Fanfic: Magic | Tema: The Wanted, One Direction

                - O que tem eles?

                - Eles sofreram um acidente. Estavam indo te fazer uma surpresa, o carro capotou e eles morreram.

                Fiquei muda, paralisada meu celular caiu no chão e por pouco não cai junto com ele. Só então percebi Nathan ali me segurando, vendo meu estado ele pegou meu celular e falou. Estava perplexa sentada na cama. Meus pais, o que eu faria? Eu não conseguia chorar, não tinha forças, não conseguia sentir nada.

                - Hey – Nathan estava na minha frente. – Manu.

                - Hm?

                - Vem. Vamos trocar de roupa. – ele me olhava com preocupação.

                - Eu consigo fazer sozinha Nathan.

                - Vou te esperar lá em baixo. – ele me deu um beijo na testa e saiu.

                Fiquei um tempo ali ainda. E foi então que a ficha caiu e comecei a chorar descontroladamente. Percebendo minha demora Nathan sumiu e me encontrou deitada na cama chorando. Ele me abraçou e disse algo com “tudo vai ficar bem”. Não vai ficar bem, como pode ficar bem? Está tudo horrível.

                Com muito custo consegui me arrumar, Nathan me ajudou. Eu não sabia como estava andando, na verdade acho que se Nathan me soltar eu caio. Entramos no hospital, eu precisava reconhecer os corpos para liberarem.

                Chegando ao hospital aquele cheiro estava forte, cheiro de hospital, o cheiro que eu me acostumaria depois de formada. Ele falou algo com alguém e continuamos andando, o hospital estava gelado, ou será que ele sempre foi assim e nunca percebi? Estávamos dentro de uma sala, era um pouco mais escura que as outras, mais fria, mais assustadora. Me fez lembrar as aulas de anatomia, muitas macas e então os armários, onde ficavam os corpos.

                Estava ali parada em frente a duas gavetas, Nathan ainda me segurava pela cintura. Agora mais forte. O enfermeiro abriu as duas gavetas e tirou os lençóis de cima. A partir dali meu mundo despencou e voltei a chorar desesperadamente, gritava, de dor. Chamava por meus pais, meus pais mortos, ali na minha frente.

                Nathan me arrastou enquanto eu chorava e gritava e então não lembro. Acordei deitada em um quarto, Nathan estava do meu lado. Ele sorriu ao me ver abrir os olhos. Sentou sobre a cama e então fez a temida pergunta.

                - Como está? – ele afagou minha mão.

                - Não sei... – não consegui nem forçar um sorriso.

                - Vem cá. – ele me abraçou.

                - Nathan... – disse já começando a chorar – O que eu faço?

                - Estou aqui com você tá? Vou sempre estar aqui para você. – ele acariciou meu rosto e me deu um beijo rápido. – O médico deve vir para te liberar...

                - O que aconteceu?

                - Você desmaiou ontem... O médico falou que foi todo o estresse.

                Dito isso o médico apareceu na porta e Nathan saiu. Ele me analisou, conferiu varias vezes a pressão e batimentos e logo assinou uns papéis e disse que eu estava liberada para ir. Que era para evitar estresse e me receitou um calmante para essa semana. Ele saiu e logo Nathan voltou e fomos embora.

                - Onde estamos indo?

                - Sua casa.

                - Ah...

                Ele estava dirigindo com calma e fiquei apenas olhando a estrada. Depois de um longo tempo estávamos em Nova Iorque, ele sabia exatamente aonde ir, devia ter falado com meus tios. Ele parou em frente a casa e eu não queria sair daquele carro. Com custo sai do carro e entrei na casa.

                Subi as escadas e fui direto para meu quarto. Estava do jeito que eu havia deixado ano passado. As paredes rosa, o armário branco, toda a mobília combinando, meu quadro de fotos. Todas as viagens, festas, minhas amigas, meus familiares, meus pais. Sentei na cama e peguei Betsy, um urso que havia ganhado de um ex. Abracei e deitei ali. Estava encolhida ali, na minha cama, no meu quarto.

                Estava com os olhos fechados, estava imaginando que tudo era um sonho e que iria acordar logo. Tinha que acordar. Sinto alguém parado na porta e logo está ao lado da cama e se deita ao meu lado. Excito em abrir os olhos, mas o faço.

                - Nathe... – ele me abraçou.

                - Vim assim que soube. Manu. Sinto muito.

                - Dói tanto...

                - Eu sei, eu sei. Mas não faça nada estupido. – Meus poderes, eu poderia tentar... Não poderia? – NÃO. – ele disse lendo meus pensamentos. – Por isso vim, você não pode.

                - Por que não?

                - Manu!

                - Esquece – virei para o outro lado e ele me abraçou.

                - Sei o que está passando, passei por isso. Vi todos morrerem Manu é a pior dor que existe. Mas nenhuma dor é pior do que essa que eu tenho, de carregar isso comigo o resto da vida.

                Apenas ouvi, não queria falar nada. Até porque, pelo que ele me disse uma vez, eu só poderia tentar ressuscitá-los se eu estivesse no acidente, ali, na hora exata. Agora já era tarde demais. Nathe me deu um beijo na testa e então saiu do quarto, quando menos percebo Nathan está sentado na beirada da cama me olhando.

                - Temos que descer... – ele disse olhando para mim.

                - Não sei se consigo Nathan...

                - Vem – ele esticou a mão para mim – Estarei lá com você.

                Tirei forças, não sei de onde e me levantei da cama. Desci as escadas com Nathan me segurando. Evite estresses o médico disse, acho que ele era problemático. Percebi todos olhando para mim. Eu não tinha trocado de roupa, estava com a mesma que fui para o hospital, na verdade nem reparei a roupa que estava, apenas estava com ela. Passando em frente ao espelho percebi que era uma calça jeans e a blusa preta do Nathan.

                Todos me abraçavam e me olhavam com pena, carinho, compaixão. Minhas amigas estavam lá, meus familiares, todos que conheciam meus pais e a mim. A casa parecia pequena com tanta gente ali. Os caixões estavam na sala, dali iriam direto para o crematório.

                Não quis olhar, não porque tinha nojo, ou algo assim, via corpos todos os dias. Mas a ultima lembrança que queria ter era dos meus pais rindo, não dentro de um caixão. Apesar daquela cena horrível no hospital, ainda tinha em mente os sorrisos, os momentos felizes.

                Ali na sala, com todas aquelas pessoas se despedindo dos meus pais o tempo parecia congelado. Depois do que pareceu décadas todos se foram e vieram buscar os caixões. Minhas amigas permaneceram, assim como Nathaniel, Nathan e Niall.

                - Hey – Niall se sentou ao meu lado e me abraçou – estou aqui tá? – ele sussurrou e me aconcheguei em seu abraço. – eu te amo – ele disse ao final dando um beijo em minha cabeça e me apertou mais em seu abraço.