Fanfic: She was an Angel

Lucas

Eu estava mais que assustado, eu estava horrorizado. Como é possível que alguém tenha asas? Só podia está ficando louco, mas Jack estava vendo o mesmo que eu.

- Meu Deus! - ouvi Jack sussurrar.

- Samantha?! - eu não tinha tempo para ficar com medo. Sam ainda estava caída no chão, gritando e implorando por ajuda. Fui até ela tentando ignorara aquelas coisas pretas que estavam no ar e ajudei a levantá-la, mas ela novamente fraquejou e caiu, não tinha forças. Levantei-a pela cintura e a levei para cama. Ela ficou sentada com a cabeça baixa, puxei seu queixo pra cima, mas foi um erro, pois os olhos negros e avermelhados foram diretamente para o espelho.

A expressão do rosto dela passou de dor para medo. Ela encarava o reflexo no espelho e olhava para as asas negras e grandes. Em uma fração de segundos os olhos voltaram ao azul cristalino e as asas se encolheram até desaparecerem por entre as costas de Sam. Ela simplesmente me encarou. Eu não sabia o que falar.

- Mas o que foi isso? Você tem asas? - Jack perguntou incrédulo.

- Na verdade, eu... eu tinha. Ou... pensei que tinha. Não sei! - ela parecia estar mais atordoada do que eu. Escondeu o rosto entre as mãos e respirou fundo.

- Como assim tinha? - perguntei.

- Eu... não sei se devo contar. Tem muitas coisas que vocês não sabem sobre mim. - ela falou.

- Jura? Eu nem percebi - Jack falou ironicamente.

- Jack, não é hora para gracinhas. - repreendi.

- Deixa Lucas, ele só está assustado. Aliás, você também deve está. - Estava mesmo. Não é todo dia que se ver pessoas com asas por aí.

- Eu não consigo entender como. - falei - Você é um anjo? - a vi arregalar os olhos.

- Eu acho melhor vocês irem embora! Preciso de um tempo sozinha. - ela não precisava de tempo nenhum. Estava fugindo.

- Sei que está mentindo Sam, mas nós vamos. - Jack disse.

- Não! - protestei. Ele me lançou um olhar que achei melhor me calar. - Ta! Se precisar de algo nos ligue. Entendeu? Se você não ligar vamos voltar mais cedo do que imagina. Precisamos de uma explicação. - alertei. Dei um beijo na testa dela e saí sendo seguido por Jack que nem se despediu. Ainda a ouvi sussurrar: “Má, eu sou uma garota muito má! E estou ferrada.”

Saí do apartamento de Samantha com Jack e fomos para a minha casa, o caminho até lá foi em total silêncio. Eu entrei em casa e fui direto para o meu quarto, Jack me seguiu. Assim que cheguei ao quarto tomei um banho frio. Jack me esperava sentado na cama, estava com o olhar distante.

- Cara, nem acredito no que vi. - falei.

- Eu também não.

- Como será possível? - perguntei.

- Não faço a mínima idéia. Ela provavelmente é coisa de outro mundo. - ele estava pensativo.

- Eu juro que estava brincando quando falei sobre ela ser mutante. - ele riu e jogou um travesseiro em mim.

- Idiota! - me xingou.

- Vamos jogar.

Jogamos por umas três horas e o meu celular tocou. Era Samantha.

- Sam? - atendi.

- Oi Lucas.

- Você está bem?

- Sim. Só liguei pra que você não se preocupasse.

- Eu já estou preocupado Sam.

- Mas Lucas...

- Sem “mas” Samantha, vou deixar você em paz. Amanhã eu vou até aí junto com Jack, você tem muito que explicar e de amanhã não passa!

- Me desculpa. - ela falou tão baixo que eu quase não escutei. Respirei fundo.

- Não tem do que se desculpar Sam. - ela riu sarcasticamente.

- Vocês não fazem idéia de onde estão se metendo Lucas, não fazem idéia de onde eu os meti! - ela estava um pouco alterada.

- Pode até ser, mas mesmo assim eu quero que me diga tudo. - ela suspirou.

- Tchau Lucas.

- Sam? Samantha? - ela tinha desligado.

- O que houve? - Jack perguntou.

- Ela não está convencida de nos falar o que está acontecendo. - expliquei.

- Mas ela vai falar. - ele afirmou.

- Não sei. Mas vamos descobrir ainda hoje.

- Como assim? Você não disse que só ia lá amanhã? - perguntou confuso.

- Sim, mas isso foi antes dela desligar na minha cara. - Jack riu.

- Ficou com o orgulho ferido Luquinhas? - ele debochou.

- Não enche Jackson! - nós rimos.

Jogamos mais um pouco, Jack foi para casa e eu subi pra dormir um pouco. Acordei estava anoitecendo. Tomei banho, me troquei e saí com o carro para a casa de Jack. Ele já me esperava na calçada. Parei o carro e ele bateu no vidro da porta, mas não entrou.

- O que? - perguntei assim que baixei o vidro.

- Eu não vou poder ir.

- Mas por quê? -

- Meu pai chegou em casa bêbado de novo. Eu não posso deixar ele só com a minha mãe. Desculpe! - ele disse.

- Sem problemas cara. Depois eu te conto se conseguir arrancar alguma coisa de Sam.

- Beleza, pede desculpas a ela por mim.

- Tudo bem. Boa sorte aí com seu pai.

- Valeu. - ele forçou um sorriso e entrou de volta na casa.

Jack sempre ficava triste quando o pai tinha essas recaídas. A mãe sempre chorava, chegou a quase entrar em depressão. O pai era alcoólatra e nunca conseguiu se livrar do vício. Passava um curto tempo sem beber e uma vez ou outra bebia novamente, o que fazia Jack ficar sem aquele jeito brincalhão dele por dias, pois sempre que acontecia desencadeava várias brigas entre os pais.

Cheguei no prédio em que Sam morava e subi até o apartamento dela, assim que cheguei no andar dela ouvi o som alto e a melodia de Crazy - Simple Plan invadiu meus ouvidos, me surpreendi quando percebi que vinha do quarto de Sam. Como previ a porta estava aberta. Surpreendi-me mais ainda quando vi o estado em que Sam se encontrava.

A sala do apartamento de Sam tinha os sofás afastados e ela estava em pé dançando bem no centro usando apenas uma camisa branca grande que a servia como vestido, no rosto os lindos olhos azuis estavam avermelhados e descendo dos olhos até as bochechas havia manchas pretas devido ao lápis que ela sempre usava ao redor dos olhos, na mão tinha uma garrafa de vodka quase na metade.

- O que pensa que está fazendo garota? - precisei gritar pela música alta. Ela me olhou assustada.

- Me deixa Lucas, eu já estou ferrada mesmo. - ela disse depois e se recuperar do susto e voltou a dançar.

- Não vou deixar você se embebedar. - peguei a vodka da mão dela e fui até a pia derramando todo o conteúdo da garrafa.

- Que Droga! Por que fez isso? - ela estava alterada.

- Porque você não tem necessidade disso! - respondi.

Voltei à sala e baixei um pouco o som. Sam sentou no sofá apertando as próprias pernas contra o peito.

- Vem, você precisa de um banho. - ela me encarou por uns segundos e levantou, mas cambaleou e quase caiu. Eu me aproximei pra ajudá-la, mas ela se afastou.

- Não preciso da sua ajuda! - disse ríspida.

- Precisa sim. Deixa de ser infantil. - falei quando ela quase caiu novamente.

- Idiota! - ela praguejou.

Botei um braço de Sam ao redor do meu pescoço e ajudei-a até o banheiro. Liguei o chuveiro no modo gelado e empurrei-a pra baixo da água. Ri mentalmente ao lembrar que aquilo já havia acontecido antes.

Fiquei nervoso quando percebi que Samantha usava apenas uma calcinha debaixo daquela camisa. O tecido branco ficou transparente e antes que eu visse mais saí para deixá-la a vontade. Fui para a sala, sentei ouvindo o som que eu não havia desligado e agora tocava Untitled que também era do Simple Plan.

Pouco tempo depois Sam apareceu na sala usando o shorts de algum pijama, moletom e pantufas de coelhinho. Eu ri.

- O que? - ela perguntou.

- É que você ta engraçada vestida assim - eu disse. Ela se avaliou e depois deu de ombros.

- Não me importo. É confortável. - ela disse sentando ao meu lado. Sorri pelo jeito simples dela lembrando que se fosse qualquer outra garota ali iria correndo para o quarto trocar de roupa.

- Verdade. - concordei.

- Se você não tivesse chegado eu teria feito besteira. Como sempre você me salvando né Lucas? - ela sorriu e eu também.

- Será que vai virar rotina? - perguntei pensativo e ela me deu uma tapa no braço.

- Não seja idiota Lucas - eu ri.

- O que veio fazer aqui?

- Eu vim saber por que você desligou o celular na minha cara. Sua mal educada! - eu acusei e ela fez um bico. Cara, aquilo me deu vontade de beijá-la. Eu teria a beijado se não tivesse sido interrompido pelo barulho da porta da sala abrindo e um homem alto e loiro, que eu nunca havia visto, entrando com um sorriso no rosto.

- Como está o meu bebezinho? - ele perguntou e Samantha arregalou os olhos.

...