Fanfic: Amarga Vingança | Tema: Vingança, Casamento, amor, magia, bruxaria
A noite escurecia brandamente quando Alice escutou o tilintar da porta. Não se virou como muitos no aposento fizeram, mas podia sentir que havia uma estranha energia no ar, o que se evidenciava com o silêncio. Abriu a bolsa discretamente e tirou o estojo de maquiagem, abrindo-o para ver seus próprios olhos castanhos refletidos no espelho, mas virou o estojo sutilmente para ver o que queria ver: Tomas Willis, o homem mais querido da cidade de Adex, entrara subitamente no restaurante mais badalado da cidade, ocupado apenas pelos nomes mais proeminentes da região.
Alice esperou que Tomas e o filho, Tommy Willis se sentassem na mesa para levantar-se. Tomou a última dose do whisky mais barato que havia no menu do restaurante e tomando coragem aproximou-se da mesa ocupado por Willis.
- Posso ajuda-la? – perguntou Tomas Willis depois de alguns segundos. De fato, para qualquer um, Alice pareceria uma louca, pois travara ali, diante dele, ao lado da mesa. Conhecia bem aquele rosto. O rosto que aprendera a odiar por toda uma vida, conhecia cada curva, os enigmáticos olhos azuis, os revoltos cabelos castanhos, o sorriso debochado no canto dos lábios, o maxilar ameaçador e os dentes alvos alinhados. Entretanto, era a primeira vez que o via cara a cara, frente a frente, bem, na verdade era a segunda vez. Mas da primeira vez que o vira, ela tinha apenas 10 anos e não tinha ideia de que ele se tornaria o alvo de seu pior pensamento. De qualquer forma, era a primeira vez que ele a via e isso era, no mínimo, perturbador. Ela tentou falar, mas alguma coisa muito diferente saiu de sua boca. Tommy, o filho mais velho de Tomas, agora com vinte de e quatro anos, dois anos mais velho que Alice, sorriu discretamente, achando graça da moça que agora balbuciava em frente a mesa do poderoso Tomas Willis.
- Moça? – Willis perguntou novamente, nitidamente aborrecido.
- O senhor conhecia meu pai! – falou ela, de uma vez só, agradecendo por sua voz finalmente ter voltado.
- Como é?
- O senhor conheceu meu pai: Hamilton Medeiros. – Alice imaginava ver algo nos olhos de Willis ao pronunciar o nome do pai, mas, ou não se lembrava dele ou sabia muito bem esconder seus sentimentos.
- E daí? – replicou Willis como se Hamilton Medeiros não fosse mais do que um mero nome. Alice gostaria de apontar uma arma para ele e atirar quantas vezes fosse possível, mas era fácil demais... muito fácil.
- Meu pai o mencionou no diário dele. Ele tinha grande admiração pelo senhor. – explicou ela. Em parte era verdade. No primeiro diário do pai, havia generosas palavras para o Sr. Willis, no segundo, no entanto, Willis era pintado como um verdadeiro diabo.
- Sei... e o que você está querendo por me dizer isso? – perguntou o cético Sr. Willis e era claro que ele sabia que ela tinha uma segunda intenção, especialmente ao mencionar aquele nome.
- Bem... é que... meu pai escreveu que o senhor sempre o ajudou quando ele precisou. Achei que poderia fazer o mesmo por mim. Estou muito precisando de trabalho, senhor... e talvez achei que...
- Não posso te ajudar moça! – interrompeu Willis, olhando para o cardápio como se ela não estivesse ali.
Era a hora de fazer algo drástico.
- Ah, que pena, Sr. Willis! – disse ela, usando a mão direita para retirar o cardápio da frente do rosto do Sr. Willis. – Tem certeza que não há nenhum trabalho disponível pra mim? Eu sou uma pessoa muito dedicada e posso fazer qualquer coisa, Sr. Willis! – disse ela, com a voz mais melindrosa que tinha, fazendo questão de deixar a mão direita a vista.
O seu rápido plano surtira efeito. O Sr. Willis não conseguia tirar os olhos do anel que Alice tão evidentemente ostentava no dedo anelar.
- Onde comprou este anel? – perguntou ele, com um tom misterioso.
- Era do meu pai! – explicou ela, dando circulando o anel no próprio dedo. – O que é um pouco estranho. É um anel feminino. Ele usava o anel no dedo mindinho. Foi o que identificou ele, você deve ter sabido que ele morreu... queimado.
- Eu soube das circunstâncias da morte do seu pai. Sinto muito por isso. – respondeu Willis ainda sem tirar os olhos do anel.
“Deve sentir mesmo”, pensou Alice, olhando para o homem que matara seu pai.
- Bem... como já disse, não posso fazer nada por você, mas, para ajuda-la, eu poderia comprar o anel... de você. É um belo anel. Tenho certeza de que é... falso, mas eu poderia pagar uma boa quantia e te ajudaria até arrumar um emprego.
- Ah, Sr. Willis. Eu sinto muito, mas não vai dar. Esse anel é a única coisa que eu tenho do meu pai. É especial para mim. Não o venderia por nada no mundo. O que eu quero mesmo é um emprego. E tenho certeza que há algo que eu possa fazer na sua empresa, ou mesmo na sua casa...
- Não há... mas reitero que posso lhe dar dinheiro pelo seu anel... tenho certeza que o diário que você diz ter deve ser uma lembrança ainda mais pessoal que esse anel...
Aquilo não deu tão certo. Willis estava resoluto. Queria o anel e não queria tê-la por perto, então olhou para o jovem Tommy e fez o olhar mais triste que podia.
- Eu gosto do anel... – falou ela.
- Pai... ela podia trabalhar no lugar da Magda – intercedeu Tommy em favor dela, fazendo-a sorrir delicadamente.
- Tommy, não...
- Ah, pai... você sabe que a Eve não pode ficar sozinha e a vovó vai enlouquecer se ficar muito tempo com ela.
- Eu não sei quem é essa Eve, mas tenho certeza que posso cuidar de qualquer pessoa, qualquer criança, bebê... por favor, Sr. Willis.
- Pai! – insistiu Tommy.
- Está bem! – falou ele, acenando para o filho se calar. – Eu tenho uma filha de 15 anos. Ela tem problemas mentais. Alguns médicos dizem que ela é autista, mas há momentos em que ela fica consciente e até fala. Grande parte do tempo, porém, ela está.... desconectada por assim dizer. Magda toma conta dela já há 15 anos, mas tem uma tia no México que está doente e ela precisa ir até lá cuidar dela. Ela vai ficar 4 meses fora e eu vou precisar de algum pra tomar conta da minha filha. Se você quiser, poderá exercer esse trabalho, mas não mais do que 4 meses.
- Oh, Sr. Willis, o senhor não imagina o quanto isso me ajudaria.
- Ótimo! Esteja às 8 horas na minha casa, tenho certeza que sabe onde é. Não leve muita roupa, eu providenciarei roupas adequadas. – disse ele, olhando de cima a baixo para Alice que usava propositalmente uma jaqueta jeans surrada, minissaia e botas de couro.
- Meu Deus... graças a Deus. O Senhor está me salvando da completa falência. Eu farei tudo o que o senhor mandar, eu prometo.
- Comece saindo da minha frente! – falou ele, num tom rude – O quanto antes souber o seu lugar, melhor será!
- Claro... me desculpe.... – falou ela, fingindo estar deslocada. – Não se preocupe... não vou mais aborrecê-lo.
Ela virou-se, mas manteve-se os ouvidos apurados enquanto se afastava da mesa.
- Meu filho, por favor, da próxima vez, não se meta nos meus assuntos... eu lhe disse que conseguiria alguém para substituir Magda. É óbvio que essa moça não vai durar uma semana...
Alice sorriu e apressou o passo. Deu mais 50 reais ao recepcionista e saiu do chique restaurante. Certificou-se de que não estava sendo seguida antes de cruzar a rua e entrar em uma viela. Caminhou mais quinze minutos a pé, sempre olhando para trás. Não podia deixar que alguém visse onde ela estava indo. Quando chegou ao pior bairro da cidade, entrou num hotel usado por prostitutas e cafetões. Subiu ao último andar e procurou pela porta 808, dando três batidas.
- Entra aí! – falou uma senhora aparecendo na porta, tão assustada quando parecia. – Você foi seguida?
- Claro que não. – disse ela, tirando a surrada jaqueta.
- Ah, menina... você vai me botar numa confusão. Eu servi o Sr. Willis por 15 anos. Se ele descobrir...
- Ele não vai descobrir nada, Magda. Você vai, de fato, visitar a sua tia no México. Antes que você tenha que voltar, eu já terei destruído por completo o Sr. Willis e toda a sua família.
- Ele é perigoso, Alice. Ele faz coisas... coisas que não são naturais. Você deve achar que sou uma ignorante, mas eu vi coisas que... – Magda fez um sinal da cruz, deixando a mão sobre o peito. – Eu tenho medo... tenho muito medo...
- Eu sei Magda. Eu também vi coisas. Ninguém acreditou em mim. Eu o vi matando o meu pai e ele saiu do meio das chamas sem sofrer nenhum arranhão. Agora ele irá pagar, Magda. Ele irá pagar amargamente...
Autor(a): angelblack
Este autor(a) escreve mais 16 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
-Você entendeu? - Entendi, sim... – falou Alice com paciência, sorrindo com elegância apesar da vontade enorme de querer socar a velha senhora depois da décima explicação sobre cada medicamento e os horários para serem aplicados na pobre menina Eve. - Porque é muito importante que você faça tud ...
Próximo Capítulo