Fanfic: Um conto de amor em Verona - Portiñón

- Como? – perguntou como se não houvesse entendido.
- Isso mesmo que você ouviu. Eu quero ficar aqui, foi onde nasci.
- Mas não vê que é perigoso? Eu sei, nós não nos conhecemos e pode parecer estranho que eu me importe com você, e que me meta tanto em sua vida, mas você salvou a minha uma vez e meus valores ensinam que se algo assim acontece, devemos dar importância pois os anjos não podem intervir aos acontecimentos deste mundo por isso colocam pessoas no caminho para fazer o que você fez. – Dulce por sua vez, riu com sarcasmo.
- E você acredita nessas bobagens? Você estava no meu caminho porque é lenta e eu precisava fugir dos soldados de teu pai. Mas vem, vamos para longe daqui antes que o tal Carlos volte e você arrume encrenca por estar conversando comigo.
- Ou pode te prender. Vê que inferno? Não pode nem andar na rua tranquilamente que tem alguém de olho, sempre te procurando.
- Podem procurar, nunca irão me pegar. – deu alguns passos seguidos por Anahí. Dulce pegou o cavalo que estava preso em uma das árvores e ajudou a princesa a montar
- Só não vá muito rápido, por favor, você costuma achar que o cavalo irá criar asas.
- Pelo menos não enquanto você estiver por perto. – disse baixo, em tom misterioso, com um sorriso nos lábios.
- Tá bom, boba. – deu um leve tapa no ombro de Dulce – Aonde estamos indo?
- Para o lugar mais lindo de Verona! É lá aonde passo a maior parte do meu tempo.
- Só não vamos demorar muito, já é noite e meu pai irá me matar.
- Você precisa quebrar as regras, Anahí. Se segui-las sempre, é certo que o mundo nunca irá mudar e dentro de mil anos teremos a mesma hierarquia chata, as vidas e histórias sempre serão as mesmas. Então você precisa desobedecer e seguir seu caminho por si própria e não fazendo as coisas que os outros te impõem. – Annie sorriu, e de imediato se abraçou em Dulce.
- Você é inteligente, é boa com as palavras. É incrível que quanto mais a conheço, mais percebo o quanto as pessoas julgam sem conhecer.
- Isso é normal da natureza humana. – parou o cavalo e desceu – Bom, nós chegamos. – esticou a mão para a princesa, e a ajudou a descer.
- Aqui faz muito frio.
- Eu não acho... – ainda de mãos dadas, as duas se aproximaram da beirada – Mas acho que você sente frio pois não esta acostumada com a altitude da montanha. – Anahí no mesmo instante apertou a mão de Dul, demasiado alto era aquele lugar. Mas também, era certamente a visão mais linda que já havia tido. Os lampiões iluminavam a cidade e formavam sombras mais ao norte do horizonte em meio às árvores... Podia-se ver também os soldados em seus cavalos, procurando sorrateiramente manter o reino em segurança.
- Você pode ver aquele ponto mais alto? Aquele mais escuro, ao lado direito – apontou – O grande e alto. – Anahí assentiu – Lá é o castelo de seus pais.
- Como assim? – a olhou confusa – Nós estávamos praticamente ali ao lado, quer dizer que demos a volta na cidade toda?
- É o que parece. – sorriu – Estamos quase cruzando a fronteira.
- O que? Dulce, você é maluca! Olha até onde me trouxe, e foi tão rápido... Ai, você me confunde. – colocou a mão na testa – Melhor não tentar entender a situação.
- Também acho. – riu – Gosto daqui porque não passa ninguém. – sentou-se – Posso me sentar, ficar em silêncio, sentir a brisa leve e apenas observar o céu e o horizonte.
- É, mas e sua família? – sentou ao lado de Dulce – Sua mãe, seu pai... Eles não reclamam por você estar fora de casa a uma hora dessas? Falando neles, o que pensam quando veem que você esta sendo procurada?
- Eles não veem. – olhou para ela com um pequeno sorriso, nele continha mistério – E não se importam.
- Às vezes você é tão estranha, parece diferente de tudo, não entendo sua criação e nem de onde veio. – Dul nada respondeu, olhou para frente e apoiou as mãos no chão, ficaram em silêncio durante vários minutos – Estou com tanto frio... – sussurrou.
- Vem aqui... – tirou seu casaco – Quer ir pra casa agora? – Anahí aproximou mais de Dulce, a mesma a puxou para que deitasse a cabeça em seu ombro e a cobriu suavemente.
- Eu quero ficar e conversar com você. Podia responder algumas perguntas?
- Pergunte, e o que der eu respondo.
- Por que é tão apegada à Verona? Digo, não quer sair daqui só porque nasceu aqui? Isso é meio bobo...
- Não é bobo! – Anahí se apertou ainda mais nela, parecia realmente estar com frio – Eu já sai daqui uma vez e foi o pior erro da minha vida, desde então jurei não dar nenhum passo pra fora da cidade.
- Por que foi o pior erro da sua vida? Que exagerada você, Dulce.
- Próxima pergunta, por favor. Não formule questões à base de respostas.
- Mas ai eu vou ficar curiosa.
- Hum. – riu – Então não pergunte mais nada.
- Por que você confia tanto em mim? Tipo, eu não seria a pessoa indicada para isso.
- Que perguntas chatas, princesa. Eu só quero algo diferente, já enjoei de tudo no mundo e achei divertido conhecer mais de perto a filha do meu inimigo, ela é falsa ou esta sendo sincera? Vamos descobrir logo mais, olha só, quanta adrenalina.
-  Eu não sou falsa.
- Será? Fica esse suspense no ar então.
- Sua boba, não me xingue. – pegou a mão de Dulce, e passou seu braço por cima de seu pescoço, para assim, ser abraçada pela ruiva e ficar mais confortável – Já deve ter passado da meia noite. – olhava para o céu – Olhe a posição da lua.
- Daqui algum tempo já vai amanhecer.
- Algo estranho acontece por aqui, viu. Estávamos na praça e ainda era fim de tarde, chegamos tão rápido do outro lado da cidade e o tempo passou correndo. – bocejou.
- Você esta com medo, um pouco animada e acho que tem essa impressão por conta disso.
- Deve ser, eu nunca tive amigos. – fechou os olhos – Sempre obedeci meu pai, nunca fui para tão longe do castelo. Certamente estão bravos comigo.
- Não, eles não estão. Eles acham que você foi sequestrada.
- É, seriam bem capazes. Iriam ficar colocando a culpa em você.
- Não iriam estar errados, né? Você esta comigo agora, a única diferença é que irá para casa.
- E você mora por onde?
- Por aí.