Fanfic: C`est jamais assez | Tema: Hunger Games
Definição de ninfomaníaca: mulher que apresenta um nível elevado de desejos e fantasias sexuais. Só é classificado como transtorno psicológico quando o comportamento e desejo sexual elevados prejudicam significativamente suas atividades diárias e relacionamentos afetivos. Popularmente acredita-se que a pessoa com hipersexualidade deseja ter atos sexuais com diversos parceiros e obtém grande prazer em todos eles, mas não necessariamente é o que ocorre. As “ninfo” podem ter uma apetite bem maior, mas não significa que obtenham o orgasmo em todas as relações e também não significa que elas queiram copular com diversos parceiros, podendo ter um fixo com o qual obtêm sexo compulsivo e constante.
Melanie POV
Sai de casa em meu volvo usando um vestido rosa claro rendado e soltinho na saia, uma meia de algodão preta 7/8, meu par de Manolo rosa pink e meu coque desgrenhado, marca registrada. Eram oito e meia, se não estivesse na O.C College em trinta minutos estaria em apuros com meus supervisores mesmo sendo reitora. Ainda estava dando uma de orientadora nessa semana, e chegar atrasada não é bem um bom exemplo para os alunos. Parei apenas no drive thru da Starbucks para comprar meu habitual café preto com um cubo de açúcar. Quando cheguei ao andar da reitoria, minha secretária Rachel já veio atrás de mim atualizando-me sobre meus afazeres reagendados. As entrevistas de aconselhamento foram adiadas para ajustar-se ao horário dos alunos, mas ainda cheguei á tempo da última, com uma intercambista francesa, sotaques, como os adoro!
A entrevista foi calma, mas meio paradona então fingi que nosso tempo havia acabado. Eu sei, golpe baixo, quem se importa? Eu não havia me oferecido para ser orientadora de forma alguma. Acontece, que o conselho administrativo me pediu pessoalmente alegando que eu precisava interagir mais com os alunos. “E vocês precisam trepar, isso sim” Pensei maldosamente com uma vontade miserável de mandar todos eles pro quinto dos infernos. Mas ok, eu resisti e aqui estou, aconselhando calouros. Se bem que dos males, esse ano foi o menor. Parece que conseguimos uns bolsistas mais íntegros, menos estúpidos que só pensam em se drogar e beber toda sexta-feira. Parecem mais até maduros que os veteranos.
Estava terminando de assinar alguns documentos quando escutei a batida na porta.
“Está aberta”
“Sempre aberta hein Rathbone?” escutei a voz aveludada e sexy de Johanna e sorri institivamente. Johanna era de longe uma das mulheres mais atraentes que eu conheço e foi graças á ela que larguei o mundo de relacionamentos sérios. Estudamos juntas na faculdade, seu namorado morreu atropelado e ela decidiu que não queria mais se apegar a alguém após entrar em um luto absurdo. Eu por minha vez, nunca sofri uma dessas grandes decepções amorosas, na maioria das vezes eu era decepção amorosa, na verdade, meus relacionamentos eram perfeitos, até demais. Era tão perfeito, que eu precisava fazer algo pra sair da rotina melosa e bem... Eu traía, e como traía! Mas eu me sentia culpada no final das contas, estava prendendo uma pessoa desonestamente que não fez nada de mal para mim. Acho que ambas decidimos isso, apenas satisfazer nossas necessidades sexuais sem envolvimento emocional. Não que viramos sangue frio do nada, apenas deixamos de procurar por amor, forçar uma paixão. Se um dia quem sabe, nós nos apaixonarmos, pensaremos no caso.
“O que você quer piriguete?” falei sem tirar os olhos do contrato recebido pelo fax.
“Vim pegar minha lista de calouros na secretária e resolvi passar aqui pra perguntar o que a gente vai fazer nesse fim de semana, isso se você ainda estiver disposta depois de ontem, Sra. Estômago fraco!” ela zombou e eu revirei os olhos.
“Você sabe que eu não sou assim, acho que me empolguei e misturei bebidas demais.” Tentei explicar embora saiba que nada funcionaria com ela “Além do mais, não podemos sair na sexta, tem reunião com o grêmio estudantil no sábado esqueceu? Você inclusive é a anfitriã treinadora” acusei olhando sugestivamente para ela que fez uma careta concordando
“Mas você não faz ideia do quanto eu preciso sair pra achar alguém” ela diz fazendo charminho. “Ora vamos, quem sabe você não acha alguém pra te dar uns trancos, tirar essa sua cara de limão azedo” Quanto pleonasmo em uma só frase.
“Eu não estou precisando de uns trancos, estou muito bem, obrigada por se preocupar com minha vida sexual querida amiga” resmunguei e ela sentou-se em minha mesa obrigando-me á encara-la, que por sua vez ostentava uma expressão horrorizada.
“Essa não é a Melanie ninfo que eu conheço! Qual é, recusando transa? É isso mesmo?” ela disse indignada e eu limitei-me a sorrir.
“Posso fazer justiça com as próprias mãos ás vezes Jo” disse lembrando-me do sonho na noite anterior que me fez acordar extremamente molhada. Ó céus, já havia quase esquecido! “Mas já que você insiste, a gente pode ir tomar um chopp na sexta, Maggie nunca bebe de qualquer forma , pode me levar pra casa se eu ficar bêbada” digo dando de ombros e ela sorri, pulando de minha mesa com sua roupa de treino provocativa.
“Assim que eu gosto meu bem, te vejo por aí” ela fala enquanto dá meia volta até a porta.
O intervalo do almoço chegou rápido, mas nem me dei conta, pois acabei me enrolando com uns relatórios que precisavam ser entregues antes das 13 horas. Minha sala ficava virada justamente para a ala esportiva do campus, onde ficava o campo de areia artificial (paras os treinos de vôlei e handebol), a quadra de tênis, e é claro, o campo aberto do futebol americano, onde estavam acontecendo os testes para cheerleaders e futebol simultaneamente. Afastei as cortinas e dei uma olhada no campo de areia, o time de vôlei fazia teste com os calouros, era sempre o primeiro time a ser formado já que geralmente era formado apenas pelos alunos locais. Mas hoje, havia certo fuzuê lá embaixo, havia pelo menos, 10 novatos competindo pelas vagas e eu resolvi ficar espiando.
Várias veteranas lambisgoias estavam na arquibancada de ferro exibindo-se para os atletas com suas minissaias e decotes vulgares. “Não tem aula bando de aprendiz de puta?” Pensei em gritar dali de cima mesmo, mas mordi a língua. Deve ser por isso que o conselho acha que eu deveria interagir mais com os alunos. O calouro abusadinho que entrevistei, Samuel Van der Bilt e mais alguns formavam uma fila para assinar o nome enquanto Carlton ia na direção de alguém que fazia alongamentos, apertei os olhos e enxerguei a cabeleira dourada e rebelde, Joseph faria o teste, óbvio. O loiro correu alguns metros de distância do negro gostoso e sacou a bola com destreza e a mesma foi recepcionada majestosamente.
Eles estavam fazendo o teste em dupla, o que é bom, pois acho que ambos têm um futuro promissor, é bom que se aproximassem. Os jogos de praia eram sempre os mais animados. Praia, meninas de biquíni, caras sem camisa, barril de cerveja, que saudade da minha época de faculdade. Girei nos calcanhares para voltar ao trabalho, poderia passar a tarde toda admirando aqueles meninos jogando vôlei como uma pervertida, mas sou comprometida com o trabalho mais do que com minha libido. Derek telefonou para minha sala perguntando se queria almoçar com ele e Maggie, mas disse que estava sem fome, o que de fato era verdade. O resto da tarde passara voando e acabei ficando na faculdade mais tempo do que esperava, fiquei distraída com os papeis que recebera por e-mail quando um telefonema me tirou da transe.
“Ms Rathbone, pois não?” atendi roboticamente o telefone fixo e escutei uma risada rouca do outro lado da linha
“Eu ainda não me acostumo com isso, acredita?” meu avô, Charlie Rathbone.
“Desculpe vô, por que não ligou pro meu celular?”
“Ah filha” ele suspirou “É a idade, cliquei em qualquer número que tinha seu nome na agenda de contatos” sorri por isso. Meu avô podia ser um tremendo de um homem de negócios, mas ainda era um trapalhão abobado. Minha vó costumava dizer que se ele tomasse uma dose de ecstasy nunca mais voltaria ao juízo perfeito.
“Estou com saudades! Vocês dois só querem saber da Nikki agora não é mesmo?” reclamei fazendo um falso drama
“Ora bolas, você sabe que é minha única gatinha! Mas veja bem, eu estou ligando á negócios minha neta” Ih... o que eu fiz de errado dessa vez? Digo isso porque, eu nunca prestara muita atenção em como fazer bons negócios e ás vezes eu meio que investia em coisas erradas.
“Manda bronca”
“Eu e sua vó vamos fazer um cruzeiro de dois meses.”
“Isso é ótimo vô!” disse realmente animada por eles, ele pigarreou antes de continuar.
“Eu sei que seu primo é ótimo com as finanças e tudo mais, mas como diriam os antigos, uma bela mulher sempre atrai melhores ventos” prendi a respiração, oh não, ele estava me pondo no comando? Sou péssima em negociações, imagine em ações na bolsa de valores!
“Vô, você sabe que eu prefiro ficar só nos bastidores, é menos, complicado sabe” aleguei
“Eu sei meu anjo, mas não se preocupe, você vai fazer o mesmo de sempre, só que agora com um salto maior e fingindo que tá entendendo tudo, só pra não deixar o Edward achar que é ele quem manda, poder feminino!” ele bradou, não pude conter uma gargalhada e escutei a risada rouca do outro lado da linha.
Acertamos os detalhes e recebi um e-mail de Marissa, a secretária do escritório de finanças da família. Se eu planejava passar o resto da noite na reitoria, eu consegui. Cheguei em casa exausta mas faminta. Chutei os sapatos em um canto da sala e fui correndo pra cozinha, por sorte todos os quartos da mansão são na parte de cima, exceto o de Dorota e o de hóspedes que é reservado para meus avós. Vasculhei a geladeira e achei uma garrafa de Battistello, meu vinho rosé favorito. Dorota como sempre, impecável nas compras. Mas eu estava com fome, nem aquela garrafa inteira podia acalmar meus ânimos quando ficava com fome! Só quando escutei meu estômago roncar de novo foi que notei o aroma magnifico impregnado na cozinha. Carne ao molho madeira talvez? Seja o que for, era muito apetitoso. Olhei dentro do microondas e não achei, olhei de soslaio para o forno e ta-da, ali estava uma travessa. Afobada como estava, fiz um estrondo enorme ao soltar a porta do forno e esperei que ninguém ouvisse.
A travessa estava meio cheia ainda e meu palpite estava certo, carne ao molho madeira, mas para superar minha expectativa, o molho contava com azeitonas verdes e batata, meu estômago roncou mais uma vez reclamando. Deixei a bandeja no balcão de mármore e peguei o saca-rolhas na gaveta do armário, enchendo uma taça exageradamente grande com vinho, nem me importando em esquentar a comida, peguei um garfo e levei até a sala. Estava passando Friends na Warner HD, aumentei abaixei um pouco o volume da tv e me acomodei no sofá. O episódio era o que Rachel Green, uma das protagonistas, resolve fazer uma tatuagem escondida do namorado, Ross Geller. O caso resulta em confusão, mas no final das contas, ele acha sexy, a cereja na parte superior das nádegas.
“Gostoso?” quase derrubei minha taça de vinho no sofá de couro branco com o susto. Virei-me na direção da voz e contemplei Joseph sentado no braço do sofá, eu estava tão envolvida comendo e assistindo que não percebera quando ele chegou.
“O que?” perguntei atrapalhada, colocando a taça encima da mesinha de centro.
“A carne” ele apontou sorrindo. Usava uma blusa regata preta que era realmente um destaque contra sua pele alvíssima e uma calça solta de algodão cinza.
“Ah sim, está ótima, não sabia que azeitona combinava no molho” respondi dando mais uma garfada em uma das batatas.
“As pretas são melhores, absorvem mais o sabor” ele disse dando de ombros, pisquei inconvicta.
“Você que fez?” perguntei arqueando a sobrancelha e ele assentiu sorrindo. Uau, estava maravilhoso, eu não sabia nem fazer macarrão instantâneo, culpa de ter sempre quem faça.
“Posso?” ele perguntou apontando para o assento do sofá ao meu lado, hesitei por um momento, mas permiti. Preciso falar o quanto aquela situação era constrangedora? Eu tive um sonho erótico na noite passada com aquele garoto, menor de idade, que estava morando comigo e era intercambista na minha faculdade, tinha como a situação ser mais errada? Quando Friends acabou, começou a passar uma série que eu nem suporto o nome, peguei o controle e empurrei pro lado e o loiro pegou-o, colocando na ESPN internacional. Hóquei? Um carinha da Austrália gostava de esportes no gelo? Interessante. Terminei de comer e fiquei até um pouco envergonhada, comi tudo que tinha na travessa, mas Joseph não parecia prestar atenção em mim, o que na verdade, me deixara um pouco frustrada á principio.
Puxei papo sobre o jogo que rolava na TV e ele desengatara a falar. Parecia aqueles irmãos mais velhos com os quais você poderia falar pra sempre, era meio triste pra mim perceber que não tinha mais minha irmã, até porque se a visse em minha frente socaria a cara dela até sangrar por ter abandonado Nikki e á mim. Voltando ao que interessa, Joseph era bem extrovertido no final das contas, portanto estávamos conversando horas a fio, literalmente sobre assunto nenhum. Futebol, música, a faculdade, até sobre seriados a gente falou. Era como conversar com meu primo Edward, ridiculamente simpático. Porque eu havia me excitado por ele mesmo? Já estava convencida de que o que aconteceu foi apenas um deslize quando só pra cortar meu pensamento, ele se espreguiçou bocejando, esticando os braços para cima. Fui pega encarando a tatuagem em baixo do braço e ele abaixou-o rapidamente corando. “Oh Deus, lembrei porque fiquei excitada” pensei maliciosamente olhando a carinha de inocente que ele nem se esforçava em fazer.
“O que diz?” perguntei referindo-me á tatuagem
“La croyance est une belle armure” ele disse tentando imitar um sotaque francês e eu ri com a mistura de sotaques.
“O que significa, mon seigneur?” debochei tentando imita-lo
“A convicção é uma bela armadura”
“Bonita frase, acho que já ouvi antes” afirmei franzindo o cenho.
“John Mayer” ele disse sorrindo.
“E eu aqui achando que era poesia, que você era um menino culto” suspirei com um falso drama.
“A música é a revelação superior á toda sabedoria e filosofia, monsieur Bethoven” ele recitou. Entendi o recado, subestimei-o. Fiquei em silêncio por algum tempo e eu nem tinha me dado conta do quanto ele se aproximou perigosamente, levantei do sofá em um pulo quando senti sua respiração tão próxima da minha que nossos hálitos de misturavam. Foco Melanie, menor de idade, lembra? Murmurei uma boa noite esganiçada e subi as escadas correndo para o quarto, deixando a bandeja e a taça suja na sala. Ó céus, será que todo santo dia vai ser assim? A gente se esbarra, ele chega e eu corro? Tem de ser assim, não posso me permitir em ter uma recaída, ou ele vai aprender com quantos paus se faz uma jangada.
X
Graças á Deus eu tive a sorte de nem ao menos esbarrar no maldito do loiro pelo resto da semana. Na verdade, eu não esbarrei nem em mim mesmo nos últimos dois dias, estava correndo da faculdade direto pro escritório e chegava em casa extremamente esgotada, eu não via a hora do chopp que combinei com Johanna. Enviei uma mensagem para a morena e ela respondeu que estava apenas terminando de escalar a equipe final das cheerleaders, ontem foi o call-back e hoje era a escalação final, incluindo os reservas. Amanhã, o grêmio estudantil se reúne com o conselho docente e administrativo para o planejamento das competições e festividades do semestre. Imagine minha empolgação em acordar ás oito horas da manhã, num sábado, pra planejar evento. Imaginou? Duvido.
Organizei minhas coisas e fui direto para o estacionamento subterrâneo. Gordon estava arrancando com seu Honda Civic e buzinou para mim, metido. Entrei no carro e dei partida seguindo o Honda preto, para o bar do píer, ou como o querido do Derek apelidou: covil da perdição. Veja bem, não que fosse um prostíbulo ou coisa assim, mas ali era onde realmente os solteiros maiores de idade da Califórnia batiam ponto.
Você nunca saía de mãos –ou boca, ou traseiro- abanando dali. Era só investir e atacar, se você fosse mulher e tivesse carro, era melhor ainda. Pensei que Gordon e eu seriamos os primeiros a chegar, entretanto Natalie – a baixinha professora de Biologia- e seu noivo Finn nos aguardavam numa mesa estrategicamente próxima ao bar, sempre pegávamos ela. Maggie e Johanna chegaram logo em seguida, tagarelando sobre o novo shopping em São Francisco. Era muito engraçado a relação daquelas duas. Maggie era minha amiga de infância enquanto Johanna por sua vez tinha sido amiga de faculdade. Tinham gênios muito distintos, enquanto Maggie era mais cabeça e razão, Johanna era momento, adrenalina, carne. No começo, quando as introduzi, elas realmente se odiavam e odiavam ainda mais o fato de eu não tomar partido de nenhum delas, mas no final, elas acabaram cedendo e entendendo o fato de que eu precisava das duas e não escolheria lados. É claro que até hoje os desentendimentos são corriqueiros, mas já é meio que tradição, estranho seria se elas não brigassem.
“O de sempre?” Marcos, o bartender gritou vindo do balcão para nossa mesa e Finn bateu com os punhos na mesa assentindo, Natalie olhou de soslaio para ele reprovando o gesto e ele a beijou por toda face, fazendo-a gargalhar.
“Na verdade, além do meu chopp alemão, eu quero uma dose de licor adocicado” disse fazendo os outros olharem para mim, Johanna assoviou baixo e sorriu maliciosa
“Tem alguém querendo chutar o balde!” sibilou acusadora e eu rolei os olhos ignorando “O mesmo pra mim” ela piscou para Marcos e ele anotou no bloquinho, voltando para o balcão. Em pouco tempo, nossas bebidas chegaram e apesar de serem apenas oito e meia da noite, o bar começava a encher. Maggie bebericava um cuba libre enquanto olhava discretamente para dois carinhas no bar. Um ruivo alto e um moreno baixinho, mas bem musculoso.
“Até tu loirinha?” Natalie falou surpresa e Maggie corou furiosamente.
“Eu sempre fico de babá daquelas duas, tenham piedade de mim” ela disse apontando para mim e Johanna, fazendo um bico suave. Todos rimos e pedimos outra rodada de chopp alemão. Virei para dar uma espiada na entrada do bar justamente quando Bruno – treinador do time de polo aquático e vôlei- entrava no bar, acenei e ele veio em nossa direção com uma expressão carrancuda. Bruno era sempre aquele galanteador fajuto, das cantadas de pedreiro e talvez seja por isso que gostássemos de andar com ele.
“Aconteceu alguma coisa?” Finn perguntou franzindo o cenho
“Cara, a Emily tá me sufocando” Bruno confessou com os olhos levemente arregalados, o que desencadeou uma nova onda de risos.
“Qual é, você mesmo tinha dito que era só sexo casual!” disse cutucando-o provocativamente quando ele arrastou uma cadeira, sentando-se á meu lado.
“E eu disse pra ela. Mas acontece que ela fica ligando e marcando coisa encima de coisa!” ele bufou exasperado. Gordon tossiu teatralmente.
“Eu estou tranquilo nessa questão. Uma coroa virou pra mim e disse que adorava caras mais novos. Disse que é excelente poder mostrar sua experiência na cama. Mas deixou bem claro que era só sexo.” Ele sorriu sensualmente, típico.
“Você é nojento.” Maggie disparou contra ele, remexi-me desconfortável na cadeira.
“Qual é você não faria isso? Ficar com um cara mais novo? Tipo, uns dezoito, dezenove?” Gordon perguntou arqueando as sobrancelhas.
“Argh, nunca. Eu realmente tenho cara de quem tem paciência com crianças?” ela rebate também erguendo as sobrancelhas. Gordon e Maggie namoraram por algum tempo, então era normal que implicassem um pouco mais entre si, mas esse assunto me deixou um tanto, desconfortável, na verdade, até demais.
“Poderia ser interessante sabe, tipo uma experiência.” Me intrometi na conversa, todos olharam para mim no mesmo instante. “Qual é pessoal? A ideia soa tão... tentadora.” Eu sorri com a cara de incredulidade que Maggie estava fazendo. Ela sempre curtia homens mais velhos, uma vez que eram mais interessantes – nas palavras dela – e não me entenderia de todo modo. Mas se ela tivesse tido aquele sonho tão vívido como eu tive, sentido aquele cheiro de frutas cítricas misturado com canela, Jesus, ela também estaria tentada.
“Estão vendo?” Gordon disse agarrando sua caneca de chopp e tomando um gole longo. “A Mel me entende.”
“Você sabe o quanto eu odeio apelidos, por favor Gordon” murmurei entre os dentes lançando um olhar fulminante em sua direção, mas como era de se esperar ele ignorou.
“Eu não sei. Não acho que me daria bem com mulheres mais velhas.” Finn declarou, ele e Natalie começaram a namorar dois anos atrás e noivaram há três meses, o que não foi surpresa para ninguém. “Eu curto dominar, não ser dominado.” Ele falou sorrindo e Natalie riu estridente e é claro, sarcasticamente.
“Como naquela noite em que eu resolvi algemar você em seu escritório? Ah sim, bem dominador” Seguiu-se uma boa dose de risadas, enquanto Finn adquiria uma cor mais avermelhada que tomate maduro.
“De qualquer modo, eu devo dar crédito aos mais novos, eles conseguiram nos superar” Bruno diz indiferente e o resto de nós trocou olhares confusos.
“Como assim, superou a gente?” Maggie perguntou
“Simples. A nossa adolescência foi regada á apelo sexual, isso é fato, a maioria das pessoas na nossa faixa de idade basicamente perdeu a virgindade ao som de Britney Spears.” Ele falava como numa palestra e embora estivesse meio cômico, todos prestavam atenção. “Porém, basta você tirar cinco minutos para observar o conteúdo das séries destinadas aos adolescentes de hoje em dia e perceber a putaria geral.” Ele conclui tomando um gole do vinho tinto.
“É verdade” consenti “Um dia desses, cheguei em casa e escutei Nikki e umas amigas no quarto conversando sobre quem tinha feito mais coisa sem perder a virgindade de vez.”
“E você não disse nada á ela?” Annie perguntou horrorizada e eu dei de ombros.
“O que eu posso fazer? Se eu tentar convencê-la a fazer o que eu quero é pior, digo por que eu mesma seria assim, portanto, o máximo que possa fazer é evitar que ela fique grávida como a mãe, já levei ela na ginecologista e realmente espero que ela não seja estupida a ponto de fazer alguma...”
“Estupidez?” Johanna completou. Fiz um gesto obsceno em direção á ela que riu.
“Em sumo, vocês acham assim tão escandaloso querer transar com alguém mais novo?” arrisquei novamente.
“Melanie, você como reitora da faculdade deveria ser a primeira a saber que é extremamente proibido envolvimento entre docentes e discentes!” Maggie me repreendeu
“Eu não estou dizendo que quero namorar e ter bebês com ele Madge, é apenas sexo” sugeri e mesmo assim ela me olhava indignada.
“Ok vocês duas, Melanie, você pode ser papa anjo de quem você quiser e Maggie, você pode ir pegar seus coroas livremente ok?” Johanna advertiu caindo na risada.
Arrastei um dos carinhas que Maggie estava encarando para o banheiro e consumamos ali mesmo, não estava nem um pouco afim de motel ou de sujar meu carro. Depois de mais algumas rodadas de chopp já estava totalmente alheia ao sexo ridiculamente meia-boca com o moreno, incrível como alguns – leia-se maioria- dos homens acham que toda mulher fica excitada quando ele fala vulgaridades, extremamente ridículo. Maggie com certeza havia no mínimo dado uma rapidinho com o ruivo e já estava arrastando a mim e Johanna para casa, afinal, amanhã teríamos reunião e apesar de relutar um pouco, cedemos ao cansaço e fomos para casa. Adormeci no sofá e acordei extremamente dolorida do sofá de couro, mas subi correndo para me banhar e ir para a reunião.
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Hayley POV
Uma semana já se passara na Califórnia. Confesso que no inicio não estava muito animada com o intercâmbio, já estava farta de viagens. Sou nascida da conturbada Manhattan, direto do Upper East Side, o chamado lar dos badalos e escândalos. Minha mãe e meu pai se separaram e quando estava no primeiro ano do ensino médio, meu pai resolveu me arrastar junto com ele para a Austrália. O começo foi realmente horrível para mim, uma mudança drástica de cenário, mas aos poucos fui me adaptando. Quando acabei o colégio, no final do ano passado, meu pai dissera que um olheiro estava na cidade e estava excepcionalmente interessado em marcar uma entrevista comigo. Parte de mim estava empolgada por voltar aos Estados Unidos, mas outro lado que já havia se adaptado á Austrália não queria deixa-la. Era muito diferente por lá, mais calmo, mais zen. No fim de tudo, fui selecionada e cá estou eu.
Devo admitir que me surpreendi com a faculdade; as instalações são de outros mundo, tudo muito moderno e avançado, a arquitetura do prédio é sofisticada e elegante, o corpo docente é muito bom e é realmente um ambiente bem esquematizado. Apenas duas coisas me incomodaram de verdade. Primeiro que eu pensava que ficaria instalada nas acomodações do campus da faculdade, e não na mansão beira-mar da minha reitora, apesar dela ser muito gente boa e a mansão ser incrível. Segundo, as pessoas na faculdade, no caso, os alunos. É claro que não eram de todo mal, muito pelo contrario, foram super acolhedores e simpáticos, mas assim como em todo colegial, eles tinham panelinhas. Mas nós não somos mais adolescentes, estamos por nossa conta e risco e por este fato, as coisas tomam dimensões bem maiores.
Na quarta-feira mais ou menos começaram os trotes, mas acreditem em mim, não eram trotes qualquer. Eram tão bem tramados que eu cheguei a me questionar o quão estúpidos eram por perder tempo quebrando a cabeça em uma coisa tola como pregar peças. Realmente esperava que não fizessem isso comigo, mas quando conheci as cheerleaders no meu treino de audição, algo me disse que elas fariam sim. Fui chamada para o call-back na sexta-feira, o que era incrível, mas hoje, sábado de manhã, amanheci extremamente quebrada. Eram apenas nove horas, mas minhas costas reclamavam e não pude mais ficar deitada. Escovei os dentes e tomei uma ducha rápida, colocando uma calça de moletom cinza e uma regata qualquer. Desci as escadas e já pude sentir o cheiro do chocolate quente que Roberta, - a cozinheira da casa- prepara. Tomei um café rápido com pão de queijo e o chocolate e mais algumas torradas.
“Tem alguém em casa?” perguntei á Roberta antes de dar um ultimo gole em minha caneca.
“Nikki ainda está dormindo, costuma acordar bem tarde nos sábados, aquela guria” Roberta diz sorrindo “Melanie foi para a reunião faz tempo e Joseph acordou faz uns quarente minutos, deve estar no quarto” ela deu de ombros. Limpei minha boca com um guardanapo de linho e deixei a louça suja na pia, dirigindo-me ás escadas. Bati na porta e escutei um entre abafado, quando abri a porta, avistei o garoto deitado de bruços na cama, usando uma calça de pijama e uma regata, parecia até que tínhamos combinado. Andei o mais silenciosa que pude e me joguei em suas costas, ele arfou e rolou o corpo para o outro lado xingando enquanto eu ria. Ok, não vou mentir que nem todos da faculdade estão nas panelinhas. Joseph me apresentou seu parceiro no vôlei, Carlton Barton, figurão que nos introduziu á mais uma turma de gente bacana.
“Isso, destrua meus ossos” ele reclamou me dando um beliscão no braço.
“Ai! Quem manda só ter osso?” debochei mesmo não sendo verdade. Seu smartphone estava jogado na cama e eu o peguei, mas infelizmente tinha senha para acesso.
“Fala a senha, ou eu vou travar o celular” ameacei e depois de fazer uma careta, ele digitou a senha no visor touch. Abri a galeria de músicas e fui subindo as faixas.
“John Mayer, The Strokes, Greenday, Christina Perri, bem eclético você hein?”
“Absolutamente” respondeu e eu voltei a atenção para o telefone. Abri a galeria de fotos. Encontrei a infame da foto que Elliot Finniggan havia tirado de mim durante a aula de física que nós três tínhamos em comum.
“Uau” exclamei quando cheguei em uma foto em que Joseph posava com uma loira deslumbrante. Ela se parecia com a Christina Aguilera, mas era mais esbelta e tinha um olhar penetrante, daqueles: Eu posso, eu consigo! “Quem é essa?” perguntei mostrando a foto.
“Penny, minha irmã”. Assoviei baixo e Joe riu, ainda lendo o livro. Passei as fotos seguintes, paisagens, pinturas, coisas bem incomuns no celular de um garoto, mas parei na foto de uma garota - tava demorando pra aparecer mais uma -. Ela tinha cabelos negros, sem nenhum defeito, extremamente lisos e brilhantes. A boca era cheia, atrativa e vermelha, como se usasse um batom forte, mas acredite, não era o caso. Seus olhos eram grandes e verdes, como duas pedras de esmeralda e a pele conseguia ser ainda mais alva que a de Joe, parecia o mais puro leite, a garota era a personificação da própria Branca de Neve, uma princesa.
“Vai dizer que é sua irmã também?” perguntei mostrando a foto e Joseph fez uma careta engraçada e medonha ao mesmo tempo, arrependi-me quase imediatamente de ter perguntado algo.
“Não” ele sussurrou e eu tentei me conter, mas não consegui e perguntei
“Quem é ela?”
“Minha namorada, Annabeth, bem...” Ele deu um sorriso triste antes de continuar “Acho que agora tá mais pra ex”.
“Vocês terminaram?” perguntei mordendo o lábio inferior ao ver sua expressão, ele era extremamente bonito e leve, como a irmã.
“Não exatamente” ele suspirou e olhou pra mim, eu fiz um aceno e ele continuou “Meus pais deram, digamos, uma forcinha para a faculdade me dar esse intercambio, eles não queriam mais que eu ficasse por perto dela”
“E por quê?” perguntei agora realmente curiosa e ele tomou o celular de minhas mãos.
“Nem queira saber”
Autor(a): alwayspeeniss
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Melanie POV A reunião havia sido demorada. Não havia concordância alguma entre o grêmio em si; enquanto uma parte dos líderes queria uma festa beneficente, outra parte queria a festa da fogueira, que marca o inicio das atividades esportivas do ano letivo. Tivemos de chegar á um acordo: ambas seriam realizadas, a festa da fogueira daqu ...
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