Fanfic: She was an Angel

Me surpreendi no momento em que Sam interrompeu o beijo bruscamente e olhou para o pulso esquerdo com a expressão de dor.

 

– A... Ai - Sam gemeu enquanto segurava o pulso. Foi quando vi o que tinha acontecido. Sam estava com o pulso queimado, mas como...?

– Como você se queimou? - perguntei - Quero dizer, estávamos dentro d’água e... não saímos de lá nenhum segundo.

– Eu não sei Lucas. Está doendo muito... - ela se contorcia de dor.

 

Peguei Samantha no colo e levei-a até a árvore da casinha, sentei-a no chão e fui correndo pro carro procurar meu kit de primeiros socorros, pensando em como poderia ser possível que ela se queimasse dentro d’água. Talvez uma água-viva, se em lagos tivessem águas-vivas. Ótimo. Aquilo foi muito estranho. Na verdade desde que eu conheci Sam o estranho tem sido considerado normal.

 

Voltei assim que encontrei a maleta branca com uma cruz vermelha no centro. Quando me aproximei Sam me olhou assustada, o que também me assustou.

 

– O que houve? - perguntei preocupado.

– Eu não sei. Meu pulso começou a esquentar e a ficar vermelho. - ela respondeu. Puxei o pulso de Sam para ver a queimadura e foi ai que percebi que havia uma marca em forma de triângulo de cabeça para baixo. Um triângulo perfeito, perfeito até demais para o que aconteceu do nada.

 

Abri a maleta imediatamente e passei uma pomada na queimadura.

 

– Faço um curativo ou deixo assim? - perguntei.

– Não, prefiro assim. - Sam me olhava seria.

– O que foi?

– Nada, só estou admirando o jeito que você cuida mim - sorri com a resposta dela.

– Não sei o que seria de você sem mim. - eu me gabei.

– Ha-ha. Nem um pouco convencido, não é amor? - logo sorri quando ela me chamou de amor.

– Está com fome?

– Um pouco. - ela disse.

– Vou pegar as sacolas lá em cima, já volto. - dei um beijo na testa dela e subi na árvore. Peguei o lanche, a água e desci. - Sam, eu trouxe refrigerante, mas já está quente. E a água está esquentando também.

– Sem problemas. - Sam abriu uma das sacolas e tirou um saco de Ruffles com uma latinha de coca-cola. Eu fiquei com um Doritos e uma latinha de soda. Comemos calados.

– Seu pulso ainda dói?

– Não.

 

Escutei meu celular tocar no bolso da minha bermuda, era Jack.

 

– Oi irmão. - atendi.

– Ei cara, vai ter uma festa hoje eu quero muito ir. Vamos? - ele me convidou.

– Bem, não tenho nada de mais pra fazer hoje à noite. De que horas você vai?

– As 21:00h passo na sua casa. Não se esquece de levar Samantha.

– Não precisava nem lembrar. - eu disse e ele riu.

 

Desliguei a ligação.

 

– Tem algum compromisso hoje à noite? - perguntei a Sam.

– Não.

– Bom, agora tem. - falei.

– O que? - perguntou curiosa.

– Vamos a uma festa.

– Que festa? - ela quis saber.

– Ainda não sei. Jack acabou de ligar e nos chamou. - respondi.

– Eu preciso pegar minha roupa que ficou lá na beira do lago - Sam lembrou.

– Fique aqui. Eu volto num instante - beijei-a na testa -, não saia daí.

– Não vou sair - ela me respondeu com um sorriso maroto.

 

Corri até o lago onde Sam havia deixado o vestido florido no chão. Apanhei-o e voltei em direção à casa da árvore. Sam ainda estava sentada no chão fazendo desenhos na areia com o dedo. Ela parecia está mais linda do que estava á dez segundos atrás. Ela olhou para mim e sorriu, retribui.

 

– Sentiu minha falta?

– Um pouco - ela respondeu pegando o vestido da minha mão e ajudei-a a se levantar. Ela se vestiu - Então vamos.

 

Entramos no carro, seguimos até minha casa. Quando chegamos lá Ryan estava deitado no sofá quase desmaiado com uma garrafa de whisky perto dele no chão. Fiquei pasmo ao ver meu irmão gêmeo naquele estado. Bêbado. Muito bêbado. Tentei imaginar por que Ryan havia chegado àquele ponto.

 

– Ryan?! - Sam e eu falamos em uníssono.

– Oi! - ele quase pulou do sofá e se eu não tivesse o segurado ele havia caído.

– Ryan, o que aconteceu? Você está péssimo - Ryan não falou nada, apenas soltou uma risadinha insuportável com um “há há”, me abraçou e... tentou me dar um selinho. Um selinho!

– Ryan Peterson! - O empurrei pro sofá.

– “Ryan Peterson”! - ele imitou a minha voz.

– Vai tomar banho! - gritei - Você ta fedendo a bebida Ryan!

– Eu amo você Lucas. Não seja tão mal comigo... - ele falou, fez um biquinho e começou a chorar. Bufei.

– Deixe de ser idiota cara, que coisa ridícula! - eu estava muito estressado com aquilo.

– Lucas! - Sam quase gritou. - Para de gritar, será que você não ver que ele está bêbado?! - a encarei incrédulo. - Vem Ryan, você precisa de um banho. - ela o puxou pela mão e ajudou ele a subir as escadas. Eu continuei parado tentando digerir o que tinha acabado de acontecer. Ela brigou comigo por... ele?

 

Logo engoli o meu ciúme e subi atrás deles. Samantha o ajudava a entrar no quarto, sentou ele na ponta da cama, tirou a camisa e o tênis o deixando apenas de calção. Levantou ele e o empurrou até o banheiro.

 

– Você consegue tomar banho só? - ela perguntou com a voz doce. O que?! É claro que ele vai se aproveitar. Não vi o que ele fez, mas ele deve ter assentido porque logo a vi saindo do banheiro.

 

Sam passou direto por mim e desceu, nem sequer me olhou.

 

Ah meu Deus! Sam e essa mania de ser boa até mesmo pra quem não merece.