Fanfics Brasil - Prólogo ♥♥¸¸.•*´•A Amante do Grego.¸•`*•.♥♥

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Capítulo: Prólogo

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Alfonso Herrera apertou o volante com força quando sua Ferrari Maranello ameaçou patinar sobre a gelada estrada.


A paisagem rural de campos e árvores estava coberta por  uma grande capa de puríssima neve. Não tinha outros carros. Num dia em que a polícia tinha aconselhado às pessoas que ficassem em casa e evitar as perigosas condições da estrada, Alfonso desfrutava do desafio de provar sua habilidade ao volante. Ainda que possuía uma lendária coleção de carros quase nunca tinha a oportunidade de  conduzí-los ele mesmo. Poderia não saber muito bem onde estava, mas isso lhe preocupava pouco. Seguia confiando em que, em qualquer momento, encontraria uma entrada para a auto-estrada que lhe permitiria retornar a Londres e, portanto, à civilização.


Alfonso não se acovardava ante dificuldade alguma... simplesmente porque as dificuldades não existiam para ele. Levava uma vida tranqüila e bem organizada. Qualquer problema, qualquer desconforto se evitava com uma boa injeção de dinheiro. E o dinheiro não era obstáculo para um homem como ele.


A fortuna dos Herrera, iniciada originalmente na construção de navios, tinha começado a diminuir quando Alfonso era um adolescente. Mesmo assim, sua conservadora família ficou estupefata quando decidiu não seguir os passos de seu pai e seu avô, convertendo-se em um financeiro. Uns anos depois, entretanto, os murmúrios de desaprovação se converteram em aplausos quando Alfonso teve um êxito meteórico.


Agora, freqüentemente aconselhava a governos sobre seus investimentos. Alfonso era, à idade de trinta e quatro anos, não só adorado como um ídolo por sua família, como um magnata das finanças e um viciado no trabalho.


Em questões mais pessoais, nenhuma mulher lhe tinha interessado durante mais de três meses. Sua poderosa libido e suas emoções estavam ferreamente controladas por uma mente ágil e bem disciplinada. Seu pai, entretanto, tinha estado a ponto de casar-se pela quarta vez antes de morrer...


A mania de seu pai de apaixonar-se por mulheres cada vez menos adequadas sempre lhe resultou exasperante. Ele não era assim; de fato, a imprensa o tinha acusado de ser de gelo por seu trato com as mulheres. Orgulhoso de seu quadriculado cérebro, Alfonso fazia uma relação das dez qualidades que deveria reunir uma mulher para entrar na lista de possíveis candidatas. Nenhuma o tinha conseguido, nem sequer se tinham aproximado.


 


 


Anahí colocou as mãos nas mangas de seu casaco cinza e moveu os pés para que não ficassem congelados.


Perdeu-se e por ali não havia ninguém para lhe dar indicações de como chegar à estrada geral. Mas o pessimismo era algo alheio à natureza de Any. Longos anos vivendo uma vida muito austera lhe tinham ensinado que uma visão negativa das coisas desanimava a qualquer e não reportava benefício algum. Ela era das que sempre olhava o lado bom das coisas. De modo que, embora tinha se perdido em meio de uma estrada gelada e deserta, estava convencida de que algum condutor amável apareceria a qualquer momento. Dava igual se tudo que tinha passado aquele dia tivesse feito gritar de frustração à pessoa mais tranqüila do mundo.


Any sabia que não ganhava nada perdendo os nervos por algo que não se pode mudar. Entretanto, inclusive para ela era difícil esquecer as ilusões com as que tinha saído de casa para ir à entrevista...


Agora se sentia como uma ingênua por ter posto nela tantas esperanças. Não levava meses procurando trabalho? Não sabia quão difícil era encontrar um emprego fixo? Desgraçadamente, não estava qualificada para nenhum emprego. Não tinha nada que fazer em um mundo que parecia obcecado pelos títulos universitários. Além disso, não contava com experiência profissional e assim era um problema conseguir referências.


Any tinha vinte e oito anos e levava mais de uma década cuidando de sua mãe doente. A relação de seus pais se deteriorou por causa da enfermidade e seu pai partiu de casa. Depois de um ano, tinha cessado todo contato entre eles. Seu irmão, Christopher, que era dez anos mais velho que ela, era engenheiro. Vivia no estrangeiro e só fazia visita ocasionais.


Casado agora e instalado na Nova Zelândia, Christopher que voltou para o funeral de sua mãe uns meses antes quase lhe tinha parecido um estranho. Mas quando seu irmão se inteirou de que ele era o único beneficiário do testamento se sentiu tão aliviado, que lhe falou francamente de seus problemas econômicos. De fato, havia-lhe dito que o dinheiro da venda da casa seria um salva-vidas para ele. Sabendo que tinha que manter a seus três filhos, Any nem sequer lhe recordou que seria um salva-vidas para ele, mas ela não receberia nem um centavo. Então, não sabia que lhe ia resultar tão difícil encontrar trabalho ou alojamento.


O silêncio da paisagem coberta de neve foi quebrado então pelo ruído de um motor na distância. Sorrindo, Any se aproximou da estrada para chamar a atenção do condutor...


Alfonso não viu a mulher enquanto fazia a curva e logo não ficou mais remédio que dar um giro brusco no volante. O carro patinou no gelo, deu uma volta sobre si mesmo e se deslizou pela estrada até se chocar contra uma árvore...


Com os ouvidos lhe retumbando pelo terrível rangido do metal, Any ficou onde estava, imóvel. Incrédula e boquiaberta, observou ao condutor, um homem alto e moreno, sair do carro a toda velocidade. Movia-se tão rapidamente como seu carro, foi o primeiro que pensou.


— Afaste-se! —gritou-lhe ele, pois o forte aroma de gasolina lhe tinha alertado do perigo. — Afaste-se daí!


O carro se incendiou e Any tentou afastar-se, mas o homem agarrou em seu braço para afastá-la mais rapidamente. Atrás deles, o tanque de gasolina explodiu e a força da explosão a levantou do chão. O estranho evitou a queda segurando-a pela cintura, mas a deitou no borda e se colocou em cima dela para protegê-la.


Sem fôlego, Any ficou no chão, tentando respirar enquanto pensava que aquele homem lhe tinha salvado a vida. Quando levantou o olhar, encontrou-se com uma pele de bronze e uns exóticos olhos de cor dourada, muito brilhantes.


Tinha a roupa empapada, mas o que lhe importava naquele momento era saber por que esses olhos lhe resultavam tão familiares. Quando menina tinha visitado um zoológico no que havia um leão em sua jaula, furioso e frustrado. Com os olhos brilhantes, desafiando a todos aqueles que ousassem olhá-lo, o animal passeava por sua humilhante cela com uma dignidade que a Any  lhe tinha quebrado o coração.


— Se machucou? — perguntou ele, com uma voz rouca de profundo sotaque mediterrâneo que lhe produziu calafrios.


Any negou com a cabeça. O fato de que a tivesse esmagado contra a borda cheia de neve não tinha importância em comparação com esses olhos. Tinha os cílios muito longos, um rosto angular e muito masculino que possuía uma beleza hipnótica.


Alfonso observou os olhos mais azuis que tinha visto. Estava convencido de que não podiam ser de verdade dessa cor turquesa e suspeitava também do pálido cabelo loiro que emoldurava seu rosto ovalado.


— Que demônios fazia em meio da estrada?


— Importaria-lhe afastar-se? — murmurou Any.


Alfonso se afastou murmurando algo em seu idioma. Não se tinha dado conta de que estava em cima da mulher responsável pela destruição de seu carro. Quando tomou sua mão para ajudá-la a levantar-se, lhe ocorreu um pensamento estranho: tinha a pele tão branca, suave e tentadora como a nata.


— Não estava no meio da estrada... temi que passasse de longe sem ver-me — explicou Any, tremendo de frio.


O homem era muito alto, tão alto, que tinha que jogar a cabeça para trás para falar com ele.


— Estava no meio da estrada — insistiu Alfonso. — Tive que virar o volante para não atropelá-la.


Any olhou o carro, que seguia ardendo. Era evidente que em pouco tempo só ficariam um montão de ferros queimados. Era um modelo esportivo e, certamente, muito caro. E que tentasse culpá-la pelo acidente a fez sentir um calafrio de ansiedade.


— Sinto muito pelo seu carro — se desculpou, para evitar conflitos. Tendo crescido em uma família com fortes personalidades, estava acostumada a assumir o papel de pacificadora.


Alfonso olhou os patéticos restos de sua Ferrari, que só tinha dirigido duas vezes, e logo olhou à garota. Sua roupa era vulgar. De média estatura, era o que seu pai teria chamado uma «garota sã» e o que suas delgadas amigas, que desfrutavam metendo umas com outras, haveriam descrito como «gorda». Mas então recordou o feminina que lhe tinham parecido suas curvas enquanto estava convexo sobre ela e sentiu um calafrio de desejo.


— É uma pena que não pudesse evitar a árvore — seguiu Any.


— Evitar você era minha prioridade, senhorita —replicou ele, irritado ante o que via como um velado ataque a seus dotes como condutor. — E nesse intento, poderia ter morrido.


O calafrio de desejo tinha desaparecido. Alfonso o atribuiu ao golpe contra a árvore que, certamente, tinha-o privado de julgamento e causado que sua libido lhe gastasse uma má passada. Essa garota devia ser a menos atrativa que tinha conhecido em sua vida.


— Mas felizmente, nós dois devemos agradecer por...


— Teos! Me explique por que devo eu agradecer neste momento — a interrompeu ele. Seguia nevando e a neve começava a tingir seu cabelo de branco. — Está nevando, começa a anoitecer, meu carro favorito ficou reduzido a cinzas junto com meu celular e estou no meio de uma estrada deserta com uma estranha.


— Mas estamos vivos. Nenhum dos dois resultou ferido —assinalou Any, tentando dissimular que lhe tocavam castanholas os dentes.


Alfonso deixou escapar um suspiro. Estava perdido no meio de uma estrada deserta..


— Posso usar seu celular?


— Sinto muito, não tenho celular.


— Então suponho que vive perto daqui... onde está sua casa? —perguntou ele, olhando ao redor.


— Não vivo por aqui. Nem sequer sei onde estou.


Alfonso enrugou o cenho, como se acabasse de lhe confessar algo terrível.


— Como pode ser isso?


— Não sou daqui —explicou Any. — É que me trouxeram para uma entrevista de trabalho. Logo comecei a andar e... pensei que não estaria longe da estrada...


— Quanto tempo leva caminhando?


— Um par de horas. Mas não vi nenhuma casa. Por isso não queria que você passasse sem me ver. Estava um pouco preocupada...


Alfonso se precaveu de que estava tremendo. Tinha o casaco ensopado.


— Por que está tão molhada?


— Há um riacho por aí atrás... não o tinha visto até que caí nele.


Ele a estudou, muito sério.


— Deveria ter dito isso antes. Com esta temperatura, poderia acabar sofrendo hipotermia... e eu não quero problemas.


— Não vou lhe dar nenhum problema —replicou ela.


— Vi um celeiro um pouco mais atrás. Deveríamos nos cobrir ali...


— Não, sério, estou bem. Assim que começar a caminhar outra vez me passará o frio —murmurou Any.


Mas Alfonso viu que lhe começavam a pôr os lábios azuis.


— Não entrará em calor até que se tire essa roupa molhada —disse, tomando-a no braço.


A idéia de tirar a roupa diante de um completo estranho era simplesmente absurda, mas lhe surpreendeu sua resposta imediata ao que via como uma emergência. Em um segundo, o estranho tinha esquecido o carro destroçado para lhe dar uma mão.


Não era essa uma típica resposta masculina? Embora não era tão comum como os homens gostavam de acreditar, pensou Any. Nem seu pai nem seu irmão a tinham ajudado nunca. De fato, os dois homens de sua vida tinham fugido dos sacrifícios que exigia a enfermidade de sua mãe. Any teve que aceitar que nenhum dos dois era suficientemente forte para estar à altura e como ela sim o estava, não tinha sentido culpá-los por sua debilidade.


— Como se chama? —perguntou-lhe. — Eu me chamo Anahí Portilho.


—Alfonso—respondeu ele, tomando-a pela cintura para ajudá-la a saltar uma pedra.


—Ah, obrigada — ao Any surpreendeu que tivesse tanta força.


Não recordava que nenhum homem a tivesse tomado nos braços desde que tinha dez anos. Mas nunca esqueceria as cruéis brincadeiras de seus companheiros por suas «generosas proporções», nada parecidas com as das garotas mais populares do colégio.Ela não era gorda, mas muito menos tinha um estilo dessas famosas modelos.


Quando estava a ponto de escorregar sobre um montão de neve, Alfonso a segurou pelo braço.


— Tome cuidado.


Any tinha os pés congelados e lhe resultava difícil caminhar. O edifício de pedra parecia cada vez mais perto e fez um esforço, mas a neve era tão profunda que lhe resultava impossível saber onde punha os pés.


Irritado, Alfonso a tomou nos braços para fazer os últimos metros.


— Me deixe no chão, por favor... fará-se mal nas costas... peso muito e...


— Não pesa muito. Além disso, se cair, poderia quebrar uma perna.


— E você não quer problemas, já sei —suspirou Any enquanto a deixava no chão.


Dentro do celeiro estavam a salvo da tormenta, felizmente, mas antes de que pudesse reagir, Alfonso lhe estava tirando o casaco e a jaqueta de uma vez.


— Mas...


— Tire-a roupa e ponha meu casaco —a interrompeu ele.


Any ficou vermelha, mas aceitou o casaco. Era muito prática para discutir.


— Vou tentar acender um fogo —disse Alfonso.


O melhor seria deixá-la no celeiro com uma boa fogueira enquanto ele procurava um telefone. Sairia dali mais rápido por sua conta.


Havia grande quantidade de lenha empilhada contra um muro e Any se escondeu ali para tirar a roupa com mãos trêmulas. Tirar as calças lhe resultou difícil porque tinha os dedos gelados e o tecido ensopado se colava a suas pernas. Tirou-se o pulôver com a mesma dificuldade e logo, tremendo violentamente, o sutiã, a calcinha e as botas de cano longo, vestiu o casaco do estranho. Chegava-lhe até os pés e parecia uma menina com a roupa de um adulto. O forro de seda lhe fez sentir um calafrio, mas o peso do pano lhe dava calor...


Alfonso estava colocando troncos no centro do celeiro. De novo, sentiu-se impressionada por sua rapidez e eficácia. Era um homem de recursos, pensou. Não se queixava, simplesmente fazia o que tinha que fazer. Certamente, tinha escolhido um ganhador para ficar atirada na estrada.


Any o estudou, admirando o elegante corte de cabelo, o muito caro e bem talhado terno cinza que usava, com uma camisa escura e uma gravata de seda. Parecia um executivo, um homem sofisticado, o tipo de homem com o que lhe teria dado reparo falar em circunstâncias normais.


— Temos um pequeno problema... eu não fumo.


— Ah, acredito que posso lhe ajudar — se ofereceu Any, tirando um isqueiro da bolsa. — Eu tampouco fumo, mas pensei que meu futuro chefe poderia fumar e... bom, não queria mostrar uma atitude de censura.


Enquanto escutava aquela surpreendente declaração, Alfonso descobriu que aquela garota não era a menos atrativa que tinha conhecido em sua vida. Justamente o contrário. No interior do celeiro, seu cabelo loiro parecia quase de prata em contraste com o pescoço escuro do casaco. Tinha as bochechas rosadas e os olhos brilhantes. Estava sorrindo e quando sorria todo seu rosto se iluminava. Perdida dentro de seu casaco, resultava-lhe estranhamente atrativa...


— Tome —disse ela, lhe oferecendo o isqueiro.


—Obrigado— agradeceu, perguntando-se por que gostava dessa estranha. Era loira e baixa, quando lhe gostavam das morenas de pernas longas.


—De nada —respondeu Hope, movendo os pés para entrar em calor. — Você é  grego?


Alfonso a olhou, surpreso.


— Sim.


Ia meio nua debaixo de seu casaco, por isso a encontrava atrativa, disse a si mesmo, tentando afastar o olhar.


— Eu adoro a Grécia... bom, só estive lá uma vez, mas me pareceu um país precioso — seguiu Any— Você está acostumado a fazer fogo, não?


— Pois não —respondeu ele, cortante. — Mas não terá que ser Einstein para fazer uma fogueira.


Any ficou ruborizada. E quando Alfonso viu sua expressão foi como se lhe tivessem dado uma patada no estômago. Desde quando era tão grosseiro? Por que não a tratava com um pouco mais de delicadeza?


— Perdoe-me. Sou homem de poucas palavras, mas você é boa companhia —lhe assegurou.


Sorrindo como uma colegial, ela colocou as mãos pelas mangas do casaco.


— De verdade?


— De verdade —murmurou ele, surpreso e quase comovido por sua resposta a mais simples das adulações.


Ela tinha tão frio, que seus calafrios eram visíveis. Quando a lenha começou a arder, Alfonso estirou seu um metro noventa e cinco e se aproximou.


— Há uma garrafinha no bolso esquerdo. Tome um gole ou ficará gelada.


— Eu não estou acostumada ao álcool, não posso...


— Tome um gole, não seja tola —sorriu ele, tirando a bebida do casaco.


Any tomou um trago e ficou a tossir.


— Vejo que o dizia a sério.


Ela respirou profundamente, movendo os pés.


— Sim, mas é que tenho um frio...


Alfonso abriu os braços.


— Venha, aproxime-se. Pense em mim como se fosse uma manta.


— Não, eu não posso...


— Não passa nada, senhorita. Demorará um momento em entrar em calor.


Any levantou uns olhos tão azuis como o mar Egeu em um dia do verão.


— Sim, suponho...


— Usa lentes de contato de cor? —interrompeu-a Alfonso, franzindo o cenho ante a estupidez da pergunta.


— Lentes de contato de cor? Mas se nem sequer posso comprar maquiagem —os nervos de Any a traíram quando deu um passo torpe para ele. De repente, seu coração tinha começado a dar saltos e apenas se atrevia a respirar.


— Tem uma pele perfeita, não precisa de maquiagem —disse Alfonso com voz rouca, esmagando-a contra seu peito. Tão perto, não podia deixar de notar a suavidade de suas curvas. Apesar dos esforços que fazia por controlar sua reação masculina, sua libido estava a cem por hora.


Any não podia pensar esmagada contra aquele torso masculino. Quando levantou a cara, seus olhos se encontraram e sentiu que lhe pesavam as pernas, que tinha uma estranha tensão na pélvis. O homem inclinou a cabeça e ela imaginou o que ia acontecer antes de que acontecesse... mas ainda sem acreditar que fosse fazê-lo.


Alfonso capturou sua boca com urgência. O beijo a devastou, longo, interminável, sua língua explorando o interior de sua boca. Estava sem defesa contra essa selvagem sensação, porque seu corpo despertou, de repente, à vida. A tensão que sentia no ventre se converteu em uma espiral de calor que a percorreu inteira com efeitos explosivos. Só o desejo de respirar venceu a esse perverso calor quando teve que afastar-se para levar oxigênio a seus pulmões.


Alfonso a olhava com os olhos obscurecidos.


— Teos mio... Não tinha intenção... Não deveria havê-la tocado, sinto muito.


— És casado? —perguntou Any.


— Não.


— Noivo? —Any já não tinha frio. Todo seu corpo era como um forno.


— Não —respondeu ele, enrugando o cenho.


— Então, não tem que desculpar-se —declarou Any, sem fôlego, tentando evitar seu olhar. O que ele lhe tinha feito sentir era uma revelação para ela e a tinha deixado incrivelmente vulnerável e confusa.


Seu primeiro beijo de verdade e ele se desculpava. Seria horrível confessar que a tinha excitado, que se quisesse voltar a fazê-lo, tinha o caminho livre.


Any ficou vermelha até a raiz do cabelo... de onde tinha saído esse pensamento tão desavergonhado?


— Sinto muito, incomodei-a —disse Alfonso.


Ela o olhou, com os olhos brilhantes como água marinhas.


— Não, não me incomodou.


Experimentava muitas sensações diferentes, mas não estava molesta; surpreendida, sim. Aturdida e emocionada também. Tinha vivido durante muitos anos em um mundo isento de emoções. Alfonso era o mais emocionante que lhe tinha acontecido e era tão grande sua fascinação, que lhe doía negar o prazer de olhá-lo.


— Pensava deixá-la aqui sozinha... —começou a dizer ele, estupefato por sua falta de controle.


— Por que? —interrompeu-o ela, assustada.


— Para procurar um telefone. Tem que haver alguma casa por aqui.


— Mas estou usando seu casaco... Será melhor esperar até que se faça de dia —murmurou Any, olhando pela janela. Os flocos de neve se formavam redemoinhos com o vento e já nem sequer podia ver a estrada.


Nervosa, ficou de cócoras para esquentar as mãos frente à fogueira.


— Me fale de sua entrevista —a convidou Alfonso precavendo-se de seu atordoamento. — Que tipo de trabalho está procurando?


—Acompanhante de uma anciã, mas ao final não me têm feito a entrevista —suspirou ela. — Quando cheguei à casa, disseram-me que um familiar tinha ido viver com a senhora e que o posto já não estava livre.


— E não se incomodaram em chamá-la para cancelar a entrevista?


— Não.


— E a deixaram ir, com esta tormenta de neve? —exclamou Alfonso, furioso.


— Perguntei-lhes por que não me tinham chamado, mas a senhora com quem falei me disse que ela não tinha nada que ver porque não tinha posto o anúncio —suspirou Any, encolhendo-se de ombros. — Assim é a vida.


— Você é muito boa. Por que queria um trabalho desse estilo?


— Não estou capacitada para fazer outra coisa... ao menos, no momento —Any queria um teto e um trabalho fixo antes de poder fazer o que era sua grande ambição: estudar desenho. — Também necessito alojamento e esse trabalho me teria vindo muito bem. Onde você ia?


— A Londres.


— Por que me beijou?


Resultava difícil saber qual dos dois ficou mais surpreso por essa pergunta: Any, que não tinha pensado antes de falar ou Alfonso, a quem nunca lhe tinham exigido explicar suas motivações.


— Por que você acha?


Any se olhou as mãos.


— Não tenho nem idéia... perguntei por curiosidade.


— Você é muito sexy.


Ela levantou o olhar.


— Fala sério?


— Sim. E sou um perito, lhe asseguro —respondeu Alfonso, sem vacilar.


Any sorriu. Gostava de sua franqueza. De modo que tinha êxito com as mulheres... Normal. Era um homem muito bonito e devia ter garotas fazendo fila.


Mas estava mais interessada pelo que havia dito antes. Embora parecesse um milagre, havia dito que lhe parecia sexy. Any se via a si mesmo como uma garota bem normal.... Levava toda a vida desejando ser magra como as modelos. Para isso, fazia dietas, exercício... seu peso variava de mês em mês, mas nunca tinha conseguido a figura que desejava. Inclusive sua mãe estava acostumada a lamentar que tivesse tão bom apetite.


Entretanto, Alfonso, um homem muito bonito, a achava sexy. E o tinha provado sucumbindo a uns encantos que ela não acreditava possuir. Any pensou que o quereria para sempre por lhe permitir, embora só fosse uma vez, sentir-se como uma mulher bonita. Tinha esperado o que lhe parecia uma eternidade para ouvir essas palavras e de verdade acreditou que morreria sem as ouvir.


— A que se dedica? —perguntou-lhe.


— Investimentos.


— Ou seja, que está todo o dia diante de um computador fazendo números... suponho que será um pouco aborrecido, não? Mas, enfim, alguém tem que fazê-lo.


Alfonso tinha conhecido a muitas mulheres que fingiam interesse pelas finanças só para impressioná-lo.Any, entretanto, fazia justamente o contrário.


— Quer chocolate? —perguntou ela então, tirando da bolsa uma enorme barra de chocolate.


— Sim, antes de que se derreta —riu Alfonso, tomando a barra de chocolate que Any, sem querer, tinha posto muito perto da fogueira.


Mas ao recordar o sabor de seus lábios a risada desapareceu, substituída por um perturbador desejo de voltar a beijá-la. Tomou uma parte de chocolate, mas em lugar de comê-lo o pôs entre seus lábios.


— OH —Any fechou os olhos. — Que rico.


Alfonso ficou transfigurado por sua expressão. Não podia afastar os olhos dela. Perguntou-se se reagiria assim na cama... Tentava controlar aquele absurdo ataque de desejo, mas sua normalmente disciplinada libido se comportava como um trem a ponto de descarrilar.


— Faria qualquer coisa por um pedaço de chocolate...


Não terminou a frase ao ver o brilho nos olhos do homem. Reconhecendo o desejo nesses olhos, inclinou-se para frente, sem pensá-lo sequer, para procurar seus lábios. Com um gemido rouco, Alfonso ficou de joelhos no chão e a beijou até que começou a lhe dar voltas a cabeça.


— Eu te compraria chocolate todos os dias — disse ele absurdamente.


— Não queria... não queria que fosse uma provocação —murmurou Any.


— Eu sei —sorriu ele, tomando seu rosto entre as mãos. — Mas que seja tão sincera me parece muito refrescante —acrescentou, tuteando-a.


— Outras pessoas pensam que sou muito extrovertida.


— Eu não conheço muita gente assim. E te desejo tanto que me dói... É a primeira vez que me passa isto.


Any sentiu como se estivesse fora de si mesma. Era como se aquele beijo se converteu em um aliem dentro de seu corpo. Sentia-se provocadora, feliz e tão tentadora como Cleópatra. Tantos anos reprimindo estoicamente seus desejos, vendo passar a vida, controlando os desejos e sonhos que povoavam sua fecunda imaginação, escondendo-os depois de uma fachada de pessoa prática... e por fim podiam voar livres. Alfonso era sua fantasia feita realidade.


— A mim também —conseguiu dizer.


Ele começou a desabotoar o casaco e logo se deteve, com um brilho de confusão nos olhos. Não sabia como tinham chegado a essa situação, mas não estava preparado para deter-se.


— Tornamo-nos loucos...


Any se agarrou às lapelas de sua jaqueta.


— Cala... não estrague tudo.


Alfonso a deitou de costas e desabotoou o casaco.


— me diga quando devo parar...


Sem intenção alguma de detê-lo, Any tremia desfrutando de suas carícias. Durante vinte e oito anos tinha sido boa e, por uma vez, durante uma noite, ia ser má e, além disso, ia desfrutar.


Alfonso abriu seu casaco e deixou escapar uma espécie de rugido ao ver seus brancos seios à luz da fogueira.


— Tem um corpo incrível.


Ela o olhou, com uma mescla de vergonha e desejo, para ver se lhe estava tirando o sarro. Não, em seus olhos de cor âmbar envelhecido via sinceridade. Com reverência, ele começou a brincar com seus delicados mamilos, que já tinham começado a endurecer-se. Por dentro, Any sentia que estava queimando. Em uns segundos, seu mundo inteiro se centrou naquele homem e no que lhe estava fazendo.


Ele começou a acariciar seus mamilos com a língua e o calafrio interior se fez tão poderoso, que Any não podia estar quieta. Sua pele era incrivelmente sensível e a umidade entre suas pernas a envergonhava e a excitava ao mesmo tempo.


— Alfonso... —murmurou seu nome, até que ele a tocou onde queria que a tocasse.


A sensação foi eletrizante e a levou a um lugar que nunca tinha estado, onde o único que importava eram suas carícias e o desejo que nascia com elas. Any se moveu, envolveu-se nele, perdida no aroma de sua pele, de seu cabelo, na dureza de seu corpo masculino.


— Não posso esperar... —confessou-lhe Alfonso, a paixão rompendo as barreiras de seu poderoso controle, excitado como não tinha estado nunca, se despindo rapidamente.


Com um gemido rouco, enterrou-se em sua úmida cova e... encontrou-se com uma inesperada resistência.


— É virgem? —murmurou, atônito.


— Não pare... —disse ela, enredando os braços ao redor de seu pescoço.


Alfonso se movia com um ritmo frenético, tão primitivo como as sensações que experimentava. A excitação a levou ao êxtase, a um lugar onde só importava o prazer. Depois, sentiu-se assombrosa-mente feliz, emocionada.


Ele a olhou um momento e logo voltou a abotoar o casaco, beijando sua testa.


— É muito doce... mas deveria me haver dito que eu era o primeiro.


— Isso é meu assunto —murmurou Any, enterrando a cara em seu peito.


— Mas agora é assunto meu também — insistiu Alfonso, levantando seu queixo com um dedo para olhá-la nos olhos. — Acredito que, em um futuro muito próximo, decidirá te mudar a Londres. E eu serei seu amante.


— Por que? — perguntou Any, embora não podia dissimular sua alegria.


Ele sorriu, seguro de si mesmo.


— Porque lhe pedirei isso e você não poderá resistir.


Com o coração pulsando como uma bola de borracha dentro de seu peito, Any sorriu. Em seus olhos havia um brilho de calidez, de generosidade, o traço mais importante de seu caráter.


 


 



 




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Autor(a): mariahsouza

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Prévia do próximo capítulo

  Quase dois anos depois, Any estava em um luxuoso café de Londres, esperando a chegada de sua amiga Maite. Seus pensamentos estavam muito longe dali, centrados no Alfonso. Perguntava-se como iriam celebrar o segundo aniversário daquele primeiro encontro. Procurando um celeiro abandonado em meio da neve? Não, essa não seria boa idéia ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 31



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  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:48

    POSTA MAIS!!!!!!!!!!!!!!

  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:47

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  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:47

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  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:47

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  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:46

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  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:45

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  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:35

    passa na minha web minha vida é um inferno !
    bjs

  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:20

    AMEIIII
    POSTA MAIS!!!!!!!!!!

  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:20

    AMEIIII
    POSTA MAIS!!!!!!!!!!

  • vitoria10 Postado em 26/02/2009 - 17:53:19

    AMEIIII
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