Fanfic: Amar Novamente [PORTIÑON] | Tema: RBD

Havia três coisas nesse mundo que faziam Anahi torcer o fígado de raiva – a primeira era ser chamada de princesinha.

Era revoltante. Não importava o quanto berrasse, se trancasse no seu quarto, batesse o pé, - Marichelo Portilla não a deixava sair. Era tratada como criança aos 17, e apesar da ira de adolescente revoltada, estava muito longe de ser isso.

Era madura para a idade, mas toda essa superproteção a fazia agir mesmo como uma criança mimada - o que dava razão a sua mãe e deixava Anahi ainda mais puta.

Marichelo perdeu o primeiro bebê, o que era uma droga, achou que nunca mais seria capaz de carregar outra criança, pelo menos era o que os médicos diziam – bem, eles estavam errados.

Anahi foi concebida três meses após a desistência definitiva do casal de gerar um filho – isso só para provar o quanto era teimosa, mesmo sem querer.

Era seu pequeno milagre. Marichelo e Enrique a amavam com todas as forças, Anahi era seu mundo, seu porto seguro. Era grata por esse amor, mas às vezes ele a sufocava, esse medo de que Anahi fosse se dissolver numa poça de sangue como o filho anterior fazia Marichelo Portilla agarrar-se a ela com unhas e dentes. Nunca é bom prender uma adolescente raivosa.

Foi criada como uma princesa num castelo de cristal, com se ela mesma fosse feita de vidro, e um único suspiro pudesse quebra-la em pedaços. Tudo o que queria era fugir correndo e gritando. Queria mais do que tudo sua liberdade. O que se dependesse dos pais, não aconteceria assim tão cedo.

Nas sextas-feiras matava o terceiro tempo para ficar de bobeira na floresta. Era aula de educação Sexual. Quem precisa dessa merda de qualquer forma? – Maite podia ensinar a professora, e perder mais uma aula que fosse de química teórica reprovaria as garotas. Então, o terceiro tempo era ideal.

Embrenhar-se no meio da mata com duas garrafas de vodca roubadas por Maite do armário de bebidas do Granny’s e chapar a tarde toda. O mais próximo de diversão que se conseguia por lá.

Maite era de longe a pessoa mais divertida naquela cidade. Não era a toa que viraram melhores amigas.

O grupo era composto por; Christopher, Maite, Anahi e Alfonso. Estavam sempre juntos. Cresceram juntos. Nunca foi diferente.

Costumavam dar festas na mina abandonada. Chris tinha uma casa enorme com piscina e pais ausentes, o que não era uma combinação muito boa com a bebida de Maite e o desejo transgressor de Anahi.

Alfonso era o mais tranquilo. Todos sabiam que tudo o que fazia, fazia por Anahi. A seguia por toda a parte como um cachorrinho, isso dês do ginásio, apesar da loira nunca ter dado sinal de que queria passar da amizade, havia uma pequena rincha entre os dois garotos, Christopher parecia sempre estar na frente.

Ele tinha esse efeito sobre as mulheres, até mesmo sob Maite, aparentemente. Seu interesse pela loira era questão de orgulho. Nunca lhe deu atenção. Ela não ligava. Simples assim. E como todo garoto idiota de 17 anos, Christopher aceitou aquilo como desafio pessoal, conquistaria Anahi Portilla nem que fosse a ultima coisa que fizesse.

Essa era a segunda coisa que tirava Anahi do sério, as discussões estúpidas de Christopher e Alfonso por sua atenção. Ela não queria ser namorada de ninguém. Quanto mais cedo eles entendessem isso, melhor.

Anahi ouviu boatos de que uma garota nova chegara à cidade na tarde de ontem. Nada de novo acontecia em Manhattan, não era surpresa que todos estivessem comentando.

Ela é filha do dono. – Disse Maite com um sorriso malicioso nos lábios.

– Eu não sabia que o Espinosa tinha uma filha. Será que ela é gostosa? – Esse foi o Christopher. Um príncipe. Sempre entusiasmado com o aumento da população feminina.

Vick revirou os olhos, inclinando-se sobre a mesa do almoço para cochichar com a garota morena, como se não estivesse um barulho infernal no refeitório - e os outros pudessem escutá-la.

– O nome dela era Dulce. Ouvi dizer que ela é de Nova Iorque.

– De Nova Iorque, é? – Todos da mesa viraram para encará-la. Anahi não gostava de fofoca, nunca reclamou, mas não fazia questão de participar. Esse súbito interesse os chocou.

Vick sorriu animadamente – tendo convertido finalmente a querida amiga ao mundo dos mexericos - ao contrário de Anahi, ela adorava uma fofoca.

– Oh, sim. A New York Girl em todos os sentidos. – Disse isso de forma obscena, sugerindo que a garota havia pegados todos de Nova Iorque até os confins de Maine. Anahi levantou uma sobrancelha em desaprovação, Maite puxou a loira fofoqueira de volta para a sua cadeira.

– Menos, Vick, você nem conhece a garota, já quer sair por ai espalhando boatos. – Disse, dando um peteleco na testa da menina. - Ela vem do Bronks, ouvi dizer que a vida lá não é das mais fáceis. – Acrescentou em respeito à futura colega de classe.

– Então vocês acham que ela se prostituia para comprar drogas?

– VICK! – Todos repreenderam em uníssono. – A garota se encolheu, sorrindo envergonhada, sem se arrepender de nada.

– Ela é filha do Espinosa, quão difícil à vida dela pode ter sido? O cara é montado na grana, tem metade da cidade no bolso, e a outra metade na carteira. – Mais um comentário brilhante de Christopher, sutil e refinado como um elefante numa estreita loja de porcelana.

– Cara, nem tudo é dinheiro. – Esse foi o Alfonso, falando pela primeira fez desde que o assunto começou, naquele tom de voz calmo e suave que ele usava naturalmente quando estava criticando você.

– É, mas você não saberia disso, não é mesmo marceneiro. – Respondeu Christopher, entrando imediatamente na defensiva.

– Ei. – Anahi já entrou na briga, sentindo que a testosterona ia explodir a qualquer momento se ela não os afastasse. Eram melhores amigos - Pelo amor de Deus! – E do final do ano para cá tudo o que conseguiam fazer era brigar. Anahi estava ficando cansada de ficar ente os dois nas suas disputas territoriais e toda aquela merda machista. – O Alfonso tá certo, você mais que ninguém deveria saber que dinheiro não significa nada, Chris.

O garoto olhou para o chão, sentindo o rosto esquentar. Christopher tinha a segunda maior casa em Storybrooke, mas seus pais nunca estavam por perto, esse sempre foi seu problema. Era por isso que agia como um idiota às vezes.

Ele não era assim. Anahi sabia, era ela que tinha que arrancar a garrafa da mão dele, e arrasta-lo para o sofá toda a vez que o pai perdia um jogo de football. Era o astro do time, como o pai dele foi um dia. Era doído que ele nunca estivesse lá, principalmente porque sua mãe deixou de visita-lo nos últimos 3 anos depois do divórcio.

– Ele é um esquisitão também. Quer dizer, a esposa dele deve ter quase a idade da filha. – Entrou Nova, desviando a atenção de Chris, se compadecendo do constrangimento do companheiro.

E a conversa continuou e continuou, e se arrastou pelo dia todo. E se o dia de amanhã não fosse um sábado, ela se arrastaria pelo resto da semana. Anahi decidiu ignorar. Nada de bom sairia das bocas fofoqueiras de Manhattan mesmo.

Ela então preferiu esperar até segunda e tirar a prova real. Descobrir quem era Dulce Espinosa. A estranha ansiedade a acompanhou pelo resto da tarde. O dia passou rápido, quase sem sentir. E quando Anahi deu por si, estava em cima de uma árvore, rindo como uma idiota. Garrafa de vodca encaixada entre as coxas para não cair no chão da floresta.

–EI, SERÁ QUE NOVA IORQUE É LEGAL, MAI? – Gritou do topo da árvore, estava a quatro metros dos chão, berrando seus pulmões para fora.

– Desse daí, sua maluca, você vai se machucar! – Vociferou Maite. De longe a mais sóbria do grupo. Anahi não entendia com meia garrafa de bebida não fazia efeito nenhum sobre a morena, e ela estava bêbada a ponto de arrancar as roupas fora.

– Qual- éé, Anahi, me de.olve iiissu a-gora. – Esse era o Christopher?

Anahi não sabia dizer, estava tudo bem, até que o mundo virou um borrão. E então tudo apagou.

A terceira coisa que Anahi mais odiava nessa vida, era como tudo o que ela amava fazer a deixava sentindo-se culpada no dia seguinte. Terrivelmente culpada, ao acordar na sua cama, Marichelo Portilla como um fantasma ao seu lado, Enrique desmaiado na cadeira estofada cor de rosa do quarto seu quarto de princesa.

– VOCÊ TEM ALGUMA IDEIA DO MEDO QUE ME FEZ PASSAR?

Anahi suspirou. - É. Culpada, com certeza!

Próximo capítulo com muitos comentários, isso me faz feliz, sabiam?