Fanfic: She was an Angel

Lucas

Entrei no meu quarto, tirei minha roupa. Fui tomar um banho quente e demorado. Foi muita informação em um dia só, minha cabeça estava demorando a processar. Ainda não estava acreditando que Sam era um anjo, isso era tão surreal. Eu precisava pensar sobre o assunto com paciência, como eu ia contar isso a Jack? Será que eu deveria dizer isso a ele? Mas, Jack era meu melhor amigo e ele nunca escondeu nada de mim. Eu precisava falar com ele.

Sai do banheiro depois de um bom tempo, esqueci que tinha que ir deixar umas roupas no quarto que Sam estava, abri meu guarda-roupa e peguei uma camisa vermelha e uma cueca Box preta que eu ainda não havia usado, ia servir como short para ela. Fui até o quarto de hóspedes e bati três vezes na porta.

- Sam? - chamei.

- Oi Lucas - ela respondeu. - Pode entrar.

- Vim deixar uma roupa pra você - disse entrando. - Serve? - mostrei a camisa e a Box. Sam me encarou dos pés a cabeça, pois eu ainda estava de toalha. Fiz o mesmo com ela.

- Anh... serve.

- Bem, eu vou vestir uma roupa e descer para a sala.

Voltei ao meu quarto. Vesti uma camisa regata azul e um calção tactel cinza. Desci e liguei a TV, procurei um seriado pra assistir e encontrei Sobrenatural. Enquanto esperava Sam descer  resolvi ligar pra Jack.

- Oi Lucas - ele atendeu.

- Como estão as coisas por aí? - perguntei preocupado.

- Bem, meu pai tomou banho e dormiu. - disse tranqüilo.

- Ainda bem. Então, será que dá pra você dormir aqui essa noite?

- Acho que sim. Mas por quê? - perguntou curioso.

- A Sam vai explicar aquilo amanhã. Seria bom que você também ouvisse.

- Ah, claro. Vou arrumar minha mochila, não demoro.

- Tem como vir?

- Eu vou de carro.

- Entendi, estou esperando. - desliguei.

Não demorou e vi Samantha descer. Ela estava muito sexy, tudo bem que ela é sexy, mas ver ela vestida com minha camisa é ainda mais. E nem se fala da Box, realmente ficou um short para ela, um short muito curto, mas mesmo assim um short.

- Oi - ela disse tímida.

- Senta aqui - apontei para o meu lado.

Ela veio e sentou. Ficamos em silêncio por um tempo. Até que Samantha o quebrou.

- Desculpa - ela disse tão baixo que se eu não estivesse perto dela não teria escutado.

- Pelo o que? - perguntei sem entender.

- Por ter tratado você daquele jeito. É que eu estava com medo. - ela ainda falava baixo e não me olhava.

- Medo de que Sam? - botei minha meus dedos no queixo dela e a fiz virar o rosto. Ela me olhou e depois olhou para as mãos. - Olha pra mim. - pedi. Dessa vez ela me olhou e não desviou.

- De você me... me achar uma aberração. - disse e novamente desviou o olhar. - Estava com medo de te afastar de mim.

- Eu jamais faria isso Sam. - falei. - Não depois de te conhecer. Não depois de me apaixonar por você. - ela me olhou. Os olhos azuis brilharam.

- Você se apaixonou por mim? - eu fiz que sim com a cabeça. - Como... como é se apaixonar pra você?

- Ah. Mãos suando, coração acelerado, vontade de beijar, de cuidar. Até um friozinho na barriga eu sinto algumas vezes. Tudo isso quando eu estou perto de você.

- Se for assim, eu acho que também me apaixonei por você. - ela disse, o que me surpreendeu. - Eu sinto as mesmas coisas. - de repente meu coração ficou tão acelerado que parecia que eu havia corrido uma maratona.

Eu me aproximei dela, puxei-a para cima de mim. Ela ficou sentada no meu colo com uma perna de cada lado. Eu ainda não tinha a beijado, nós apenas nos encarávamos. Coloquei uma mecha do cabelo dela que caía sobre o rosto atrás da orelha.

- Por que não me disse antes? - perguntei.

- Por que você não disse antes em? - ela retrucou.

- Resolvemos isso depois - eu disse sorrindo e a beijei.

O beijo era calmo e lento. Extremamente carinhoso. Minhas mãos estavam ao redor da cintura de Sam e as dela na minha nuca. Com um tempo nos separamos por falta de ar e eu comecei a beijá-la no pescoço, ela suspirava. Quando voltamos a nos beijar, já era um beijo mais rápido, malicioso. O clima já estava quente. Assim que minhas mãos ameaçaram entrar pela blusa de Sam, o interfone tocou. Droga! Devia ser Jack, o xinguei em pensamento.

Samantha praticamente pulou de susto no meu  colo, ela teria caído se eu não estivesse segurando-a pela cintura.

- É o Jack - falei. Ela saiu do meu colo e tentava controlar a respiração assim como eu.

- Vai lá! - eu levantei e fui até a porta.

Abri e lá estava Jack, parecendo irritado.

- Por que demorou tanto? - perguntou entrando. - Ah, já entendi. - ele falou sorrindo depois que viu Sam.

- Oi Jack - Sam o cumprimentou sorrindo timidamente.

Não demoramos muito a dormir. Logo já estavam todos dormindo. Não vi a hora em que Ryan chegou. Sinceramente não sei como um ser humano que não está de férias sai pra farra numa segunda-feira. Só o Ryan mesmo. Mas eu nem liguei, estava muito feliz em saber que Sam sentia o mesmo que eu.

...

Acordei com o despertador tocando. Eram 6:00 da manhã e estava na hora de levantar para ir à escola. Vesti uma calça jeans, uma camiseta branca, jaqueta preta por cima e o All Star clássico. Acordei Jack que dormia feito uma pedra e decidi acordar Sam também. A porta do quarto dela estava aberta, então eu entrei. Para a minha surpresa Sam estava muito bem acordada, sentada na beirada da cama. Será que ela não tinha conseguido dormir ontem a noite?

- É... eu não sabia que você já estava acordada, por isso não bati antes de entrar - me desculpei.

- Não tem problema - ela sorriu. - Eu não dormi.

- Por quê? - perguntei preocupado.

- Eu não durmo Lucas - ela deu um sorriso triste.

- Ah... - fiquei sem ter o que dizer. Mas, ela já não tinha uma forma humana? Então por que ela não dormia?

- Os anjos não dormem, mas eu queria ter essa experiência...

- Você ta me dizendo que nunca dormiu?!

- Nunca. Jamais.

- Mudando de assunto. Vamos, temos que ir até seu apartamento. Você precisa pegar umas roupas para ir pro colégio.

Sam se levantou da cama e me seguiu. Fomos até o apartamento dela em silêncio. Ao chegar lá eu o quebrei.

- Sam?

- Oi Lucas - ela respondeu.

- Quem te sustentou esse tempo todo?

- Raphael. Ele é quase um irmão mais velho pra mim.

- Mas, como vocês se conheceram? Ele sabe sobre você?

- Nos conhecemos no céu. Ele foi criado primeiro que eu e caiu primeiro também, por causa de uma humana. Quando eu cheguei aqui ele me encontrou.

- E como ele sabia que você estaria aqui?

- Nós anjos, sempre encontramos uns aos outros.

- Entendi. - E voltamos para o silêncio.

Sam saiu e depois voltou com o cabelo úmido, de short com taxinhas, uma camisa do Red Hot Chili Peppers e um All Star branco.

Linda.

- Adorei a camisa. - falei com um sorriso.

- Obrigada. - ela agradeceu enquanto pegava a bolsa.

Saímos e fomos para o colégio. Jack ia no próprio carro, então imaginei que ele já estivesse chegado. Sam ligou o rádio e começamos a ouvir Otherside do RHCP. Irônico, já que Sam usava uma camisa da banda.

Ela cantava baixinho, tinha uma voz linda. Cantei junto com ela.

“Centuries are what it meant to me
A cemetery where I marry the sea
Stranger things never change my mind
I`ve got to take it on the otherside
Take it on the otherside
Take it on
Take it on”

Logo chegamos ao colégio e fomos para a aula, o primeiro horário era de biologia. Como eu pensei Jack já estava lá. Os três primeiros horários passaram voando e quando percebi tocava o sinal para o intervalo. Fomos para o pátio Sam, Jack e eu.

 Ryan não apareceu no colégio. Imaginei que estivesse de ressaca depois de passar a noite farreando sei lá aonde.

Jack foi até a lanchonete. Sam e eu sentamos num banco mais afastado. Bem no meio do pátio se encontrava Pietra e suas amigas, depois da briga com Sam, ela demorou quase três semanas para vir à escola. Ela estava vindo em nossa direção. Que ótimo.

- Oi Peter - ela me lançou um olhar malicioso.

- Pietra, quantas vezes vou ter que dizer para não me chamar assim?

- Desculpa - ela fez cara de inocente e eu escutei Sam bufar ao meu lado.

- Olá, Pietra - Sam falou irônica.

- Olá benzinho - ela acenou com a mão. - Então, Lucas. Por que não vem sentar comigo?

- Não sei se você percebeu Pietra, mas ele está sentado comigo.

Pela voz de Sam percebi que ela estava ficando irritada. Pietra me encarava ignorando-a.

- Eu estou falando com Lucas. Quero que ele me responda - Pietra falou jogando o cabelo para trás.  

-Como ela disse, eu já estou acompanhado e muito bem acompanhado - disse e segurei a mão de Sam.

- Você prefere ficar com essa esquisita a ficar comigo?

- É, prefiro. Ela é bem melhor que você - respondi.

- Agora sai projeto de Polly Pocket - Sam falou e eu ri.

- Isso não vai ficar assim. - Pietra me olhava incrédula. Fez uma careta e saiu.

Logo em seguida Jack chegou com duas sacolas na mão. Nas sacolas tinham três copos de refrigerante e três sanduíches.

- Vocês estão me devendo - ele disse.

- Eu não pedi pra você comprar nada - brinquei.

- Cara, eu faço o favor de trazer comida pra você e é assim que me agradece? - ele fez cara de ofendido. - Magoou.

- Não seja tão dramático, Jack! - e caímos na risada. Começamos a saborear nosso lanche e a conversar sobre o sumiço de Ryan.

As últimas três aulas não demoraram a passar e resolvemos ir para o apartamento de Sam por que lá seria melhor para conversar.

Ao chegarmos lá fomos preparar o almoço. Fizemos uma lasanha e comemos. Ao final da refeição percebi que Sam estava mais nervosa. Impaciente. Então Jack começou a falar.

- Sam, o que você tem pra nos falar?

- Eu não sei por onde devo começar...

- Que tal do começo? - sugeri. Era uma piada, mas ela não riu.

- Eu sou um... anjo caído. Fui criada pelo “todo poderoso” como diz vocês. Tenho irmãos que vivem no céu e outros que também caíram.

- Como Raphael - comentei e Jack me olhava confuso.

- Espere, você é um anjo? E quem é Raphael? - Jack a encarava.

- Foi ele quem me encontrou e me ajudou. Tudo que eu tenho foi ele quem me deu. - Sam respondeu com mais calma.

- Por que você caiu? - ele perguntou.

- Assumi uma culpa que não era minha, para proteger minha irmã. Selena e Samuel foram criados juntos comigo, por isso nossos laços são maiores. Eu não podia deixar que acontecesse nada a eles.

- E o que ela fez? - perguntei.

- Ela se envolveu com um humano. Infringiu uma lei angelical, se apaixonando por ele. Os Arcanjos iam arrancar as asas dela e jogá-la aqui. Impedi dizendo que eu havia influenciado praticamente a obrigado a fazer isso. Recebi a punição dela e eu estou aqui.

- Você tem quantos anos de existência? - Jack quase sussurrou.

- Um século e meio.

- Meu Deus! Um século e meio é muito tempo - Jack arregalou os olhos e isso me fez sorrir baixinho.

- É...

- Por que você não dorme, mas se alimenta? - perguntei.

- Eu como por opção. Se eu não quiser, não como. Faço isso pra parecer mais humana.

- Pensei que seu corpo precisasse de descanso e de alimentos já que você tem uma forma humana - disse.

- Eu não tenho forma humana. Só me comporto como uma - ela cruzou os braços e dessa vez eu que arregalei os olhos. - Minhas asas estão escondidas.

- Por que você sentiu dor quando elas saíram? - eu tentava entender isso.

- Arrancaram minhas asas. Elas eram brancas e agora são negras, como as de um anjo caído. - Sam esclareceu.

- Mas, você brilha Sam. Como um anjo. - olhei nos olhos dela que estavam negros. - E os seus olhos estão negros agora.

- Nenhum anjo perde seu brilho. Dizem que somos como as estrelas. E meus olhos ficam negros por que faz parte da transformação de um anjo caído, mas a cor deles é azul celeste.

- Gente, isso é informação demais pra uma pessoa só. Tudo parece uma fantasia. - Jack interrompeu. Sam baixou a cabeça. - Mas, isso não quer dizer que eu ache que você é uma aberração. Um anjo nunca seria uma aberração. Só não entendo por que você demorou tanto a dizer isso.

- Tive medo de ser descartada. Ser taxada de louca. Precisava de um tempo - ela fitou Jack e eu.

- Entendo. Nunca mais pense que descartaremos você Sam. - Jack sorriu e a abraçou.

Encerramos a conversa. Jack foi pra casa,Sam foi tomar um banho e eu fiquei na sala esperando ela sair.

...