de boates, e esse é um dos seus grandes defeitos. Em uma das visitas, conhecera uma mulher, jovem, dois anos mais nova que ele. Foram para um quarto e fizeram o serviço, mas não parou por ai. Trocaram contatos e passaram a se encontrar fora da boate. Ela largou aquela vida e passou a morar com ele, depois, como tudo que começa assim, termina da mesma forma. Ela engravidou, deu a luz a uma bela menina que eles a chamaram de Letícia. Algumas semanas depois, a mulher morreu decorrente uma infecção hospitalar.
Lucas Varela um grande conhecedor de bombas, facas e venenos, também de artes marciais sem contar seu vasto conhecimento em computação, o que lhe equipara com João Gabriel. Tem por volta de 37 anos de idade. O seu físico, é, no entanto, um pouco magro, digamos... um pouco abaixo da média. Porém, tem uma grande força muscular e movimentos rápidos, precisos. É negro com um pequeno cabelo, muito pequeno, encaracolado. Tem um nariz um pouco avolumado, olhos grandes, quase saltados praticamente. Tem um sotaque de carioca marcante, sempre puxando um pouco do “r” e do “s”. Não é casado, mas vive enrolado com uma mulher que não sabe se vive com ele, ou se larga dele. Uma espécie de “estica e puxa”. Recebera o convite de voltar à ativa com certo espanto, nunca imaginara algo novamente, nunca pensou que iria retornar.
Começara a trabalhar com bombas, facas, venenos, artes marciais e computação, quando viu que não era um dos melhores atiradores e nem também, tinha um grande físico para enfrentar de frente todos os inimigos. Preferira, então, atacá-los de longe, ou indiretamente. Tudo começou com filmes, Lucas via aquilo e adorava ver explosões, ou então, pessoas morrendo misteriosamente decorrente de um veneno, sem falar da força destrutiva e aparente cortante de facas quando combinadas com artes-marciais, ou, quem sabe uma destruição da vida moral da pessoa pro meio dos computadores. Via ai um método de se destacar no meio. Começara a estudar sobre o assunto, se matriculara em uma academia de luta, depois passara a estudar livros de biologia específicos em venenos de diversos efeitos e origens, comprara manuais para estudar como funcionam bombas de diversas características, e também aprendera sobre as facas, quais se acoplou junto as artes-marciais. Sobre computação, aprendeu tudo em grandes fóruns camuflados na rede que ensinam os manejos para um hacker iniciante.
Quando aprendia coisas novas, ficava extasiado como se tivesse adquirindo poder em relação aos demais. Sabia que poderia explodir casas, escolas, e afins... quando bem desejasse. Desta vez, porém, que viesse tentar lhe agredir, sabia muito bem como se defender e dar o troco mais caro ainda. Poderia esfaquear pessoas silenciosamente, sem ninguém perceber uma jugular poderia ser cortada. Aprendera também que poderia envenenar alguém na medida mínima, fazendo essa pessoa morrer ou ter complicações sérias, e o melhor, sem conseguirem fazer um exame toxicológico a tempo de identificarem a causa da morte. Lucas, a partir daí, se tornara, portanto, uma pessoa que se não soubesse se controlar, poderia causar grandes estragos à sociedade. E foi em um dos estragos, que ele cruzou o caminho de Karl Falcão Blackwell.
Agora todos ali reunidos novamente. O grupo que fora mortífero contra os inimigos, novamente reunidos. Algo que Karl não consegue acreditar. Parece irreal. Ele, porém, é divido, não sabe se queria tudo novamente, ou se queria tudo distante. Duas forças lutando dentro de si. Não acredita que tudo pode estar se remontando em sua vida. Karl observou aquelas quatro pessoas na sua frente, atônito.
– Vamos, Karl, sente-se conosco – disse Leonor em um tom amistoso.
– Espera ai... Eu pensei que... Mas o que é que está acontecendo aqui?
– Digamos, convoquei os melhores agentes que tenho conhecimento para a resolução de uma crise que envolve todas as esferas do governo brasileiro – replicou Leonor. – Você sabe que você e sua equipe, são os melhores. Diante das situações, eu não posso confirmar em mais ninguém que esteja atualmente no governo. É algo maior do que você possa imaginar. Chamei você, o João, Lucas, Pedro, para resolver esse problema, preciso de vocês. Por favor, não se faça de difícil. Sente-se nessa cadeira e vamos conversar – disse ela por fim, com um tom duro.
Karl ficou um tempo parado, contemplando todos. Refletindo. Até que se sentiu vencido, foi até a mesa, puxou a cadeira às esquerdas de Leonor e se sentou.
– O que temos para hoje?
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Existem diversas teorias sobre o nascimento do pequeno e mortífero, antigo, exército dos Hassassin. Algumas são de que começaram a aparecer logo depois que o Exército dos Cruzados pilhou a terra de mulçumanos, também trazendo uma grande desgraça para aquele povo, sem contar que os trataram como impuros. Para se defender, o povo daquela região selecionou a dedo, organizaram os melhores combatentes que poderia ter de momento. Era um exército pequeno, porém, com uma força implacável para defender e atacar. Todos seus inimigos eram trucidados. Eram afamados, não apenas pela sua força mortífera, mas também, logo após cada confronto, se entregavam ao êxtase de uma droga conhecida como Haxixe, ou Hashish.
Logo que a fama do exército se espalhava cada vez mais por todas as regiões, ficava conhecida também a força destrutiva, sem contar a forma que celebravam as guerras. Ficaram conhecidos como Hassassin – literamente “os adeptos de haxixe”. O nome do exército aliado à força do mesmo passou a ser sinônimo de morte. Hassassin era algo temido em todas as línguas. Bem como é utilizada nos dias de hoje. Hassassin evoluiu e, hoje, ainda está principalmente marcada no português, inglês, e entre outras línguas. É o que todos conhecemos por assassino.
Hoje, porém, o grupo de fato não existe mais. No entanto, ainda existem pequenas organizações, ou grandes, que se utiliza de parte da filosofia e do próprio nome marcante. Obviamente, poucas pessoas em um mundo politizado e organizado como este, sairia vestido de uma forma peculiar, matando, estuprando os seus inimigos pela frente. Todavia, existem outras maneiras de vingança, outras maneiras de fazer valer a palavra, de defender seu povo, trazer a paz. Nem que isso custe algumas coisas que possa ser considerado fora da lei, mas, que, se de um ponto de vista, é justo e necessário. Às vezes na vida, para se fazer justiça, é necessário burlá-la. Isso, porém, existem limites e às vezes, estes limites são ultrapassados por uma gana de vingança, de justiça, que na maioria das vezes, ambas podem ser confundidas.
Um grupo como este instalado no governo brasileiro, é algo difícil de acreditar. No entanto, diante dos atuais fatos, todos têm de passar a temer e analisar melhor que está ao seu lado. Leonor, a diretora da ABIN, tem plena consciência disto. A situação está ruim. Leonor teme quem esteja trabalhando para esse grupo, qual parece ter se espalhado por toda maquina pública, inclusive na ABIN. Hoje, mais cedo, com aquele vídeo que a deixara mais paranoica ainda. Era uma ameaça verdadeira, e Leonor não poderia brincar com aquilo. Alguém tinha entrado em seu computador, qual é criptografado, portanto, apenas alguém da ABIN teria estrutura e capacidade de invadi-lo, mesmo que a tecnologia esteja a serviço de todos os cidadãos.
Agora, todos ali reunidos, em prol de uma resolução que é o mais urgente. Precisa saber quem é que está por trás de tudo. Logo após, ir, caçar, prender e, em ultimo caso, matar. São decisões difíceis de serem tomadas. Precisa de planejamento, muito bem meticuloso. Montar uma equipe competente e que se possa confiar. Leonor esta fazendo isso, agora. Ela olhou todos ali, sentados à mesa de reunião. Karl está a sua esquerda, João Gabriel à sua direita. Depois de João, seguindo, Lucas Varela. Depois de Karl, Pedro Ribas.
– Bem, vamos começar a reunião pela qual trouxe vocês até aqui – disse ela tomando fôlego. Mexeu em alguns papeis e finalmente foi. – Vamos começar desde que tudo deu inicio. Pelo material recolhido por equipes, chegou as minhas mãos algo que deve se preocupar. Atualmente, um grupo conspiratório intitulado Hassassin, está infiltrado em vários setores do governo, a fim de liquidar com a corrupção brasileira. Até o momento, não vejo nenhum crime, uma vez que ainda não fora provado nada. No entanto, recentemente, fomos abalados por algo que passou de todos os limites. Esse grupo, Hassassin, assumira a autoria do assassinato ao presidente e o vice. Segundo informações, nada oficial, e além do mais – isso é off the Record – que o presidente falecido, tinha enquanto estava no poder, mantinha um esquema de corrupção. Esse seria, portanto, um dos motivos pelo grupo Hassassin tem matado o presidente e o vice.
Karl levantou o dedo para tomar a palavra. Leonor concordou com um gesto.
– Ta, mas quais são as provas verídicas que esse grupo exista de fato? Pois como você falou, é um grupo conspiratório grudado ao governo. A maquina publica é enorme, e seria praticamente impossível descobrir quem é. Sem falar que pode ser grupo de fora, não necessariamente dentro do governo – disse Karl.
– Concordo com você – replicou Leonor. – Mas não é isso que as evidencias mostraram. Pelo que tenho aqui, é um grupo poderoso e organizado que mostrara que esta com seus tentáculos no governo. Não sabemos quem são, apenas que se intitulam Hassassin. Eles assumiram a autoria do atentando. E pelo que me parece, estão dispostas a mais. Também, segundo informações, eles são um grupo com a intenção de dissipar com a corrupção no Brasil, até ai tudo bem, o foda é como eles estão levando isso adiante. Literalmente matando todos os corruptos.
– O que de certa forma – disse João Gabriel, por fim – nos leva a crer que eles vão matar mais gente. Será um assassinato de político em massa nos próximos tempos. Já que todos tem rabo preso com algo...
– De fato – completou Karl. – Seguindo esse pensamento teríamos de montar guarda atrás de cada político.
– Isso vou ter de concordar com você – disse Leonor. – Porém, não temos como fazer isso. O negócio é investigar quem está por trás disso. Eles já deixaram um fio, a morte do presidente, temos de começar por ai. Sem falar de todo o trabalho de intervenção criptográfica. Vocês estão aqui para isso. Vamos montar um esquema de investigação e proteção.
– Em contrapartida temos dois assassinatos para investigar, o do vice e do presidente – disse Karl rabiscando um papel depois olhou para todos. – E tenho de admitir que foi algo muito bem feito. Digno de trabalho de Pedro Ribas...
– Verdade, Karl. Pelo que eu pude ver por imagens da TV, o atirador estava situado em algum prédio próximo ao Palácio do Planalto. E em uma direção que fica às direitas do presidente quando estava no púlpito. Portanto, temos algumas alternativas. O atirador poderia estar no Congresso, ou em algum prédio de um ministério.
– O que nos leva a crer que alguém destes prédios, que no momento deveriam estar com acesso restrito, permitiu a entrada do atirador. Ou seja, mais um ponto para colocar nessa conspiração – concluiu Karl.
– E sem falar que a arma utilizada tem de ser muito precisa e poderosa, ou seja, eles têm dinheiro. E além do mais, temos mercados restritos a este tipo de arma, as quais só podem ser utilizadas pelas Forças Armadas. Mesmo que, nos dias de hoje, é muito fácil comprar ilegalmente. Acha-se uma daquela em qualquer esquina.
– Contudo, sabe-se que quem fez aquilo é profissional e, portanto, foi contratado por alguém muito rico. Matar um presidente é caro.
– Sendo assim – disse Leonor –, teremos também de monitorar inúmeras contas bancárias. E ai que está o “porém”: De quem?
– Deixamos escapar um fio – disse Karl. – Se o tiro fora disparado do Congresso, já temos por onde começar, ou seja, foi de uma sala, e sendo assim, essa sala tem dono que pode estar ligado. A mesma coisa do ministério.
– Só que tem um “porém” – replica Pedro. – Existem diversos gabinetes e diversas salas, tanto nos ministérios tanto no Congresso. E o deputado ou senador que o ocupa, pode não estar ligado, mas sim um chefe de manutenção, faxineiro e afins.
– Voltamos à estaca zero.
O planejamento das ações e o destacamento de outras equipes passaram a ser o assunto principal da conversa. João Gabriel passara a assumir o departamento de criptografia e articular, com ajuda de Lucas Varela, todo o procedimento de ações. Claro, com consultoria de Leonor que ao lado de Karl estará no comando de toda essa operação em busca dos Hassassin. Karl fará trabalho de campo e também trabalhará dentro da ABIN. Pedro o ajudará por fora, trabalhando em dupla com Karl.
– A sorte está lançada. Vamos ao trabalho crianças! – Disse Leonor.
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O dia parece que vai ser longo para Flávio Ricco. Se sente atordoado depois daquela mensagem misteriosa que recebera um pouco antes. Voltou ao seu lugar no velório, com aquelas palavras reverberando em sua cabeça mortiferamente. Tinha ouvido falar naquele suposto grupo, no entanto, não tinha dado bola. Desde que entrara na política ouvira dizeres sobre um tal grupo conspiratório que se intitulava Hassassin. Ficara surpreso também em saber que eles confiavam nele. Algo que o surpreendeu.
Flávio sempre foi uma pessoa de autocontrole, sempre soube ponderar as questões mais criticas. É um político conhecido justamente por isso, mas agora, porém, sente-se na ponta de uma faca. Como se tudo parasse ao seu redor e ele fosse pressionado por uma força. Não sabe de onde vem esse sentimento estranho. Ao olhar os dois caixões na sua frente, Flávio sente uma agonia por dentro, uma pedra de cimento que parece o incomodar. Lá fora, aquelas milhares de pessoas, pareciam imprimir uma responsabilidade maior em Flávio. Uma pressão descomunal. Sem falar de toda a imprensa.
As horas se passaram. Uma assessora chegou até Flávio e lhe disse que logo começaria os trabalhos para levar o corpo para o enterro. Ela perguntou se ele iria seguir junto, ele respondeu que não. Então, logo começaram os trabalhos. Trataram de evacuar todos os civis do Palácio do Planalto, juntas as coroas de flores e tudo mais para levarem o corpo por via de um caminhão de bombeiros, até o aeroporto. Do aeroporto, até o cemitério em São Paulo, onde seria enterrados dos corpos do vice e do presidente.
Flávio e sua mulher, Fernanda, foram se despedir dos falecidos. Ficaram alguns minutos em volta dos corpos e depois foram cumprimentar as viúvas e famílias. Depois disso, viu que já havia pedidos de pronunciamento para a mídia, Flávio ignorou todos. Pegou o carro oficial e seguiu em disparada para o seu apartamento. Todas as residências oficiais estavam lacradas para investigação.
Flávio seguiu toda a viagem, calado, refletindo sobre tudo o que acontecera no último dia. Amanhã, a contra gosto, terá de gravar um pronunciamento para todo o país. Não sabe o que vai dizer, e não esta concordando da ideia de receber um texto pronto, isso, para ele, é uma hipocrisia sem tamanho. Aprendera desde cedo que não se deve enganar ninguém, seja lá qual for o motivo. A verdade vem sempre em primeiro. Contudo, logo que entrara na política, vira que isso seria impossível manter. Tinha um pensamento que poderia mudar isso, que, apesar de todo um passado sujo e que faz as pessoas se afastarem da política, Flávio poderia mudar isso e construir uma nova política. Isso, porém, não foi possível.
Hoje, quando recebera aquela mensagem, ficara claro que estaria na mira desse grupo conspiratório intitulado Hassassin. Flávio está temeroso com o que pode acontecer. E isso, mesmo que uma mensagem de texto dizendo que eles confiam em Flávio, não significa nada de bom para seu lado, mas sim, algo ruim uma vez que ele está com sua credibilidade em xeque. Um presidente da república não pode ser um cagão, pensou Flávio. Eu tenho que passar confiança, segurança, para esse povo, pensou ele positivamente. Todo esse momento vivido, o arremeteu a um passado que, apesar de não ter sido a melhor coisa da sua vida, serviu de grande ajuda para a construção de seu eu.
Era o dia em que perdeu seu pai. Foi um dia confuso, onde Flávio que tinha apenas 16 anos, estava perdido em meio a diversos parentes mesquinhos e falsos que só se aproximaram dele e de sua mãe, agora, apenas para transparecer uma falsa sensação de que estavam lá nos piores momentos. De primeiro momento, o seu tio, Roberto Ricco, irmão de seu pai, tratou de todos os detalhes do enterro e velório. No entanto, quando se passara mais ou menos uma semana, todos os parentes evaporaram e não restava ninguém mais para ajudar. Flávio, que vendo que a pensão de viúva de sua mãe não seria o suficiente, se colocou para trabalhar. Se sentia pressionado por ter de ser o novo chefe da família, mesmo ela sendo composta por sua mãe e ele, tinha grande fardo nas costas. Mesmo sua mãe querendo o abolir de decisões importantes, Flávio conseguiu persuadi-la para que dividisse as responsabilidades com ele. Ela era uma mulher frágil de saúde. Flávio começou em supermercados da região como empacotador, dividia o dia em trabalho e estudos. Depois passou a trabalhar no caixa. Quando completou 18 anos, conseguiu tirar carteira de motorista e conseguiu ganhar mais trabalhando como entregador, conduzindo um pequeno caminhão. Viu, porém, que não era o suficiente.
Quando terminou o Ensino Médio, prestou vestibular e conseguiu entrar em uma faculdade pública. Para ele, um grande feito, uma vez que se não conseguisse essa vaga, teria obrigatoriamente de fazer algum curso em faculdade particular, e, portanto, teria de desembolsar o dinheiro das mensalidades. Contudo, apesar dessa grande ajuda, tinha altos custos com livros complementares e apostilas que eram constantemente pedidos por seus professores. Entrou em um curso de economia, porém a sua vontade, era realmente, ciências políticas. Mas, como já estava com tudo em andamento, não podia simplesmente de se dar ao luxo de mudar de curso. Foi quando então, conheceu sua mulher, Fernanda. Uma menina tímida, porém, muito bonita que gostava de estudar. Seus olhos cor de avelã, na época, eram encobertos por grossas lentes do óculos. Era muito magra, porém tinha curvas que chamavam a atenção, o rosto perfeitamente encaixado sobre seus cabelos negros que era curtos até os ombros, no máximo.
Ambos, Fernanda e Flávio, começaram a cultivar uma amizade entre os dois. Ela estudava ciências políticas, o que para Flávio era perfeito. Sempre tinham assuntos entre eles, uma vez que ambos gostavam dos mesmos assuntos, e economia sempre se encaixou com a política. Ela, na época, era filiada a um partido político. Conseguiu persuadi-lo e leva-lo para o partido. Flávio nunca pensara em se filiar, mas encontrou lá, uma vida que ele sempre quis. Discutiam sobre todos os assuntos que envolviam, e Flávio sempre apresentara boas argumentações e ideias no meio de todas essas conversas e discussões. Fernanda e Flávio, tinham um bom entrosamento também lá no partido.
A vida estava melhorando. Flávio conseguira um emprego em um escritório de contabilidade, depois quando se formou, passou no concurso público para um cargo no Banco do Brasil. Estava tudo bem. Comprou uma casa nova onde morava com a mãe. Estava de namoro firme com Fernanda, já praticamente noivos e planejando casamento. Tudo andando perfeitamente, quando um dia, inesperadamente, chegou em casa depois do trabalho e encontrou sua mãe desmaiada na cozinha. Chamou a ambulância, ele estava em desespero total. Fernanda o encontrou no hospital, totalmente desequilibrado com a notícia. Porém, nada poderia piorar depois do que ia ser informado.
O médico chegou em Flávio, quando ele se acalmou, e disse que exames seriam necessários para identificar o que sua mãe tinha. Flávio concordou. Um dia depois, o médico lhe informou que a mãe de Flávio tinha um tumor na cabeça. Flávio sentiu o mundo cair sobre seus pés, ficou desolado, sem saber o que fazer, sem saber onde apoiar. Eis que então, apareceu Fernanda como uma coluna de sustentação, serviu para que ele não perdesse a cabeça. Os dias se sucederam e fora marcada uma biópsia, e para temor de Flávio, foi confirmado o câncer. Então se iniciou um trabalho longo de doloroso de tratamento. Passaram-se seis meses e Flávio vivendo uma angustia. Depois de uma cirurgia mal conduzida, a mãe de Flávio ficou em coma, ou praticamente em estado terminal. Dependia apenas dos aparelhos para viver.
– Precisamos saber se o senhor autoriza uma eutanásia na sua mãe. Concluímos que ela não teria mínimas chances de voltar a ter uma vida normal, pelo menos no que temos na ciência nos dias de hoje. Não tem chances algumas de ao menos voltar a falar. Ela se alimenta por sonda e não temos um relatório concreto se ela está bem de saúde ou não. Mas, se levar em conta a aparência física dela, ela esta muito mal. Não sabemos mais o que fazer uma vez que não temos contato com o paciente. Ela literalmente se transformou um peso. – O médico fez uma pausa e respirou profundamente. Aproximou-se de Flávio e colocou uma mão sobre o ombro dele. – Desculpa falar desse modo frio, mas é a realidade. Creio que com ela indo embora, terá uma vida muito melhor do que entrevada em uma cama.
– Preciso de um tempo para pensar.
No dia seguinte, Flávio apareceu com a resposta na ponta da língua. Ele e o médico se encontraram no consultório. O médico pode relatar que havia marcas de uma noite em claro no rosto de Flávio, sem falar que também tinha os olhos vermelhos de tanto chorar. Foi sem rodeios, Flávio chegou e disparou, não queria ficar remoendo uma resposta que, apesar dos pesares, iria definir a vida ou não de sua mãe. Foi difícil, ele passara uma noite em claro, ao lado de Fernanda, refletindo sobre tudo o que poderia causar, as consequências. Analisou todas as possibilidades, fez pesquisa na internet sobe o assunto, e tudo mais. Era de fato uma decisão difícil, mas inevitável. Será que ela vai sofrer? Não tem outra alternativa?Você está matando sua mãe! Deixe ela viver! Não! Não! Vai ser melhor para ela, um descanso eterno.
O momento foi difícil. Estava Flávio abraçado com Fernanda, dando espaço aos médicos trabalharem. É um processo ilegal, mas não inevitável. Por um lado, Flávio se acalentava por saber que não estavam forçando nada, apenas iam desligar os aparelhos. Não iam aplicar injeção alguma, apenas desligar os aparelhos. Reuniu todas as forças e abraçou fortemente Fernanda. De repente, como se tudo parasse ao seu redor, um filme rápido com imagens rodando rapidamente em sua cabeça. Todos os momentos em que vivera com sua mãe, do mais triste até o mais feliz. Os momentos de fraqueza, de força. Todos os polos de uma vida se apresentando em apenas alguns segundos. Flávio podia sentir cada calor de um abraço, cada toque, cada beijo... Percebeu que ia começar a chorar, e se lembrou que sua mãe não gostava que ele chorasse. Flávio foi tirado de seu déjà vu pelo médico.
– Vamos desligar agora. Tudo bem?
– Tudo.
Flávio se aproximou da mãe, colocou a sua mão na dela e segurou com força. Viu os médicos desligando os aparelhos.
– Dentro de instantes – disse o médico.
Flávio segurando a mão de sua mãe, entrou em um momento espiritual. Fechou os olhos e entrou contato com Deus. Pediu perdão pelo o erro que pode estar fazendo. Pediu conforto para ele e para todos os demais. Pediu que Ele recolha sua mãe em seus amplos braços e explique sua decisão. Pediu paz. Aos poucos percebeu que a pulsação de sua mãe ia diminuindo. Ele se debruçou sobre ela, colocando sua cabeça sobre o colo dela. Viu que seu pulmão e seu coração estavam parando e a vida escapando do seu corpo. Quando de repente, ela deu o seu último suspiro, quase imperceptível e Flávio escutou ao fundo, o aparelho apontar que o coração, pulmão, parou de trabalhar. Ela se foi. Mamãe morreu.
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Flávio foi despertado quando o carro presidencial estacionou na vaga do estacionamento do subsolo do prédio. Se sente como se tivesse carregado uma carga de sacos de cimento. Abriu a porta do carro e desceu. Olhou ao redor e se encaminhou para o elevador logo a sua frente, alguns 5 metros, ou nem isso. Fernanda subiu junto com ele, em silêncio. Chegaram ao andar correto e o elevador abriu as portas, saíram no hall de entrada exclusivo. Abriram a porta e adentraram ao apartamento pelo vestíbulo. Flávio chamou pelo seu gato de estimação Lula, não o viu.
– Lula! – Chamou Flávio, pelo seu gato.
Flávio então avançou e chegou a sua sala de estar, esquadrinhou ao redor e viu a coisa mais bizarra de sua vida. Sentiu seu corpo arrepiar, os olhos arregalaram e ele quase caiu para trás. Levou a mão á boca pois sentiu que ia vomitar. Fernanda também se desesperou e evitou contato direto com a imagem.
– Santo Cristo!
As palavras: “Estamos de olho em você. Hassassin.” Estão rabiscadas no espelho com sangue. Logo abaixo, no chão, um gato negro (o gatinho Lula) com a cabeça arrancada e uma enorme mancha de sangue no tapete.
Autor(a): thelio_blackwell
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo – 2 As investigações tinham ficado para o dia seguinte, dia 3, porém um chamado inesperado mudou todo o planejamento e Karl teve de se destacar até o apartamento do Presidente Flávio. Na verdade, fora uma informação repassada até a ABIN. Karl resolveu ir sozinho resolver o que tinha ocorrido. N&at ...
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