Fanfics Brasil - Coração Selvagem DyC [terminada]

Fanfic: Coração Selvagem DyC [terminada]


Capítulo: 14? Capítulo

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CAPÍTULO VI


 


Dulce estava com os nervos à flor da pele, enquanto estacionava a caminhonete na frente da casa. Ao desligar o motor, olhou para Christopher.


- Não faça aquilo de novo - ele avisou.


- Não posso ficar calada, ouvindo um amigo ser caluniado.


- Ela não estava sendo maliciosa, mas alertando-a para não dar confiança a estranhos.


- Você não é um estranho - Dulce retrucou, enfurecida. - Nasceu e foi criado aqui.


- E ganhei a reputação de rebelde. Eu era um típico adolescente, insolente e atrevido. Escute, Irlandesa, não preciso de ninguém para me defender. O que aconteceu comigo nesta cidade foi há muito tempo. Pouco me importo com o que eles pensam.


- Oh, uma vez se importou, tanto que fugiu - Dulce argumentou, tocando-o no braço, sentindo que era importante que ele compreendesse a própria vulnerabilidade.


Christopher ficou tenso com aquele toque e não respondeu.


- Não é verdade? - ela insistiu.


- Você parece ter todas as respostas - ele replicou, puxando o braço.


- Você foi acusado de roubo. Seu pai não acreditou em sua inocência, quando você implorou...


- Não implorei nada.


- Quando você disse que não tinha nada a ver com aqueles roubos. Foi por isso que fugiu. - Dulce olhou-o com ternura e simpatia. - Não foi?


- Foi. Quer saber toda a história? Ele tirou o cinto e bateu em mim até deixar minhas costas marcadas, rejeitou-me, mas eu fiquei imóvel e mudo, insolente até o fim.


Christopher desceu da caminhonete e bateu a porta com violência. Dulce sentiu lágrimas nos olhos e abanou a cabeça, incapaz de falar.


- Poupe suas lágrimas - ele disse com aspereza. - Vai precisar delas, quando aqueles em quem você confia partirem seu coração. A sra. Tall teve razão em alertá-la. Você não sabe nada a meu respeito, nem sobre a vida que vivi.


- Sei, sim.


- Fiz coisas, Irlandesa, que chocariam sua mente puritana. É melhor proteger-se, em vez de ficar me defendendo.


Christopher pegou duas sacolas da carroçaria e entrou em casa. Dulce continuou sentada, com as mãos no volante, olhando os cumes das montanhas cobertos de neve.


Os raios do sol brilhavam, espalhando calor, mas ela sentia o coração gelado. Apesar do aviso para ser menos inocente, ela se preocupava com Christopher e com as injustiças que ele sofrera no passado.


As pessoas da cidade, sem prova nenhuma, julgaram-no um ladrão. O próprio pai, a única pessoa que o conhecera suficientemente bem para ficar a seu lado, não acreditara em sua inocência. Daí por diante, Christopher não confiara em mais ninguém.


Dulce entendia-o e, de alguma forma, precisava ajudá-lo a superar a angústia e a mágoa que ele carregava no peito.


- Você é especial, Christopher - murmurou. - Você é especial para mim.


Suspirou. Pela primeira vez na vida, achou que se apaixonar era um risco, mas já não tinha como sufocar o amor que sentia por Christopher. Dulce pôs as mãos na cintura, olhando com satisfação as paredes da alcova, já empapeladas. Guardou o resto do papel de parede e foi ao banheiro lavar-se.


O telefone tocou. Ela secou as mãos rapidamente e voltou à sala. Como o telefone encontrava-se no segundo degrau da escada, sentou-se ali, com as costas apoiadas na parede.


- Alô?


Com a outra mão, tirou os sapatos e massageou os pés.


- Quero falar com Christopher Uckermann, por favor - uma voz masculina, impaciente e abrupta, requisitou.


- Vou chamá-lo.


Dulce conteve a tentação de perguntar quem era. Levantou-se, andou pelo corredor, só de meias, e parou bruscamente na porta de seu quarto.


Christopher estava no último degrau de uma escada de mão, pendurando uma cortina na janela. Ela ficou alarmada e com receio de chamá-lo, porque ele poderia assustar-se e cair. Observou por alguns instantes as mãos ágeis colocarem a cortina nos trilhos. De repente, ele virou a cabeça e a viu.


- O que é? - indagou.


- Você não devia estar aí em cima. É muito perigoso. Pode cair. - Ela correu para segurar a escada, enquanto ele descia. - Há outra escada no porão, mais alta.


- Eu vi.


- E por que não a usou?


- Esta é mais fácil de ser carregada. Veio até aqui por alguma razão em particular, ou só para brigar comigo?


- Oh, alguém telefonou e quer falar com você. Christopher franziu a testa.


- Por que não disse antes? - resmungou, saindo do aposento o mais depressa que podia.


Dulce examinou o quarto. Com as cortinas, parecia muito melhor, e ela teria privacidade.


Antes de pensar em pendurar as cortinas, os dois haviam levado as sacolas da casa de materiais de construção para um quartinho atrás da cozinha, então arrumado a mobília da sala de estar e do quarto.


Numa das caixas de papelão que trouxera de seu apartamento, ela encontrara um aparelho de telefone e a secretária eletrônica, que já haviam sido ligados e prontos para o uso.


Embora ainda não fosse muito tarde, Dulce decidiu dar por terminado o trabalho daquele dia, pois Christopher já forçara muito o pé ferido. Pegou seu pijama de flanela e foi tomar banho. Escutou a voz de Christopher, ao passar pelo corredor.


- Ontem à noite? Na tempestade?


Ele riu com cinismo. Dulce parou, mas não ouviu mais nada, porque ele começou a falar baixinho. Ela queria saber o que acontecera na noite anterior, e com quem ele estava falando. Além do dono da estação de esqui e das pessoas que o haviam hospedado, Christopher não se referira a mais nenhum amigo.


Entrando no banheiro, ela fechou a porta e tirou as roupas. No chuveiro, sua mente não parou de criar especulações a respeito de Christopher. Quando saiu do banheiro, enrolada no roupão de banho, encontrou Christopher em seu quarto, colocando lenha na lareira.


- Parou de trabalhar cedo - ele comentou.


- Estou cansada e acho que você também está. Não devia apoiar seu peso no pé machucado por tanto tempo.


Christopher deu de ombros. Não estava preocupado consigo mesmo. Olhou para a janela, na direção de sua fazenda, então dirigiu-se para a porta.


- Vai tomar banho agora? - Dulce indagou. - Pensei em preparar o jantar mais cedo.


- Tudo bem.


Enquanto Christopher tomava banho, Dulce fritou os peitos de frango cortados em cubos, em seguida colocou-os num prato, decorando-os com montinhos de espinafre.


Aos poucos, numa bandeja, ela ia levando a louça e a refeição para seu quarto. Pousou a bandeja sobre a mesinha de centro. Após juntar duas mesinhas de canto, colocou sobre elas pratos, copos, talheres e guardanapos, então voltou para a cozinha para buscar o bule de chá.


Ao passar pelo banheiro, ouviu o chuveiro sendo fechado. Imaginou Christopher nu e ficou excitada. Movimentou a cabeça negativamente e continuou a andar. Ao voltar, escutou uma porta abrir-se, depois fechar-se, e achou que ele devia estar no quarto que escolhera.


Poucos minutos depois, Christopher apareceu no quarto dela, usando suéter azul e calça jeans escura. Dulce recordou que lavara aquelas roupas junto com as suas. De repente, o clima tornou-se muito íntimo.


- Sente-se na poltrona - Christopher sugeriu, ao vê-la acomodar-se no sofá.


- Não, estou bem aqui - ela respondeu, achando que a poltrona junto à lareira era mais confortável para ele.


- Quero sentar no sofá, para estender a perna.


- Seu tornozelo está inchado?


- Um pouco. Acho que o forcei muito, hoje.


Dulce ficou surpresa ao ouvi-lo admitir aquilo. Notou que ele aguardava que ela se levantasse para poder se acomodar, então apressou-se em ir para a poltrona. Christopher ajeitou-se no sofá, encostando-se num braço e estendendo a perna no assento.


- Que tal assistirmos ao noticiário? - propôs. - Há dias não sei o que está acontecendo no mundo.


Dulce ligou a televisão e, enquanto comiam, assistiram a um telejornal. Quando começaram as notícias locais, ela notou que Christopher franzia a testa, mostrando-se preocupado.


O apresentador do jornal anunciou que mercadorias, estimadas em meio milhão de dólares, haviam sido roubadas, e que Carl Lightfoot encontrava-se na cena do crime para divulgar o boletim policial.


O repórter estava em frente à loja de equipamentos para escritórios. A câmera mostrou várias viaturas policiais estacionadas na rua, pessoas movimentando-se para todos os lados, e em seguida focalizou um homem alto, de uniforme. O xerife. Respondendo a uma pergunta do repórter, ele informou que não havia pistas sobre a identidade dos assaltantes, e que a polícia local e a estadual estavam trabalhando em conjunto.


Dulce reconheceu a voz do xerife como sendo a do homem que ligara para Christopher.


- Ele interrogou você? - ela indagou, furiosa. Christopher olhou-a, parecendo confuso.


- O xerife - Dulce explicou. - Foi ele quem ligou hoje à tarde, não foi? A polícia sempre suspeita de pessoas que já tiveram problemas no passado. Ele queria saber se você tinha um álibi para ontem à noite?


- Você tem assistido a filmes demais.


- Você esteve aqui a noite inteira. Posso testemunhar isso.


- Obrigado - ele ironizou. - Se alguém perguntar, vou mandar que falem com você.


Olhou para a televisão, então para Dulce, que notou que havia paixão no olhar dele, algo que a atitude ríspida não conseguia encobrir.


A notícia seguinte foi a previsão do tempo. Christopher voltou a atenção para o telejornal, e sua expressão tornou-se remota.


Após a refeição, foi para o quarto. Mais tarde, quando já estava deitada, impaciente e agitada, Dulce ouviu o assoalho acima dela ranger. Estaria Christopher observando sua fazenda, pensando no tempo em que a mãe vivia, em que ele era feliz?


Dulce tinha certeza de que ele já fora feliz, quando corria pelos campos verdes e ensolarados, cheio de juventude e vida. Mas aquilo era passado. No presente, ele parecia triste e gostava de observar a escuridão da noite, como se procurasse alguma coisa. Mas o quê?


- Esse ficou muito bom - a vendedora comentou. - O tom de azul combina com seus olhos.


Dulce olhou-se no espelho e não gostou do vestido azul, de modelo conservador.


Suspirou, movendo a cabeça negativamente.


- Acho que vou procurar mais um pouco - disse. Vestiu a calça jeans e o suéter e saiu da loja. Não encontrara nada que a satisfizesse, em Riverton, Medford ou Ashland. Estava sem sorte.


Christopher estava parado em frente à loja, olhando a vitrina.


- Vamos? - Dulce perguntou.


Ele concordou com um gesto de cabeça, virou-se e entrou na caminhonete pelo lado do motorista. Já estavam na terceira semana de janeiro, fazia dezesseis dias que ela o encontrara com o pé preso na armadilha, e ele vinha se recuperando sem problemas.


O dia seguinte seria sexta-feira, dia do Festival de Inverno da Câmara de Comércio de Riverton, e Dulce queria usar algo novo, bonito e especial.


Ela olhou para Christopher e confessou a si mesma que desejava que ele a visse com outras roupas, além de calças jeans e suéteres.


Durante o percurso, cada vez que os olhares deles se encontravam, algo acontecia dentro dela, seu coração parecia parar, então batia violentamente. Dulce comparou-se a uma adolescente com os hormônios fervilhando. Sentiu-se aquecer. Olhou para as árvores cobertas de neve, mas nem a neve conseguia acalmá-la.


Faria vinte e oito anos em abril. As vezes, tinha vontade de jogar a precaução no lixo e apenas se divertir, mas isso seria estupidez. Onde estava o bom senso que sempre a guiara?


Em frente à casa, ela e Christopher desceram da caminhonete e pegaram as sacolas com as compras do mercado, levando-as para a cozinha.


Já anoitecera, quando Christopher terminou de instalar a nova pia e o fogão. A cozinha estava pronta.


Dulce preparou sanduíches para o jantar.


- O que vai usar amanhã à noite? - indagou, enquanto comiam na mesa da cozinha.


Christopher fitou-a como se ela houvesse feito uma pergunta ofensiva. Dulce imaginou-o na cama, usando aquela camiseta que emprestara a ele, logo nos primeiros dias, então visualizou-o tomando banho. Sentiu os bicos dos seios ficarem eretos e pressionarem o casaco do pijama de flanela.


- O que vai usar? - insistiu.


- Eu não vou ao festival.


- Você tem de ir!


Dulce pretendia usar a comemoração para reintroduzi-lo na comunidade.


- É uma ordem? - Christopher perguntou.


- Não, claro que não. É que eu pensei... Bem, não importa.


Ela lutou para esconder seu desapontamento, pois jamais passara por sua mente que ele não iria.


- Não vou ficar na cidade, por isso não há motivo para eu me socializar com os cidadãos locais - Christopher argumentou. - Você, ao contrário, tem todos os motivos. Benevolência é importante, nos negócios.


Tomou um gole de chocolate quente.


- Os comerciantes podem indicar sua pensão a turistas, mas só o farão se a conhecerem e gostarem de você - continuou. - Você precisa ser sociável, eu não.


Dulce preocupava-se com Christopher, mergulhado num mundo no qual não havia ninguém que se importasse em saber se ele estava vivo ou morto.


- Para onde irá, quando for embora? - indagou. Christopher notou que os olhos azuis mostravam-se preocupados, apesar de ela tentar esconder os sentimentos.


- Não se preocupe comigo - falou.


- Não estou preocupada. Por que deveria estar?


Ele sabia que Dulce estava mentindo e comoveu-se. Queria tocá-la, acariciá-la, possuí-la. Não sabia por quanto tempo mais conseguiria manter distância entre eles.


Toda noite, deitava-se na cama e pensava no modo como ela o tratara, salvando-lhe a vida. Sem se importar com a própria segurança, ela o levara para casa, colocara-o em sua cama, dera-lhe um emprego e ficara ao lado dele, indo contra os moradores locais.


Isso incita certos sentimentos num homem, Christopher disse a si mesmo. Mas são sentimentos que não posso permitir que me afetem. Abanou a cabeça. Tinha outros planos, um trabalho a fazer, uma carreira para seguir e parte do mundo para conhecer. Ignorou a voz da própria consciência, que dizia que ele já conhecera metade do mundo e nada o impressionara.


Sentia falta de um lugar para chamar de lar, mas voltara ao Oregon para pegar os bandidos que usavam sua fazenda, limpar seu nome, depois vender a propriedade.


Terminou a refeição, pediu licença e foi para o quarto. Seria uma longa noite, como todas as outras.


Dulce ouviu o ranger do assoalho. Christopher ficava mais inquieto a cada dia. Vivia de mau humor, e sua raiva era quase palpável. Ela estava convicta de que logo ele iria embora e perguntava-se o que ainda o segurava ali. Seria o meio milhão de dólares em equipamentos que tinham sido roubados?


Seu coração recusava-se a acreditar nisso. Ela se revirou na cama, então levantou-se e puxou a cortina para ver a lua e avistou um facho de luz cortando a escuridão.


Focalizou toda a atenção naquela direção. Ficou imóvel, esperando ver outro facho. De repente, percebeu que o rangido do assoalho parara. Dez minutos passaram-se. Ela não viu mais nada de estranho lá fora. Aos poucos, relaxou e voltou para a cama. Estava quase dormindo, quando ouviu uma porta bater.


Levantou-se e correu pelo corredor, na direção da frente da casa. Olhou pela janela e avistou um vulto, que logo desapareceu atrás de uma árvore. Minutos depois, com frio, voltou para a cama. Já passava da meia-noite, quando ouviu a porta da frente abrir-se e fechar-se e depois o rangido dos degraus da escada de madeira.


Perguntou-se onde Christopher estivera, e com quem. Arrepiou-se, apreensiva. Puxou as cobertas até o pescoço, sentindo o coração bater descompassado.


Dulce levantou tarde, na manhã seguinte. Lavou-se e vestiu-se, cansada por causa da péssima noite de sono, longas horas em que mil perguntas passaram por sua cabeça.


Christopher estava sentado à mesa, tomando café, quando ela entrou na cozinha. O rosto másculo não mostrava nenhum sinal de uma noite mal dormida.


- Bom dia - ele cumprimentou.


- Bom dia.


Dulce abriu o armário, pegou uma xícara e serviu-se de café, encostando-se na pia.


- O que há? - ele indagou.


- Nada.


- Vamos, irlandesa, diga o que está passando por sua cabeça. Não gosto de olhares especulativos. Sei como as mulheres agem.


Dulce ficou irritada e pousou a xícara na pia, com força.


- E como é que os homens agem? - rebateu.


- O quê?


- O que me diz de sair de casa no meio da noite? Não pensou que podia haver alguém lá fora, um malfeitor, por exemplo, pronto para eliminar quem cruzasse seu caminho?


Christopher hesitou.


- Pensei - respondeu.


- Mas você precisou ir até sua fazenda, quando viu um facho de luz, não é?


- O que sabe sobre isso?


- Da janela de meu quarto, vi um facho de luz na direção de sua propriedade.


- Era para você fechar as cortinas, à noite - ele comentou com azedume. - Foi por isso que as pendurei.


- E fecho, mas como tive dificuldade para dormir, levantei-me e puxei um lado para ver a lua.


- O que mais você viu?


- Vi alguém entre as árvores. Com certeza era você, porque depois ouvi-o voltar para dentro.


- Nunca mais me espione - ele avisou em tom de ameaça.


Eles se encararam, furiosos, mas Dulce não se sentiu amedrontada.


- Eu não estava espionando - ela replicou. - Estava preocupada com sua segurança e, pelo jeito, sem motivo.


- Como, sem motivo?


- Talvez você não esteja em perigo. Talvez tenha ido à fazenda para se comunicar com seus contatos.


- É o que pensa?


- Não... Eu não sei... Quero saber por que saiu durante a noite.


Christopher cerrou os punhos.


- Acreditará em mim, se eu lhe contar? - perguntou com um cínico sorriso nos lábios. Ela moveu a cabeça, afirmando.


- Pura e simplesmente? - ele insistiu.


Dulce percebeu que ele não confiava nela, mas por que deveria, se as pessoas que o viram crescer foram as primeiras a magoá-lo com suas desconfianças?


- Pura e simplesmente - respondeu, sorrindo. - Acho que foi investigar quem estava em sua propriedade. Estou certa?


- Acha que eu admitiria que fui à fazenda com outro propósito, como, por exemplo, reclamar minha parte do meio milhão de dólares?


Dulce indagou-se se não estava sendo a maior idiota do mundo, mas na verdade aceitaria qualquer resposta que Christopher desse, pois não acreditava que ele fosse capaz de mentir.


- Olhei sua alma e sei que ela é boa - disse. Palavras inadequadas, porém foram as melhores que encontrou.


Christopher moveu a cabeça negativamente.


- Irlandesa, ou você é a mulher mais inteligente do mundo, ou a mais burra - declarou.


- Obrigada - ela agradeceu com cinismo, percebendo que ele não ia responder por que saíra de casa no meio da noite. - Quer panquecas, para o café da manhã, ou prefere ovos mexidos?


- Panquecas.


Dulce refletiu que ele devia ter forçado muito o pé ferido, caminhando pela neve para chegar a sua fazenda. Sentiu um calafrio. Homens que roubavam meio milhão de dólares podiam atirar em qualquer intruso, e Christopher, querendo defender sua propriedade, poderia ter morrido.


Refletiu que ele devia ter voltado, depois de tantos anos, por saber que sua fazenda estava sendo usada por criminosos, a quem pretendia desmascarar, pois certamente não desejava ter seu nome ligado a um bando de ladrões outra vez.


Indo contra a opinião popular e ficando ao lado de Christopher, ela estava sendo a única pessoa sensata, capaz de ver a honestidade dele, ou estava sendo a única imbecil que acreditava em suas mentiras?


Sensata ou imbecil, só as atitudes de Christopher diriam. Mas ele podia se ferir, e até morrer, enfrentando os bandidos. Ou ser acusado novamente de fazer parte de uma quadrilha. Se os investigadores encontrassem mercadorias roubadas na fazenda, ele estaria numa encrenca séria.


Claro que Dulce testemunharia a favor da honestidade de Christopher e diria que ele ficara em sua casa, saindo só com ela, a não ser na noite em que vira um facho de luz em sua fazenda.


Recordou que, na primeira vez em que o vira, comentara consigo mesma que Christopher parecia um homem que tinha uma missão a cumprir. E tudo levava a crer que era isso mesmo.


Quando ele voltou à cozinha, trazendo a caixa de ferramentas, ela decidira esperar para ver o que aconteceria.


- Vou consertar um dos móveis que estão no porão - Christopher informou. - Quais são seus planos para hoje?


- Quero começar a pintar a sala de estar.


- Irei ajudá-la, assim que acabar o conserto do móvel.


- Tudo bem - respondeu Dulce, dirigindo-lhe um sorriso incerto.



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Autor(a): theangelanni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 220



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  • anne_mx Postado em 19/02/2022 - 03:43:40

    Gente, que história PERFEITA! Eu fiquei apaixonada <3

  • stellabarcelos Postado em 01/12/2015 - 23:28:36

    Amei muito!! Muito lindos!

  • anevondy Postado em 28/09/2012 - 04:33:48

    Lindo d+!!!

  • anevondy Postado em 28/09/2012 - 04:33:48

    Lindo d+!!!

  • anevondy Postado em 28/09/2012 - 04:33:47

    Lindo d+!!!

  • anevondy Postado em 28/09/2012 - 04:33:47

    Lindo d+!!!

  • anevondy Postado em 28/09/2012 - 04:33:47

    Lindo d+!!!

  • dullinylarebeldevondy Postado em 04/04/2009 - 15:03:40

    Vc bem q podia escrever outra web adpatad!
    amo de paixão web's assim!
    kisses!

  • natyvondy Postado em 21/03/2009 - 16:36:02

    Lindo!!!!!!AMEI!!!!!!!!!! (2)
    muitoOoOoOoOoOoOOoOoOOo MARAVILHOSA A WEB!!!
    a história me encantou!!!
    DyU forever!!!
    bjix da naty

  • natyvondy Postado em 21/03/2009 - 16:36:02

    Lindo!!!!!!AMEI!!!!!!!!!! (2)
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    a história me encantou!!!
    DyU forever!!!
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