Fanfic: Amar Novamente [PORTIÑON] | Tema: RBD

Rodrigo cresceu no Bronks, sempre no meio de guerras de gangues. Sabia brigar com facas, atirar e corria como ninguém. Se continuasse com Blanca, que perspectiva de vida ela teria com essas habilidades? Acabaria nas ruas. Morta numa calçada. Uma drogada exatamente como a mãe, e isso ela não queria.

Nunca, jamais se tornaria a sua mãe. Prometeu a si mesma.

Seu “pai” mostrou-se satisfeito em saber que era adiantada em boa parte das matérias na escola. Gostava de romances e fazia parte do grupo de teatro. – Se seus amigos do Bronks soubessem como era menininha nesses aspectos, provavelmente nunca mais a deixariam em paz sobre isso. - Tirem o canivete da princesa, ela pode quebrar uma unha.

Eram sua família. Mas podiam ser uns imbecis quando queriam.

Rodrigo era o líder do grupo. Quando ele morreu o Bronks todo ficou de luto. E agora Rodrigo, sua rainha, partia para longe de casa. Foi uma despedida e tanto. Picharam o rosto dos dois atrás do muro da escola, rei e rainha das ruas, todos se reuniram no posto de gasolina abandonado e beberam em honra do casal. Um tributo foi deixado nas quadras onde costumavam jogar.

A esse funeral sim, Rodrigo compareceu. Ainda nenhuma lágrima derramada. Ninguém chorou. Rodrigo não ia gostar nada disso. Tinham de ser fortes. Não é como se todo o dia uma das crianças da rua não partisse nessa guerra sem sentido.

Mas eles esperavam ver seu líder cair atirando, e não ser derrubado pelo câncer. Morrer jovem era o destino de todos aqueles garotos, mas aquilo era ridículo. Ver alguém que amavam tanto partir naquele estado.

Manhattan não era nada comparado á Nova York. Manhattan não era nada comparado a nada. - Rodrigo contorceu-se frustrada no banco de trás do táxi.

Para um pai que quer se aproximar da filha, mandar um taxi para buscá-la no aeroporto é sacanagem. Não dava para ser mais frio que isso. Fernando não teve a capacidade de ir buscá-la ele mesmo.

– É isso, garota. Nós chegamos. – Disse o motorista com um sorriso genuíno nos lábios. Era uma casa grande. Rústica. Trabalhada em madeira cara, com grandes janelas e uma porta vermelho cereja com bonitos vitrais coloridos.

– Obrigada Cal. – Deixou o táxi, enquanto ele atenciosamente a ajudava com as malas.

– Disponha senhorita Espinosa.

Passaram toda a viagem de 1h e meia conversando. Dulce ficou sabendo de tudo da vida dele.

Sabia que era casado. Tinha dois filhos. Que odiava a lasanha da mulher, mas o cachorro parecia gostar. Que estava trabalhando em turnos dobrados para reformar a cozinha de jeito que ela queria. Que essa seria uma surpresa pelo aniversário de 18 anos de casamento.

Seus maiores orgulhos eram - o recorde de home runs detido pelo filho de 10 anos na liga infantil de baseball de colégio, e a filha mais velha que estava estudando para se formar em medicina.

Dulce desejou secretamente estar entrando para a família desse homem, que em pouco mais de uma hora havia participado mais da sua vida que seu verdadeiro pai, um desconhecido.

– Boa sorte como a nova família, menina Espinosa. - Disse Cal, ajeitando-se no banco do motorista, ainda sorrindo carinhoso.

– E você boa sorte com a antiga. - Brincou Dulce, o homem caiu na gargalhada.

– Sabe, garota, se um dia você estiver na cidade, passe em casa para provar a lasanha horrorosa da Rosana, você tem o endereço, sabe que pode aparecer por lá a hora que você quiser. Os meninos vão adorar te conhecer, tenho certeza.

– Pode deixar Cal. Eu tenho certeza que vou adorar conhecê-los também.

– Se por acaso esse homem te der algum problema, não hesite em ligar. – Ele falava sério, Dulce não pode deixar de se sentir comovida por isso.

– Obrigada, Cal.

É. Com certeza ela seria muito mais feliz se aquele homem fosse o seu pai. Estava na hora de enfrentar sua nova família. Dulce não sabia o que esperar quando tocou a campainha. Não sabia que sua vida estava prestes a mudar completamente.

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