Fanfic: O Circulo de Sangue | Tema: Magia,mistérios
Aqui estou eu, Anabeth Louise Stwart, com a cabeça encostada na janela da velha caminhonete de meu pai, assistindo a estrada passar e as memórias ruins ficando para trás. Meu pai Carl, está dirigindo calmamente enquanto uma música country toca na rádio. Estamos indo de mudança para São Francisco, onde meu pai e minha mãe nasceram e passaram sua infância e adolescência. Antes de se mudarem para Sacramento, onde morávamos. Mudanças nunca são fáceis, especialmente essa. Há apenas dois meses minha mãe Marie, faleceu em um trágico acidente de carro. Nós ainda estamos tentando superar. Deixando para trás a parte que dói e levando conosco apenas as boas memórias. É assim teoricamente, mas, meu pai e eu sabemos que na prática a dor e a falta que ela faz irá nos seguir para todos os lugares.
Minha mãe tinha luz própria, era o tipo de pessoa que conseguia trazer luz até mesmo aos dias mais sombrios. Não existe no mundo, nenhum ser, que eu consiga definir como tão gracioso quanto ela. Seus olhos azuis e seus cabelos loiros e rebeldes foram a mais marcante herança que ela deixou para mim. Pergunto-me o quão difícil deve ser para meu pai, enxergar em mim esses traços de minha mãe. Bem, é claro que, apenas fisicamente.
Não tenho nenhum outro ponto positivo, muito magra e atrapalhada, fui vítima de muitas piadas e apelidos no colegial. Lembro-me de correr para minha mãe quando eu tinha problemas e ela sempre tinha uma palavra de conforto. Oh mamãe. Nunca tive amigos, sempre mergulhada de cabeça em meus livros, não sentia falta de estar em contato com as pessoas. Sinto-me aliviada por meus dias como colegial terem terminado, porém, insegura também. Como tenho dezenove anos, devo começar a pensar em trabalho e talvez faculdade. Mais pessoas...
– Annie, nós já estamos quase chegando. – Meus pensamentos são interrompidos por meu pai.
– Ah, sim, – Suspiro profundamente, – quanto tempo falta, exatamente? – me abraço, ainda olhando para a estrada.
– Uns quinze minutos, – Ele sorri fracamente. – talvez devêssemos parar para comer. – Aceno que sim com a cabeça.
Paramos em uma pequena lanchonete de nome Flinb`s. Assim que entramos noto a felicidade no sorriso de uma mulher que está atrás do balcão. Ela caminha até nós graciosamente. É uma mulher bonita, morena e magra. Seus cabelos são negros e amarrados em um rabo-de-cavalo, usa uma bermuda jeans e uma camiseta branca, combinados com um avental verde.
– Carl! Nossa! Essa é Anabeth? Céus, como ela cresceu. – Ela parece empolgada, lhe lanço meu melhor olhar confuso, sem entender.
– Annie, essa é Laura. Era amiga de sua mãe. – Ele sorri voltando seu olhar para mim.
– Prazer, é bom conhecer alguém aqui.– Eu sorrio e estendo minha mão em cumprimento, ela prontamente a aperta. – Talvez alguma hora possa me contar sobre a adolescência de minha mãe. Se não se importar, é claro. – Sou movida pro minha constante curiosidade.
– Sim! Sem problemas! – Ela gesticula com a mão, parecendo bastante animada. – Tenho uma filha de sua idade, Lucy. Oh, vocês vão se dar tão bem! – Ótimo, agora tenho que andar com a filha dela.– Não esboço nenhuma reação, apenas continuo sorrindo.
Após uma rápida refeição, saímos de lá para eu poder conhecer minha nova casa. Meu pai dirigiu por mais, aproximadamente, meia hora até chegar em um lugar com várias e adoráveis casinhas. Bom, pequenas também. O que me chamou bastante atenção foi uma mansão que ficava logo a frente daquela fileira de casas engraçadas. O lugar possuía um grande portão de ferro, com arabescos. Era uma casa antiga, porém muito bem cuidada. Apesar de pouco se ver da fachada do local, pois na frente haviam longas e aparentemente antigas árvores atrapalhando a visão. – Fico ali, encarando aquela encantadora e misteriosa mansão, sem entender no entanto, o porquê de me sentir tão atraída por ela.
– Pai, quem mora naquele lugar? – Aponto discretamente para frente.
– Não sei querida, mas em nenhuma das vezes que estive aqui, vi alguém nesta casa. Talvez ninguém more. – Me sinto um pouco desanimada. Como um lugar tão lindo como aquele, poderia não ser habitado? – Caminhamos até uma das casas. Nosso novo lar. Ela é pequena, parece uma
daquelas casinhas de filmes antigos, com um telhado cor de barro e uma pintura lilás, com cerquinhas brancas ao redor.
Assim que desfaço as malas, me jogo em minha cama de molas. Observo o local onde estou, um quarto pequeno e aconchegante, com seu próprio banheiro. – Sorrio vitoriosa. – Caminho até a janela que fica de frente para aquela misteriosa mansão. Olhando através das cortinas gastas eu fico ali, perdida em minha imaginação de como seria aquele lugar. Minhas heroínas literárias provavelmente arranjariam um jeito de satisfazer sua curiosidade, mas eu não tenho tanta coragem assim. Continuo parada, sem piscar. Até que algo me assusta. Merda. Uma luz se acende em uma das janelas da frente do lugar, interrompendo meus devaneios. A janela se abre lentamente e de repente vejo uma silhueta.Uma pessoa, não consigo identificar se é um homem ou uma mulher. Ela está parada, até que de repente, acena. – Coro e rapidamente corro para longe da janela. Seria possível a pessoa ter me visto encarando? Não, não estamos tão perto e eu estava atrás da cortina.– Repito mentalmente enquanto absorvo o que acabou de acontecer.
Pela manhã um cheiro de jasmim invade meu quarto. Os raios de sol ainda tímidos, atravessam minha cortina rosa, tocando levemente meu rosto. Uma sensação estranha me atinge... Felicidade talvez? Abro meus olhos com dificuldade, absorvendo a luz do sol e recuperando minha visão lentamente. Levanto-me em um pulo e ando vagarosamente até o banheiro. Encaro-me no espelho por alguns instantes, estou um desastre. Penteio meus cabelos loiros e uso blush para dar cor ao meu rosto. Volto ao meu quarto e troco de roupas. Tiro meu pijama e visto um vestido azul rendado, uma sapatilha e uma correntinha com uma estrela. Minha mãe havia me dado aquela corrente a algum tempo atrás, junto com um cartão “Para minha pequena Annie. Que ela nunca se esqueça que as estrelas brilham para ela.” Desço as escadas rapidamente e vou em direção a cozinha. Consigo sentir o cheiro de bacon e ovos sendo fritos lá. Meu estômago da voltas, estou faminta sem duvidas. Meu pai sorri para mim e eu retribuo enquanto me sento na mesa, inalando aquele cheiro dos Deuses.
– Talvez eu pudesse dar uma volta pelas redondezas depois... – Murmuro degustando meu café da manhã.
– Se quiser, – Ele da um longo gole em seu suco de laranja. – ou pode ir para cidade comigo, se preferir. Tenho alguns negócios para resolver na cidade. – Meu pai é um requisitado advogado. As vezes me esqueço disso.
– Acho que prefiro ficar por aqui mesmo. – Sorrio para ele fracamente e ele retribui.
Caminho lentamente em frente as casas de minha vizinhança. As pessoas sorriem e acenam, todas estranhamente felizes, e... Iguais. Tudo tão parecido. Olho para o céu por alguns instantes me perguntando se estou presa em um filme, como o show de Truman. – Um sorriso brota em meus lábios. – Faço meu caminho de volta, voltando meu olhar para o outro lado da rua dessa vez. Tudo igual, exceto pela mansão misteriosa. Me sinto um pouco apreensiva quando me aproximo, ao me lembrar da noite passada. Da imagem na janela, acenando para mim. Teria sido aquilo, um sonho? Atravesso a rua e vou em direção ao portão, os muros são altos e as folhas das árvores caem lentamente. De repente, estou eu, cara a cara com aquele encantador lugar. As janelas estão fechadas, tudo está tão silencioso. Como se realmente ninguém morasse ali. Uma estranha brisa me envolve, trazendo a mim uma estranha sensação. Algo familiar, algo como se… eu estivesse exatamente onde eu deveria. – Respiro profundamente, quando vejo alguém da janela. Dou um pulo para trás. Quem seria aquela pessoa? Antes de pensar em correr para casa, escuto o barulho da fechadura da grande porta do lugar, sendo destrancada. – Pisco fortemente.– Uma pessoa sai da casa. Estou olhando para uma mulher. Ela não parece muito mais velha do que eu mas, é tão bonita. Ruiva, seus cabelos cor de fogo vão até sua cintura e ela está usando um vestido preto muito elegante. Parece até uma daquelas modelos de revistas de moda. Perfeita. O rosto parece uma pintura, feita por Da Vinci ou outro dos grandes. Ela sorri para mim.
– Vai ficar aí encarando? Talvez queira entrar, – Ela indaga com uma voz doce.– temos panquecas, acho... – Eu continuo parada e atônita. – Garota?
– Oh, oi. Sinto muito por encarar. Sua casa é tão bela que é quase... bom, ela é charmosa. – Atraente. Essa é a palavra que me faltou.
– Sim ela é. – Diz olhando ao redor com orgulho. – Bom, mas a casa não é minha, é do mest...– Ela para. Pergunto-me mentalmente o que ela pretendia dizer. – É de um bom amigo. Por dentro é bem mais bonita, gostaria de conhecer?
– Não quero incomodar. – Por que diabos, eu sinto que não deveria aceitar o convite? Ela parece tão gentil.
– Não vai ser incomodo nenhum. – Sendo assim concordo balançando a cabeça.
– Entre, – Ela acena com as mãos, me chamando. – aproposito, me chamo Pamella.
Atravesso os enormes portões de ferro e logo estou ao lado daquela mulher. Pamella. Ela abre a porta e o mistério está revelado. O lugar é muito mais belo por dentro do que por fora, todas as minhas expectativas de como seria foram esmagadas. É muito melhor. Há um salão a minha frente com janelas altas no final, a decoração do lugar é antiga e magnífica. Do lado direito e esquerdo das janelas ficam duas escadas, cada uma dando acesso a um corredor diferente. Volto meus olhares novamente para a janela e observo um piano posicionado ao abrigo da luz do sol. O lugar parece cenário de um filme antigo.
– Minha nossa... – As palavras parecem pouco para descrever.
– Eu sei. – Ela sorri.– Ana, você se importa de ficar um pouco sozinha? – Sou recolhida rapidamente de meus pensamentos sobre a casa. Como ela sabe meu nome? Não me lembro de ter dito, será que eu disse? Oh, talvez eu tenha. – Ela demora a voltar e eu começo a me mover curiosa pelo lugar. Caminho até o piano e em um impulso o abro e me sento. Passo meus dedos sob as teclas, absorvendo as notas. Eu não sei tocar mas, esse sempre foi um de meus instrumentos favoritos.
– A imagem é adorável. O som, nem tanto. – Escuto uma voz masculina perto de mim, seu sotaque é diferente, talvez inglês. Volto meu olhar para a figura. Uma onda elétrica atravessa o meu corpo e meu coração acelera. É um homem muito bonito, aparenta não ter menos de vinte e cinco anos. Belo como nenhum outro que eu já tenha visto, nem mesmo na televisão, possuía cabelos negros até seu queixo. Uma barba cerrada e olhos azuis vívidos. Pamella está ao seu lado divertida com suas palavras, os dois parecem até parte de uma mesma pintura.
– Ana! – Ela me chama.
Após um, eu diria longo, tempo estou de volta a mim. Estamos os três na copa da cozinha, tomando café com panquecas. Apesar de não estar com fome devido ao café da manhã caprichado de meu pai, resolvi não recusar. Eu encaro o homem misterioso a minha frente. A essa altura as presentações já aconteceram e sei que seu nome é Aaron. Aaron Northman . Um nome diferente, sem duvidas.
– Estão juntos a muito tempo? – Tiro conclusões com base na proximidade dos dois, afinal, ela é uma mulher jovem e bonita e ele igualmente jovem e belo. Parte de mim rejeita essa pergunta. Por que, afinal?
– Sim, algum tempo. – Ele diz secamente tomando seu café.
– Como amigos apenas. – Pamella diz após uma breve análise de minha expressão.
– Oh sim, amigos. Com certeza só isso. – Aaron volta seu olhar para mim. – Cá entre nós, ela é insuportável. – Ele ri. Oh, minha nossa. Rindo ele é ainda mais adorável.
– Anabeth, sua mãe... – Pamella tenta falar algo... Sobre minha mãe? Porém é interrompida por Aaron.
– Não! – Sua expressão de repente é ilegível e sombria. Ela engole seco e volta a comer panqueca.
– O que quer saber Pamella? – Não sei exatamente o que foi isso mas, não posso deixar uma mulher ser oprimida desse jeito na minha frente sem fazer nada a respeito.
– Ela não quer saber nada. – Seus olhos agora estão junto aos meus. Sinto-me fraca e pequena perante a ele mas, não fisicamente o que é obvio que sou .Não sei explicar. Que tipo de sentimento é esse? Eu quero falar, dizer a ele para não falar por ela! O que está acontecendo?
– É melhor eu voltar para casa. – Me levanto rapidamente. – Muito obrigada, o café estava ótimo e a casa de vocês é linda.
– Você volta, certo Ana? – A voz de Pamella me parece uma suplica. Eu a encaro com meu melhor olhar de “ Você precisa de ajuda?” – Podemos fazer compras juntas na próxima semana? – Aceno que sim com a cabeça.
– Vocês garotas que se entendam. Ana, foi ótimo conhecê-la e espero que volte para nos visitar. – Após beijar minha mão como um lord, ele passa por mim rapidamente, deixando apenas seu perfume cítrico no ar. Antes de sair da casa vejo Pamella na porta acenando com um sorriso no rosto. Talvez minha impressão tenha sido errada. Talvez esteja tudo certo por lá. Talvez...
Foi uma manhã bem agitada, subo as escadas sem suportar comer mais nada. Dois cafés da manhã já foram o suficiente por um dia. Sento-me na cama e olho para o teto fixamente. No forro antigo existem várias estrelas desenhadas. Minha mãe morou nessa casa antes de mim, infelizmente eu não conheci meus avós, eles morreram cedo. Primeiro meu avô quando minha mãe tinha apenas dez anos, e depois minha avó pouco após meu nascimento. É engraçado pensar que minha mãe pode ter estado do mesmo jeito que eu, perdida. Sentada do mesmo jeito e olhando as mesmas estrelas. Acho que isso me deixa mais próxima dela. É um sentimento muito bom.
Estou sentada quando de repente escuto uma voz me chamar, é fraca mas, eu sei que é de minha mãe. Desço as escadas correndo e a procuro pelos cômodos. Não há nada. Me sinto amedrontada, e perdida. Não há nada... “Mãe!” – Eu tento gritar mas, minha voz não sai.– Fico agoniada, abro a porta e saio correndo para rua, não há nada. Uma neblina densa se forma ao meu redor. Não enxergo quase nada, apenas um portão. Corro até ele e o atravesso, do outro lado estão Aaron e minha mãe. Sentados em um balanço. Mamãe parece mais nova, com dezesseis ou dezessete anos. Aproximo-me e consigo escutar algo. – “Vou deixá-lo” – Ela pronuncia para Aaron. – “ Você não pode simplesmente nos abandonar, não é assim que as coisas funcionam.” – Ele vocífera se levantando subitamente do balanço. – “Eu estou apaixonada, não posso deixar Carl no meio disso. Não posso”. – O que é isso? Minha mãe chora, tentando arduamente convencer Aaron a deixá-la ir. – “Nós temos um laço inquebrável Marie, não há nada que eu possa fazer.”– Ele passa a mão por seus cabelos, encarando o nada.
–“ Eu devo ir.” – Puxando a mão de Aaron minha mãe a coloca no lugar onde fica seu coração. – “ Você tem que me deixar ir mestre.” – Mestre? O que é isso? Mamãe! Tudo começa a girar a minha volta e sou levada para outro lugar, estou em um hospital. Novamente vejo minha mãe, um pouco mais velha dessa vez. Ela segura um bebê. Sou eu! Não estamos sozinhas, um homem com um chapéu e um terno alinhado está lá. É Aaron! – “Vai cuidar dela, não vai?” – Ela questiona olhando para o bebê docemente. – “Se ela vier até mim, ela será minha. Você sabe não é Marie?” – Minha mãe concorda ainda me olhando. – “Prometa para mim que se ela não for, você vai deixá-la em paz.” – Os olhos de Aaron escurecem, dessa vez quem parece perdido é ele. – “Prometa!”
– “ Eu prometo”. – Sua voz é quase um sussurro. Tudo começa a se pagar, eu estou sozinha. Não há nada.
– MAMÃE! – Abro meus olhos e pisco fortemente. Olho á minha volta assustada, estou em meu quarto. Foi só um sonho, só um sonho.
Autor(a): anotherjuliet
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).