Fanfic: C`est jamais assez | Tema: Hunger Games
Tecnicamente eu não era obrigada a ficar no campus no primeiro dia, uma vez que os lares temporários já haviam sido determinados e os funcionários estavam ali para tirar dúvidas e mostrar as instalações da faculdade. Mas eu e meus colegas do corpo administrativo sempre ficamos por perto para responder á algumas duvidas ocasionais e possíveis alvoroços, caso a banca de funcionários estivesse ocupada no momento. Vários rostos cheios de entusiasmo circulavam pelo salão comunal. Saí dali e me dirigi até a sala da reitoria para preparar outro expresso, a agitação por toda parte me contagiava de forma particular.
Há três anos, quando aceitei fazer a entrevista para reitoria, eu não tinha ciência do programa de intercambio que a faculdade oferecia á “mentes brilhantes do futuro”. Era uma espécie de sonda, eles enviavam olheiros para alguns países, nas principais instituições de ensino para observar possíveis prodígios que viriam á incrementar o prestigiado legado da faculdade Orange Coast College. Era uma sensação demasiada nostálgica ver todos aqueles calouros conversando animadamente com seus pais e colegas sobre seus futuros planos e vontades na primeira vez que presenciei o dia de chegada dos alunos escolhidos. Os olhares empolgados por estarem longe das asas dos pais, se eles soubessem que era bem mais complicado do que festas e curtição, bem, eu não tive exatamente isso na idade deles.
Em geral, eram escolhas bem ousadas – nossos calouros - que iam de líderes de torcida talentosíssimas até o menino prodígio da física. Os olheiros não se prendiam á conceitos básicos que as faculdades procuravam, eles olhavam além, num potencial que não era exercido, em um rostinho enganoso, um caráter subjugado. Então de modo geral, éramos uma instituição acolhedora, todos os anos a maior parte dos pais dos alunos disponibilizavam um quarto ou dois em suas mansões em O.C para acolher alunos e tudo correu bem, até hoje.
Realmente me sentia cansada, uma vez que eu mal conseguira dormir a noite, devido ao meu acompanhante pernoite. Ás vezes eu pensava que tinha que parar com isso, o lance do sexo casual, mas o que posso fazer? Quando meu corpo pede, eu dou. No entanto isso é um assunto que eu gosto de deixar longe da minha cabeça quando estou em horário de trabalho. Na universidade eu sou V. Mag.ª Rathbone, e era uma das coisas que eu mais prestigiava atualmente. Nunca pensei em entrar no mundo da educação, mas acontece que é rentável e inumeravelmente respeitável, visto que hoje tenho um prestigio tremendo e meu nome, certo impacto, eu gosto disso.
“Melanie!” Derek guinchou ofegante entrando na sala abruptamente. “Nós temos um probleminha, acho melhor você vir aqui” ele diz com um olhar apreensivo. Estranho o fato de meu amigo e diretor estar com a face ruborizada e ofegante, mas o sigo sala afora. Chegamos á pequena saleta que antecede a reitoria e encontro um reboliço armado, a metade do corpo docente está presente e murmuram agitados.
“O que está acontecendo?” pergunto dirigindo-me á Maggie Undersee, pedagoga de música na faculdade.
“Aconteceu um imprevisto, temos calouros demais para serem instalados” ela diz apreensiva passando a mão em seus longos cabelos loiros.
“Isso é impossível, como isso foi acontecer? Nós verificamos as listas dias atrás!” gritei exasperada, isso não podia estar acontecendo.
“Pelo que parece, três dos olheiros só enviaram as cartas de intercâmbio depois que acertamos com as famílias acolhedoras, por tanto, são quinze bolsistas á mais” Gordon, professor de física quântica explicou cruzando os braços á frente do corpo. “O que vamos fazer?” pergunta e eu mordo o lábio inferior preocupada.
“Nós pensamos em distribuir entre o corpo docente” Derek sugere “Somos muitos, mas o problema é que a maioria ficou com um pé atrás então, apenas nós, 13 concordamos.” ele diz apontando para o grupo de mestres professores.
“Eu fico com dois deles, tenho quartos suficientes e dinheiro não será problema” digo jogando as mãos para cima, tudo para manter a ordem. O resto do pessoal suspirou aliviado e quando dei meia volta para minha sala, me deixei cair na poltrona giratória de couro enquanto a faculdade esvaziava, cada um seguindo para suas casas, e eu ali bebericando um licor envelhecido. Busco meu celular pela grande mesa de mogno e digito o número de Nikki no visor touch.
“Diz” minha sobrinha atrevida murmura no outro lado da linha. Estalo a língua revirando os olhos nas órbitas.
“Respeite-me garota, te quebro no pau” digo em minha voz mais autoritária. Ela ri e eu me permito fazer o mesmo “Veja, ocorreu um pequeno imprevisto” começo cruzando os dedos para que ela não tenha um ataque.
“Oh não, eu vou ter que ser sua secretária novamente?”
“Não é nada disso, você iria preferir isso...” tomo fôlego e aperto os olhos para soltar a bomba “Dois intercambistas vão ficar conosco, eu te amo, tchau!” falo de uma vez só, desligando antes que ela grite ou desmaie com o telefone no ouvido. Isso era ótimo, agora eu não teria um adolescente em casa, teria três. Vou precisar de muito mais que algumas doses dessa para permanecer em estado perfeito de sanidade mental. Isso era algum karma ruim? Espero que ao menos, não sejam homens, mulheres conseguem ser mais imperceptíveis. Comecei a apanhar minhas coisas para ir embora, prometi á Nikki que poderíamos pegar a sessão das sete para ver um clichê adolescente (leia-se Lola) que estava em cartaz. Eu nunca diria isso em voz alta, mas eu gosto de todo tipo de romance, tudo que envolva perigo. Gosto de amores avassaladores, de Bia e Dante, gosto de paixões impossíveis como Severo e Lily, gosto de ficção pra valer, onde eu escapo do meu mundo pervertido de mulher bem sucedida, na ficção eu podia ser uma apaixonada, uma adolescente tola e iludida.
Os corredores do campus principal estavam quase vazios, uma vez que os calouros tiveram acesso livre ao resto da propriedade e os intercambistas haviam partido com suas famílias temporárias. Passei pela sala comunal da ala esquerda, onde as luzes ainda estavam acesas.
“Alguém pode vir apagar as luzes daqui, por favor?” gritei no corredor esperando que algum funcionário me ouvisse. As luzes piscaram duas vezes, aviso de que em breve seriam desligadas. Olhei novamente para a sala e só então percebi que haviam duas pessoas sentadas em poltronas opostas. A garota de cabelos ruivos folheava uma revista desinteressada enquanto escutava algo em seus fones beat. O outro, que só distinguir ser um homem pelas mãos que seguravam um livro um pouco, hm, suspeito para um garoto. Ele estava lendo Lua Azul, da série Os Imortais. Eu comprei toda a série de presente de natal para Nikki no ano passado e acabou que também li. O enredo é fraco, mas é um romance bacana, daqueles bem sonsinhos e melosos.
“Ér... boa tarde?” pigarreei alto. A menina nem percebeu minha presença, no entanto, o garoto abaixou o livro lentamente e entortou a cabeça de lado.
“V. Mag° Rathbone?” o loiro com carinha de bebê perguntou com um delicioso sotaque australiano. O garoto não deveria ter mais que dezoito anos, tinha a pele clara como leite, corrompida por sardas suaves que salpicavam suas bochechas. O maxilar era marcado, uma mandíbula intensamente masculina, contrastava com seus lábios finos e rosados. Os cabelos dourados e rebeldes caiam sobre os olhos azuis dando um ar rebelde ao rosto angelical. “Meu nome é Joseph, Joseph Sparks, eu sou intercambista da Austrália e o prof. Abernathy disse que ficarei com a senhora.”
Autor(a): alwayspeeniss
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“Meu nome é Joseph, Joseph Sparks, eu sou intercambista da Austrália e o prof. Abernathy disse que ficarei com a senhora.” “Oh, muito prazer, Melanie Rathbone. Ela também virá conosco, estou certa?” perguntei apontando para a ruiva, ele deu uma espiadela nela e cutucou seu braço. A garota ergueu os olhos e sorriu, d ...
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