Fanfic: Amar Novamente [PORTIÑON] | Tema: RBD

 Ame novamente

Era fácil falar. Rodrigo nunca teria de conviver com a perda de Dulce – já ela, cada dia era uma tortura.

As coisas não deveriam ser assim. Você não deveria ter enterrar um namorado aos 17. Conviver com uma mãe abusiva, usuária de drogas e largar toda a sua vida, seus amigos, para mudar-se para uma cidadezinha minúscula do Maine para tranquilizar uma assistente social preocupada demais em cumprir o seu trabalho.

Você é o novo projeto de caridade dela, Dulce. – Sorriu, entortando os lábios numa expressão pouco amigável. A aliança firme entre os dedos, nunca deixava sua vista.

Tinha um plano de vida. Terminaria os estudos, fugiria de casa, se casaria com Rodrigo. Seria feliz. Não queria muito mais do que isso. Aparentemente o destino não era grande fã da garota, nada vinha fácil para Dulce.

Rodrigo descobriu que tinha câncer há alguns meses, o estágio avançado demais para tratamento. Dulce sentiu-se presa num dos malditos livros melodramáticos do Nicholas Sparks quando recebeu a noticia.

Não sabia quanto tempo ainda tinham juntos. Não tinha quem confirmasse isso para ela. Era como se já o tivesse perdido. E passou meses perdendo, de novo e mais uma vez, a cada recaída.

O medo de nunca mais vê-lo era forte o bastante para fazer tremer o corpo magro e bem estruturado que ela tinha. Quando se distraia, as mãos vacilavam, tremiam. Suava frio de ansiedade toda a vez que o doutor vinha trazer noticias sobre o estado de saúde do namorado.

Vacilava o brilho no rosto de Rodrigo também, a cada dia mais pálido, mais fraco. Não aguentava ver o que sua doença fazia com ela.

Foi assim durante meses. O último, Dulce passou deitada ao seu lado na cama do hospital, dedos entrelaçados com os dele. Era um único momento que as mãos não vacilavam. Não chorou quando o “alarme falso” mostrou-se mais verdadeiro do que ela pode suportar, porque chorava a todo o instante que não estava com ele.

Quando Rodrigo morreu, Dulce escolheu não ir ao enterro. Não chorou por ele, não choraria por ninguém nunca mais na sua vida.

Blanca foi mandada para Seattle - era isso ou perder Dulce para sempre. Aparentemente os pais de Rodrigo tomaram conhecimento da forma como a garota era tratada em casa.

Uma denuncia a obrigou a escolher entre reabilitação ou a perda da guarda da filha. Foi uma surpresa quando a mulher não resistiu, e deixou-se ser levada até a clinica depois de cheirar a ultima carreira de cocaína.

“Não importa o que digam, não importa o que você pense - Eu amo você.”

Certo.

Ela tinha lágrimas nos olhos – pelo amor de Deus. – Dulce rolou os olhos com isso. Havia passado o tempo de dar oportunidades para a mãe de encontrar seu caminho. Perdão não vinha fácil para Dulce, e Blanca era a única culpada.

17 Anos de promessas quebradas fazem isso com uma pessoa. Dulce era dura, uma lutadora. Ela resistiu bem à série de eventos, porque é isso que uma criança maltratada faz – resiste e luta.

Quanto a Dulce, bem, seria deixada sob os cuidados do parente mais próximo conhecido. Um pai que nunca quis saber da sua existência.

Não, ela não aceitaria mudar seu nome para Dulce Espinosa. Soava ridículo. Foi uma sugestão na carta que ela recebeu dias depois da partida de Blanca. Era do estranho que havia lhe dado à vida.

Aparentemente ele a queria por perto, a ponto de ameaçar uma guerra jurídica contra Blanca caso ela não permitisse que ele conhecesse a filha.

O pai do ano. – Pensou revirando os olhos. – Vindo resgatá-la justamente na hora exata em que ela não precisava de porra de ajuda nenhuma.

Uma ligação enquanto crescia, um cartão de aniversário, teria sido o bastante, Dulce não se importava muito com demonstrações de afeto, já que não recebera muitas na vida, não há como sentir faltar de algo que não se tem.

Mas ainda sim, ela nunca deixou de se perguntar como seria sua vida se ele a tivesse escolhido, se a tivesse afastado de Blanca. Lutado por ela.

Soube recentemente que tinha um meio irmão. Baelfire era um nome esquisito. Baelfire Espinosa então – era fora de série. Dulce passou a respeitá-lo antes mesmo de conhecer. – Alguém que vive com um nome desse merece um beijo a testa, no mínimo um tapinha nas costas.

Ficou grata por ser um garoto. Nunca se deu bem com meninas. Tinha poucas amigas. As poucas que tinha eram namoradas dos vários amigos homens.

Dulce era bonita demais, e sincera demais, geralmente arrumava confusão por causa disso. Nunca teve paciência para a maioria dos dramas femininos apesar de parecer estar sempre preso em um.

Jogava basquete com os garotos nas quadras do Bronks. Na sextas-feiras ia para o centro da cidade beber com os amigos, saia para dançar com Rodrigo, costumavam ficar fora até o nascer do sol.

Às vezes iam para a ilha de Manhattan misturar-se com a elite nos bares descolados, dormiam no central park sobre as estrelas com nada além de um cobertor e meia garrafa de vinho. Gostavam de ver as luzes da cidade do alto dos prédios.

Dulce & Rodrigo.