Fanfic: Amar Novamente [PORTIÑON] | Tema: RBD

Primeiramente quero agradecer as minhas três primeiras leitoras: miihportinon, jesse & tutucha. Obrigada queridas pelos primeiros comentários, esse capítulo dedico à vocês.

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Postarei o jantar em família em duas partes, hoje bem quentinho para vocês. Voltarei apenas na segunda feira, e eu quero voltar e ver muitos comentários lindos das minhas leitoras queridas. Isso vai me motivar a escrever mais para vocês. Any Kisses.

Dulce chegou a Manhattan sem família, namorado ou amigos com os quais ela pudesse chamar de seus. Tudo o que sabia é que pela manhã estava sozinha, e quando a tarde caiu não estava mais.

Detestava aquela sensação desconfortável. Não pertencia à cena bizarra que foi o primeiro almoço “em família”.

Seu pai não estava presente. Grande novidade. Algo sobre um contrato de terras no Texas que era mais importante que a chegada da própria filha a sua casa.

Dulce não se incomodou em perguntar por ele, foi Belle que insistiu no assunto. Queria justificar a falta de Espinosa, mesmo sabendo no seu grande coração o quanto era errado da parte dele não estar lá para recebê-la.

Era o pai de Dulce, precisava estar lá por ela, principalmente agora que Blanca tinha entrado em reabilitação. Precisava tornar essa transição o mais suave possível.

Belle sorria, querendo compensar a falta de Fernando com todo o carinho que pode entregar, quando, na verdade, Dulce não se doeria nem um pouco se ele caísse morto na sua frente.

Ela não o conhecia. Não sofria por estranhos. Estava acostumada a ser negada por quem deveria amá-la e cuidar dela. 17 anos com Blanca a fizeram a prova de balas. Depois de tudo o que superou na vida, aquilo não passou nem perto de machucar. Fome e frio machucavam, o resto não fazia cócegas.

Rejeição doeu no começo, até não doer mais. Nunca mais.

Até então, nem sabia como era seu rosto. Se ela tinha qualquer traço dele, um que fosse, não seria orgulhosa disso, só uma das coisas que ela não podia evitar, como a doença de Daniel ou o vício da mãe. Estava acostumada aquilo também.

Foi graças a uma foto antiga, guardada dentro da gaveta de utensílios de cozinha que a garota se deu conta que o cara que lhe deu a vida tinha um rosto. Nunca teria descoberto se dependesse da mãe. Digamos que era perigoso deixar Blanca perto do fogão e das facas, Dulce evitava ao máximo deixar a mãe se aproximar da cozinha.

Se o abridor de latas não fosse um utensilio de cozinha também, a identidade do seu pai continuaria um mistério.

Blanca nunca falava sobre isso. Dulce também nunca quis saber. E preferia ter deixado assim. Sabia que tinha um pai, biologicamente falando, mas era um conceito frio. Ligar um rosto ao nome tornava as coisas mais reais. Mais dolorosas também.

Ao lado da foto, um cantil de uísque de prata, pela metade. Blanca jamais o terminou. Por mais que a sede apertasse quando Dulce jogava seu estoque de bebida pela pia da cozinha. Ela jamais tocou o cantil. Dulce não sabia dizer por que. Nunca pareceu ter dificuldades em finalizar garrafas escondidas pela casa antes.

Por algum motivo aquela peça de prata sobreviveu à sede de Blanca por anos. Se Dulce fosse de cutucar feridas, ela mesma perguntaria. Mas não era. Gostava de deixar esse tipo de coisa enterrada. Sabia que Blanca sofria. Ninguém bebe daquele jeito por ter tido a vida fácil. Não traria os demônios da mãe de volta a vida por estar curiosa. Não a machucaria desse jeito.

Ela levou o cantil consigo. Estranhos diriam que foi por sentimentalismo, mas ela conseguiu se convencer que era por ser feito de prata pura, um seguro caso as coisas não dessem certo na casa de Fernando e ela precisasse desaparecer.

Por mais que mentisse para si mesma, ela não venderia aquele cantil. Não o vendeu na época em que estavam passando fome. Se Blanca podia resistir a sua sede, Dulce podia dormir mais uma noite sem jantar. Não era só o valor sentimental, mostrava que algo importava para Blanca mais do que seu próprio vício. Era uma promessa, a promessa de que talvez ela pudesse se curar um dia.

Dulce se agarrou a isso antes de dormir a primeira noite na casa dos Espinosa. Pensou em Rodrigo, em Blanca, nos amigos do Bronks, e em Rodrigo novamente. E dormiu aquela noite sem derramar uma lágrima.