Fanfic: Es todo sobre el dinero ~AyA [adp-finalizada] | Tema: Ponny

Sentia a água quente escorrendo por meu corpo, relaxando todos meus músculos tensionados; pena que a sensação de relaxamento e conforto não durou muito.
- Any! – Dulce gritou abrindo a porta do banheiro e entrando, não pude deixar de pular com o susto.
- Não sabe bater? – perguntei.
- Eu bati, você que não me respondeu. – ela respondeu, pude perceber um sorriso em sua voz. – Anda logo ai criatura, você tem visita.
- Desde quando você é visita? – perguntei, passando a mão por meu rosto.
- E quem disse que estou falando de mim? – ela respondeu com outra pergunta e saiu do banheiro.
Suspirei e desliguei o chuveiro, muito a contra gosto, diga-se de passagem, sai do box e me enxuguei rapidamente, enrolei a toalha em meu cabelo molhado e vesti a roupa que havia escolhido – um vestido que ia até o joelho verde claro, mais a minha rasteirinha branca. Enquanto me vestia percebi que Maite era minha visita, afinal Pollito me contou que Dulce havia falado dele para a atriz, e que ela estava interessada. Fiz uma maquiagem leve, afinal eu não iria parecer doente na frente da Maite, mesmo estando doente. Desenrolei meu cabelo da toalha e o penteei com os dedos mesmo, eles ficariam bonitos de qualquer jeito. Abri a porta e sai.
- Pronto criatura apressa... – a palavra morreu em minha boca, já que não eram os olhos castanhos e brilhantes de Dulce que me olhavam, eram outros olhos, olhos verdes. Olhos mais claros, de um verde vibrante, eram olhos tristes e com um toque de saudade. Um bolo se formou em minha garganta.
Não falamos nada, apesar de o contato visual não ser quebrado em nenhum momento. Por minha visão periférica, e por causa da ausência de outros sons também, percebi que estávamos sozinhos, ótimo!
- Então, você está aqui. – eu disse, e me arrependi logo depois. Eu podia ter dito algo mais interessante do que aquilo.
- Estou. – ele disse, sua voz era rouca.
Quebrei o contato visual e fui para a janela do quarto, pude perceber a forma de Dulce logo adiante no jardim, junto com Maite e Pollito.
- O que está fazendo aqui? – perguntei ainda de costas para ele.
- Queria te ver.
- Pra que? – perguntei me virando para ele. – Para dizer tudo o que não disse quando terminamos? Ou para ter a certeza de que eu estou mal e prestes a morrer?
- Dulce disse que você está se recuperando.
- O relatório que ela tem é de uma semana atrás, quando ela ainda estava aqui. – menti para ele, Dulce sabia de todos os relatórios, ela ficava ligando a cada meia hora.
- Any, eu...
- Esquece Alfonso. – eu disse – Ou melhor, não esqueça, fale tudo o que tem para falar.
- Eu não tenho nada para falar. – ele disse, dei uma risada sarcástica.
- Por favor, Alfonso. Eu não sou idiota. – ele me olhou. – Como você não tem nada para me falar? Eu falei um monte de coisa para você, disse que nunca te amei e que fiquei com você só pelo seu dinheiro. Quer que eu acredite que você ficou todo esse tempo sem ter nada para falar? Nada, Alfonso? Eu te conheço há três anos, você sempre tem algo para falar.
- O que quer que eu diga? – ele disse controlando-se para não gritar. – Que doeu ouvir você dizendo tudo aquilo? Não acho que eu precise, você já sabe disso. Que fiquei com raiva de você ao descobrir que você era uma interesseira? Você também sabe disso. Que fiquei com remorso por ter pensando em tudo isso quando li sua carta? Você pode deduzir isso sozinha, já que me conhece há três anos. – ele parou por um momento. – Mas percebe a diferença aqui?
- Que diferença? – perguntei.
- Você me conhece tão bem, posso até dizer que você me conhece melhor que eu mesmo. Mas eu não te conheço Anahí.
- Claro que conhece.
- Conheço? – ele rebateu – Acha que se eu te conhecesse, eu ficaria com você? Se eu te conhecesse, nosso namoro não duraria nem um ano, não sabendo que você era uma interesseira.
As palavras dele doíam, as lágrimas vinham a todo o momento para meus olhos, eu não as derramaria, era à hora dele falar tudo o que havia guardado por todo esse tempo.
- Anahí, você tem noção do que me fez passar? De como eu me senti ouvindo você dizer tudo aquilo? E depois quer que eu te entenda com uma carta? E ainda me pergunta o que eu vim fazer aqui? – ele começou a andar de um lado para o outro. – Eu não vim ver se você estava para morrer, eu sei que o boletim da Dulce não é da semana passada, conversei com ela ontem. Eu vim aqui porque eu precisava responder sua carta pessoalmente. Eu precisava dizer olhando para você que está tudo bem, e que eu entendi seu lado e sua situação.
- Você o que? – não pude deixar de perguntar, minha voz saiu rouca e ele parou de andar.
- Isso não importa mais, já que, aparentemente, você nem estava sendo sincera quando escreveu aquilo não é? – ele me olhou. – Fala a verdade Anahí, você só escreveu aquela carta por escrever, afinal olhe para você, está ótima. E esse lugar? Poderia muito bem ser um resort ou qualquer coisa parecida.
- Está dizendo que eu menti para você?
- Desculpe, eu te ofendi? – ele perguntou irônico. – Não sabia que interesseiras se ofendiam, ou tinham sentimentos.
- Sai daqui. – aquilo fora a gota d’água. – Saia e nunca mais volte, nunca mais me procure, nunca mais.
- Com prazer. – ele disse e saiu do quarto. Desabei no chão, exatamente igual à vez em que terminei com ele, mas, dessa vez, eu não tinha os abraços de Pollito e Dulce.

- Filho da pu...
- Dulce! – Pollito repreendeu.
- Deixa Pollito, ela tem o direito. – eu disse. Eu contei tudo a eles, já que eles voltaram correndo quando viram Poncho saindo sozinho do prédio e indo embora.
- Não acredito que ele veio até aqui para dizer só isso. – Dulce colocou as mãos na cintura. – Ele realmente é um bom ator, porque eu cai que nem uma idiota na expressão de dor e solidão dele. – Viado vadio, idiota.
- Dul, não acho que isso esteja ajudando. – Pollito disse.
- Cala a boca! Vai comer algo com a Maite, ou vá comer a Maite. – Dulce rebateu irritada.
- Dulce, por favor. – eu pedi. – Não desconta nele, ou na coitada da Maite.
- Eu juro que quando encontrar com ele, eu juro que...
- Jura que nada. – cortei-a. – Não quero falar mais disso.
- Quer falar do que? – Pollito perguntou com um sorrisinho.
- Como a Dulce encontrou a Maite? – perguntei. Não pude deixar de reparar nos olhares que eles trocaram, eu sabia que eles estavam escondendo algo.
- Sabe como é uma vez namorada de alguém famoso, você tem amigos famosos. – Dulce sorriu sem graça.
- Finge que me engana e eu finjo que acredito. – eu disse para ela.
- Any, o que você quer que eu diga? – ela disse.
- A verdade. – eu respondi.
- Você quer a verdade? – Pollito interrompeu Dulce. – A verdade é que: ela não estava em uma festa da faculdade quando me ligou antes de ontem, ela estava em uma festa do elenco. Ela foi levar a carta para o Alfonso, mas ele estava saindo e acabou convidando-a para a festa, e a Dul, que não é boba nem nada do tipo, aceitou.
- Isso é verdade? – perguntei para Dul.
- Sim. – ela disse. – Eu não queria que você soubesse que, sabe como é, eu sai com ele ou algo do tipo. Achei que seria melhor você saber apenas a parte da entrega da carta.
- Relaxa, está tudo bem. – sorri para ela.
Maite entrou nesse momento, trazendo uma sacola com comidas e bebidas para nós.
- E eis que chega nossa salvadora. – Pollito disse, ela sorriu tímida e foi sentar ao lado dele.
- Trouxe um pouco de cada coisa, não sabia do que vocês gostavam. – ela disse.
- Relaxa, nós comemos de tudo. – Dulce disse e nós rimos. – Principalmente o Pollito. – ela acrescentou baixinho, só eu ouvi, nós abafamos as risadinhas.