Fanfic: Pra sempre com você. | Tema: Malhação
São Paulo, sexta-feira, 21:45
– Oi Rodrigo, tudo bem? – perguntou Agatha com uma voz triste no telefone.
– Tudo sim e com você? Que voz é essa? Aconteceu alguma coisa? – perguntou Rodrigo preocupado
– Briguei com a Ju e estou na casa do meu namorado. – disse Agatha com uma voz cansada.
– Brigaram por quê? – perguntou Rodrigo.
– Por nada. Depois a gente conversa sobre isso. Só liguei pra saber se você está bem. – perguntou Agatha.
– Estou bem sim, apesar de algumas coisas. – disse Rodrigo
– E aquela história, já deixou pra trás mesmo? – perguntou Agatha.
– Deixei sim. É melhor sabe, maninha. Eu vi que não ia dar em nada mesmo, então resolvi esquecer. – disse Rodrigo com uma voz cansada e com uma carinha triste.
– Eu nem sei o que dizer, mas te desejo tudo de bom e que você consiga o melhor pra você. Até amanhã, boa noite. Eu te amo muito. – disse Agatha desligando o telefone.
Juliana estava irritada porque parou de receber cartas, e faltavam alguns meses para seu casamento e ela já não tinha mais certeza se era Daniel que as escrevia. Brigava com todo mundo por qualquer coisa.
– Pode vir aqui em casa, quero falar com você, Agatha. – disse Juliana
– Eu estou chateada ainda. Vai ser bom você ficar um pouco sozinha. Está precisando rever seu comportamento. E eu como sua amiga, preciso de um tempo para rever os meus também. Amanhã à noite eu volto e a gente se fala. – disse Agatha segurando o choro.
Juliana não aguentava mais ficar sozinha. A falta que a Agatha fazia estava a consumindo. Ela não queria comer, não queria ler, nem estudar. Estava triste. Ela queria o colo da amiga, o carinho, os conselhos. Depois que Agatha começou a namorar, Juliana pode sentir um pouco o que Agatha sentiu quando ela foi para Salvador e quando ficava com o Daniel. Mas ela sabia que precisava passar por aquilo para dar valor e enxergar melhor algumas coisas.
– Me perdoa. Eu não aguento mais um dia sem você aqui, do meu lado. Por favor, volta pra cá. – disse Juliana chorando abraçando a amiga.
– Eu volto, mas você tem que parar de me tratar assim. Eu não tenho culpa se você parou de receber as cartas, Juliana. – disse Agatha deixando as lágrimas caírem sobre os ombros da amiga.
– Eu sei que você não tem culpa, mas é que já faz tanto tempo que não recebo, que isso me deixou triste. Eu estou muito magoada. Só você sabe o quanto aquelas cartas são importantes pra mim, esses dias que você ficou fora eu li todas as cartas, todas mesmo. E estou começando a achar que não é o Daniel que me escreve. – disse Juliana limpando o rosto.
– Porque você acha que não é ele? – disse Agatha.
– Não sei, eu senti uma coisa diferente quando li as cartas. Não sei se o Daniel seria capaz de escrever e me conhecer tanto assim. As cartas falam de amor, mas também tem muitas cartas tristes... eu estou confusa. Não sei mais o que eu faço. – disse Juliana. – Tem noticias do Rodrigo?
– Eu falei com ele ontem. – disse Agatha colocando água no copo.
– E ai, como ele está? – perguntou Juliana
– Está bem. As coisas lá em São Paulo estão dando certo e ele disse que vai ficar por lá mesmo. – disse Agatha desviando o olhar.
– Será que ele vem pro meu casamento? – perguntou Juliana.
– Você faz questão que ele venha? – perguntou Agatha.
– Não é isso Agatha, eu só achei que seria bom pra você vê-lo. – disse Juliana olhando para a janela.
– Juliana, me fala a verdade. Que cara é esse que você diz que ama? Você nunca fala dessa história e sempre que eu toco nesse assunto você não quer falar. É o Rodrigo? – perguntou Agatha
– Eu nem sei mais quem é esse cara. Eu achei que o conhecia, mas não sei se conheço mais. – disse Juliana deixando as lágrimas caírem novamente.
– É quem te escreve as cartas? – perguntou Agatha olhando para a amiga.
– É. – disse Juliana com um carinha triste. – Cada dia que passa cada minuto eu fico esperando essa campainha tocar, na esperança de que seja alguém para me trazer alguma carta. Alguma noticia, eu não sei mais o que pensar. Será que ele desistiu de mim?
– Não fica assim. Ele já fez isso uma vez não fez? Depois ele te mandou todas as cartas que ficou escrevendo. Uma hora vai chegar mais uma. Não fica assim. Eu sei que elas são importantes pra você, mas você tem que pensar no Daniel agora, é com ele que você vai se casar. – disse Agatha segurando a mão de Juliana.
– Eu não tenho certeza mais se quero isso pra mim, não agora. – disse Juliana.
– Como assim? – perguntou Agatha assustada. – Já está quase tudo pronto Juliana, você vai desistir assim?
– Eu não sei, estou confusa. Está passando um filme na minha cabeça. Preciso conversar com o Daniel, acho que vou pra Salvador na semana que vem falar com ele. – disse Juliana
– Quero que você seja feliz. Casada, solteira, divorciada de qualquer jeito. Quero te ver feliz, e se você achar que não vai ser feliz nesse casamento acho que não deveria se casar. – disse Agatha abraçando Juliana.
Juliana estava confusa. Não sabia mais o que fazer, se ela pelo menos conseguisse alguma pista sobre quem escrevia as cartas, talvez ela pudesse achar uma saída. Só que depois de ler e reler todas aquelas cartas, ela não conseguia chegar em conclusão nenhuma. Só que ela amava aquele homem mais do que qualquer outra pessoa, mas do que qualquer outra coisa.
1 MÊS DEPOIS...
Agatha viajou para Porto Alegre com o namorado e Juliana ficou em casa e decidiu ir para Salvador conversar com Daniel. Ela precisava conversar sobre os seus sentimentos, o quanto eles estavam confusos e tentar chegar a uma conclusão. Até que ela recebeu mais uma carta um dia antes de ir para Salvador..
“Me encontre neste endereço hoje à noite, às 23:00h estarei lá te esperando. Você vai entrar numa sala, que fica no 5º andar o prédio. A sala vai estar escura, por favor. Vá sozinha. Até mais tarde.”
Juliana terminou de ler a carta nervosa e não pensou mais um minuto e ligou para Agatha.
– Amiga, acabei de receber a carta. Ele marcou um encontro comigo. O que eu faço? Estou com medo de ir e acontecer alguma coisa. – disse Juliana.
– Se eu estivesse aí, iria com você. Até eu fiquei preocupada agora. Mas se você quiser, o Rodrigo te leva. – disse Agatha.
– Como assim o Rodrigo? Ele está aqui? – perguntou Juliana dando um sorriso
– Sim, ele veio resolver uns assuntos da empresa, vender o apartamento e vai voltar amanhã. Quer que eu pergunte se ele pode te levar? Assim você fica mais tranquila. – disse Agatha tentando tranquilizar a amiga.
– Não sei se ele vai querer, mas se não tiver outro jeito e ele puder me levar.. eu aceito. – disse Juliana.
– Vou ligar pra ele agora. E já te ligo. – disse Agatha.
Chamada: Agatha → Rodrigo
– Rodrigo, você pode levar a Juliana em um lugar hoje à noite, por favor? – disse Agatha
– Eu levar a Juliana aonde? Nem pensar. Não quero ver a Juliana, Agatha. – disse Rodrigo alterando a voz.
– Ela recebeu uma carta anônima marcando um encontro com ela hoje, às 23:00hrs, e ela não quer ir sozinha, e eu também estou com medo de que possa acontecer alguma coisa. Você só leva ela de carro, e fica esperando ela. Por favor, você nem precisa falar com ela se não quiser. – disse Agatha convencendo o irmão.
– Tá bom. Vou fazer isso por você. – disse Rodrigo.
Fim da chamada.
Rodrigo não queria encontrar Juliana, mas ficou preocupado. E se ele recusasse e acontecesse alguma coisa com Juliana aquela noite? Ele se sentiria culpado. E se fosse tudo uma armadilha?
– Porque não avisou que estava no Rio? – perguntou Juliana entrando no carro.
Rodrigo ficou em silêncio e ligou o carro e saiu. Foi até o local sem trocar uma palavra com Juliana. Ele a ignorou o tempo todo. Não olhou pra ela, não cumprimentou, não falou nada. E ao chegar lá..
– Se você quiser ir embora, eu pego um taxi depois. – disse Juliana destravando o cinto de segurança.
– Eu disse para a Agatha que iria te esperar. Vê se toma cuidado.
– Qualquer coisa liga pro meu celular. Boa sorte. – disse Rodrigo.
Naquele momento as únicas palavras que saíram da boca de Rodrigo foram aquelas. Juliana estava chegando na porta da sala quando recebeu uma mensagem do número de quem escrevia as cartas.
“Pode entrar e me esperar. Eu não demoro 5 minutos. E, por favor, não acenda a luz enquanto eu for não embora. Não fique com medo de mim. Eu não irei fazer nada com você. Só quero conversar.”
Juliana se sentou na cadeira e ficou esperando, até que ela pode escutar um barulho. As pernas começaram a tremer, começou a suar frio. Ela não sabia se saia correndo ou se ficava ali.
– Desculpe a demora, eu estava criando coragem pra entrar nessa sala e falar com você pela primeira vez assim. Desculpa se te passei medo, mas queria que soubesse que só vou falar com você e depois te deixar ir embora. – disse a pessoa com uma voz cansada, de choro.
– Porque você não me escreveu mais? – perguntou Juliana.
– Eu estou confuso, estou magoado e decidi que seria melhor se você parasse de recebê-las.
– Como seria melhor se isso só me fez mal? Eu espero todos os dias receber essas cartas, e toda vez que a campainha toca eu acho que vai ser alguém que vai me entregar uma carta sua, mas não chega nada. Por que você está fazendo isso comigo? – perguntou Juliana se levantando da cadeira.
– Todos esses anos que eu te escrevi foram as melhores coisas que eu já fiz nessa vida. Desculpa se eu te magoei, só que chegou em um momento que vi que não tem mais porque te escrever. Você escolheu uma pessoa para viver do seu lado pra sempre, e esse pessoa não sou eu.
– O meu coração sempre foi seu, e sempre vai ser. Mas como eu poderia te escolher se eu nem sei quem você é? A única coisa que sei sobre você é que você me ama. Se você acender essa luz e deixar eu te ver eu juro que desisto de tudo e fico com você. – disse Juliana chorando.
– Não chora, por favor. Mas eu não posso fazer isso. Já decidi. Você não vai desistir da sua felicidade, você vai se casar e vai ser feliz e eu não tenho o direito de me meter mais na sua vida. Eu fui burro, não era pra ter deixado as coisas ficarem tão sérias entre a gente. Eu não consigo viver sem você, cada dia que passa a minha vontade é de ir até você, te abraçar, te beijar. Mas eu não posso fazer isso.
– Porque não? A gente se ama, para com essa bobeira. Eu vou sofrer muito se eu ficar sem receber essas cartas, me diz quem é você, por favor. – disse Juliana chorando sem parar.
“Nunca te contei o quanto acho seu sorriso encantador e no quanto que ele é capaz de transformar minhas dores em boas alegrias. Nunca te contei o quanto seus olhos castanhos claros me deixam seguro de que só você é capaz de dizer eu te amo através deles. Nunca te contei que naquela vez que nos abraçamos pude sentir o meu e o seu coração batendo aceleradamente, e daquele dia em diante nenhum abraço foi mais o mesmo. Nunca te contei que decorei o cheirinho da sua roupa, não me pergunte como isso pode acontecer, só acontece. Nunca te contei que todas as noites antes de dormir oro e peço a Deus para que venhamos construir uma vida juntos. Mas acho que a nossa história não vai ser agora. Você precisa viver outro amor pra saber se é comigo que você quer ficar e eu também vou viver outro amor, pra saber se é com você que eu vou ficar. E no final, quem sabe a gente não se encontra. Eu nunca vou esquecer você Juliana, e por favor, não esqueça de mim. Mas eu preciso fazer isso, espero que um dia você entenda. Desculpa por tudo, mas preciso partir.”
– Como assim depois daquele dia nenhum abraço foi o mesmo? Então a gente já esteve junto? Me fala por favor, não vai embora. – disse Juliana procurando o rapaz pela sala escura..
– Eu tenho que ir, não venha atrás de mim, por favor. Adeus ou até breve. - disse a pessoa chorando e indo embora.
Juliana só sabia chorar, sua voz estava falha, ela não conseguia acreditar no que acabou de ouvir. Naquele momento um milhão de coisas passava pela cabeça dela na mesma hora. Quem seria aquela pessoa? Como ela já sentiu o abraço de Juliana? Será que Juliana o conhecia? Ela não conseguiu perceber pela voz. Ele nunca havia escutado uma voz assim, tão calma, tão... triste ao mesmo tempo. Ela só conseguia chorar e falar: - “Por favor, volta.” Ficou na sala mais uns 20 minutos chorando, até que o telefone tocou, era Rodrigo.
– Juliana você está bem? Aconteceu alguma coisa? Me responde. –
perguntou Rodrigo muito preocupado.
– Não Rodrigo, eu não estou bem. – disse Juliana em prantos.
– Esse cara fez alguma coisa com você? Me responde. A Agatha me ligou várias vezes e eu não sabia o que dizer pra ela. Estou aqui no carro agoniado e você não me deu noticias. – disse Rodrigo.
– Eu quero ficar mais um pouco aqui na sala sentindo o cheiro dele, e esperando pra ver se ele volta. Me deixa sozinha, por favor. Pode ir embora. – disse Juliana chorando e desligando o telefone.
Rodrigo ficou sem saber o quer fazer. Se acontecesse alguma coisa com Juliana ele sabia que se sentiria culpado e então decidiu ir até ela na sala.
– Eu sabia que você iria voltar. – disse Juliana indo em direção à porta e abraçando a pessoa que acabara de entrar.
– Sou eu Juliana, o Rodrigo. Desculpa, mas fiquei preocupado e não tive outra opção a não ser subir e ver como você estava. Vamos embora, ele não vai voltar, você já está aqui faz muito tempo. Por favor, vamos. – disse Rodrigo segurando a mão de Juliana.
– Eu não quero sair daqui. Você não entende que eu acabei de ficar do lado da pessoa que eu amo e não pude saber que é? Só consegui sentir o cheiro dele, e não consegui nenhuma pista. Me deixa aqui sozinha, Rodrigo. Vai embora, vai embora. – disse Juliana gritando e sentando na cadeira.
Rodrigo acendeu a luz e ao ver Juliana chorando daquele jeito, com os olhos vermelhos não conseguiu disfarçar. Ficou nervoso, triste ao vê-la daquele jeito não sabia o que fazer.
– Não fica assim, eu não sei dessa história das cartas, mas pelo que a Agatha me falou ele já te escreve há muito tempo não é? Você não tem que ficar nesse estado Juliana. O que ele falou que te deixou assim? – disse Rodrigo sentando ao lado de Juliana.
– Quero ir pra casa. Me leva daqui por favor. – disse Juliana abraçando Rodrigo.
Ela o abraçou tão forte, como nunca havia abraçado ninguém antes.
– Obrigada por me trazer até aqui. E desculpa por tudo, sei que vai viajar daqui a pouco e nem devia estar aqui. – disse Juliana abrindo a porta e se virando para Rodrigo.
– Quer que eu fique aqui com você? Conversar sei lá, pode te fazer bem. – disse Rodrigo segurando a mão de Juliana.
– Não. Eu prefiro ficar sozinha. – disse Juliana olhando para Rodrigo.
– Promete que não vai fazer nenhuma besteira? – perguntou Rodrigo
– Não vou fazer nada. A única coisa que quero fazer é queimar todas as cartas que eu recebi e esquecer que um dia existiu alguém que me mandou cartas anônimas. – disse Juliana deixando uma lágrima cair do seu rosto.
– Eu não vou deixar você fazer nada disso. A Agatha me pediu pra cuidar de você e eu vou ficar aqui. Eu durmo no banheiro se você quiser, prometo que não vou ficar em cima de você, só me deixa cuidar de você hoje, conversar contigo. Por favor. – disse Rodrigo abraçando Juliana.
Juliana estava tão triste que não se importaria de ter Rodrigo por perto. Não pensou se ele tentaria ficar com ela, apenas aceitou ter uma companhia. Tomou banho, e ao passar pela sala avistou Rodrigo sentado no sofá de cabeça baixa e foi se despedir dele.
– Amanhã se eu não te ver antes de você sair, boa viagem, ta? E Obrigada por ter ido comigo hoje, não sei se eu teria forças para voltar pra casa sozinha. – disse Juliana fazendo carinho no cabeço de Rodrigo.
– Não precisa agradecer. Eu fiz isso pela Agatha. – disse Rodrigo tirando a mão de Juliana de seu cabelo.
Rodrigo estava com uma voz tão triste, tão cansada, como se alguma coisa estivesse o incomodando, e ao perceber que ele estava naquele estado Juliana resolveu se sentar ao lado dele pra saber o que havia acontecido.
– Aconteceu alguma coisa? – perguntou Juliana se sentando ao lado de Rodrigo.
– Não aconteceu nada. Eu estou bem. Pode ir dormir. – disse Rodrigo desviando o olhar.
– Olha Rodrigo, eu sei que a gente nunca se deu bem e que você foi embora magoado comigo, assim como eu também fiquei magoada com você, mas eu queria ser sua amiga e queria que você fosse meu amigo também. Conversa comigo. – disse Juliana colocando a mão no ombro de Rodrigo.
– É que me deu saudade de morar aqui. Me sinto tão sozinho lá em São Paulo, longe da Agatha. Deve ser porque aquele lugar me traz muitas lembranças dos meus pais e ficar lá sozinho não tem feito muito bem pra mim. – disse Rodrigo com a cabeça baixa.
– Porque não volta a morar aqui? – disse Juliana
– Eu vendi o apartamento que eu tinha aqui perto e não acho uma boa ideia. – disse Rodrigo olhando para Juliana.
– Você pode ficar aqui em casa, assim você fica perto da Agatha. – disse Juliana fazendo carinho no rosto de Rodrigo.
– Lógico que não. Você vai se casar e depois a Agatha vai sair daqui. Melhor não. Vou ficar lá em São Paulo mesmo. – disse Rodrigo
– Eu vou morar em Salvador com o Daniel e vou deixar o apartamento para a Agatha. E você pode vir morar com ela.
Rodrigo e Juliana ficaram conversando como se fossem melhores amigos. Não brigaram, não se provocavam, apenas desabafaram o que estava magoando os dois e trocaram experiências de vidas.
– Você está melhor? – perguntou Rodrigo fazendo carinho no cabelo de Juliana. Ela estava deitada na poltrona e Rodrigo no sofá ao lado.
– No momento eu estou sim. Eu só não sei o que vai acontecer daqui pra frente sem receber essas cartas, mas se tiver que ser assim, vou ter que aceitar. – disse Juliana olhando para o teto.
– O seu namorado sabe que você recebe essas cartas? – perguntou Rodrigo
– Não, e nunca vai saber. – disse Juliana
– Mas porque você não quer que ele saiba? – perguntou Rodrigo
– Porque eu amo essa pessoa que me escreve, entende? Pode parecer ridículo estar dizendo isso, mas é verdade. Eu amo uma pessoa que eu não sei quem é. – disse Juliana deixando as lágrimas caírem mais uma vez. – Eu não sei como o Daniel ficaria se descobrisse isso.
– Se você ama esse cara aí das cartas, porque aceitou se casar com o Daniel? – perguntou Rodrigo olhando para Juliana.
– Porque eu achei que fosse ele que estivesse escrevendo, mas agora... – disse Juliana
– Mas agora o que? – perguntou Rodrigo
– Eu não tenho mais certeza. – disse Juliana mexendo os ombros.
– E você desistiria do seu casamento por causa desse homem que te escreve? – disse Rodrigo com a cabeça baixa.
– Não sei. Tudo que eu queria agora é saber onde ele está, como ele está, com quem. O que ele está pensando. Se ele ainda gosta de mim. Eu to sofrendo demais com tudo isso. – disse Juliana deixando as lágrimas caírem. – Ninguém entende.
– Eu te entendo sim. – disse Rodrigo.
– Como assim me entende? – disse Juliana.
– Nada. Eu não te entendo mesmo. Eu nunca gostei de ninguém. Nem sei por que falei isso. – disse Rodrigo
– Você nunca sentiu nada por ninguém mesmo, Rodrigo? – perguntou Juliana
– Só atração física e nada mais. Nunca consegui amar uma pessoa, fazer loucuras e todas essas coisas. Eu admiro quem se apaixona, quem sofre, quem ama. Mas não sirvo pra isso. Gosto de curtir a minha vida e não me apegar em ninguém, só assim eu não choro, não sofro e não fico dependendo de alguém pra ser feliz. – disse Rodrigo desabafando.
– Nossa, eu não consigo me imaginar sem sentir esse frio na barriga que eu sinto quando estou amando. Essa vontade de querer o outro perto, de qualquer jeito. – disse Juliana dando um sorriso e arrancando sorrisos do Rodrigo também.
– Vamos ser amigos? Esquecer tudo que a gente já brigou, e construir uma amizade de verdade. Eu gostei muito de conversar com você, conheci uma Juliana que eu não sabia que existia. – disse Rodrigo segurando na mão de Juliana.
– Eu topo. – disse Juliana dando um abraço em Rodrigo e sorrindo.
Juliana e Rodrigo selaram uma amizade. Daquele dia em diante eles estavam dispostos a serem amigos de verdade, sem dar beijos, sem se provocar, sem fazer nada. Apenas amigos. Mas será que eles conseguiriam?
7 meses depois.
Na semana do casamento, Juliana estava muito nervosa. Agatha estava fazendo de tudo para tranquilizar a amiga, mas nada tirava o nervoso de Juliana, que só queria uma carta. Depois daquele dia que ela esteve tão perto do seu amor, ela se sentia confusa e não sabia mais de nada. Agatha estava feliz com a amizade de Juliana e Rodrigo, mesmo desconfiando que eles sentiam alguma coisa um pelo outro, ela estava feliz. Rodrigo veio na semana do casamento para ajudar nos preparativos.
– Amiga, me ajuda. O que eu faço. – disse Juliana observando o mar da janela do seu quarto.
– Você está feliz? – perguntou Agatha.
– Não sei. – disse Juliana abaixando a cabeça. – Porque ele não me escreve? Ainda dá tempo de desistir. Já rezei, já pedi pra Deus, mas parece que não adianta.
– Amiga, acho que você escolheu um caminho e tem que ir até o fim, assim como ele escolheu o dele. – disse Agatha tentando acalmar a amiga.
– Mas isso tudo só está acontecendo por minha causa. Ele escolheu esse caminho porque eu não dei outra escolha. Eu não podia ter aceitado me casar com o Daniel. Eu sou muito burra. – disse Juliana.
– O que foi que você falou Juliana? Você se arrependeu de aceitar se casar comigo? – disse Daniel que apareceu na porta do quarto ouvindo a conversa de Juliana com Agatha. – Me responde Juliana, eu estou falando com você.
– Não grita comigo, se você me deixar falar eu te explico. – disse Juliana.
– Vou deixar vocês dois a sós. – disse Agatha.
Rodrigo passou pelo quarto e pode escutar os gritos de Daniel.
– O que está acontecendo lá dentro Agatha? – perguntou Rodrigo furioso.
– O Daniel escutou a Juliana falando comigo que não era pra ter aceitado se casar com ele por causa das cartas.. – disse Agatha nervosa.
– E quem ele pensa que é pra falar assim com ela? – disse Rodrigo com raiva indo em direção a porta.
– Você não vai fazer nada. Deixa eles dois conversarem lá. Você não tem nada a ver com isso. – disse Agatha puxando o irmão pelo braço.
– Tenho sim. Eu sou amigo da Juuliana. Me solta Agatha. – disse Rodrigo abrindo a porta.
Rodrigo ficou da porta ouvindo tudo que Daniel e Juliana falavam. Ficou nervoso, mas esperou um momento certo para acabar com aquela briga.
– Você acha que eu sou otário, Juliana? Você fica comigo, me faz achar que você gosta de mim, aceita se casar comigo pra dizer que se arrependeu? – disse Daniel gritando com Juliana. – Olha pra mim e responde. Estou falando com você.
– Não grita comigo, eu vou falar, mas abaixa a sua voz. – disse Juliana irritada.
– Então começa por favor, eu estou com a cabeça fervendo. Não mente mais pra mim. – disse Daniel se sentando na cama.
– Tá vendo tudo isso aqui? São cartas que eu recebo há 5 anos de uma pessoa que eu não faço a mínima ideia de quem seja. Essa pessoa me conhece como ninguém, me ama como ninguém foi capaz de me amar nunca, e eu o amo também. – disse Juliana tirando as cartas da caixa.
– Você o que? – disse Daniel soltando sorrisos. – Você tá me dizendo que recebe cartas anônimas durando 5 anos e que você ama quem te escreve?
– É isso sim. Por que está rindo? – disse Juliana
– Por que acho isso ridículo. Como você pode amar uma pessoa que você nem sabe se existe Juliana? Tá ficando maluca? – disse Daniel olhando para Juliana
– Ele existe sim. Eu já estive com ele, mas ele não me deixou saber quem era. A gente se encontrou num sala. Estava tudo escuro, mas ele disse que me ama e eu também o amo, eu cheguei a achar que era você quem escrevia, mas agora tive certeza de que não é. – disse Juliana colocando as cartas dentro da caixa novamente.
– Então foi por isso que você aceitou se casar comigo? Porque você achou que era eu quem escrevia essas cartas? – disse Daniel irritado.
– Foi. Foi por isso sim e agora estou mais arrependida ainda. Estou com ódio de você. – disse Juliana. – Foi por causa dessa burrice que eu estou meses sem receber cartas, eu não devia ter feito isso.
– Então tá. Eu não quero me casar com uma pessoa que não me ama. Ainda bem que eu descobri isso antes de me casar, porque se eu tivesse casado com você e descoberto isso depois, eu nem sei o que eu faria Juliana. – disse Daniel se levantando. – Eu desejo que você um dia descubra quem é esse cara e que você se decepcione. Que ele não seja quem você espera, que ele te faça sofrer. Que ele nunca mais te escreva. Adeus e nunca mais faça ninguém de otário. – disse Daniel com muita raiva e saindo do quarto.
Juliana estava arrasada. Não parava de chorar. Ela ficou mal não pelo fato de Daniel ter rompido tudo, mas sim pelo que ele falou sobre as cartas. Aquelas palavras entraram como navalhas nos ouvidos de Juliana e foram parar no coração. Ela não queria acreditar no que Daniel disse, mas sabia que isso pudesse acontecer. Ela não queria perder aquele homem que ela amava, mas sabia que também poderia acontecer de ele nunca mais aparecer.
– Não fica assim, por favor. – disse Rodrigo abraçando Juliana.
– Não tem como, você tinha que ver o jeito que ele falou comigo. – disse Juliana
– Eu escutei, desculpa. Eu fiquei com medo de que ele fizesse alguma coisa com você e fiquei da porta olhando. – disse Rodrigo.
– Você ouviu o que ele falou sobre as cartas? – disse Juliana olhando para Rodrigo. – Eu to com muito medo Rodrigo. O que eu faço. Me ajuda por favor. E se ele nunca me escrever? E se o Daniel estiver certo? E se ele desistiu de mim? Tá doendo muito. Não aguento mais. – disse Juliana dando um abraço em Rodrigo.
– Calma Juliana. Eu não gosto de te ver assim. Fica calma, ele vai voltar a te escrever. Você não disse que ele sabe de tudo que acontece com você? Então, se ele ficar sabendo que você não vai mais se casar talvez ele volte a te escrever. Você só tem que esperar. – disse Rodrigo segurando a mão de Juliana.
– Esse talvez é que mata. Eu juro que nunca mais vou me aproximar de ninguém. De agora em diante eu quero esquecer todo mundo e viver a minha vida. Não quero mais sofrer. Eu nunca vou ser feliz mesmo, acho que não mereço. – disse Juliana limpando o rosto.
– Não fala isso. Você merece ser feliz sim, e eu tenho certeza que um dia vai aparecer uma pessoa que vai te fazer feliz, pra sempre. – disse Rodrigo fazendo carinho no rosto de Juliana.
– Obrigada pela força, Rodrigo. – disse Juliana dando um sorriso.
– Não precisa agradecer. – disse Rodrigo dando um beijo na mão de Juliana.
Juliana estava triste, e ao mesmo tempo confortável por ter Rodrigo por perto, e sem hesitar, tentou beijá-lo.
– Eu quero ser seu amigo e não quero confundir as coisas entre a gente. – disse Rodrigo se esquivando do beijo.
– Desculpa. Eu não sei o que me deu. Desculpa mesmo. – disse Juliana sem graça.
– Tudo bem. – disse Rodrigo dando um sorriso.
Juliana ficou envergonhada com o que ela havia acabado de (tentar) fazer. Foi um beijo por impulso, não foi nada de caso pensado. Enquanto Rodrigo falava ele ficou olhando pra ele, e tentou beijá-lo. Só um selinho, nada demais. Mas ela achou que ele estaria certo, era melhor não confundir as coisas. Eles estavam se dando muito bem, sendo amigos.
– Como ela está maninho? – perguntou Agatha.
– Está melhor. Eu conversei com ela e consegui tranquiliza-la. – disse Rodrigo sorrindo.
– Sabe, eu to gostando tanto dessa amizade de vocês. Quem sabe assim vocês não podem se conhecer melhor e quem sabe futuramente.. – disse Agatha sorrindo.
– Futuramente seremos bons amigos e nada mais. É só isso que eu quero. – disse Rodrigo interrompendo a irmã.
– Tá bom! – disse Agatha sorrindo
No dia seguinte...
– Bom dia amiga. Está se sentindo melhor? – perguntou Agatha dando um beijo na testa de Juliana.
– Estou sim amiga! – disse Juliana dando um sorriso
– O Rodrigo foi embora hoje cedo e deixou um envelope pra você em cima da geladeira. – disse Agatha
– Ahh!! É uma carta. Depois eu leio. – disse Juliana colocando o papel sobre a mesa.
– Amiga posso te fazer uma pergunta? – disse Agatha.
– O que? – disse Juliana arqueando as sobrancelhas.
– Você está se arrependida de não ter se casado com o Daniel? – perguntou Agatha olhando para Juliana.
– Não. Acho que foi melhor assim. Às vezes eu fico pensando em como seria acordar todo dia do lado de uma pessoa pensando em outra. Sei que magoei o Daniel, mas foi melhor assim. Só aceitei me casar porque achei que ele fosse quem escrevia as cartas. Mas depois tive a certeza que não. – disse Juliana
– Concordo com você amiga. Eu quero te ver feliz. – disse Agatha segurando a mão da amiga.
– Ontem quando eu e o Rodrigo estávamos conversando, eu não sei o que me deu e eu tentei beijá-lo. Juro que foi sem querer, depois fiquei cheia de vergonha. – disse Juliana dando um sorriso sem graça.
– Eu conversei com ele ontem, e ele me disse que quer muito ser seu amigo e que não tem segundas intenções com você. Achei estranho, mas ele me parecia tão verdadeiro e seguro do que estava falando. – disse Agatha
– Eu sei. Ele me falou isso. A gente não tem nada a ver mesmo, a não ser o amor que a gente sente por você. E eu estou gostando muito de ser amiga dele. – disse Juliana sorrindo.
Agatha estava gostando da amizade de seu irmão com Juliana, mesmo achando que eles sentiam alguma coisa. Juliana e Rodrigo puderem se conhecer melhor e encontrar coisas em ambos, que nunca pensaram que existiam.
– Juh, o que tinha na carta que o Rodrigo te deixou? – perguntou Agatha.
– Amiga, você acredita que eu nem li? – disse Juliana sorrindo. Vou ler agora lá no meu quarto.
Juliana foi para o quarto, deixou de barriga para baixo na cama e começou a ler a carta. Rodrigo escreveu o quanto ele estava feliz por estar se dando bem a Juliana e agradeceu por tudo que ela fez por ele e que faz pela irmã. Juliana ficou sorrindo ao terminar de ler a carta e voltou pra sala.
– O que estava escrito? – perguntou Agatha.
– Nada demais. Ele só agradeceu. Depois você lê. – disse Juliana dando um sorrids.
– Sei, e qual o motivo desse sorriso no seu rosto? – perguntou Agatha.
– Nada. Eu só não quero ficar mais triste, porque certas coisas não valem a minha dor. – disse Juliana
– Assim que eu gosto de te ver. – disse Agatha sorrindo pra amiga.
– Vamos à praia? – disse Juliana.
– Vamos sim, vou colocar o biquíni. – disse Agatha.
Juliana e Agatha ficaram um bom tempo na praia conversando sobre a vida, sobre amores, sobre estudos, trabalhos. No mesmo lugar de sempre, perto dos quiosques, onde elas sempre ficavam.
– Olha só quem eu encontrei aqui. – disse um garoto que se sentou ao lado de Juliana.
– Quem é você garoto? – disse Juliana olhando para cima, fechando os olhos que se fechavam por conta do sol.
– Peraí. Você não é aquele menino que a gente encontrou aqui na praia há um tempo? Que jogou areia na Juliana e tudo? – disse Agatha impressionada com a beleza do garoto.
– Sou eu sim. Memória boa a sua, hein. – disse o menino sorrindo.
– Nossa, eu nem lembrava de você. Não te reconheci. Tem tanto tempo isso. Como lembrou da gente? – disse Juliana arqueando as sobrancelhas e sorrindo.
– Vocês no mesmo lugar de sempre. Eu dou aula de surf bem aqui em frente, então sempre vejo vocês por aqui. – disse o menino sorrindo.
– Amiga, vou ali em casa buscar o protetor e já vou tá? Me espera aqui. – disse Agatha
– Como é seu nome? – perguntou o menino se sentando ao lado de Juliana.
– Juliana. E o seu? – disse Juliana encantada com a beleza do garoto.
– Guilherme Leicam. Prazer. – disse ele beijando a mão dela.
– Mas e aí, você disse que dá aulas de surf, mas nunca vejo aqui. – disse Juliana
– Eu sempre fico rodando pela praia, sabe? Fico mais tempo dentro da água do que fora dela. Mas sempre paro pra descansar, fico aqui por perto. – disse Guilherme.
– Ah sim! Mas e aí, você mora por aqui? – perguntou Juliana.
– Acabei de me mudar aqui pra perto. Um amigo de um aluno meu tava querendo alugar o apartamento pra ir morar em São Paulo, aí pra ajudar resolvi alugar. É melhor, que moro perto do trabalho e da praia. – disse Guilherme sorrindo.
– Qual o nome da pessoa que te alugou o apartamento? – perguntou Juliana arqueando as sobrancelhas.
– Rodrigo o nome dele. Por que? – perguntou Rodrigo.
– Por nada. – sorriu Juliana.
Juliana não conseguiu disfarçar. Será que ele estaria falando do mesmo Rodrigo? Coincidências acontecem, né. Ela sentiu saudades da época que Rodrigo morou ali por perto.
– Então, vou dar aula de surf agora. Depois a gente se fala. Poderia me dar seu telefone? – disse Guilherme
– Pode ser. Anota aí. – disse Juliana passando os números para Guilherme.
Depois que Guilherme foi embora, Juliana ficou de longe observando a beleza daquele garoto. Ela não podia negar que Guilherme era um homem muito atraente. Ficou ali viajando até que Agatha chegou.
– Amiga!?
– Oi Agatha. Nem percebi que você tinha chegado.
– Tá viajando no gato, é? – disse Agatha rindo.
– Nada a ver. Mas ele é lindo mesmo. – disse Juliana.
– O Rodrigo me ligou. – disse Agatha sentando ao lado da amiga.
– Como ele está? – perguntou Juliana se virando para Agatha na mesma hora.
– Ele disse que foi dar uma volta de moto com um amigo dele e acabaram caindo. – disse Agatha.
– Ele se machucou? Como foi isso Agatha? – disse Juliana preocupada.
– Ele estava no hospital colocando gesso na perna. Ele disse que não foi nada demais, disse que está bem, mas a perna dele estava doendo um pouco. O amigo dele que bateu a cabeça e estava na UTI. – disse Agatha.
Juliana ficou triste por saber que Rodrigo estava mal e longe dela. Na hora ela ficou apavorada quando Agatha disse que ele tinha se machucado. Ela foi correndo pra casa e ligou para saber como Rodrigo estava.
– Nunca mais me dá um susto desses, Rodrigo. Por favor. – disse Juliana com uma voz nervosa no telefone.
– Eu estou bem. Obrigada por ligar. Não foi nada, só escorregamos na pista molhada. Mas já está tudo bem. – disse Rodrigo. – Eu queria muito ver vocês.
– Vamos pra Salvador? A Aline vai se casar e mandou chamar você e a Agatha. Vamos? – disse Juliana.
– Vamos sim. Quando vai ser o casamento? – perguntou Rodrigo
– Mês que vem. Dia 13. Vai ser legal. – disse Juliana animada.
– Vamos sim. Eu pego um voo direto pro Rio e a gente se encontra no aeroporto e eu vou com vocês. – disse Rodrigo.
COLOQUEM A MÚSICA PARA CARREGAR. QUANDO EU AVISAR. DEEM PLAY
Os dias se passaram e a viagem chegou...
– Amiga, você já arrumou as malas? – perguntou Juliana.
– Está quase tudo arrumado; Só falta arrumar minhas maquiagens e os sapatos. Estou muito ansiosa com essa. – disse Agatha escolhendo os sapatos.
– Eu também. Só não sei como vai ser encontrar o Daniel depois de tudo que aconteceu. – disse Juliana.
– Eu vou estar do seu lado. Você não precisa falar com ele se não quiser. – disse Agatha dando um beijo na testa da amiga.
– Vai ser muito bom ter você e o Rodrigo perto de mim. Meus pais ficaram muito felizes que vocês estão indo comigo. – disse Juliana abraçando Agatha.
– Eu gosto muito dos seus pais, eles me ajudaram muito também quando meus pais morreram e o Rodrigo também tem um carinho muito grande por eles. – disse Agatha
Juliana e Agatha estavam ansiosas para viajarem juntas. Ficar um tempo fora faria muito bem para as duas. Agatha estava triste por que ficaria sem o namorado por um tempo, mas também estava feliz por ficar perto do irmão e da melhor amiga. Juliana estava mais calma por não receber mais cartas do tal anônimo misterioso, mas até que quando ia para o aeroporto encontrar Rodrigo para pegar o voo a campainha tocou; Era o porteiro do prédio para lhe entregar uma carta que havia acabado de chegar. Ela ia abrir pra ler, mas estava escrito: Só abra quando chegar em Salvador. Ela não conseguia esconder a ansiedade para saber de quem era e o que estava escrito, mas decidiu que só abriria quando chegasse lá.
Rodrigo estava sentado entre Juliana e Agatha, eles eram os últimos passageiros. Juliana estava sentada na janela e Agatha na parte do corredor. Ficaram conversando por um bom tempo até que o sono falou mais forte para Agatha.
– A conversa está muito boa, mas eu estou com muito sono. Boa noite pra vocês e me acordem quando chegar em Salvador. - disse Agatha bocejando.
– Boa noite amiga! - disse Juliana puxando o cobertor pra si.
– Boa noite maninha! - disse Rodrigo que também bocejava.
– O que é esse papel na sua mão Juliana? Você está com ele desde que entramos no avião. - perguntou Rodrigo.
– É uma carta que recebi quando estava indo para o aeroporto. - disse Juliana colocando o papel na bolsa.
– E você não vai ler? - perguntou Rodrigo olhando para Juliana.
– Quando chegar em Salvador eu leio. - disse Juliana virando para a janela.
– Tudo bem. Vou dormir também. Estou cansado. Boa noite. - disse Rodrigo dando um beijo no rosto de Juliana.
– Boa noite. – disse Juliana se virando para Rodrigo.
Juliana ficou olhando o papel. Não sabia se abria ou não. Estava com medo de ler, mas preferiu abrir quando chegasse lá. Os pais de Juliana ficaram felizes em vez os 3 juntos. Fazia muito tempo que Rodrigo e Agatha não iam à Salvador. Os pais de Juliana eram muito amigos dos pais de Agatha. Eles cuidaram dos dois quando os pais deles morreram. Agatha e Rodrigo eram como filhos deles dois.
Juliana, Agatha e Rodrigo ajudaram nos preparativos e na hora do casamento...
– Vamos Juliana? – disse Rodrigo chamando Juliana da porta do quarto.
– Eu vou depois. Pode ir com a Agatha. – disse Juliana.
– Como assim vai depois? Você vai se atrasar. Vamos com a gente – disse Rodrigo entrando no quarto.
– O casamento é daqui à uma hora e meia, eu vou ler a minha carta e depois vou no carro do meu pai. – disse Juliana. – Por favor. Me deixa sozinha.
– Como você quiser. Mas espero que você não se atrase e se cuida. – disse Rodrigo dando um beijo no rosto de Juliana.
Juliana começou a ficar nervosa e abriu a carta e começou a ler.
DEEM PLAY NA MÚSICA.
“Oi minha princesa. Ainda lembra de mim? Acho que sim. Seri que deve estar magoada comigo porque nunca mais te mandei cartas, mas queria que soubesse que todos os dias da minha vida eu penso em você. Em nenhum momento esqueci de você. Hoje é dia 13, né. E você já sabe que esse dia é muito importante pra mim. Hoje oficialmente completa cinco anos, meu amor. 5 anos de amor, de cartas, de momentos que comemorei do seu lado, mesmo sem estar junto a ti. São 2.190 dias e 2.100 cartas com essa. As outras 90 estão comigo. Hoje é um dia muito especial pra você, eu sei. O casamento da sua prima, que cuidou de você quando você era pequena, que te ensinou a andar, que cuidava de ti quando sua mãe ia trabalhar. Sei que seu sonho é se casar e eu te prometo que um dia estarei contigo no altar. Farei de ti a mulher mais feliz desse mundo, e serei o homem mais feliz também por ter você comigo. Isso se você não desistiu de nós, né? Hoje quando a sua prima entrar com aquele vestido pela porta da igreja, não tenha inveja. Um dia será você e eu estarei no altar a sua espera. Quando se emocionar olhe para o lado, estarei perto de você pra confortar seu coração, estarei ali te abraçando e limpando seu rosto e se você sentir um arrepio, sou eu. Vou te comprar o vestido mais lindo mundo, ele só não será mais lindo que o teu sorriso, meu amor. Prometo que nenhum homem vai conseguir te magoar, porque quando isso estiver pra acontecer, eu vou estar do teu lado, com você. Segurando a sua mão e olhando em seus olhos. Aproveite esse dia, porque no próximo casamento você está vestida de noiva e casando comigo. Agora mais do que nunca eu quero viver esse amor com você. Quando sentir uma leve brisa tocando seu rosto, não se assuste amor, é a minha saudade que te beija em silêncio. A nossa história nunca vai ter fim. Você é eterna pra mim.”
Juliana estava muito emocionada. Ela nunca havia lido palavras tão lindas como aquelas. Perdeu a noção do tempo, quando viu, faltava menos de meia hora pro casamento começar. A maquiagem estava borrada e o telefone não parava de tocar. Se ajeitou rapidamente, pegou o carro e foi para a igreja. Ficou no meio de Agatha e Rodrigo que estava na segunda fila à direita da igreja.
– Porque demorou tanto? – perguntou Agatha.
– Eu estava lendo a carta amiga. Quase que não venho. Eu chorei demais. – disse Juliana rindo e limpando o rosto, com os olhos ainda cheios de lágrimas.
– Você está bem Juliana? – perguntou Rodrigo.
– Estou sim, obrigada. – disse Juliana sorrindo.
Juliana ao ouvir a música que anunciava que Aline estava pra entrar na igreja ficou nervosa. O coração bateu tão forte que ela começou a chorar ao ver a prima vestida daquele jeito. Ela olhou para o altar e se imaginou vestida daquele jeito. Chorava sem parar até ser abraçada por Rodrigo.
– Não chora meu amor. É só um casamento. – disse Rodrigo.
– Só um casamento? Eu sonho em um dia me casar. – disse Juliana se afastando.
– Eu sou contra o casamento, sabia? – disse Rodrigo. – As pessoas se casam e depois se separam. Melhor ficarem juntas sem juntar seus nomes pra depois não ter que ficar dependendo um do outro pra assinar o divórcio.
Juliana ficou irritada com o jeito que Rodrigo estava falando. Aquilo ali era muito importante pra ela. Por que ele tinha que ser tão frio daquele jeito? Não poderia ajuda-la? Tudo bem que ele não gosta dessas coisas, mas sem necessidade falar aquilo. Juliana saiu correndo e foi para fora da igreja.
– O que deu nela? – perguntou Agatha.
– Se irritou porque eu falei umas coisas. – disse Rodrigo.
Agatha foi atrás de Juliana e encontrou a amiga sentada num banco chorando sem parar.
– Amiga, o que houve. – disse Agatha.
– Seu irmão é um imbecil. Toda vez que eu estou feliz e quero falar sobre alguma coisa sério ele fala que eu estou viajando, que eu sonho demais. Sabe o que ele falou pra mim? Que é contra o casamento porque as pessoas sempre se separam. Eu juro que se eu não tivesse lido a carta eu não tinha ficado nesse estado, mas é que enquanto a Aline se casava com o Felipe eu fiquei pensando no cara que eu amo. Ele disse que no próximo casamento que eu for, ele vai estar me esperando no altar. E vem o Rodrigo e fica falando essas coisas pra mim? Você sabe que eu não gosto disso. – disse Juliana quase que, sem ar.
– Calma amiga. Não fica assim. Vamos tomar uma água. O Rodrigo não falou por mal. Depois vou conversar com ele. – disse Agatha.
Após a cerimônia na igreja, todos foram para o salão celebrar a festa. Chegando lá Rodrigo tentou falar com Juliana, que nem quis escutar o que o amigo tinha pra falar. Cumprimentou os primos, pegou o carro do seu Pai e foi embora pra casa. Agatha não deixou Rodrigo ir atrás de Juliana, que ficou nervoso. Marien percebeu o clima e foi provocar Rodrigo.
– Sua amiguinha foi embora? O que houve? Quebrou o sapatinho de cristal dela? – disse Marien.
– Não enche o saco garota. – disse Rodrigo irritado.
– Na boa, a Juliana não passa de uma garota mimada. Ela enche o saco com essas com essas crises de choro. Deixa ela em paz, curte a festa gato. – disse Marien puxando Rodrigo pelo colarinho do terno.
– Não fala assim dela. – disse Rodrigo irritado.
– Tá bom. Mas vamos dançar. – disse Marien puxando Rodrigo pelo braço.
Os dois ficaram dançando até que Marien deu o maior beijão em Rodrigo na frente de todo mundo. Ele não a beijava mas também não saía de perto. Depois de causar bastante ele se irritou e decidiu ir embora, mas antes fez questão de deixar claro algumas coisas.
– Era isso que você queria? Pronto. Agora você conseguiu. Não fica pensando que vai ter de novo, porque não vai. Me esquece. – disse Rodrigo indo embora.
Rodrigo chegou em casa e Agatha vinha logo atrás dando o maior sermão no irmão. Eles estavam ao lado do quarto de Juliana que podia ouvir os gritos.
– Porque você pegou a Marien no meio da festa Rodrigo? – disse Agatha.
– Foi ela que me beijou, Agatha. Me deixa sozinho. – disse Rodrigo gritando com a irmã.
– Amanhã mesmo você vai pegar as suas coisas e vai embora. Essa garota só vai te trazer problemas. Você não tá vendo isso? Acorda Rodrigo. – disse Agatha.
Juliana pode ouvir tudo. Ela ficou chateada por saber que Rodrigo ficou com Marien, não com ciúmes, mas sim por saber que Marien iria provoca-la depois. E ficou aliada por ter vindo embora antes. Rodrigo foi para a rua pensar. Estava nervoso e sabia que se ficasse ali mais um minuto iria arrumar confusão. Encontrou Marien em frente ao portão da casa dela, tentou se esquivar pra ela não vê-lo, mas já era tarde.
– Preocupado com alguma coisa? – disse Marien chegando perto de Rodrigo.
– Não. – disse Rodrigo cortando a conversa.
– Quer conversar? – disse Marien se sentando ao lado de Rodrigo.
– Conversar com você? Me erra garota. – disse Rodrigo.
– Olha, eu sei que às vezes eu fico agindo por impulso. Mas você sabe que eu sempre gostei de você e sempre senti inveja da Juliana. Eu acho ela uma garota bacana, mas ela sempre arruma um jeito de ficar com os caras que eu fico afim. Isso sempre me irritou e fez com que eu nunca conseguisse falar com ela direito. – disse Marien.
– E você acha que eu vou cair no seu papo? Por favor. Eu te conheço bem. Você já infernizou a vida de muita gente. Você não tem amor próprio não? – disse Rodrigo
Marien ao ver que Juliana estava olhando os dois da janela, beijou Rodrigo até leva-lo para seu quarto. Chegando lá Marien foi tirando a roupa de Rodrigo e oferecendo alguma coisa pra ele beber. Ela colocou um remédio que faria com que Rodrigo dormisse sem se lembrar de nada que aconteceria, ou não, depois daquela noite. Rodrigo estava chateado, magoado e triste e resolveu aproveitar. Depois de trocar beijos e mais beijos com Marien, depois de uma noite sem se lembrar de nada Rodrigo acordou apavorado ao olhos pro lado e ver que estava na cama dela sem roupa.
– O que você fez sua maluca. – disse Rodrigo colocando a roupa.
– Nossa Rodrigo, tenho que confessar, você é bem melhor do que eu pensava. Obrigada por essa noite maravilhosa e pode deixar que não contarei nada pra Juliana tá? Será um segredo somente nosso. – disse Marien com ar de provocação.
– Não aconteceu nada entre a gente. E ninguém nunca vai ficar sabendo que eu dormi aqui. – disse Rodrigo gritando com ela e indo embora.
Ao chegar na casa dos Pais de Juliana todos tomavam café.
– Bom dia meu filho. Acordou cedo por que? – disse a mãe de Juliana.
– Perdi o sono logo cedo e fui pra rua. – disse Rodrigo olhando para Juliana. – Tudo bem maninha?
– Tudo. – disse Agatha sendo curta e grossa com o irmão.
– Pai, Mãe estarei voltando para o Rio hoje. – disse Juliana.
– Mas já filha? Porque não fica mais tempo. – disse o Pai de Juliana.
– Sim. Me ligaram e disseram que a empresa está precisando de mim. Terei que voltar. Vou ir arrumar as minhas coisas. – disse Juliana se levantando da mesa.
Juliana arrumou suas coisas e Rodrigo foi atrás tentar conversar com ela.
– Posso saber porque está me tratando assim? – disse Rodrigo pegando a roupa que Juliana estava na mão e jogando na cama.
– Não estou te tratando de jeito nenhum. Você vai embora hoje com a gente? A Agatha também vai. – disse Juliana tentando quebrar o clima.
– Vou. Eu também tenho que ir pra São Paulo. Vou arrumar minhas coisas. – disse Rodrigo. – Ontem a Marien me disse que o Daniel contou pra ela sobre as cartas, essa menina vai usar isso pra te provocar.
– Não ligo. Deixa ela. Afinal, ela sempre consegue o que quer né Rodrigo.
Quando Rodrigo ia falar alguma coisa, Agatha o interrompeu e mandou ele ir arrumar as coisas. Agatha tentou confortar a amiga que chorou após Rodrigo sair do quarto. Conversou com Agatha que também chorou de saudades do namorado. Ao chegar a hora de ir embora, Agatha e Rodrigo agradeceram os pais de Juliana e a todos por tudo. Se despediram de todos e foram para o carro. Juliana estava entrando no carro quando Marien apareceu.
– Você é mais idiota do que eu pensava. - disse Marien.
– Tchau Marien. – disse Juliana tentando entrar no carro, quando Marien segurou seu braço.
– Antes de você ir embora deixa eu te falar uma coisa. Ontem eu e o Rodrigo tivemos uma noite maravilhosa, ele disse que nunca teve uma noite daquelas com ninguém, sabia? Ele me disse também que já teve uma noite com você, mas que foi só pra curar sua carência. Engraçado, que você fez tanta coisa com o Daniel que acho que o Rodrigo te deu o troco não foi? Muito babaca você. Entenda uma coisa, você nunca vai conseguir ser feliz com homem nenhum. O seu destino vai ser ficar sozinha, entendeu? Sozinha! Você nunca passou de uma garota mimada que sempre teve tudo e nunca deu valor pra quem realmente gostava de você. Ainda bem que meu amigo não se casou com você. Traidora. – disse Marien.
– Já acabou? Posso ir embora. – disse Juliana segurando o choro.
– Pode sim. – disse Marien.
Juliana entrou no carro com olhos cheios de lágrimas. Foi até o aeroporto sem olhar na cara de Rodrigo, sem trocar uma palavra com Agatha. Ao chegar lá, desceu do carro e foi logo para o avião. A amiga até que tentou puxar assunto, mas Juliana estava anestesiada com tudo que Marien havia falando com ela. Não falou com Rodrigo durante a viagem toda. Ao chegar no aeroporto, Rodrigo decidiu ir direto pra São Paulo. E Agatha voltou para casa com a amiga.
– Que saudade da nossa casa. Vou tomar um banho e descansar. – disse Juliana.
– Eu também vou fazer isso. – disse Agatha trancando a porta e jogando as chaves em cima da mesa.
– Amiga, está tudo bem com você? – perguntou Agatha.
– Está sim. – disse Juliana sorrindo. – Depois lê a carta que eu recebi amiga.
– Vou ler sim. – disse Agatha balançando a cabeça e sorrindo vendo a amiga feliz daquele jeito.
Agatha terminou de ler a carta e ficou emocionada, o que não era novidade. Ela sempre chorava. Mas aquela carta era muito especial, falava de amor, de casamento, uma coisa que Agatha também sempre sonhou. Ela ficou feliz em saber que o rapaz não tinha esquecido da amiga. E ficou lendo os versos da carta quando seu telefone tocou.
– Oi, já cheguei em São Paulo. – disse Rodrigo super desanimado.
– Chegou bem? – perguntou Agatha.
– Sim. E vocês, chegaram bem? – perguntou Rodrigo.
– Também. – disse Agatha.
– Diz pra Juliana que eu mandei um beijo pra ela e outro pra você. Até mais tarde. – disse Rodrigo desligando o celular.
Agatha foi descansar e Juliana acordou ao ouvir a campainha tocar. Era o porteiro trazendo mais cartas. Juliana ficou tão eufórica que perdeu até o sono. Foi correndo para o quarto e ao abrir o envelope, pegou a carta e começou a ler. Cada verso Juliana ficava mais apavorada com tudo que estava escrito. Ela só sabia perguntar: Como ele fez isso comigo? Como ele pode esconder de mim esse tempo todo? Logo ele? Se fosse qualquer outra pessoa eu entenderia. Ele colocou minha vida em risco, essa mulher é louca. Nunca vou perdoá-lo. Eu fui burra de achar que esse cara um dia poderia me fazer feliz.
– Agatha, me dá a chave do carro que ficou na sua bolsa, por favor. – disse Juliana muito nervosa.
– O que houve Juliana? Você está branca. Eu não vou te dar chave nenhuma sem antes saber o que aconteceu. – disse Agatha.
– Me dá essa chave aqui agora. – disse Juliana pegando a chave na bolsa de Agatha e saindo de casa apavorada.
Ela bufava de tanto ódio com o que acabava de ouvir. Como Rodrigo podia ter feito aquilo? Era pra ele ter sido verdadeiro com ela. Juliana ligou o carro e acelerou sem nem querer saber se tinha alguma coisa na frente. Estava chegando a ultima velocidade, sem saber pra onde ia, e como não estava em bom estado, bateu com carro, que caiu sobre um penhasco.
Agatha ficou em casa aflita sem saber pra onde Juliana tinha ido. Ligou para Rodrigo que ficou morrendo de preocupação. Quando o telefone da casa dela tocou, era do hospital.
– Oi, poderia falar com Agatha Moreira? – disse uma mulher.
– Oi sou eu sim. Quem tá falando? – disse Agatha nervosa.
– Sou enfermeira, liguei para avisar que a sua amiga sofreu um acidente. Pegamos o celular dela e discamos seu número. Pedimos que compareça ao hospital, a paciente se encontra em estado grave. – disse a mulher.
– Não acredito. A Juliana não. Não. – gritava Agatha saindo correndo pelo corredor do prédio.
Ligou para Rodrigo do caminho pedindo para o irmão ligar para os pais de Juliana e avisarem a ele que Juliana havia sofrido um acidente. Agatha mal conseguia falar, quanto menos explicar alguma coisa. Rodrigo então desesperado, ligou para os pais de Juliana, falou tudo e saiu do mesmo jeito que estava indo direto para o Rio de Janeiro, com a roupa do corpo, sem levar nada, apenas muitas palavras que já o sufocavam demais.
Flashback
– Se a Juliana acha que ela vai ganhar o Rodrigo assim de mão beijada, ela está muito enganada. Porque eu não vou deixar e você vai me ajudar Guilherme. – disse Marien para o irmão.
– Eu te ajudar? To fora. Eu gosto muito da Juliana e você sabe disse. Me deixa fora das suas armações. – disse Guilherme irritado. – E eu vou te avisar logo: se alguma coisa acontecer com a Juliana você vai se ver comigo.
– Você é um babaca mesmo, sempre ficou de quatro por ela e ela nunca te deu bola. – disse Marien provocando o irmão.
Chamada: Marien → Daniel
– Alô? – disse Daniel com voz de sono.
– Oi Daniel, sou eu Marien.
– Que que você quer essa hora da noite garota? – disse Daniel
– Você sabe o endereço da Juliana lá no Rio? – disse Marien
– Sei. Por que? – disse Daniel desconfiado
– Pode me passar? É que eu quero enviar umas coisas que ela me pediu. – disse Marien.
– A Juliana te pediu pra enviar alguma coisa pra ela? Conta outra vai, Marien. – disse Daniel desconfiado.
– Faz esse favor? Você tá me devendo um monte e você sabe. – disse Marien.
– Beleza, anota aí.
Daniel mesmo desconfiado passou o endereço para Marien, ele nem sabia direito o que estava fazendo, estava com muito sono. Mas Marien estava certa de que seu plano daria certo.
Fim da chamada.
Depois de 3 horas agoniantes dentro de um avião, Rodrigo chegou desesperado no hospital.
– Cadê a Juliana? Como ela tá? Me fala que não aconteceu nada com ela, por favor. – disse Rodrigo que mostrava muita preocupação.
– Calma Rodrigo. A Juliana está fazendo uma cirurgia. – disse Agatha chorando e tentando acalmar o irmão.
– Não me pede calma em um momento desse Agatha. Me explica como aconteceu isso, pelo amor de deus. – disse Rodrigo. – Quer saber, eu vou ver a Juliana agora.
– Você não pode entrar aí, a paciente está na sala de cirurgia. A cirurgia é muito delicada, peço que tenha calma, por favor. – disse à enfermeira que fazia plantão na porta.
Depois de 6 horas os pais de Juliana chegaram ao hospital. Conversaram com o médico, que explicou que Juliana estava na sala fazendo uma cirurgia. Ao ver Rodrigo e Agatha arrasados, eles tentaram tranquilizar os dois. Ficar naquele desespero não ajudaria em nada e só atrairia coisas negativas. Os pais de Juliana estavam muito arrasados, mas se controlavam para que a filha pudesse receber todas as forças que precisaria.
– Como está a minha filha doutor? – disse o Pai de Juliana quando o médico chegou.
– Nós acabamos a cirurgia agora. Foi uma cirurgia muito complicada, exigiu muito tempo. E sinto muito em dizer, mas a paciente entrou em coma induzido. O estado dela é muito grave. Os bombeiros que a tiraram do carro disseram que ela não estava usando cinto de segurança, mas encontraram essa carta aqui. – disse o médico um tanto quanto abalado.
– Deixa que eu fico com isso. – disse Rodrigo puxando a carta da mão do médico.
– Minha filha é guerreira, ela vai sair dessa. Não vai doutor? Diz que a minha filha não vai morrer. – disse a mãe de Juliana com a voz falha, que logo após falar, desmaiou.
Rodrigo estava muito abalado. Agatha não aguentava nem levantar do sofá que havia na sala de espera. Foram os momentos mais horríveis que ela passou na vida, após a morte de seus pais. Os pais de Juliana também estavam muito abalados. Mas naquele momento não havia nada que ele pudessem fazer, a não ser rezar para que tudo saísse bem.
– Meu filho, vai pra casa, você está morrendo de sono. Toma um banho, troca essa roupa. A gente te manda noticias. – disse o pai de Juliana ao ver Rodrigo naquele estado.
– Vamos maninho, eu vou com você. A gente descansa um pouco e mais tarde a gente volta. – disse Agatha.
– Eu vou contra a minha vontade, mas eu preciso tomar um banho. Mais tarde eu volto. Qualquer notícia me liga, por favor. – disse Rodrigo dando um abraço apertado na mãe de Juliana.
Rodrigo e Agatha foram pra casa de táxi. Nenhum dos dois estavam em condições de dirigir. Agatha chegou em casa abraçou bem forte o irmão e foi tomar um banho, enquanto Rodrigo foi ao quarto de Juliana.
– Você vai sair dessa meu amor. – disse Rodrigo fazendo carinho na foto de Juliana que estava atrás da porta.
Rodrigo ficou olhando as coisas de Juliana. Os livros, as roupas, tudo que havia naquele quarto, até que achou o baú com todas as cartas que Juliana recebia, então resolveu sentar-se na cama e ler a carta que Juliana segurava na hora do acidente.
“Sabe o cara que te escreve essas cartas anônimas? Então, ele é casado, tem dois filhos, mora em Salvador e tinha uma família feliz até você aparecer na vida dele e estragar tudo. Eu descobri a pouco tempo que ele ainda te escrevia essas cartas. Sempre estranhei o comportamento dele quando o assunto era você. Ele sempre desviava o assunto e dizia que não sentia mais nada por ti. Mas como você sempre deu em cima de todo mundo, não poderia deixar o motorista dos seus pais em paz, né? Ele é lindo, eu sei. É sedutor, eu sei. Mas é MEU marido e eu estou escrevendo isso aqui pra acabar com essa palhaçada de vez. Ou você acha que não vi o jeito que ele ficou te olhando quando você estava no casamento da Aline? Só queria te pedir pra ficar longe do meu marido, porque se não eu mato você garota insuportável. Mas antes de acabar você deve estar se perguntando porque um homem casado te escreveria cartas não é mesmo? Eu explico. Lembra quando você morava aqui em Salvador? Antes de namorar o Daniel você teve um caso com o meu marido, a gente ainda não era casado mas eu já estava gostando dele e você sabia e mesmo assim ficou com ele, então como se já não bastasse, você deu tanta assistência até que ele ficasse apaixonado por você, paixão idiota que durou por um tempo. Quando você foi embora ele ficou muito triste e te resolveu te escrever pra você nunca esquecer. Ele me contou no começo, mas depois que a gente ficou junto ele disse que havia parado de mandar. Eu acreditei, mas como mentira tem perna curta, descobri que não tinha parado e vim aqui te dizer que é pra você esquecer o meu marido e nos deixar em paz. Até qualquer dia.”
– Roberto era o ex-motorista dos pais de Juliana. Trabalhou muito tempo pra eles, Juliana já havia ficado com ele antes de namorar Daniel, mas foi só por um tempo. Nunca tiveram nada serio, mas ele era um homem muito sedutor e encantador, Juliana mesmo nunca tendo sentido algo mais sério por Roberto, sempre sentiu um carinho muito grande por ele. Ele a ajudou muito quando ela morava em Salvador. Mas Roberto se apaixonou por Juliana.
E o Rodrigo? Ficou arrasado quando terminou de ler aquela carta. Ele conhecia Roberto, e ficou triste porque sabia o quanto aquelas cartas eram importantes pra Juliana. Imaginou o que ela deve ter sentido na hora que leu aquilo. Perdeu o chão. Como ela já havia revelado pra ele, ela AMAVA a pessoa que as escrevia, deve ter ficado arrasada por saber que ele era um cara casado e que agora a mulher ficaria atrás de Juliana.
Autor(a): welovefanfics
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).