Fanfics Brasil - O Cataclismo Conspiração | Capítulo 2 O Cataclismo - Conspiração

Fanfic: O Cataclismo - Conspiração | Tema: Trilogia Millennium, O Código da Vinci...


Capítulo: O Cataclismo Conspiração | Capítulo 2

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Capítulo – 2


As investigações tinham ficado para o dia seguinte, dia 3, porém um chamado inesperado mudou todo o planejamento e Karl teve de se destacar até o apartamento do Presidente Flávio. Na verdade, fora uma informação repassada até a ABIN. Karl resolveu ir sozinho resolver o que tinha ocorrido. Não sabia o que era apenas informaram que algo estranho tinha acontecido com o presidente, e algo estranho com o presidente, na altura deste campeonato, é para se preocupar. Ele chegou por volta de cinco minutos logo depois de informado sobre o que tinha ocorrido, aliás, já estava saindo da ABIN quando informado.


Chegou ao prédio, entrou pela entrada principal do mesmo, subiu pelo elevador  e logo saiu no hall de entrada exclusivo do apartamento do presidente, o viu esperando na porta, com um ar de susto no rosto. Karl não tinha topado ainda com Flávio, apenas visto pela TV em todos esses anos que Flávio é político. Karl gosta do trabalho de Flávio enquanto senador, senador do Paraná, qual estado Karl tem seu título de eleitor e, portanto, votou nele quando candidato e não se arrependeu.


Karl se apresentou e trocaram cumprimentos.


– O que fato aconteceu ai? – Indagou Karl com uma tranquilidade que espantou Flávio.


– Acho melhor você ver.


Flávio se virou e abriu a porta do apartamento, deu espaço para Karl entrar primeiro. Quando avançaram pelo vestíbulo, deram de cara na sala de estar. Karl olhou ao redor e logo viu o motivo de seu chamado. Ficou parado, observando.


– Santo Cristo... – resmungou ele.


Aquela imagem estarrecedora ficou congelada na mente de Karl a partir do momento que olhou pela primeira vez, como uma foto batida com flash. Já viu coisas piores em toda a sua vida, contudo, aquilo é de uma atrocidade sem comparação. Um ato que, além de cruel, é de certo ponto, nojento.


– “Estamos de olho em você. Hassassin”. Parece que eles não estão para brincadeira – disse Karl.


– Afirmaram isso ontem.


– Quem mais além de você viu isso?


– Minha mulher, Fernanda. Quando ela viu teve um acesso de pavor e esta até agora trancada no quarto.


– Tem empregados?


– Hoje não, estão dispensados. Mas, daqui a pouco aparece Olinda, uma doméstica.


– Ela tem a chave?


– Não. Ninguém mais além de mime Fernanda tem a chave... Mas existe outra com o chefe da segurança, que mantém as chaves em um cofre por segurança. Duvido muito que ele tenha fornecido a chave para alguém fazer isso.


– A questão não é essa – disse Karl se virando para logo atrás, onde está Flávio. Ficaram de frente. – A questão é saber se não foi ele que fez isso. E além do mais, ele em si, não se arriscaria vir aqui e fazer isso, tem imagens das câmeras de segurança.


Flávio nem tinha dito sobre as câmeras e nem tinha pensado nisto. Tem uma câmera filmando o elevador, ela fica camuflada dentro do mostrador digital que aponta os andares. Fica uma na soleira de entrada e saída de cada hall, e fica outra logo em cima da soleira da porta de entrada de cada apartamento. Sem falar nas câmeras escondidas que foram instaladas no apartamento de Flávio, em pontos estratégicos, a pedido dele mesmo. Tem câmeras na sala de estar, vestíbulo, corredor principal, cozinha e escritório. Ou seja, quem teria feito aquilo, saberia que estava sendo filmado, portanto, tomaria cuidado para não ser identificado.


– Mesmo se eu ver as imagens, com toda certeza vai se construir mais uma incógnita. Que fez isso aqui deveria estar muito bem “camuflado”. De qualquer forma, vamos pedir as imagens. Você pode fazer isso agora?


– Claro – respondeu Flávio, rapidamente. – Vou fazer isso agora.


Enquanto Flávio se ocupa no telefone, Karl passou a tirar fotos com uma câmera digital. Tirou de vários ângulos, enfatizando uma possível caligrafia do suspeito. Também focou no gato com a cabeça arrancada, pensou se poderia fazer a ligação a algum culto satânico ou algo do tipo. Pessoas que fazem isso, não quer simplesmente mandar um recado, são totalmente doidas! As possibilidades são inúmeras. E agora, também, Karl confirmara a existência deste grupo, ou... Estão tentando fazer que ele é real? Mas, a partir do momento que estão fazendo isso, estão criando uma espécie de grupo e o revivendo. Com que intuito? São infinitos e, portanto, impossível de acertar em um primeiro momento.


– Acabei de falar com o responsável – disse Flávio, tirando Karl de seu momento de pensamento. – Ele disse que podemos ir ver a qualquer momento.


– Tudo bem. Vamos lá.


 


Quando chegaram ao hall principal do prédio pelo elevador, pegaram um caminho às esquerdas e seguiram por um corredor à parede até uma porta qual tem um interfone ao lado. Flávio apertou o interfone e se identificou. Logo a porta se abriu num estalo e eles entraram. O local é um corredor branco e curto, a porta é elétrica acionada por comando de terceiros. Seguiram por esse corredor por alguns cinco metros, logo deram de cara com uma entrada e chegaram a uma sala grande, quadrada, com um enorme centro de monitoramento. Mesas com monitores exibem imagens de todos os cantos do prédio. Do outro lado, algumas mesas com homens conversando com papeis em suas mãos, telefones tocando, digitando em computadores... Uma legítima sala de monitoramento. De repente, aparece um homem alto, negro, careca com uma aparência de uns 50 anos e uma corpulência atlética. Chama-se Carlos. Ele, Carlos, falou com uma voz firme, polida.


– Boa noite, senhor Flávio.


– Boa noite – respondeu Flávio. – Trouxe um “entendido do assunto” para falar com o senhor. Karl Blackwell.


Karl trocou cumprimentos com Carlos. Já começou a fazer uma analise do homem que, de primeiro momento, parece atencioso. Característica usada por muitos para despistar, mas que também pode ser um gesto verdadeiro. Duas possibilidades, uma dúvida.


– Precisamos das imagens das câmeras do apartamento do Flávio – disse Karl. – Alguém entrou lá e deixou um presente, ou recado, nada amigável.


– Tudo bem. De que dia, hora, vocês precisam?


– De nove da manhã até... Às dezoito horas  de hoje – respondeu Flávio.


– Por aqui, por favor.


Encaminharam-se até um canto, numa mesa com um monitor, CPU, teclado, mouse e caixinhas de som. Carlos sentou-se em uma cadeira de frente para a mesa enquanto Flávio e Karl ficaram de pé logo atrás. Carlos tirou o computador do descanso de tela, abriu um programa do computador e digitou algumas coisas, selecionou e logo as imagens começaram passar.


– Eu vou acelerar um pouco para ir mais rápido – disse Carlos. Flávio e Karl concordaram com a cabeça.


E as imagens começaram a rodar, rapidamente. Uma hora praticamente passava em dez minutos, ou nem isso. Apesar da velocidade, é bem perceptível e a qualidade ajuda bastante també. Estavam avançando rapidamente, já passaram do meio-dia, estavam agora por volta das catorze horas... E foi... Nada de congruente aparecia nas imagens, a todo o momento, a imagem estava vazia. Karl sabia que em dado momento teria que aparecer alguém, teria de ser revelado. Ficou com os olhos grudados quando pouco antes das dezoito horas, o elevador se abriu ( as imagens voltou a velocidade normal) e se revelou um homem alto, careca, branco com expressão séria, de terno negro, adentrou ao hall principal e se encaminhou até a porta do apartamento de Flávio.


– Parece que encontramos alguém – disse Karl.


Eles aguardaram. O homem mexeu na porta do apartamento e adentrou. Carlos, em movimento rápido, trocou as imagens para o vestíbulo.


– Ele sabe que está sendo filmado, olhou para a câmera – disse Karl em um momento quando o homem abriu a porta e levantou a cabeça, pode focalizar bem no rosto. As imagens em HD ajudam mais ainda.


O homem careca adentrou ao vestíbulo, passou por todo o vestíbulo e chegou à sala. Troca de câmera. As imagens da sala de estar, aparentemente vazia, exceto o homem. O homem careca olhou ao redor como alguém que estivesse procurando algo, não encontrou nada, a não ser o gato que parecia dormir, ou não se incomodava com ele... Seguiu adiante entrando em um corredor, passou pela cozinha, copa, voltou ao corredor, passou no banheiro principal, entrou-nos outros dois quartos de suíte, nos comuns e constatou que, por ali, não tinha ninguém. Também constatou nas sacadas do aparamento que não tinha ninguém. Voltou à sala e pegou o gato suavemente, como alguém que fosse brincar com o animal. Quando o colocou no chão, puxou o que seria uma faca, de dentro do seu paletó, segurou o gato e no ato fez um semicírculo no ar e cortou no mesmo gesto a cabeça do gato fora. Neste momento, o gato morreu, porém, os nervos não foram cortados. O homem tentou mais uma vez cortando os nervos e as vértebras, obteve sucesso. Ele nem se importava com toda sangue e tudo mais.


– Que horror – comentou Carlos.


Karl percebeu que o mesmo local onde o gato fora morto, é o mesmo local onde fora deixado e uma poça enorme de sangue se formara no tapete. Prosseguindo as imagens, o homem deixou o gato ali como fora encontrado por Flávio e Fernanda. O homem careca pegou um par de luvas dentro do seu bolso, vestiu-ás no nas mãos e mergulhou a ponta do dedo indicador e do meio, no sangue do gato. Depois se levantou, olhou o espelho, e começou a escrever as palavras no mesmo. Letra por letra, com uma calma impressionante, como uma criança desenhando em uma tela com tintas. Tudo até formar “Estamos de olho em você. Hassassin”.


Depois disso, o homem retirou as luvas e pegou a faca. Encaminhou-se até a cozinha onde apenas com água lavou os utensílios. Karl criou um momento de esperança, ao ver que teria agora um local para coletar impressões digitais, porém, o homem ao terminado o serviço, limpou a torneira onde tocou, limpou com um pano todas as maçanetas de portas e portas-janelas, inclusive a principal. Saiu do apartamento e entrou no elevador. Carlos cortou a imagens para o elevador. O homem também limpou todo o painel que seleciona os andares. Quando o elevador abriu pode-se ver que ele estava no estacionamento. Carlos mudou de câmera e de setor, passou a ver o estacionamento. O homem seguiu para um carro próximo, um VW Jetta preto, e para tristeza de Karl, sem placa, sem identificação. Merda! Podem existir milhares de novos Jettas pretos iguais a este sem placa! Filho da puta!


O homem ligou o carro e seguiu por um caminho inverso. A saída correta é às direitas, não às esquerdas. Ele seguiu por todo o estacionamento, cruzando-o até chegar ao outro extremo, dar uma guinada para direta e acelerar chegando até outra porta de ferro. A entrada e saída para coleta de lixo e serviços. O homem desceu do carro e foi abrir a porta, apenas destravou algumas travas e abriu-a sem esforço nenhum. Voltou ao carro e segui, deixando a porta aberta.


– Como deixam uma porta desta aberta sem mais nem menos? Qualquer um pode entrar sem ser visto – disse Karl com um tom de irritado.


– Senhor Karl – disse Carlos. – Aquela porta só pode ser aberta de um lado. Impossível alguém de fora abrir sozinho.


– Então alguém de dentou o ajudou... – disse Flávio com uma voz quase no sussurro.


Os três se entreolharam.


– Não, não pode ser... Impossível isto – Carlos rompeu o silencio.


– Neste momento tudo é possível – argumentou Karl. – Queria que voltasse as imagens, no tempo que ele pode ter chegado ao prédio.


– Tudo bem.


Carlos voltou às imagens para por volta das dezessete horas. Dividiu a tela com imagens da entrada de serviço e da entrada principal do estacionamento. Acelerou-as e estavam no aguardo quando viu que o caminhão que recolhe o lixo do prédio, estacionou ao lado da porta de serviço, qual estava aberta na espera dos mesmos. O Jetta preto pode ser avistado um pouco atrás. Os lixeiros carregaram tudo, quando de repente aparece o homem careca, gesticula alguma coisa, até que os lixeiros foram embora e deixaram a porta aberta. O homem careca entrou normalmente.


– Merda! – Gritou Karl se virando bruscamente e depois voltou a Carlos. – Selecione essas imagens, todas desde ele entrando, saindo, ele no apartamento e salve separadas para mim. Mande neste email...


Karl passou o e-mail pessoal de João Gabriel.


– Esse cara não escapa.


*****


Natasha Amorim pereira digita freneticamente em seu computador, na sua casa, qual fora herdada de seus país, na rua 5Shis QI 23 conjunto 7. É uma casa grande, da qual sobre muitos cômodos em relação a sua necessidade. Ela gosta de casas mais pequenas, um apartamento seria muito melhor. Porém, a casa lhe dá grande privacidade e pode fazer o que bem entende quando quiser. Agora, vestindo uma enorme camiseta da banda de Rock Kiss, está sentado no sofá, com as pernas apoiadas em uma enorme almofada de cor amarelo, com o seu notebook nas coxas. É uma grande entendida de computação, jogos, redes sociais e afins... Agora, porém, está dedicada a escrever a coluna que vai para o dia seguinte, sobre o clima que se formou em Brasília, a tensão que pairou por todos nestes últimos dias.


Está no último parágrafo, da conclusão. Sempre procura alguma coisa para causar efeito em seus leitores, principalmente na conclusão. Como se quisesse mostrar algo que, mesmo sendo obvio, as pessoas em sua maioria não consegue enxergar. Natasha tem isso, pois talvez seja uma detalhista fria, que aguarda com paciência para observar tudo antes mesmo de dar a sua opinião. Como falar de algo que não se conhece? Por fim, a sua mente iluminou  e criou, terminando o texto com uma frase: “Não existe político corrupto ou não corrupto, existe político que sabe esconder o que faz”.


Salvou o texto e enviou para a redação do jornal, on-line e impresso. Depois disso, abriu sua conta na rede social Facebook, olhou as suas notificações e postou algumas coisas em sua página de Rock. Logo em seguida, analisou os perfis de seus “amigos”. Natasha nunca fora boa em convívio social, não que ela não soubesse fazer amizades, é que na verdade, segundo ela, nunca encontrara uma pessoa de seu nível. É capaz de levar aqueles que estão ao seu redor, do céu ao inferno, e vice-versa. E isso, porém, é o que afastara muitas pessoas, as quais ela julga como fracos, que de uma forma “escrota”, não chegara ao seu nível. Isso, porém, não é passível de julgamento de terceiros. Cada um leva a vida do jeito que quiser.


Ela tenta evitar contatos diretos com pessoas. Elas vão além da barreira. O seu isolamento social, não significa nada de errado para ela, apenas não quer se associar com pessoas ridículas, que dão valor a outras coisas. Humanos são nojentos. A sua profissão, porém, é algo que vai contra tudo isso. Ela precisa conversar com pessoas, ficar no meio delas, muitas das vezes ser abalroada em multidões – o que ela odeia é muitas pessoas perto uma das outras. Natasha tem um sério problema com isso, no entanto, conseguira vencer a barreira, uma vez que sua profissão lhe garante um poder de artilharia pesada sobre os dogmas da sociedade, corruptos, estupradores, assassinos e afins. E essa artilharia, é sempre apontada em matérias especiais sobre casos que geram uma polêmica danada.


Fora enviada para cobrir o velório do presidente por isso, e também, porque ela fizera uma pressão monstruosa em cima do redator chefe. Segundo Natasha, tinha algo de muito estranho nessa história. Algo que poderia balançar de vez toda a política brasileira e internacional. Foi o assassinato do presidente, claro que tem algo – dizia o seu redator chefe, com um tom cético que dava nojo a Natasha. E ela teve de tencionar muito para conseguir isso. E agora está lá.


Natasha navegador mais uns minutos na internet, até estacar de repente. Ficou olhando para o papel de parede na sua área de trabalho. Não conseguia mais pensar quando aquela pergunta começou a reverberar mortiferamente em sua cabeça. Quem foi? Qual o motivo? A mando de quem? Quais as intenções? Qual será o próximo? Por quê? Como vou descobrir? Merda! Natasha mesmo com toda sua sede de investigação, está sem por onde começar. Não tem como ter um inicio de material de busca. Então, abriu o Skype em seu computador, fazia anos que não o abria. Clicou em um amigo intitulado Blackburn. Digitou:


 


Natasha: [Black, preciso de sua ajuda.]


Blackburn: [Quanto tempo, pensei que tinha esquecido do seu amigo. Quais as novas?]


Natasha: [Você ainda tem acesso ao PC do morto?]


Blackburn: [Depende do qual...]


Natasha: [Do ex-presidente, é claro.]


Blackburn: [O que você quer?]


Natasha: [Preciso do acesso. Estou com dúvidas martelando... E além do mais, se for o que eu estou pensando, pode valer uma boa matéria.Te pagarei muito bem.]


Blackburn: [Ok. Em alguns minutos no e-mail criptografado.]


Natasha: [Tudo bem.]


 


Blackburn é um amigo de Natasha de longa data, um amigo virtual. Os dois nunca se encontraram pessoalmente, ele mora em Estocolmo, na Suécia. Já se viram por links de webcam, porém nada concreto. Blackburn, nunca tentara algo a mais com ela, sabe ele de todas as características da moça, qual sem querer, já se abriu várias vezes. Ele a manipula, sem ela saber que é manipulada, uma vez que pensa que o manipula. Blackburn, não vê nada de especial nela, apenas uma garota que acha que está na frente de todos. A diferença, é que na frente existe um grande nevoeiro que impede a visão dela.


Um jogo de xadrez totalmente maquinal. Jogadas são lançadas, mas sem previsão alguma do próximo movimento do oponente. Ele acha que me engana. Ela acha que me engana. Apesar disto, Blackburn não tem ideia de onde vem essa guerra de pensamentos. Talvez por ela dizer várias vezes que ela é superior, e ele tentar mostrar a todo custo que não. Pode ser até mesmo, um jogo de sedução talvez? Mas que jogo de sedução? Nenhum é interessado no outro.


Algo que nenhum dos dois consegue explicar.


 


Quando Natasha recebeu a configuração para adentrar ao computador do ex-presidente, ela não perdeu tempo invadiu o disco rígido. Viu que não estava sendo utilizado e se colocou para vasculhar. Acessou tudo, arquivos e etc. Depois abriu os dados gravados nos navegadores, e, portanto, a caixa de e-mail. Quando abriu o Outlook, se deparou com inúmeros e-mails de vários contatos que não constavam na sua lista. Então, ela começou a abrir todos e de repente... ficou assustada com o que viu.


Hassassin.


*****


Karl está ao lado de João Gabriel na central de computação. Um local amplo e limpo. É um local em forma circular, isolado por paredes de vidro. Dentro desta espécie de aquário gigante, ficam inúmeras mesas com supercomputadores controlados por diversos nerds em computação. Ao fundo, onde Karl está com João, fica um enorme painel touchscreen onde reproduz inúmeros arquivos nos quais estão sendo trabalhados. De frente, está uma bancada de vidro e aço inox, em cima vários computadores, ao todo, três.


Neste momento, João trabalha em cima da imagem do homem alto e careca que Karl lhe enviara por meio dos vídeos que foram captados por câmeras de segurança do prédio de Flávio. João Gabriel conseguiu focar bem o rosto e conseguiu extrair todas as características. Depois do corpo também.


– Agora temos alguém para procurar – disse João.


– Resta saber a identidade.


Apareceu no corredor vindo em direção eles, Lucas Varela carregando alguns papeis e os jogou em cima da bancada.


– Pega a imagem e compara no banco de dados – disse Lucas. – Vai aparecer documentos, como CNH...


– Vou tentar – disse João.


João salvou a imagem detalhada do homem e depois copiou. Abriu um programa que se chama “Find 2.2”. Colocou a imagem em um quadrado, selecionou campos de busca, chave de acesso, e mandou buscar. Todos se colocaram para olhar o telão e esperaram por alguns segundos algum resultado. Demorou um minuto e logo apareceu cinco resultados.


– Ai, temos cinco caras, qual é o dito cujo? – Indagou João.


Karl olhou precisão para cada rosto no enorme telão. Procurava uma mínima semelhança que seja. Quem é você? Olhou novamente, seus olhos se focaram em todos os cinco rostos, mas nenhum sucesso.


– Precisa de ajuda? – João clicou com o dedo em um ícone do painel, pegou a imagem original e passou a comparar. Nada ao olho nu. João então abriu outro ícone, colocou a imagem original, depois ao lado, em outros espaços, colou os suspeitos. Ativou o programa e ele começou a comparar as características faciais. – Vamos ter em alguns minutos a resposta.


O programa ia passando uma espécie de alvos em torno das fotos e captando as menores expressões faciais, rugas, números da configuração física do rosto. Aos poucos ele eliminou um rosto, um suspeito a menos. Depois demorou mais um pouco até eliminar mais um. Restam três. Demorou mais cinco minutos para eliminar mais um. Restam dois. A prova final. Foram consumidos mais dez minutos e então a confirmação... Um rosto foi eliminado.


– Temos nosso matador de gatos... se chama Silas Smith.


*****


Pedro Ribas está empenhado em seu trabalho para encontrar o assassino do presidente. Foi até a Praça dos Três Poderes. Estacionou o carro no estacionamento do Congresso, atravessou a pé a Via N Um Leste, e se encaminhou para o Palácio do Planalto. Subiu a rampa, passou pelos Dragões da Independência (dois guardas com uniformes especiais, calças brancas, coletes azuis, armados com rifles) e entrou no saguão. Depois chegou até um segurança e mostrou seu distintivo. Teve liberdade total. Pedro se encaminhou para onde fica o púlpito oficial de concreto branco. Passou por uma porta grossa de vidro e logo saiu no púlpito que fica na altura do primeiro andar. Pedro olhou ao redor, teve uma visão espetacular da localização do púlpito.


Na frente de Pedro (ao sul do Palácio do Planalto) está a enorme esplanada do Palácio do Supremo Tribunal Federal, à sua direta (sudeste) está o Congresso Nacional, representado por suas torres de vinte e oito andares que são as maiores da capital, e também os ministérios na mesma direção, incluindo o Ministério da Justiça, mais próximo. Pedro relembrou de onde veio o tiro e tentou se imaginar na posição do presidente. Ele levou um tiro na orelha direita... O que, portanto, o tiro veio da direta. Praticamente com o vice. Não pode vir do Palácio da Justiça, arvores atrapalham a visão não teria como acertar decorrente a posição do púlpito. Portanto, sobra apenas como opção, o Congresso Nacional.


Pedro sacou o seu celular e discou um número de telefone com apenas quatro dígitos. Esperou alguns segundos quando foi atendido por João Gabriel.


– João.


– Fala – disse João.


– Preciso que você envie uma foto da cabeça do ex-presidente onde mostrar a marca de onde entrou o tiro e por onde saiu. Também me mande os dados sobre a localização da bala etc. Pode ser?


– Pode sim. Já vou te enviar pelo celular.


Em alguns segundos Pedro recebeu imagens e a ficha do médico legal. Analisou as imagens de onde a bala entrou e por onde ela saiu, viu um enorme estrago no local onde ela saiu, mais ou menos uns três centímetros de estrago na cabeça. Pedro olhou a foto e depois olhou do lado esquerdo, por dentro e na borda, do púlpito, viu manchas abundantes de sangue. Bala de caça. Causa hemorragia instantânea, sem falar no estrago. Depois olhou os dados do médico legista, viu tudo e procurou o grau da posição da posição que a bala entrou na cabeça do presidente. “Em torno de 45º.” Pedro então montou cálculos em sua cabeça. Pegou o 1,80m de altura do presidente, mais alguns 3m da altura do púlpito. Olhou para o Congresso. Se 45º é a metade de 90º, que por sua vez é o ângulo reto... Resultado: terraço do Congresso.


*****  


Leonor está com os pensamentos a mil. Pegou o seu carro e se dirige para a sua nova casa que comprou em um condomínio de luxo à beira do Lago Paranoá. Se sente como se agora, depois da chegada de Karl e todos outros, tivesse retirado todo um peso de suas costas. Isso, porém, não alivia suas responsabilidades. Sabe ela que, apesar desta grande ajuda, não poderá aliviar essa caçada a este grupo terrorista. Sim, eles são uns terroristas malditos. Leonor criara, a partir de ontem, uma responsabilidade de apresentar os culpados ao país.


Ela estacionou o carro na garagem e desembarcou. Fechou a porta da garagem e adentrou na casa por uma porta interna que da na copa. Depois, passou pela cozinha, por um corredor e saiu na sala principal. Fez o caminho automático de sempre e seguiu para o seu escritório em um corredor paralelo a sala. Abriu a porta bipartida de carvalho, passou a mão pela parede lateral e ascendeu o interruptor. Levou um susto.


– Quem é você? – Indagou ela, pigarreando de susto.


*****


Natasha olhou todos aqueles e-mails com um pavor estampado em seu rosto. Estava marcado para morrer. Mas tinha algo errado, não havia sinais de alguma resistência, ou réplica do presidente quanto aqueles e-mails de ameaça. Tem alguma coisa errado. O senso investigativo de Natasha tenciona em pensar que tem mais coisas nesta história. Uma morte programada? Quem seria o idiota?Ele só pode ter rabo preso... Inúmeras possibilidades, mas apenas uma verdade. Então, Natasha abriu uma janela do navegador e colocou uma música para tocar, AC/DC. Enquanto a música foi tocando, algo iluminou seus pensamentos.


Hassassin um grupo conspiratório anticorrupção... presidente corrupto... Filho da mãe! Ela chegou a conclusão que, todos os corruptos seriam eliminados. O presidente é um deles, portanto, tinha coisas por debaixo do pano, as quais teriam de ser descobertas. Mas quais? Os Hassassin sabiam de algo que era tão grande, que custou a morte do homem, até então, mais poderoso da nação. Natasha prosseguiu nos e-mails até achar um onde o presidente escrevera uma mensagem um tanto lacônica.


 


De: olof_palme@planalto.br


Para: hassassin@hassassin.se


 


Eu já lhe disse que tomarei as providências. Farei tudo o que pedem. Mas por favor, não.


 


Agora ficou comprovado que Olof Palme, o presidente morto, estava sendo ameaçado. De que? De morte? Não, ele poderia ter pedido proteção. Que merda ele foi se meter? Alguma coisa não estava batendo, muitos segredos para pouca coisa. O fato é que, apesar de todos esses mistérios, a conclusão que se pode ter, é a morte do presidente. Portanto, a coisa era fudida.


Natasha viu que uma mensagem chegou no seu computador, com um e-mail desconhecido, ela abriu pois não tinha anexo nele e portanto, não tinha vírus. Ela abriu e conferiu. Quando leu a mensagem, não sabe se ficou apavorada ou indiferente.


“Estamos de olho em você. Não vá onde não é chamada. Hassassin.”


*****


Logo ao lado da casa de Leonor, só que uma casa com estilo moderno com amplas vidraças e sacadas flutuantes mora o caso bilionário Sexton. Catherine e Peter Sexton, ambos casados a mais de 25 anos, o que não garante todo esse tempo de estabilidade familiar. Um casamento exige isso dos dois lados. Para falar a verdade, o casamento de Catherine com Peter, é em quase toda a sua totalidade, marcado por brigas e discussões que vão do motivo mais fraco ao mais sério. Definitivamente o casal não combinou. E antes de que tudo fora feito, os país de Catherine alertaram a filha sobre o risco que ela estava correndo.


Peter e Catherine se conheceram nas empresas Sexton, uma vez que a dona de tudo é Catherine que detém oficialmente o nome Sexton, o qual fora repassado também para Peter nos transmites oficiais de casamento. Peter era simplesmente mais um funcionário do executivo do Grupo Sexton. E esses elementos de Menina Rica, apaixonada por Menino Pobre Trabalhador, é passível de muitas criticas e suposições por pessoas de fora. Um dos argumentos dos pais de Catherine era principalmente que Peter só queria entrar para a família e ter dinheiro pelo resto da vida, um grande Golpe do Baú. O que para alguns, era apenas um dogma da sociedade, o que para outros, uma verdade. Os outros ganharam, era uma verdade. E, para piorar a vida de Catherine, essa verdade veio com o tempo, em doses.


Catherine se arrepende do passado.


Catherine tem uma aparência física invejável, já na beira dos seus 50 anos, é símbolo feminino de uma mulher linda de meia idade. Ela sempre estampara capas de revistas de famosos, com sua elegância em modos de vestir e posições quanto a assuntos de um todo. Além de bela, é inteligente e culta. Tem belos olhos azuis, os quais sempre foram sua marca. Cabelos pretos que sempre deram um ótimo contraste com os olhos. Rosto levemente oval e com aparência aristocrática, lembrando princesas de contos europeus. Seu corpo magro, mas com belas curvas, sempre fora exemplo nacional e sempre lhe garantira elogios. É uma mulher, que apesar da idade, desperta interesse por muitos. Aliás, sempre despertou.


Para Peter, Catherine é apenas um negócio que, como todos os outros, tem seus riscos de serem levados e os seus problemas que são apresentados com o decorrer do tempo. De fato, quando mais jovem, sentiu uma atração carnal por Catherine, uma vez que ela era uma bela moça e muito cobiçada por seus atributos quando mais jovem, e até mesmo agora com quase 50 anos de idade. Ele não pode negar que viveu os melhores anos de sua vida com ela. Ele, apesar do que sempre pensaram e do que a mídia pinta – ser um homem fiel e integro empresarial –, ele se diverte com prostitutas menores de idade. E essa diversão, muito bem camuflada, tira um peso nas costas de brigas constantes e os inevitáveis estresses com o Grupo Sexton. Comandar o maior grupo empresarial do Brasil, não é fácil. Eu mereço um descanso.


Diferentemente de Catherine, Peter só fora um homem de atração física quando mais jovem. Agora como mais velho, perdera todo o encanto. Engordara um pouco, não muito, parte de seus cabelos caíram e ficou todos brancos, o que lhe garante um penteado clássico de “tiozinho pegador de novinhas”. Seus olhos inquisitivos cor castanhos escuros, perderam toda a magia de antes. Seu rosto ficou velho. Ele, em comparação de Catherine, está um caco.


Agora, para variar, estão novamente em uma discussão. Peter irrompeu a porta do quarto do casal e se dirigiu para o meio do mesmo, atrás veio Catherine, como um tanque de guerra.


– Você sempre me escondendo a verdade. Trata-me como se eu fosse uma criança que, para não chorar, os pais não contam a verdade! – Acusa ela.


– Eu tenho meus motivos para ocultar certas coisas, não é mesmo? Se você ao menos pensasse mais, eu poderia compartilhar todos estes segredos que você diz. Que, aliás, que segredo mesmo você me acusa? Não tenho nada para esconder! – Diz ele, irritando e cínico.


– Suas ações falam por si só. Desde tudo aquilo que aconteceu, eu não tenho mais confiança em você! Como confiar em alguém que mentiu sobre a morte do filho?! Você definitivamente é um crápula, um canalha!


– Lá vem você de novo com essa história, Catherine!


– Não é “vem de novo com essa história” – disse ela se aproximando dele. – A questão é que você me trata como se eu fosse um lixo. Você mente constantemente para mim, você tenta me enrolar e ainda fez o que fez comigo no passado!


– Quantas vezes será que eu vou ter de repetir que se seu filho morreu, ou foi por erro médico ou já nasceu morto! Eu não tive nada a haver com isso! Não entendo essa mania de você tentar jogar isso nas minhas costas!


– As evidencias não mentem! Existe vários indícios que você deu um sumiço com o meu filho! Mas qual o motivo? Não sei!


– Isso mesmo. Qual é o motivo? Qual o motivo para eu sumir com o meu herdeiro?! Com aquele que seguiria os meus passos e daria continuidade à família?! Me diz! – Ficaram um minuto em silêncio até Peter continuar. – Você simplesmente viu em mim um ponto para jogar a culpa dos outros. Eu não tenho culpa de ele ter sumido. Aquilo foi um castigo de Deus contra você! Você não presta! É perturbada! Quer sempre ver as pessoas se fudendo, e você sempre pensa que é a Dona da Razão! Eu preferia ter ficado pobre, mas me casado com uma mulher que ao menos me desse bom sexo!


– Cala a boca! – Gritou ela e logo em seguida, desferiu um tapa felino em Peter. Ficaram em alguns segundos se encarando.


Peter olhou em Catherine, viu seu sangue subir pelas veias e a raiva tomar conta de seu corpo. Não conseguiu segurar os impulsos. Pegou Catherine pelos braços e a puxou para perto de si, encarou elas nos olhos.


– Você nunca mais encoste um dedo em mim. Poderá ser seu ultimo ato em vida – disse ele, em um tom de voz diabólico.


– Você está me ameaçando de morte? – Indagou ela, em um tom de voz firme.


– Você entendeu muito bem o que eu disse. Se me bater novamente, sumirá no mundo que ninguém nunca mais saberá de Catherine Sexton.


– Vamos ver se você tem coragem.  Faça algo comigo que as manchetes dos jornais apontaram os holofotes para você. Peter, você não pode me matar, eu sou seu pote de ouro! Sem mim você não é nada! Sem mim você continua sendo o pobretão de sempre! Você é um merda! – Catherine cuspiu na cara de Peter.


Então, as palavras juntas com o ato da cuspida, resultaram em uma equação mortífera. A emoção tomou conta da razão, Peter se enfureceu e viu que o espírito da morte começou tentá-lo. Ele, rapidamente ergueu a mão e desferiu um soco no rosto de Catherine, ela caiu sobre a cama e levou as mãos ao nariz que sangra.


– Acaba de assinar seu atestado de morte.


Peter saiu do quarto e deixou Catherine em cima da cama, se contorcendo de dor.


O sentimento de vingança aflorou em Catherine. Nunca em sua vida teria tanta vontade e, convicção, de que se naquele momento encontrasse uma arma, ela sem titubear, esvaziaria o tambor de balas na cara de Peter. Você me paga!


*****


Leonor encarou o homem sentado na poltrona de couro do seu escritório, atrás da escrivania que tem uma imensa janela ao fundo com vista para o Lago Paranoá. A luz da noite vinda da janela traz uma imagem fantasmagórica daquele homem sentada na cadeira empunhando uma Colt CO2 Special que reluz na luz da lua. O homem branco careca, vestindo um terno todo negro, encara Leonor com um olhar raivoso.


– Quem é você? O que está fazendo aqui? – Indagou ela com autoridade.


– Eu poderia ter enfiado uma bala na sua cabeça agora, mas não... Portanto, mais respeito. Quem faz as perguntas aqui sou eu – disse ele com um tom duro na voz. – Contudo, vamos ser mais cordial. Meu nome é Silas Smith, o seu já sei. Agora... eu vim ter uma conversa com você.


– Eu não tenho nada para conversar com você. Sugiro que vá embora, antes que as coisas piorem.


– Piorem? Me poupe, você está na mira da minha arma e não poderá fazer nada. Sente-se que a conversa vai ser longa.


Leonor hesitou por um minuto, mas a razão falou mais alto e sentou nas poltronas de visita de frente a escrivania. Ela olhou para ele com um olhar sério, impenetrável, da autoridade que é. Uma mulher como uma muralha.


– O que você quer? – Indagou ela, ainda firme.


– Bem, na verdade, eu não quero, mas sim que está acima de mim. Vocês começaram uma investigação para descobrir quem são os Hassassin. Ao meu ver, e de fato será, você nunca saberão quem são eles.


– Vocês mataram o Presidente da República. Não vão ficar impunes.


– Fizemos um favor para a nação.


– Como um favor matando o presidente? Vocês são loucos.


– Ora, aquele cara era um bandido. Um carrapato na máquina pública. Estava desviando milhões dos cofres públicos. Mantinha uma rede de corrupção encobrindo todos seus malfeitos. Estavam até na justiça deste país. Tiramos um câncer do Brasil.


– Você não tira câncer matando alguém. Nem com um festim sangrento, uma bomba no Congresso, você e seja lá quem for, vai acabar com a corrupção. Vocês pensam que o quê? Que está no faroeste e são os foras da lei para sair matando por ai e fazendo “justiça”? Vão à merda.


– Com uma justiça de merda, com policias de merda, com merda para todo lado, matar é a única forma de acabar com a corrupção neste país. Matando um corrupto, você salva milhares de trabalhadores que sofrem com desvios de dinheiro na segurança e na saúde.


– Vocês estão causando uma revolta na população. Imagina se cada um resolve pegar uma arma e sair “fazendo justiça”? Caçar e prender são a nossa missão, não deste seu grupo paralelo intitulado Hassassin.


– Somos um farol na moralidade brasileira. Se a justiça não funciona, nós estamos aqui para colocar esse país nos trilhos. E você também deveria fazer isso à gente, nos ajudando...


– Nunca que me atreveria a ajudar assassinos – interrompeu Leonor.


– Não somos assassinos, somos justiceiros. Estamos recolhendo o lixo desta sociedade. O nosso nome já diz isso. Hassassin.


O tempo fechou lá fora. Leonor pode observar nuvens de uma tempestade se formando rapidamente. O vento forte agitando as águas do Paranoá e as arvores, folhas e coisas leves sendo levadas para lá e para cá pelo vento. Raios começaram a rasgar os céus, reverberando como a força do Senhor das Guerras. Trovões fortes começaram a estrondar ao longe e a força, vibrar nas janelas. Um ambiente fantasmagórico. A luz dos escritório fraquejou por alguns segundos e depois se estabilizou.


– Afinal, o que você quer? – Perguntou Leonor, por fim.


– Queremos que você pare com essa investigação e nos ajude a punir os corruptos.


– Vá à merda – disse ela sorrindo. Ela disfarçadamente apertou a chama de emergência em seu celular que estava em suas mãos. – Você acha que eu vou fazer isso? – Mudou de tom. – Eu não vou descansar enquanto não ver todos vocês trancafiados na cadeia. Os corruptos também vão comer o pão que o Diabo amassará! Vocês são uns assassinos nojentos!


Quando ela terminou de dizer, um raio reverberou lá fora e um trovão estrondou.


*****


Na central de computação da ABIN. João Gabriel estava rastreando Silas Smith, tudo sobre a vida dele. Só que João esbarrou em algo, chamou Lucas Varela, tentaram, mas não conseguiram. Alguma coisa de errado. O sistema dava erro a toda nova busca aprofundada. É como se tivesse algo bloqueando acessos às informações. Ou... a pessoa não existia. Não, tem que existir alguma coisa, um rastro.


– É como se ele não fosse real – disse João estupefato, olhando a tela do computador.


– Não pode ser... – disse Karl decepcionado. – Se ele foi encontrado ali, ele tem de existir!


– Sim, mas você pode encontrar a pessoa, mas não seus dados e afins, necessariamente.


– Merda.


Ficaram uns segundos se lamentando em pensamento. Tudo foi para as águas. Não tinha mais nada que se possa fazer quanto esta questão de Silas Smith. Que diabo de pessoa você é? Ninguém consegue entender o que aconteceu, como aconteceu. De repente, Lucas olhou para o telão e viu uma luz vermelha piscando no canto do telão, identificou como um chamado de ajuda. Lucas selecionou o sinal e o abriu...


– Merda! A Leonor.


Petrificaram em frente ao telão.


*****


A Ranger da ABIN passou em disparada pela Rua Ern seguindo pela asa norte, em direção ao condomínio de Leonor. Karl ativou sua escuta camuflada na orelha. O sinal se contatou com a central da ABIN e agora, Karl está em contato com João e Lucas que por lá vão lhe instruir.


– O sinal ainda continua? – Indagou Karl acelerando pela Ern.


– Sim, na casa dela – a voz de João saiu na escuta.


Karl fez uma lista do que pode estar acontecendo com a Leonor. Silas? Hassassin? Ou outra coisa do tipo? Não, é grave, caso contrário não teria pedido ajuda. Mas que porra que está acontecendo? Karl sempre tenta se adiantar na situação para planejar uma ofensiva, ou então, uma defensiva. No caso, porém, ele não tem ideia do que lhe espera, se é bom ou ruim.


Karl olhou o temporal se formando lá em cima, e sentiu algo estranho em seu estomago. Pingos grossos de chuva começaram cair isoladamente fazendo barulho na lataria da Ranger. O vento lá fora é terrível, unido com os trovões e raios fantasmagóricos, deixa tudo com um cenário com um filme de terror. Karl se lembrou daquele terrível dia em que... Não! Esquece isso Karl! Esquece! Mas é impossível esquecer o dia que seus país morreram.


*****


– Você não sabe onde se meteu – disse Leonor, séria.


– Não, eu sei muito bem onde eu estou me metendo. Você que não sabe quem somos nós. Portanto, aconselho que, antes de nos conhecermos da pior maneira, sugiro que passe para nosso lado.


– Já lhe disse que não vou aceitar nenhum tipo de proposta como essa. É totalmente insano eu colocou a estrutura da ABIN para sair matando as pessoas.


– A segunda parte é que você abandone totalmente as investigações. Deixe a coisa rolar.


– Estaria colaborando com vocês, e é errado da mesma forma.


– Você fala como uma criança que recebe dos pais: “É errado, Deus não se agrada disto”. Leonor, estamos falando de coisa séria. E acho que você já deveria ter aceitado a minha proposta.


– Não sou obrigada.


– Será.


Silas destravou a pistola e apontou no meio da testa de Leonor.


*****


Karl estacionou a Ranger há uma quadra da casa de Leonor, o a chuva começa a intensificar, mas Karl correu até a lateral da casa de Leonor sem se molhar muito. Começou a contornar o perímetro pela direita, do lado de dentro do muro entre a casa e o muro. Avançou pelo estaco, chegou ao fim e depois guinou à esquerda seguindo mais um pouco. Passou pela área de recreação e depois chegou a uma parede de fundos, olhou e uma imensa janela surgiu. Karl se abaixou e olhou pelo canto inferior da janela, viu toda a cena.


A cabeça de Karl começou processar toda a ação que deve ser feita. Analisar as consequências antes de tudo! Karl deu meia volta e voltou para a frente da casa. Adentrou pela porta principal e saiu direto na sala principal. Viu a porta do escritório entreaberta e então, preferiu não seguir por lá. Olhou ao redor na ampla sala decorada com moveis de madeira trabalhada, estofados de couro, com um estilo rústico... Como utilizar o local para seu favor? Então a sua mente clareou.


*****


– Já que você não quer aceitar a minha proposta... – disse Silas levantando e indo até Leonor que continua sentada na cadeira. – Terei de te castigar.


– O que você vai fazer? – Leonor se levantou e encarou Silas.


– Vamos e verá.


Silas pegou Leonor pelo braço e a puxou brutalmente em sentido a porta do escritório.


– Quem você pensa que é para fazer isso comigo? – Indagou Leonor tentando se desvencilhar da mão forte de Silas, mas ele é infinitamente mais forte.


– Cala a boca.


Silas puxou com brutalidade Leonor até a porta do escritório. Abriu a porta empurrando-a com a pistola e saiu na sala principal. Deu dois passos e de repente estacou.


– Parado! – Gritou Karl emergindo do alto das escadas que ficam na direta de onde Silas está.



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Autor(a): thelio_blackwell

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