Fanfic: - Ingenua - d&c

- Dul! O que aconteceu? Você ficou louca? - as meninas se aproximaram falando uma por cima da outra, me olhando como se eu fosse uma aberração. Eu simplesmente nem conseguia olhá-las. Nem eu mesma sabia o por quê de ter feito aquilo. 

- Será que podemos comer? Estou com fome. - tentei desconversar, mas a verdade era que tinha o estômago completamente embrulhado. As duas se sentaram me olhando curiosas. 

- O que você tem? - Anny perguntou aflita, talvez tivesse percebido o terror nos meus olhos 

- Nada. - forcei um sorriso - Estou bem, gente. - tentei acalmá-las - Apenas precisava tomar um ar.. - suspirei 

- Tomar um ar? - colocou a mão sobre a minha testa - Por acaso está doente? - riu - Você nunca mataria aula. - ia responder quando senti uma mão em meu ombro. Me virei e quase perdi o ar ao ver que era Poncho. Não poderia mirá-lo sem me lembrar de suas palavras e do que havia acabado de ocorrer. 

- Olá, meninas. - ele disse animado. As duas sorriram e eu apenas abaixei a cabeça - O que você tem, ardilla? - se sentou ao meu lado segurando minha mão. 

- Ela está estranha. Acredita que matou aula hoje? - olhei Zori querendo matá-la. Precisava contar aquilo a todos? 

- Você matou aula? - me olhou incrédulo 

- Ai gente, qual é? - eu disse irritada me levantando - Será que podem parar de me olhar como se tivesse cometido um crime? - peguei a mochila que antes estava pendurada na cadeira e a acomodei no ombro os deixando ali sozinhos e ainda incrédulos. Eu estava realmente irritada. Parecia que o triplo de pressão estava sobre mim e eu só queria poder respirar. O que aquele homem estava fazendo comigo? Suspirei chorosa enquanto caminhava até a sala. O dia passou lentamente e torturante. Precisava ir logo para a casa, mas o pesadelo parecia não querer acabar. 

Estava próximo ao portão de saída quando Poncho me segurou pelo braço.

- Dul, você está bem? - passou o braço pelo meu ombro passando a caminhar ao meu lado 

- Sim, só estou um pouco cansada. - forcei um sorriso e ele retribuiu 

- Te acompanho? 

- Não, é que.. - não pude terminar de falar..

- Ora, ora, ora. - ouvimos uma voz irônica atrás de nós. Senti o coração disparar e o corpo todo congelar. Poncho revirou os olhos disfarçadamente e eu não me atrevi a virar para olhá-lo, mas ele fez questão de dar a volta e parar na nossa frente. Abaixei o olhar imediatamente quando vi o semblante sério dele. - Ouvi dizer que matou aula, Dulce. - Oh meu Deus! Como se não bastasse, agora ele iria me provocar. Respirei fundo e o encarei 

- Como soube? - perguntei irônica revirando os olhos e tomando coragem que nem eu mesma sabia que tinha. Ele sorriu e piscou me fazendo corar de imediato. 

- Sei de tudo o que se passa nessa escola. - disse em um tom misterioso que me fez arrepiar, como sempre! Poncho pareceu notar meu desconforto e decidiu tomar a frente da situação. 

- Que bom que já esteja enturmado, Christopher. - ele disse também irônico e ficaram se encarando por alguns segundos. - Mas é uma pena que já tenhamos que ir. A conversa fica pra próxima! - Christopher riu e assentiu estendendo a mão como se nos desse passagem e indicando o caminho, totalmente cínico. 

- Até logo. - ele permaneceu onde estava mas ainda pude ouvir a última frase. Me sentia muito pior. Talvez por que eu entendia cada uma das indiretas que ele dava, e sabia que aquele "Até logo" significava muito mais do que uma simples despedida. Minhas mãos suavam e passei a ofegar. Poncho me olhou preocupado. 

- Dulce, realmente está bem? 

- Não! - parei um pouco de caminhar e respirei fundo. Ele pegou minha mochila e colocou no outro ombro 

- O que sente? 

- Nada, já está passando. Foi só um mal estar. - sorri tentando parecer normal, e ele franziu o cenho - Está tudo bem, Ponchito, eu juro! Só preciso comer algo. - disfarcei e ele assentiu 

- Está bem. Então vamos.. - ele me levou até minha casa, como quase todos os dias, mas dessa vez disse que me deixaria descansar e se foi até a casa dele mais cedo. Agradeci e soltei o ar quando o vi sair pela porta. O que mais precisava naquele momento era de um bom banho e uma longa tarde de sono.