Fanfic: Toda Sua - Vondy - (adaptada) | Tema: Vondy

−Christopher contou para Alexandra, mas ela não acreditou. Sabia que era verdade, mas se recusou a aceitar, por algum motivo bizarro.−

Ele se endireitou, sacudindo a cabeça com veemência.

−Não.−

Essa palavra me fez ficar de pé em um pulo.

−Você também vai negar? Quem ia mentir sobre uma coisa dessas? Tem ideia de como foi difícil para ele admitir o que estava acontecendo? O quanto ficou confuso com o fato de um homem em quem confiava ter feito esse tipo de coisa com ele?−

Diego me encarou.

−Alexandra jamais ia ignorar… uma coisa como essa. Tem algum mal-entendido aqui. Você está fazendo confusão.−

Reparei em suas pupilas dilatadas e seus lábios exangues, mas não conseguia me sentir mal por ele.

−Ela deixou rolar. Foi isso. Quando a coisa veio à tona, não ficou ao lado do filho.−

−Você não sabe o que está falando.−

Segurei a alça da bolsa e a joguei sobre o ombro.

Inclinei-me na direção dele para encará-lo.

 −Christopher foi estuprado. Algum dia, você e sua mulher vão ficar cara a cara com ele, como estamos agora, e admitir isso. E vão pedir desculpas por todos os anos que ele foi obrigado a suportar essa barra sozinho.−

−Dulce.−

A voz de Christopher reverberou pelo ar, provocando-me um sobressalto. Endireitei-me às pressas, e minhas pernas tremeram quando o vi.

Ele estava de pé diante da porta aberta, segurando a maçaneta com força, como se quisesse quebrá-la. Sua cara estava fechada, e seu corpo estava tenso. Ele me contemplava com um tipo diferente de ardor.

Nunca o tinha visto tão furioso.

Diego se levantou com gestos lentos e pesados.

−Christopher. O que está acontecendo? O que ela está dizendo?−

Christopher estendeu o braço e me puxou para o corredor com tanta força que dei um grito de susto.

Continuei sentindo o peso de seus dedos mesmo depois de ele me largar.

Com a mão apoiada nas minhas costas, Christopher me empurrava para a frente, e suas passadas eram tão rápidas e largas que eu precisava correr para acompanhá-lo.

−Christopher, espera−, eu disse, ofegante, com o coração a mil. −Nós…−

−Não quero ouvir um pio−, ele respondeu, empurrando-me porta afora para o saguão.

Ouvi Diego gritar o nome de Christopher. E o vi correndo em nossa direção pouco antes de a porta do elevador fechar.