Fanfics Brasil - Fireflies Do You Believe in Faries?

Fanfic: Do You Believe in Faries? | Tema: B.A.P


Capítulo: Fireflies



Ninguém estava muito satisfeito com aquele momento. Nem eu, nem Jongup, nem Zelo. Mas estávamos lá, certo? Youngjae e Daehyun riam na cozinha. Bem, eles não eram obrigados a compartilhar o constrangimento conosco, mas mesmo assim trocaram olhares e nos observaram encostados no vão da porta. Himchan havia decidido entrar na roda e eu não sabia se isso era bom ou não. Jongup me olhava com uma expressão confusa enquanto o mais novo de nós soprava a própria franja em demonstração descarada de tédio.
Não sei quando decidi convocar aquela reunião improvisada, mas a verdade é que já passara do tempo de termos a conversa. Me comprometi com os pais de meus dongsaengs e prometi para mim mesmo: eu iria cuidar deles. Isso incluía os momentos desagradáveis.
Finalmente os membros remanescentes decidiram que vergonha em família era a coisa mais bonita do mundo e todos sentaram junto conosco. Formamos uma roda no chão da sala, Himme ao meu lado, Daehyun do outro, Youngjae ao lado de Dae e nossos dois membros mais novos do outro lado, meio que de frente para nós porque, afinal de contas, o papo reto ali era para eles.
- Quando um homem e uma mulher se conhecem, bem... eles podem se gostar... vocês podem sentir coisas diferentes - senti minhas bochechas ficarem vermelhas. Jongup levantou a cabeça de um modo confuso e Zelo afastou a franja para longe dos olhos, puxando os pés mais para perto do corpo, fazendo aquela pose fofa de "sapinho". Agora eu tinha conseguido a atenção deles.
- Você podem se sentir diferentes em muitos aspectos, mas precisam ser cautelosos com isso ou as consequência poderam ser desastrosas e irreversíveis - Zelo virou o rosto de modo estranho e Youngjae deu uma risada por trás do ombro de Daehyun. Aqueles idiotas só tinham vindo atrapalhar.
- Acho que não está dando certo, hyung - Himchan coçou a cabeça e bateu no meu ombro.
- Você poderia me ajudar, sabe? - lancei-lhe um olhar severo, tentando por tudo que alguém me levasse a sério ali.
Ele bufou, batendo as mãos nas próprias pernas e olhando os garotos de modo paternal.
- Olha, é o seguinte: vai doer.
Meti um tapa na nuca de Himchan, do tipo que ele merecia, daqueles que ele nunca iria esquecer. Daehyun se contorcia de tanto rir e Youngjae devia estar morto em algum lugar da cozinha, pois saíra correndo para tomar um copo de água - sim, ele tinha engasgado. Pelo amor de Deus, o que eu tinha feito de errado na criação daqueles garotos? Um ano jogado fora. Puxei Himchan pelo braço e sussurrei.
- Que história é essa de "vai doer", idiota?
Ele me olhou de modo impaciente e irônico e disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Ué, comigo doeu.
- Porque você é gay!
Bom, essa era a realidade de além de ter um amigo gay, ainda era passivo daqueles que grita por mais. Essa era a desvantagem de conhecer Himchan há tantos anos - e dividir um um apartamento com ele na época de ensino médio. Momentos traumatizantes do quais eu jamais gostaria de lembrar. Minhas ex-namoradas que o digam. As coitadas ouviram de tudo.
- Talvez eles sejam gays - Himchan falou na maior cara lavada, então o puxei pela orelha até a cozinha.
- Eles não são gays! Eles são crianças temporariamente assexuadas!
Ele deu uma gargalhada cavernosa junto com Youngjae, o coelho bochechudo maldito que assistia tudo sentado na pia da cozinha, entornando uma garrafinha de água com cara de quem estava tomando cachaça.
- Zelo tem dezesseis anos, o Up fez dezoito semana passada. Você acha que nenhum deles viu um pornô ou mesmo se atracou com alguém por aí? O que você tem na cabeça, Bang Yongguk?
Bom, você pode me achar bobo, mas eu preferia fechar os olhos para esse tipo de coisa. Porque todos ali - provavelmente excluindo Himchan que era como um irmão - eram tratados como filhos por mim. Cada um deles era uma criança para mim, incluindo Youngjae e Daehyun que não eram mais tão jovens assim. Zelo saiu de casa tão cedo que eu me sentia na responsabilidade de substituir seu pai e Jongup sempre se preocupara tanto com estudos que eu queria lhe dar a inocência da juventude que ele não tivera tempo de aproveitar. Eu era um idiota, não era?
Jongup e Zelo queriam ver o que estava acontecendo na cozinha, mas Daehyun tentou distraí-los e Youngjae mobilizou-se para ajudar. Agradeci mentalmente aos dois.Himchan epgou-me pelos ombros, sacudindo-me de leve e me fitando com o os olhinhos de gato.
- Eles são dois adolescentes e talvez até manjem de umas putarias. Aceite isso!
Dei um suspiro ultrajado e tirei as mãos de Himchan dos meus ombros, desviando os olhos dos seus, até porque fixar olhar naquelas bolinhas negras podia ser muito perigoso. Himme e seu maldito poder de persuasão. Ele sorriu, sabendo que tinha me convencido a elevar o nível da conversa. Voltei a sala, onde os garotos se dividiam entre os sofás, assistindo um filme da Tinker Bell (sério, Tinker Bell tem uma trilogia de filmes) na TV. Meu Deus, que bando de machos eu criei.
No sofá central, Jong Up e Zelo deram um espaço e sentei entre eles. Por incrível que pareça, a TV logo foi desligada e toda a atenção se voltou para mim. Pigarrei e engoli seco enquanto os cinco olhares se direcionavam para meu rosto corada. Porra, eu tinha 22 anos, por que era tão difícil de falar de algo tão simples com caras?
- Garotos, não sou muito bom nisso, mas gostaria que vocês me levassem a sério agora. - pus as mãos sobre os ombros dos mais novos e comecei - Sexo é algo mais sério do que parece, algo que não se mensura vendo um filme pornô ou com masturbação - eu estava realmente tendo o mínimo de pudor possível.
- Pode ser um momento incrível e viciante no qual nos sentimos únicos e incríveis, mas também pode machucar de verdade. E eu não estou falando só fisicamente, porque disso podemos nos curar, mas me refiro a sentimentos. Como homens, às vezes temos dificuldades de lidar com o que outras pessoas sentem. Acreditem, garotas podem ser sensíveis.
- E alguns garotos também - Himchan completou.
- Não importa a opção sexual, sempre há riscos. Certifiquem-se de estar preparados quando acontecer. Não se apressem, não magoem ninguém e isso inclui vocês mesmos - enquanto dizia isso, dei um empurrão no ombro dos dois.
- E usem camisinha - Himchan completou.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, Zelo e Jong Up piscaram algumas vezes e assentiram, me deixando aliviado ao saber que tinham entendido algo. Himchan sorriu ao fim de tudo, orgulhoso de nossa performance de educadores sexuais.
- Ai cara, tô emocionado - Daehyun levantou do sofá - Vou lembrar disso da próxima vez que transar.
Youngjae riu e o acompanhou até a cozinha.
- Como se você transasse.
Os mais novos continuaram calados, processando toda a informação - ou morrendo de vergonha alheia -, creio eu. Zelo pôs as pernas em cima do sofá e puxou o controle da TV do canto do sofá, religando o filme da Tinker Bell. Ao que parecia, era uma maratona. Já estava em Tinker Bell: O Segredo das Fadas. Lá da cozinha, os garotos anunciaram ter achado um pizza quase inteiro que havia sobrado do aniversário de Jong Up, cinco dias atrás. Corremos para comer. Zelo não se mexeu.
Up parecia tranquilo e satisfeito com a conversa, referindo-se ao momento como "um marco na entrada na vida adulta". Ok, adulto. Nos divertimos com isso. Os esforços ultimamente estavam muito voltados para um objetivo: deixar Jong Up menos tenso. Dali a dois dias, sairiam os resultados de sua entrada - ou não - na Universidade de Seul.
Era o objetivo dele desde que chegara na nossa República. Ah, sim, isso que você está vendo é um República. Três quartos, sala, cozinha, área de serviço e varanda. Uma das poucas repúblicas mistas do bairro. Não mista no sentido de garotos e garotas, mas de estudantes do ensino médio e universidade. Éramos os caras que não encontraram outro lugar para ficar. Havia cerca de um ano e meio, eu e Himchan tínhamos desenterrado aquela cova para sair do apartamento aperto no subúrbio. Até que transformamos o lugar num antro de decência no mínimo habitável.
- Cadê o Zelo? - Daehyun perguntou, enfiando um pedaço inteiro de pizza embolorada na boca.
- Em transe - respondi e todos assentiram, afinal, ele fazia aquilo sempre.
Himchan cutucou nosso jantar com certo nojo, resmungando algo sobre a calabresa estar verde. Ninguém ligou muito para isso, nem mesmo quando percebemos que o queijo estava mais amarelado que o normal. Acho que aquela pizza tinha dormido fora da geladeira por uns dois dias. De qualquer forma, todos comeram até ficar satisfeitos, afinal, tinha sobrado mais do que lembrávamos - e era um milagre que Daehyun não tivesse devorado tudo.


Ao fim da noite, todos foram dormir enquanto me responsabilizei pela louça. Quando finalmente deixei a cozinha, poderia facilmente ter passado direto pela sala, não fosse a TV ligada no último filme da maratona da Tinker Bell. Um tufo de cabelos loiros fazia contraste ao sofá negro. Ok, tinha um corpo debaixo de todas aquelas almofadas.
Sentei no braço do sofá. Na TV, Peter Pan chegava quase ao fim, Os meninos perdidos estavam no navio do Capitão Gancho e Peter chorava na casa da árvore com uma Sininho morta em suas mãos. Meu Deus, eu já tinha visto aquele filme. Todos os personagens começavam a gritar a mesma frase boba. Zelo respirava devagar e compassadamente, imerso em sono. Peguei-o nos braços. Meu Deus, como aquele garoto precisava parar de crescer.
Quando empurrei a porta com a quadril, o garoto acordou e ao tentar jogá-lo na cama, acabei caindo junto com ele, que se agarrou no meu pescoço, levando-me para perto de si. Começamos a rir enquanto eu o empurrava e ele me puxava.
- Me solta, JunHong! - ele finalmente me soltou e dei alguns passos para trás.
Zelo se encolheu na cama e resmungou:
- Odeio quando você me chama assim, Bang.
- Mas é seu nome.
Ele sentou na cama.
- Meu nome é Zelo.
Dei de ombros, dando boa noite e dei-lhe as costas, mas sua voz anasalada e baixinha ecoou pelo quarto.
- Obrigado por hoje, Bang. Aquela coisa de conversa e tudo mais. Ninguém nunca fez isso por mim.
Voltei para perto dele, vendo-o juntar as pernas ao corpo, apoiando o queixo nos joelhos, mania antiga do maknae.
- Eu fui o único que teve a chance, Jello - chamei-o de modo carinhoso e ele sorriu -, mas talvez seu pai também tivesse gostado de falar sobre isso com você.
Seu olhar levantou-se até mim.
- Não, acho que não teria. Nunca nos demos muito bem. É sério, hyung, obrigado por tudo. Não só por hoje, por tudo.
Os olhos do garoto - maior que eu, mas isso não é necessário comentar - estavam marejados. Sentei na cama, pondo as costas na parede fria. Ele pôs seus rosto entre as mãos deixando o cabelo loiro cair sobre os dedos finos. Rapidamente, vi algumas poucas gotas caírem em seu colo. Doía em mim quando ele chorava, não importava quantas vezes aquilo se repetisse, não importava quantas vezes conversássemos sobre o pai dele. Algumas pessoas não entendiam meu cuidado com Zelo, mas ninguém sabia o que só ele me contava. Segurei suas mãos, observando seu rosto angelical encharcado de lágrimas, como da primeira vez que o vi.
- Um filho não agradece a um pai por ser um pai.
Beijei sua testa e levantei. Ele deitou-se na cama enquanto eu saía, pondo os braços embaixo do travesseiro para aquecê-los como sempre fazia. Ouvi os roncos de Himchan assim que entrei no quarto. A frase do filme ainda estava na minha cabeça.



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Autor(a): icedragon

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